Gênesis 24
“1 Ora, Abraão era já
velho e de idade avançada; e em tudo o Senhor o havia abençoado.
2 E disse Abraão ao
seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía:
Põe a tua mão debaixo da minha coxa,
3 para que eu te faça
jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho
mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito;
4 mas que irás à minha
terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.
5 Perguntou-lhe o servo:
Se porventura a mulher não quiser seguir-me a esta terra, farei, então, tornar
teu filho à terra donde saíste?
6 Respondeu-lhe
Abraão: Guarda-te de fazeres tornar para lá meu filho.
7 O Senhor, Deus do
céu, que me tirou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, e que me
falou, e que me jurou, dizendo: À tua o semente darei esta terra; ele enviará o
seu anjo diante de si, para que tomes de lá mulher para meu filho.
8 Se a mulher, porém,
não quiser seguir-te, serás livre deste meu juramento; somente não farás meu
filho tornar para lá.
9 Então pôs o servo a
sua mão debaixo da coxa de Abraão seu senhor, e jurou-lhe sobre este negócio.
10 Tomou, pois, o
servo dez dos camelos do seu senhor, porquanto todos os bens de seu senhor
estavam em sua mão; e, partindo, foi para a Mesopotâmia, à cidade de Naor.
11 Fez ajoelhar os
camelos fora da cidade, junto ao poço de água, pela tarde, à hora em que as
mulheres saíam a tirar água.
12 E disse: Ó Senhor,
Deus de meu senhor Abraão, dá-me hoje, peço-te, bom êxito, e usa de
benevolência para com o meu senhor Abraão.
13 Eis que eu estou em
pé junto à fonte, e as filhas dos homens desta cidade vêm saindo para tirar
água;
14 faze, pois, que a
donzela a quem eu disser: Abaixa o teu cântaro, peço-te, para que eu beba; e
ela responder: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; seja aquela que
designaste para o teu servo Isaque. Assim conhecerei que usaste de benevolência
para com o meu senhor.
15 Antes que ele
acabasse de falar, eis que Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de
Naor, irmão de Abraão, saía com o seu cântaro sobre o ombro.
16 A donzela era muito
formosa à vista, virgem, a quem varão não havia conhecido; ela desceu à fonte,
encheu o seu cântaro e subiu.
17 Então o servo
correu-lhe ao encontro, e disse: Deixa-me beber, peço-te, um pouco de água do
teu cântaro.
18 Respondeu ela:
Bebe, meu senhor. Então com presteza abaixou o seu cântaro sobre a mão e
deu-lhe de beber.
19 E quando acabou de
lhe dar de beber, disse: Tirarei também água para os teus camelos, até que
acabem de beber.
20 Também com presteza
despejou o seu cântaro no bebedouro e, correndo outra vez ao poço, tirou água
para todos os camelos dele.
21 E o homem a
contemplava atentamente, em silêncio, para saber se o Senhor havia tornado próspera
a sua jornada, ou não.
22 Depois que os
camelos acabaram de beber, tomou o homem um pendente de ouro, de meio siclo de
peso, e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro;
23 e perguntou: De
quem és filha? dize-mo, peço-te. Há lugar em casa de teu pai para nós
pousarmos?
24 Ela lhe respondeu:
Eu sou filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu a Naor.
25 Disse-lhe mais:
Temos palha e forragem bastante, e lugar para pousar.
26 Então inclinou-se o
homem e adorou ao Senhor;
27 e disse: Bendito
seja o Senhor Deus de meu senhor Abraão, que não retirou do meu senhor a sua
benevolência e a sua verdade; quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho à casa
dos irmãos de meu senhor.
28 A donzela correu, e
relatou estas coisas aos da casa de sua mãe.
29 Ora, Rebeca tinha
um irmão, cujo nome era Labão, o qual saiu correndo ao encontro daquele homem
até a fonte;
30 porquanto tinha
visto o pendente, e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, e ouvido as
palavras de sua irmã Rebeca, que dizia: Assim me falou aquele homem; e foi ter
com o homem, que estava em pé junto aos camelos ao lado da fonte.
31 E disse: Entra,
bendito do Senhor; por que estás aqui fora? pois eu já preparei a casa, e lugar
para os camelos.
32 Então veio o homem
à casa, e desarreou os camelos; deram palha e forragem para os camelos e água
para lavar os pés dele e dos homens que estavam com ele.
33 Depois puseram
comida diante dele. Ele, porém, disse: Não comerei, até que tenha exposto a
minha incumbência. Respondeu-lhe Labão: Fala.
34 Então disse: Eu sou
o servo de Abraão.
35 O Senhor tem
abençoado muito ao meu senhor, o qual se tem engrandecido; deu-lhe rebanhos e
gado, prata e ouro, escravos e escravas, camelos e jumentos.
36 E Sara, a mulher do
meu senhor, mesmo depois, de velha deu um filho a meu senhor; e o pai lhe deu
todos os seus bens.
37 Ora, o meu senhor
me fez jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos
cananeus, em cuja terra habito;
38 irás, porém, à casa
de meu pai, e à minha parentela, e tomarás mulher para meu filho.
39 Então respondi ao
meu senhor: Porventura não me seguirá a mulher.
40 Ao que ele me
disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo contigo, e
prosperará o teu caminho; e da minha parentela e da casa de meu pai tomarás
mulher para meu filho;
41 então serás livre
do meu juramento, quando chegares à minha parentela; e se não te derem, livre
serás do meu juramento.
42 E hoje cheguei à
fonte, e disse: Senhor, Deus de meu senhor Abraão, se é que agora prosperas o
meu caminho, o qual venho seguindo,
43 eis que estou junto
à fonte; faze, pois, que a donzela que sair para tirar água, a quem eu disser:
Dá-me, peço-te, de beber um pouco de água do teu cântaro,
44 e ela me responder:
Bebe tu, e também tirarei água para os teus camelos; seja a mulher que o Senhor
designou para o filho de meu senhor.
45 Ora, antes que eu
acabasse de falar no meu coração, eis que Rebeca saía com o seu cântaro sobre o
ombro, desceu à fonte e tirou água; e eu lhe disse: Dá-me de beber, peço-te.
46 E ela, com
presteza, abaixou o seu cântaro do ombro, e disse: Bebe, e também darei de
beber aos teus camelos; assim bebi, e ela deu também de beber aos camelos.
47 Então lhe
perguntei: De quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que
Milca lhe deu. Então eu lhe pus o pendente no nariz e as pulseiras sobre as
mãos;
48 e, inclinando-me,
adorei e bendisse ao Senhor, Deus do meu senhor Abraão, que me havia conduzido
pelo caminho direito para tomar para seu filho a filha do irmão do meu senhor.
49 Agora, pois, se vós
haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, declarai-mo;
e se não, também mo declarai, para que eu vá ou para a direita ou para a
esquerda.
50 Então responderam
Labão e Betuel: Do Senhor procede este negócio; nós não podemos falar-te mal ou
bem.
51 Eis que Rebeca está
diante de ti, toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho de teu senhor, como
tem dito o Senhor.
52 Quando o servo de
Abraão ouviu as palavras deles, prostrou-se em terra diante do Senhor:
53 e tirou o servo
jóias de prata, e jóias de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu
coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe.
54 Então comeram e
beberam, ele e os homens que com ele estavam, e passaram a noite. Quando se
levantaram de manhã, disse o servo: Deixai-me ir a meu senhor.
55 Disseram o irmão e
a mãe da donzela: Fique ela conosco alguns dias, pelo menos dez dias; e depois
irá.
56 Ele, porém, lhes
respondeu: Não me detenhas, visto que o Senhor me tem prosperado o caminho;
deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor.
57 Disseram-lhe:
chamaremos a donzela, e perguntaremos a ela mesma.
58 Chamaram, pois, a
Rebeca, e lhe perguntaram: Irás tu com este homem; Respondeu ela: Irei.
59 Então despediram a
Rebeca, sua irmã, e à sua ama e ao servo de Abraão e a seus homens;
60 e abençoaram a
Rebeca, e disseram-lhe: Irmã nossa, sê tu a mãe de milhares de miríades, e
possua a tua descendência a porta de seus aborrecedores!
61 Assim Rebeca se
levantou com as suas moças e, montando nos camelos, seguiram o homem; e o
servo, tomando a Rebeca, partiu.
62 Ora, Isaque tinha
vindo do caminho de Beer-Laai-Rói; pois habitava na terra do Negebe.
63 Saíra Isaque ao
campo à tarde, para meditar; e levantando os olhos, viu, e eis que vinham
camelos.
64 Rebeca também
levantou os olhos e, vendo a Isaque, saltou do camelo
65 e perguntou ao
servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? respondeu o
servo: É meu senhor. Então ela tomou o véu e se cobriu.
66 Depois o servo
contou a Isaque tudo o que fizera.
67 Isaque, pois,
trouxe Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe; tomou-a e ela lhe foi por mulher;
e ele a amou. Assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.”
Abraão teve o cuidado
de preservar a sua consagração ao Senhor, também na família que seria formada
pelo seu filho Isaque. Ele conhecia o poder que uma má influência teria para
corromper, especialmente nesta área do matrimônio.
E sabia quanto os
cananeus estavam progredindo na iniquidade, e sabia também por revelação divina, que haveria um juízo do
Senhor sobre eles no futuro, em razão da multiplicação desta iniquidade.
Ele tem também o
cuidado de evitar que Isaque fosse pessoalmente para a sua parentela na
Mesopotâmia, e se corrompesse com a idolatria de seus familiares.
Ele sabia, que sendo trazida
uma moça do meio dos seus parentes, para junto de Isaque, ela poderia estar
debaixo da boa influência da sua casa, que andava nos caminhos de Deus.
Tal era a importância
de se preservar em santidade a descendência que trazia consigo a promessa feita
por Deus a Abraão, que o Senhor determinou revelar em minúcias a Moisés todos
os detalhes que envolveram a escolha de uma esposa para Isaque, certamente para
que fosse seguido não necessariamente, o critério, mas a preocupação de que os
descendentes de Abraão, que carregavam
consigo a promessa divina, não se casassem em jugo desigual, de modo que não
viessem a desfazer o caráter que Deus pretendia imprimir na nação que formaria
com eles.
Isaque contava com
cerca de quarenta anos e não havia ainda casado, provavelmente porque não havia
se interessado por nenhuma das moças nascidas na casa de seu pai.
Havia certamente o
desígnio de Deus nisto tudo, que buscava salvar a outras pessoas da família de
Abraão, primeiro, com Rebeca que viria de lá para se casar com Isaque, e
posteriormente com a ida para lá de Jacó, filho de Isaque com Rebeca, que se
casaria com as filhas de Labão, Lia e Raquel, e deixaria uma boa influência
entre eles, sobre a sua fé no Deus vivo, e sobre os seus preceitos,
especialmente contra a idolatria.
Abraão estava certo do
sucesso do empreendimento porque ele andava com Deus e sabia que o Senhor o
assistiria naquela empresa, porque era do interesse do Senhor preservar a sua
descendência em santidade, de modo que pudesse vir a formar um povo santo que O
servisse.
É inegável que há
nesta porção das Escrituras todo um procedimento que é muito semelhante ao
trabalho do Espírito Santo e dos próprios ministros de Deus, no trabalho de
buscar uma noiva para Cristo.
O Noivo é muito rico,
e herdeiro de tudo o que é de Seu Pai, e seus servos trabalham oferecendo dons
à noiva para convencê-la da excelência do noivo, de modo que ela se sinta
atraída a se unir a Ele em matrimônio.
Tudo isto está sendo
feito pela vontade do Pai do Noivo. A noiva deve ser retirada do mundo de
pecado em que vive para que possa se unir ao noivo, para habitar com ele num
outro país.
O Noivo se alegrará
com a noiva quando esta lhe for trazida pelos seus servos, e ela se alegrará no
Noivo.
Inegavelmente há toda
esta ilustração relativa a Cristo e a igreja na história do matrimônio de
Isaque e Rebeca.
É importante destacar
que o servo de Abraão apesar de ter recebido a certeza da parte do seu senhor
que era profeta e homem versado nos caminhos de Deus, de que este lhe daria
sucesso no empreendimento, ele não se confiou à fé do próprio Abraão, mas
exercitou a sua própria fé orando ao Senhor e lhe pedindo que o fizesse
prosperar na incumbência que lhe fora dada, e não somente orou, como se sentiu
fortalecido na fé o suficiente para estipular um sinal confirmatório quanto
àquela que seria a escolhida de Deus para Isaque, pois lhe pediria água, e se
ela dissesse que lhe daria água não somente a ele, como também a seus camelos,
esta seria a escolhida do Senhor.
Tendo Rebeca feito
exatamente como ele havia pedido a Deus, o servo de Abraão se inclinou e o
adorou.
Quando contou o
sucedido a Betuel, pai de Rebeca, e Labão, seu irmão, estes reconheceram que
Deus estava em tudo aquilo e consentiram em dar a Isaque a mão de Rebeca.
Nesta história o
Senhor nos revela o quão é importante buscar a orientação dEle em todos os
nossos empreendimentos, especialmente naqueles que dizem respeito aos
interesses do Seu Reino, pois Ele não somente nos guiará a fazer o que é o
correto, como confirmará a outros por Sua ação sobrenatural que estamos de fato
debaixo da Sua direção e cuidado.
Rebeca era uma mulher
formosa, mas o servo de Abraão não foi buscá-la entre as mulheres desocupadas,
ou em lugares de fama duvidosa, mas entre aquelas que estavam trabalhando dura
e honestamente.
O melhor critério para
se procurar uma jovem com a qual se pretenda casar é portanto dentre aquelas
que são mulheres que tenham um testemunho de serem responsáveis, trabalhadoras,
dedicadas, porque se não forem isso, apesar de toda a beleza que possuam,
aqueles que com elas se casarem, terão que amargar muitas tristezas e
decepções, que poderiam ter sido facilmente evitadas, caso tivessem se valido
dos critérios estabelecidos por Deus para uma boa esposa, e não daqueles que
são ditados pelos meros sentidos.
Quando o Senhor está
se encarregando do nosso matrimônio assim como se encarregou do de Isaque com
Rebeca, ela dirigirá os nossos passos e corações, tal como fizera com Isaque e
Rebeca.
Ela decidiu seguir
imediatamente de Pada-Harã para o Neguebe, em Canaã, onde Isaque residia.
Apesar de seu pai e irmão terem pedido que ela ficasse ainda dez dias com eles,
ela foi decidida em não permanecer e ir encontrar-se logo com Isaque.
Certamente ela foi inspirada pelo Senhor a fazê-lo.
Quando ela chegou a
Canaã, Isaque tinha saído ao campo para meditar.
Ele deveria estar
orando também a Deus para que o Senhor mesmo escolhesse aquela à qual ele
uniria a sua vida até que a morte os separasse.
De fato ele não teria
escolhido tão bem como Deus o fizera, e ele amou Rebeca logo que a viu, e ela
também amou Isaque, porque a boa mão do Senhor estivera em tudo aquilo desde
que inspirou Abraão a mandar o seu servo buscar uma esposa para seu filho entre
os seus parentes na Mesopotâmia.
E certamente foi o
próprio Senhor que providenciou para que o servo de Abraão encontrasse Rebeca.
É sempre assim quando se ora com confiança, e
temos a fé que o Seu interesse é muito maior do que o nosso de que façamos
aquilo que é segundo a Sua santa, boa e agradável vontade.
Gênesis 25
“1 Ora, Abraão tomou
outra mulher, que se chamava Quetura.
2 Ela lhe deu à luz a
Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá.
3 Jocsã gerou a Seba e
Dedã. Os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim.
4 Os filhos de Midiã
foram Efá, Efer, Hanoque, Abidá e Eldá; todos estes foram filhos de Quetura.
5 Abraão, porém, deu
tudo quanto possuía a Isaque;
6 no entanto aos
filhos das concubinas que Abraão tinha, deu ele dádivas; e, ainda em vida, os
separou de seu filho Isaque, enviando-os ao Oriente, para a terra oriental.
7 Estes, pois, são os
dias dos anos da vida de Abraão, que ele viveu: cento e setenta e cinco anos.
8 E Abraão expirou,
morrendo em boa velhice, velho e cheio de dias; e foi congregado ao seu povo.
9 Então Isaque e
Ismael, seus filhos, o sepultaram na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho
de Zoar, o heteu, que estava em frente de Manre,
10 o campo que Abraão
comprara aos filhos de Hete. Ali foi sepultado Abraão, e Sara, sua mulher.
11 Depois da morte de
Abraão, Deus abençoou a Isaque, seu filho; e habitava Isaque junto a
Beer-Laai-Rói.
12 Estas são as
gerações de Ismael, filho de Abraão, que Agar, a egípcia, serva de Sara, lhe
deu;
13 e estes são os
nomes dos filhos de Ismael pela sua ordem, segundo as suas gerações: o
primogênito de Ismael era Nebaiote, depois Quedar, Abdeel, Mibsão,
14 Misma, Dumá, Massá,
15 Hadade, Tema,
Jetur, Nafis e Quedemá.
16 Estes são os filhos
de Ismael, e estes são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus
acampamentos: doze príncipes segundo as suas tribos.
17 E estes são os anos
da vida de Ismael, cento e trinta e sete anos; e ele expirou e, morrendo, foi
congregado ao seu povo.
18 Eles então
habitaram desde Havilá até Sur, que está em frente do Egito, como quem vai em
direção da Assíria; assim Ismael se estabeleceu diante da face de todos os seus
irmãos.
19 E estas são as
gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaque;
20 e Isaque tinha
quarenta anos quando tomou por mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de
Padã-Arã, e irmã de Labão, arameu.
21 Ora, Isaque orou
insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto ela era estéril; e o Senhor
ouviu as suas orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu.
22 E os filhos lutavam
no ventre dela; então ela disse: Por que estou eu assim? E foi consultar ao
Senhor.
23 Respondeu-lhe o
Senhor: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas
estranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o mais velho
servirá ao mais moço.
24 Cumpridos que foram
os dias para ela dar à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre.
25 Saiu o primeiro,
ruivo, todo ele como um vestido de pelo; e chamaram-lhe Esaú.
26 Depois saiu o seu
irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; pelo que foi chamado Jacó. E
Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca os deu à luz.
27 Cresceram os
meninos; e Esaú tornou-se perito caçador, homem do campo; mas Jacó, homem
sossegado, que habitava em tendas.
28 Isaque amava a
Esaú, porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó.
29 Jacó havia feito um
guisado, quando Esaú chegou do campo, muito cansado;
30 e disse Esaú a
Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou muito
cansado. Por isso se chamou Edom.
31 Respondeu Jacó:
Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura.
32 Então replicou
Esaú: Eis que estou a ponto de morrer; logo, para que me servirá o direito de
primogenitura?
33 Ao que disse Jacó:
Jura-me primeiro. Jurou-lhe, pois; e vendeu o seu direito de primogenitura a
Jacó.
34 Jacó deu a Esaú pão
e o guisado e lentilhas; e ele comeu e bebeu; e, levantando-se, seguiu seu
caminho. Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.”
Abraão viveu trinta e
cinco anos, depois do matrimônio de Isaque, tendo morrido aos cento e setenta e
cinco anos.
Foi sepultado por Isaque
e Ismael, no mesmo lugar em que Sara havia sido sepultada.
Depois da morte de
Sara, Abraão se casou com Quetura, com quem teve outros seis filhos.
Assim a promessa de
Deus de que o faria fecundo extraordinariamente se cumpriu de modo cabal mesmo
na sua velhice.
Ismael lhe dera doze
netos, que viriam a ser doze príncipes em suas respectivas tribos.
Ainda acrescidos a
estes temos o relato dos filhos de Isaque, a saber, Esaú e Jacó, tendo Deus
revelado a Rebeca que o maior serviria ao menor, conforme o Seu desígnio e
onisciência.
A primeira parte deste
capítulo fecha, portanto a história de Abraão, revelando a fidelidade de Deus
em ter cumprido a promessa de torná-lo fecundo e pai de numerosas nações, uma
vez que já era avançado em idade quando teve um filho com Hagar a egípcia, e mais ainda quando teve
Isaque de Sara, e muito mais ainda quando teve filhos através de Quetura.
Abraão teve o cuidado
de confirmar Isaque como seu herdeiro escolhido por Deus, para que Ele se
provesse de um povo que seria de Sua propriedade, a partir da sua descendência,
não em ambos seus filhos, mas a contar do mais moço, Jacó, do qual descenderiam
as tribos de Israel.
Abraão morreu em boa e
ditosa velhice, como Deus lhe havia prometido quando lhe deu a visão do que sucederia
à sua descendência na terra de servidão (Egito).
Imediatamente depois
da narrativa da morte de Abraão, Moisés começou a escrever a história de Isaque.
E está registrado que
ele orou insistentemente para que Rebeca concebesse, pois era estéril.
Ele havia casado aos
quarenta anos, e ela gerou os gêmeos Esaú e Jacó quando Isaque tinha sessenta
anos. Ele orou por vinte anos para que Deus lhe desse filhos.
De certo modo, se
repete aqui a história de Abraão com Sara para o nascimento de Isaque.
Certamente não se
tratava de um capricho de Deus, mas de uma revelação de que aquela nação santa
estava sendo formada não pela vontade e pelo poder do homem, mas por Sua
vontade e pelo Seu poder sobrenatural, porque se Ele não tivesse intervindo
sobrenaturalmente, não teria havido nenhum Isaque e nenhum Jacó.
Eles Lhe pertenciam,
de um modo especial, e deveriam então lhe consagrar inteiramente as suas vidas.
E foi exatamente isto
o que eles fizeram, dando cumprimento ao Seu propósito.
Também aprendemos
disto, que embora Deus tivesse prometido multiplicar a família de Isaque, ele
orou para o seu aumento; porque as promessas de Deus não devem substituir, mas
encorajar, nossas orações, e devem servir como o alicerce para a nossa fé.
É um erro cruzar os braços
e não orar sob a alegação de que Deus cumprirá o que tem prometido.
Isto é aplicável a
tudo em nossas vidas, especialmente no que diz respeito à salvação de almas.
O Senhor tem prometido
salvar a muitos, mas é nosso dever orar perseverantemente para que vidas sejam
salvas.
Não podemos e não
devemos cruzar os braços sob a alegação de que o Senhor é fiel em cumprir o que
tem prometido, porque apesar disto ser verdadeiro, é também outra verdade de
que Ele tem determinado fazer todas as coisas em conformidade com a nossa fé.
Por isso ela é colocada à prova tal como fizera com Isaque.
Deus permitiu que Rebeca
percebesse a luta que havia entre Esaú e Jacó, desde o ventre.
Os descendentes de
Esaú viriam a formar uma nação impiedosa, os edomitas que
foram por muito tempo inimigos de Israel; que foi a nação santa formada por
Deus a partir de Jacó, cujo nome fora mudado pelo Senhor para Israel.
Os temperamentos
extremamente opostos de ambos contribuíram para que Rebeca se afeiçoasse ao
pacato Jacó, e Isaque ao irrequieto e destemido Esaú.
Isto só contribuiu
para agravar o relacionamento dos meninos em família.
Entretanto, aos olhos
de Deus, os dons de desbravador e de caçador de Esaú, não o qualificaram à
eleição, para ser incluído na descendência santa, mas exatamente o seu
vacilante e tímido irmão.
A graça procura em quem possa trabalhar e que
lhe dê boa acolhida.
É dela todo o mérito
no forjar caracteres aprovados para Deus.
Ela é o poder
transformador que dá coragem, santidade, poder e tudo o que é necessário para
nos habilitar ao serviço de Deus.
Enquanto, isto, o mais
dotado dos homens, sem o trabalho da graça, sem que lhe permita uma livre
operação em sua vida, não poderá ter qualquer serventia no serviço sagrado do
Senhor.
Assim, Jacó não foi
escolhido por qualquer qualificação especial que havia nele, mas por aquilo que
o Senhor viria a operar em Sua vida.
O que o qualificou foi
sua fé em Deus, assim como acontece com todos os verdadeiros servos do
Senhor.
Esaú era forte, mas
Deus escolhe as coisas fracas e desprezadas, para que lhes imprima a Sua
própria força e poder.
Aquele que serve ao
Senhor não deve se gloriar na sua força mas na sua fraqueza, assim como o fazia
o grande apóstolo dos gentios.
Entretanto, os homens
mais fortes deste mundo, quando não têm o seu caráter modelado por Deus, podem
revelar uma fraqueza moral das mais acentuadas, assim como Esaú que desprezou o
seu direito de primogenitura, trocando-o por um prato de comida.
Deus havia determinado
que o direito aos privilégios da primogenitura seria de Jacó e não de Esaú, e
não havia portanto necessidade de que Jacó tivesse agido com oportunismo para
arrancar tal direito de seu irmão, pois que lhe fora dado por mandado divino,
entretanto, o caso serviu para revelar qual era o caráter do seu irmão, e para
demonstrar porque tal direito não lhe fora dado por Deus.
Àquela altura, com a
idade que já tinham; ambos devem ter sido devidamente esclarecidos quanto às
promessas de Deus relativas à descendência de Abraão e de Isaque, seu pai. E o
que fez Esaú? Tendo desprezado sua primogenitura, estava na verdade desprezando
a promessa de Deus relativa à descendência abençoada de Abraão, e por aquele
ato, ele comprovou que de fato deveria ser excluído dela.
Aqueles que não dão o devido valor às coisas
de Deus, aqueles que não O honram, não podem de fato ser também honrados por
Ele. Por isso tem prometido honrar apenas àqueles que O honrarem.
Todos os atos dos
servos de Deus devem ser feitos com diligência, amor e fervor. Se os nossos
maiores e melhores esforços na Sua obra são mais do que a obra de servos
inúteis, quanto mais não serão tidos na conta de nada, aqueles que o servirem
negligentemente?
Gênesis 26
“1 Sobreveio à terra
uma fome, além da primeira, que ocorreu nos dias de Abraão. Por isso foi Isaque
a Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar.
2 E apareceu-lhe o
Senhor e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser;
3 peregrina nesta
terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de
ti, darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu
pai;
4 e multiplicarei a
tua descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por
meio dela serão benditas todas as nações da terra;
5 porquanto Abraão
obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus
estatutos e as minhas leis.
6 Assim habitou Isaque
em Gerar.
7 Então os homens do
lugar perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã;
porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura, dizia ele, não me
matassem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era ela formosa à
vista.
8 Ora, depois que ele
se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma
janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher.
9 Então chamou
Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois
disseste: E minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu
porventura não morra por sua causa.
10 Replicou
Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém
deste povo com tua mulher, e tu terias trazido culpa sobre nós.
11 E Abimeleque
ordenou a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste homem ou em sua
mulher, certamente morrerá.
12 Isaque semeou
naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou.
13 E engrandeceu-se o
homem; e foi-se enriquecendo até que se tornou mui poderoso;
14 e tinha possessões
de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o
invejavam.
15 Ora, todos os
poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os
filisteus entulharam e encheram de terra.
16 E Abimeleque disse
a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que
nós.
17 Então Isaque partiu
dali e, acampando no vale de Gerar, lá habitou.
18 E Isaque tornou a
cavar os poços que se haviam cavado nos dias de Abraão seu pai, pois os
filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão; e deu-lhes os nomes
que seu pai lhes dera.
19 Cavaram, pois, os
servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.
20 E os pastores de
Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. E ele
chamou ao poço Eseque, porque contenderam com ele.
21 Então cavaram outro
poço, pelo qual também contenderam; por isso chamou-lhe Sitna.
22 E partiu dali, e
cavou ainda outro poço; por este não contenderam; pelo que chamou-lhe Reobote,
dizendo: Pois agora o Senhor nos deu largueza, e havemos de crescer na terra.
23 Depois subiu dali a
Beer-Seba.
24 E apareceu-lhe o
Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas,
porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por
amor do meu servo Abraão.
25 Isaque, pois,
edificou ali um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda,
e os seus servos cavaram um poço.
26 Então Abimeleque
veio a ele de Gerar, com Aüzate, seu amigo, e Ficol, o chefe do seu exército.
27 E perguntou-lhes
Isaque: Por que viestes ter comigo, visto que me odiais, e me repelistes de
vós?
28 Responderam eles:
Temos visto claramente que o Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora
juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos um pacto contigo,
29 que não nos farás
mal, assim como nós não te havemos tocado, e te fizemos somente o bem, e te
deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor.
30 Então Isaque lhes
deu um banquete, e comeram e beberam.
31 E levantaram-se de
manhã cedo e juraram de parte a parte; depois Isaque os despediu, e eles se
despediram dele em paz.
32 Nesse mesmo dia
vieram os servos de Isaque e deram-lhe notícias acerca do poço que haviam
cavado, dizendo-lhe: Temos achado água.
33 E ele chamou o poço
Seba; por isso é o nome da cidade Beer-Seba até o dia de hoje.
34 Ora, quando Esaú
tinha quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, o heteu e a
Basemate, filha de Elom, o heteu.
35 E estas foram para
Isaque e Rebeca uma amargura de espírito.”
Nós vimos no capítulo
anterior que Isaque residia no Neguebe, em Canaã, e agora, logo no início deste
capítulo é dito que houve uma grande fome na terra de Canaã, tal como nos dias
de Abraão, e certamente, isto devia ser resultante dos juízos de Deus, não
dando chuvas e fartura aos cananeus, em razão da sua crescente iniquidade.
Por isso Isaque se
deslocou para a terra dos filisteus, em Gerar, onde seu pai havia habitado no
passado, e onde havia feito uma aliança com Abimeleque.
E, movido pelo mesmo
temor que havia estado em Abraão, ele
pediu a Rebeca que dissesse que era sua irmã, e não sua esposa.
Só que, para sua
surpresa, ele viu o temor que havia entre os filisteus em não tocar nas
mulheres casadas da linhagem de Abraão, certamente pelo conhecimento de como
Deus havia agido no passado em relação a eles, quando Abimeleque havia tomado
Sara para si, e foi impedido por Deus de tocar nela, e como havia fechado a
madre de todas as mulheres de Gerar, ficando a volta da fertilidade delas
dependente da intercessão de Abraão.
Este temor do Senhor havia
permanecido entre eles desde os dias de Abraão, conforme se pode verificar
neste capítulo.
Mas antes da narrativa
deste fato, nós lemos o testemunho que Deus havia dado acerca de Abraão,
dizendo que confirmaria o juramento que
lhe havia feito, de multiplicar a sua descendência como as estrelas do céu, e
lhe dar todas aquelas terras; e que por meio da sua descendência seriam
benditas todas as nações da terra; porquanto Abraão havia obedecido à sua voz,
e guardado o seu mandado, os seus preceitos, os seus estatutos e as suas leis.
Observe que a promessa
seria cumprida não somente porque Deus estava compromissado com a fidelidade à
Sua Palavra, mas porque Abraão havia correspondido à sua vocação fazendo a Sua
vontade.
A confirmação da
bênção do Senhor na vida dos seus filhos é dependente desta obediência. O
cumprimento das promessas de Deus é visto naqueles que andam em conformidade
com a Sua vontade, tal como fizera Abraão, e agora também o faria o próprio
Isaque.
O cristão está debaixo da graça
e das boas promessas do Senhor, mas deve cooperar com o trabalho da graça na
sua vida, se quiser ver dias felizes e amar a vida.
Assim, Deus estava
recomendando a Isaque o bom exemplo de obediência do seu pai Abraão.
A aliança seria
confirmada e a promessa cumprida, mas dependeria da obediência de Isaque e dos
seus filhos, depois dele.
Tendo Isaque se
determinado em seguir os passos da obediência de seu pai, ele foi grandemente
abençoado por Deus.
Ele foi agricultor em
Gerar, e se diz que ele colhia a cem por um.
Isto é indicativo de
que havia uma bênção especial de Deus sobre tudo o que ele fazia.
O Senhor o enriqueceu
e o fortaleceu com o aumento do número dos seus servos, tal como havia feito
com Abraão.
Havia necessidade no
caso específico deles, que viriam a formar uma nação no meio de outras nações,
que fossem assim fortalecidos e enriquecidos com bens e servos por parte de
Deus, para que pudessem sobreviver em meio às condições difíceis em que tinham
que viver, sendo estrangeiros no meio de uma gente estranha.
Como Isaque havia
prosperado imensamente na terra dos filisteus, eles o invejaram, e temendo que
viesse a se tornar mais poderoso do que eles, expulsaram-no do seu meio, e ele foi
habitar no vale de Gerar onde reabriu os poços que haviam sido cavados nos dias
de Abraão, e que os filisteus haviam entulhado.
Tendo achado água,
houve contenda entre os pastores filisteus com os seus pastores, pois aqueles
protestaram que o direito àquela água lhes pertencia.
O que fez Isaque, que
era um homem pacífico?
Ele partiu dali e foi
cavar poços em outro lugar, onde também encontrou água.
Veio posteriormente a
residir em Berseba, e a bênção do Senhor permanecia sobre ele.
Vendo os filisteus que
o ato da expulsão não o havia enfraquecido, antes Deus o tinha fortalecido,
vieram a ter com ele em Berseba, e propuseram ali fazer uma aliança de
paz.
O testemunho que
partiu da própria boca dos filisteus foi o seguinte:
“Temos visto
claramente que o Senhor é contigo.”
Isaque sabia que o
Senhor era com ele, e portanto não viveria a contender com o homem, e não
desanimaria diante das aparentes derrotas que pudesse sofrer da parte das
investidas de seus inimigos.
Ele poderia ter lutado
pela posse do poço que havia aberto, mas não, ele o deixou para os filisteus e
foi buscar a bênção do Senhor noutro lugar. Isto não é covardia, mas sabedoria.
É não aceitar a provocação do diabo. É guardar o coração em paz e incontaminado
do mal. É vencer o mal com o bem.
Se Deus é por nós quem
será contra nós?
Quem poderá impedir de
recebermos a bênção do Senhor?
Se o inimigo fechar
uma porta, o Senhor abrirá outra maior e melhor para nós.
Isto é uma grande
certeza para todos quantos têm caminhado com Deus e provado a Sua
fidelidade.
As mesmas pessoas que
haviam expulsado Isaque viriam a honrá-lo posteriormente, reconhecendo que a
bênção de Deus estava sobre a vida daquele homem.
Somos honrados por
causa do testemunho do Senhor sobre as nossas vidas, e não por causa de nossos
méritos pessoais.
Isaque teve a sabedoria
de usar os poços de seus ancestrais, e isto, é uma poderosa figura para que não
rejeitemos e desprezemos o acúmulo de sabedoria acerca das coisas de Deus que
nos legaram os seus servos fiéis do passado.
Mas Isaque também
abriu novos poços, e isto nos aponta para a necessidade de não nos acomodarmos
à luz recebida de épocas anteriores, mas continuar construindo sobre esse bom e
firme fundamento, de maneira que este conhecimento possa ser aumentado.
A oposição que Isaque
encontrou ao cavar os poços para achar água, que é essencial à manutenção da
vida, tipifica também toda a perseguição e resistência que teremos que
enfrentar quando nos dispomos a cavar fundo para abrir as fontes da verdade. Os
dois primeiros poços que eles cavaram foram nomeados Esek, que significa
contenção; e Sitnah, que significa ódio. A oposição da carne e do mundo à
verdade se fará notória, mas como Isaque, devemos continuar cavando os nossos
poços para que a água da vida flua deles, e dessedentem a muitos, que têm sede
da verdade e da justiça.
Assim, aqueles que se
empenham pela paz, cedo ou tarde, acharão a paz, tal como Isaque, que depois de
muitas lutas veio a descansar em Berseba, onde
Deus lhe apareceu e renovou com ele a aliança que tinha feito com Abraão.
Isaque edificou um
altar e invocou o nome do Senhor.
Isaque continuou
mantendo comunhão com Deus, mesmo quando havia sido expulso e pressionado pelos
filisteus.
É especialmente nestas
ocasiões que devemos intensificar nossa comunhão com o Senhor, em vez de
interrompê-la, aguardando por dias melhores.
Deus deve ser adorado
e servido em toda e qualquer circunstância, e não devemos alterar o nosso
procedimento e testemunho em razão das coisas que nos sobrevenham, quer sejam
agradáveis ou difíceis.
A narrativa deste
capítulo é encerrada com o casamento de Esaú com duas mulheres do povo heteu,
das quais se diz que foram uma amargura de espírito para Isaque e Rebeca,
certamente muito mais pelos falsos deuses que adoravam, e seus valores
contrários aos valores revelados de Deus, do que propriamente em razão de seus
temperamentos.
Gênesis 27
“1 Quando Isaque já
estava velho, e se lhe enfraqueciam os olhos, de maneira que não podia ver,
chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho! Ele lhe respondeu:
Eis-me aqui!
2 Disse-lhe o pai: Eis
que agora estou velho, e não sei o dia da minha morte;
3 toma, pois, as tuas
armas, a tua aljava e o teu arco; e sai ao campo, e apanha para mim alguma
caça;
4 e faze-me um guisado
saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; a fim de que a minha
alma te abençoe, antes que morra.
5 Ora, Rebeca estava
escutando quando Isaque falou a Esaú, seu filho. Saiu, pois, Esaú ao campo para
apanhar caça e trazê-la.
6 Disse então Rebeca a
Jacó, seu filho: Eis que ouvi teu pai falar com Esaú, teu irmão, dizendo:
7 Traze-me caça, e
faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante do Senhor,
antes da minha morte.
8 Agora, pois, filho
meu, ouve a minha voz naquilo que eu te ordeno:
9 Vai ao rebanho, e
traze-me de lá das cabras dois bons cabritos; e eu farei um guisado saboroso
para teu pai, como ele gosta;
10 e levá-lo-ás a teu
pai, para que o coma, a fim de te abençoar antes da sua morte.
11 Respondeu, porém,
Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú, meu irmão, é peludo, e eu sou liso.
12 Porventura meu pai
me apalpará e serei a seus olhos como enganador; assim trarei sobre mim uma
maldição, e não uma bênção.
13 Respondeu-lhe sua
mãe: Meu filho, sobre mim caia essa maldição; somente obedece à minha voz, e
vai trazer-mos.
14 Então ele foi,
tomou-os e os trouxe a sua mãe, que fez um guisado saboroso como seu pai
gostava.
15 Depois Rebeca tomou
as melhores vestes de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e
vestiu a Jacó, seu filho mais moço;
16 com as peles dos
cabritos cobriu-lhe as mãos e a lisura do pescoço;
17 e pôs o guisado
saboroso e o pão que tinha preparado, na mão de Jacó, seu filho.
18 E veio Jacó a seu
pai, e chamou: Meu pai! E ele disse:
Eis-me aqui; quem és
tu, meu filho?
19 Respondeu Jacó a seu
pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste; levanta-te,
pois, senta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.
20 Perguntou Isaque a
seu filho: Como é que tão depressa a achaste, filho meu? Respondeu ele: Porque
o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro.
21 Então disse Isaque
a Jacó: Chega-te, pois, para que eu te apalpe e veja se és meu filho Esaú
mesmo, ou não.
22 chegou-se Jacó a
Isaque, seu pai, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos
são as mãos de Esaú.
23 E não o reconheceu,
porquanto as suas mãos estavam peludas, como as de Esaú seu irmão; e
abençoou-o.
24 No entanto
perguntou: Tu és mesmo meu filho Esaú? E ele declarou: Eu o sou.
25 Disse-lhe então seu
pai: Traze-mo, e comerei da caça de meu filho, para que a minha alma te
abençoe: E Jacó lho trouxe, e ele comeu; trouxe-lhe também vinho, e ele bebeu.
26 Disse-lhe mais
Isaque, seu pai: Aproxima-te agora, e beija-me, meu filho.
27 E ele se aproximou
e o beijou; e seu pai, sentindo-lhe o cheiro das vestes o abençoou, e disse:
Eis que o cheiro de meu filho é como o cheiro de um campo que o Senhor
abençoou.
28 Que Deus te dê do
orvalho do céu, e dos lugares férteis da terra, e abundância de trigo e de
mosto;
29 sirvam-te povos, e
nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se
encurvem a ti; sejam malditos os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que
te abençoarem.
30 Tão logo Isaque
acabara de abençoar a Jacó, e este saíra da presença de seu pai, chegou da caça
Esaú, seu irmão;
31 e fez também ele um
guisado saboroso e, trazendo-o a seu pai, disse-lhe: Levanta-te, meu pai, e
come da caça de teu filho, para que a tua alma me abençoe.
32 Perguntou-lhe
Isaque, seu pai: Quem és tu? Respondeu ele: Eu sou teu filho, o teu
primogênito, Esaú.
33 Então estremeceu
Isaque de um estremecimento muito grande e disse: Quem, pois, é aquele que
apanhou caça e ma trouxe? Eu comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o,
e ele será bendito.
34 Esaú, ao ouvir as
palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a seu pai:
Abençoa-me também a mim, meu pai!
35 Respondeu Isaque:
Veio teu irmão e com sutileza tomou a tua bênção.
36 Disse Esaú: Não se
chama ele com razão Jacó, visto que já por duas vezes me enganou? tirou-me o
direito de primogenitura, e eis que agora me tirou a bênção. E perguntou: Não
reservaste uma bênção para mim?
37 Respondeu Isaque a
Esaú: Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe
tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido. Que, pois,
poderei eu fazer por ti, meu filho?
38 Disse Esaú a seu
pai: Porventura tens uma única bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu
pai. E levantou Esaú a voz, e chorou.
39 Respondeu-lhe
Isaque, seu pai: Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, longe
do orvalho do alto céu;
40 pela tua espada
viverás, e a teu irmão, servirás; mas quando te tornares impaciente, então
sacudirás o seu jugo do teu pescoço.
41 Esaú, pois, odiava
a Jacó por causa da bênção com que seu pai o tinha abençoado, e disse consigo:
Vêm chegando os dias de luto por meu pai; então hei de matar Jacó, meu irmão.
42 Ora, foram
denunciadas a Rebeca estas palavras de Esaú, seu filho mais velho; pelo que ela
mandou chamar Jacó, seu filho mais moço, e lhe disse: Eis que Esaú teu irmão se
consola a teu respeito, propondo matar-te.
43 Agora, pois, meu
filho, ouve a minha voz; levanta-te, refugia-te na casa de Labão, meu irmão, em
Harã,
44 e demora-te com ele
alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;
45 até que se desvie
de ti a ira de teu irmão, e ele se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei
trazer-te de lá; por que seria eu desfilhada de vós ambos num só dia?
46 E disse Rebeca a
Isaque: Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó
tomar mulher dentre as filhas de Hete, tais como estas, dentre as filhas desta
terra, para que viverei?”
Na verdade, não foi
por causa da fraude de Jacó que Esaú perdeu os privilégios da sua
primogenitura.
Ele os perdeu porque
ele mesmo os havia desprezado.
Assim se dá com todo
aquele que despreza os dons de Deus, pois acabará ficando privado dos
privilégios que lhes seriam concedidos pelo Senhor se os tivesse honrado e
usado para a glória de Deus.
O pouco valor que lhes
dermos será a causa de sermos também desprezados pelo Senhor.
Nossas lágrimas e
lamúrias na hora em que constatarmos que nos falta o poder espiritual que
gostaríamos de ter, não nos farão justiça e nem mesmo nos trarão de volta
aquilo que nós mesmos jogamos fora.
Por isso a Palavra nos
recomenda que sejamos diligentes, vigilantes e operosos na obra do Senhor,
desenvolvendo com temor e tremor a nossa salvação diante dEle.
Assim, quando Esaú foi
abençoado por seu pai, Deus não estava assinando embaixo a mentira de Rebeca e
de seu filho Jacó, pois ambos viriam a sofrer a devida e justa correção de Deus
no curso de suas vidas atribuladas, não somente por este pecado, como por todas
as suas faltas.
A bênção já havia sido
determinada pelo Senhor quando Esaú e Jacó ainda estavam no ventre de Rebeca e
seria cumprida.
A disciplina da fraude
seria realizada como um ato separado da bênção que seria concedida a Jacó.
É importante sabermos
que o perdão de nossos pecados por Deus, em razão do sacrifício de Jesus, não
nos isenta de um andar em santidade na sua presença, e certamente colheremos os
frutos de nossos maus pensamentos e ações, embora tenhamos sido reconciliados
com Deus por meio da fé em Jesus, e de termos recebido por causa dEle o perdão
de todos os nossos pecados, para efeito de não mais sermos condenados
eternamente.
Ele nos ama e jamais
nos deixará ou desampará, mas também é certo que não deixará de nos corrigir
como filhos amados.
Isaque disse que ele
abençoaria a Esaú com a sua alma, antes que morresse. Há algo muito importante
nestas palavras, porque uma bênção verdadeira não é apenas de palavra, mas deve
proceder do coração, da alma, conforme o dizer de Isaque. A bênção não chegará
ao coração do abençoado se não vier do coração de quem abençoa.
A alma de Isaque não
seria movida pelo Espírito Santo para proferir a Esaú a bênção que ele proferiu
a Jacó, ainda que sendo enganado, porque os termos daquela bênção se aplicavam
a Jacó e não a Esaú, conforme a determinação de Deus.
Não sabemos dizer o
que teria ocorrido caso Esaú viesse com a caça até Isaque, antes de Jacó, mas,
uma coisa sabemos: Deus não teria permitido que ele fosse abençoado com a
bênção que havia destinado a Jacó e não a Ele, e o Senhor não precisaria de
nenhuma ajuda para cumprir o Seu propósito.
Assim, esta parte da
revelação das Escrituras não foi registrada por Moisés por ordem de Deus, para
nos ensinar a usar de fraudes para obter as bênçãos que Ele destinou a nós, ou
que devemos ajudá-lo no cumprimento delas. Nós já vimos o que aconteceu a
Abraão e Sara quando tentaram cooperar com a promessa da geração de um filho,
no caso Hagar.
O que esta passagem
quer ensinar é exatamente o oposto disto, a saber, que o Senhor não necessita
ser ajudado por nós para cumprir os Seus propósitos, e muito menos por meio de
processos fraudulentos.
Assim evidencia-se
mais uma vez a misericórdia e a graça de Deus para abençoar a vida de seus servos e trazer as suas
bênçãos sobre eles, pois a Escritura mostra de modo muito claro o pecado de
Jacó e de sua mãe, mesmo no assunto relativo à bênção da primogenitura.
Assim, o cumprimento
da promessa nunca é pelo mérito do homem, que é pecador, mas sempre pela graça
e misericórdia de Deus.
Isaque era mais
afeiçoado a Esaú do que a Jacó, e certamente devia ter determinado que a bênção
seria de Esaú a todo o custo, ainda que conhecesse o que Deus havia dito a
respeito de ter escolhido a Jacó e não Esaú.
Afinal, no ponto de
vista de Isaque, Esaú era o primogênito, e não seria correto abençoar o mais
moço com a bênção que era normalmente reservada ao mais velho.
Entretanto o que
aprendemos daí é que o que está determinado por Deus para nossos filhos se
cumprirá independente dos nossos sentimentos e preferências relativos a
eles.
Assim, quando Isaque
percebeu que a vontade de Deus era contrária à sua vontade, ele se submeteu a
ela, e abençoou a Jacó e a Esaú, pela fé, porque não o fez segundo a carne, mas
no poder do Espírito Santo (Heb 11.20).
Esaú em vez de se
arrepender da sua própria insensatez, e por ser profano e fornicador,
limitou-se a reprovar e a condenar o seu irmão.
E, instou com seu pai
que o abençoasse com qualquer bênção que tivesse restado para ele, sem levar em
conta que as bênçãos de Deus nos são concedidas para vivermos à altura da nossa
vocação, de modo inteiramente responsável perante Ele.
Jacó sabia disto,
tanto quanto Isaque e Abraão, antes dele. Mas isto estava oculto aos olhos de
Esaú que não pensava em termos de viver de modo agradável a Deus, mas
simplesmente de ver satisfeitos os seus desejos egoístas.
Apesar de ter
desprezado e rejeitado a aliança de Deus, não vindo, portanto a ter qualquer
parte nela, Deus reservou uma bênção para Esaú: “Longe dos lugares
férteis da terra será a tua habitação, e sem orvalho que cai do alto. Viverás
da tua espada, e servirás a teu irmão; quando, porém, te libertares, sacudirás
o seu jugo da tua cerviz.”
O jugo seria sacudido
da cerviz não por causa da bondade dos edomitas, os descendentes de Esaú, mas
por causa da impiedade que estaria sendo vivida por Israel, os descendentes de
Jacó, que assim, estariam sendo submetidos a um juízo corretivo da parte de
Deus. Isto ocorreu quando os edomitas se revoltaram nos dias do rei Jeorão (II
Reis 8.20-22).
Esaú passou a odiar a
Jacó e planejou um momento próprio para assassiná-lo depois da morte de seu
pai.
Ele havia entrado
assim pelo caminho de Caim que havia matado Abel por causa de ter sido
rejeitado por Deus.
O motivo foi o ciúme
do irmão, e nem tanto pelo que o irmão havia feito.
Ele odiou Jacó porque
o seu pai o abençoou e Deus o amou.
Tendo Rebeca conhecido
as intenções de Esaú, preveniu Jacó aconselhando-o a que fugisse para a casa de
seu irmão em Harã, de onde ela viera para se casar com Isaque, e para
justificar a ida de Jacó para lá, Rebeca argumentou junto a Isaque que estava
se prevenindo com isso de que Jacó viesse a se casar com mulheres hetéias, tal
como havia feito Esaú.
Gênesis 28
“1 Isaque, pois,
chamou Jacó, e o abençoou, e ordenou-lhe, dizendo: Não tomes mulher dentre as
filhas de Canaã.
2 Levanta-te, vai a
Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher dentre as
filhas de Labão, irmão de tua mãe.
3 Deus Todo-Poderoso
te abençoe, te faça frutificar e te multiplique, para que venhas a ser uma
multidão de povos;
4 e te dê a bênção de
Abraão, a ti e à tua descendência contigo, para que herdes a terra de tuas
peregrinações, que Deus deu a Abraão.
5 Assim despediu
Isaque a Jacó, o qual foi a Padã-Arã, a Labão, filho de Betuel, arameu, irmão
de Rebeca, mãe de Jacó e de Esaú.
6 Ora, viu Esaú que
Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar de lá mulher para
si, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher dentre as
filhas de Canaã,
7 e que Jacó,
obedecendo a seu pai e a sua mãe, fora a Padã-Arã;
8 vendo também Esaú
que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque seu pai,
9 foi-se Esaú a Ismael
e, além das mulheres que já tinha, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael,
filho de Abraão, irmã de Nebaiote.
10 Partiu, pois, Jacó
de Beer-Seba e se foi em direção a Harã;
11 e chegou a um lugar
onde passou a noite, porque o sol já se havia posto; e, tomando uma das pedras
do lugar e pondo-a debaixo da cabeça, deitou-se ali para dormir.
12 Então sonhou:
estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os
anjos de Deus subiam e desciam por ela;
13 por cima dela
estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus
de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua
descendência;
14 e a tua
descendência será como o pó da terra; dilatar-te-ás para o ocidente, para o
oriente, para o norte e para o sul; por meio de ti e da tua descendência serão
benditas todas as famílias da terra.
15 Eis que estou
contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta
terra; pois não te deixarei até que haja cumprido aquilo de que te tenho
falado.
16 Ao acordar Jacó do
seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia.
17 E temeu, e disse:
Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta
é a porta dos céus.
18 Jacó levantou-se de
manhã cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como coluna; e
derramou-lhe azeite em cima.
19 E chamou aquele
lugar Betel; porém o nome da cidade antes era Luz.
20 Fez também Jacó um
voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo,
e me der pão para comer e vestes para vestir,
21 de modo que eu
volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus,
22 então esta pedra
que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres,
certamente te darei o dízimo.”
É aqui logo no início
deste capítulo que vemos o reconhecimento e a confirmação da bênção de Abraão
sobre a vida de Jacó, da parte de seu pai Isaque.
Ele havia afinal
reconhecido que a vontade de Deus havia prevalecido, e que de fato a
descendência abençoada seria contada em Jacó e não em Esaú.
Assim despediu seu
filho para que ele partisse para Pada-Harã para que se casasse com alguém
daquela terra e não com qualquer mulher de Canaã.
A Palavra destaca que
em face da obediência de Jacó, Esaú, para contrariar seus pais, além das
esposas que tinha tomado entre os cananeus, veio a se casar com uma filha de
Ismael chamada Maalate.
Com isto, a Palavra
deixou bem marcado qual era o caráter de Esaú, como que a confirmar o motivo da
sua rejeição por Deus. Ele não honrava aos seus pais, e não honrava o Senhor, e
assim não poderia ser honrado por Ele.
Tendo partido de
Berseba para Harã, Jacó teve um sonho no lugar que ele viria a chamar de Betel,
que significa casa de Deus, porque teve uma visão do céu e de uma escada que o
ligava à terra, e pela qual os anjos subiam e desciam.
O Senhor lhe fez a
promessa de lhe dar e à sua descendência por herança, a terra onde se
encontrava e declarou que o propósito daquela promessa visava a que todas as
famílias da terra fossem abençoadas.
O Senhor afirmou que
estava com Jacó e que o guardaria por onde quer que ele fosse, e que o faria
voltar àquela terra, depois de ter estado em Harã, porque não o desampararia,
porque cumpriria o que lhe havia prometido.
Jacó fez um voto ao
Senhor, de que caso Ele cumprisse o que lhe havia prometido, Ele seria o seu
Deus, e Betel seria a casa de Deus, e daria ao Senhor o dízimo de tudo quanto
Ele lhe concedesse.
Na solidão de sua
jornada, e quando fez de uma pedra o seu travesseiro, foi que Jacó teve o
melhor sonho de sua vida, com a visão da escada que ligava a terra ao céu.
Quando estamos em
jornada neste mundo por força da nossa devoção ao Senhor, para buscar fazer a
Sua vontade num mundo ímpio, e isto nos priva de determinados confortos,
certamente as consolações do Senhor superabundarão porque assim como os
sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim
também a nossa consolação transborda por meio de Cristo (II Cor 1.5).
A visão da escada nos
ensina que pela providência de Deus há uma correspondência constante que é
mantida entre o céu e a terra.
As deliberações do céu
são executadas na terra, e as ações e negócios desta terra são totalmente
conhecidos no céu.
Muitas destas
deliberações contam com o trabalho dos anjos de Deus, que são ministros que
servem aqueles que herdam a salvação.
Esta visão fortaleceu
e encorajou Jacó a prosseguir na sua viagem, sabendo que não estava sozinho na
sua jornada.
O ensino que tiramos
daí é suficiente para nos encorajar na nossa caminhada enquanto fazemos a obra
do Senhor, por sabermos que há uma plena assistência do mundo espiritual para
que possamos realizá-la a
contento.
Gênesis 29
“1 Então pôs-se Jacó a
caminho e chegou à terra dos filhos do Oriente.
2 E olhando, viu ali
um poço no campo, e três rebanhos de ovelhas deitadas junto dele; pois desse
poço se dava de beber aos rebanhos; e havia uma grande pedra sobre a boca do
poço.
3 Ajuntavam-se ali
todos os rebanhos; os pastores removiam a pedra da boca do poço, davam de beber
às ovelhas e tornavam a pôr a pedra no seu lugar sobre a boca do poço.
4 Perguntou-lhes Jacó:
Meus irmãos, donde sois? Responderam eles: Somos de Harã.
5 Perguntou-lhes mais:
Conheceis a Labão, filho de Naor; Responderam: Conhecemos.
6 Perguntou-lhes
ainda: vai ele bem? Responderam: Vai bem; e eis ali Raquel, sua filha, que vem
chegando com as ovelhas.
7 Disse ele: Eis que ainda
vai alto o dia; não é hora de se ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide
apascentá-las.
8 Responderam: Não
podemos, até que todos os rebanhos se ajuntem, e seja removida a pedra da boca
do poço; assim é que damos de beber às ovelhas.
9 Enquanto Jacó ainda
lhes falava, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai; porquanto era ela quem as
apascentava.
10 Quando Jacó viu a
Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua
mãe, chegou-se, revolveu a pedra da boca do poço e deu de beber às ovelhas de
Labão, irmão de sua mãe.
11 Então Jacó beijou a
Raquel e, levantando a voz, chorou.
12 E Jacó anunciou a
Raquel que ele era irmão de seu pai, e que era filho de Rebeca. Raquel, pois
foi correndo para anunciá-lo a, seu pai.
13 Quando Labão ouviu
essas novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, abraçou-o,
beijou-o e o levou à sua casa. E Jacó relatou a Labão todas essas, coisas.
14 Disse-lhe Labão:
Verdadeiramente tu és meu osso e minha carne. E Jacó ficou com ele um mês
inteiro.
15 Depois perguntou
Labão a Jacó: Por seres meu irmão hás de servir-me de graça? Declara-me, qual
será o teu salário?
16 Ora, Labão tinha
duas filhas; o nome da mais velha era Léia, e o da mais moça Raquel.
17 Léia tinha os olhos
enfermos, enquanto que Raquel era formosa de porte e de semblante.
18 Jacó, porquanto
amava a Raquel, disse: Sete anos te servirei para ter a Raquel, tua filha mais
moça.
19 Respondeu Labão:
Melhor é que eu a dê a ti do que a outro; fica comigo.
20 Assim serviu Jacó
sete anos por causa de Raquel; e estes lhe pareciam como poucos dias, pelo
muito que a amava.
21 Então Jacó disse a
Labão: Dá-me minha mulher, porque o tempo já está cumprido; para que eu a tome
por mulher.
22 Reuniu, pois, Labão
todos os homens do lugar, e fez um banquete.
23 À tarde tomou a
Léia, sua filha e a trouxe a Jacó, que esteve com ela.
24 E Labão deu sua
serva Zilpa por serva a Léia, sua filha.
25 Quando amanheceu,
eis que era Léia; pelo que perguntou Jacó a Labão: Que é isto que me fizeste?
Porventura não te servi em troca de Raquel? Por que, então, me enganaste?
26 Respondeu Labão:
Não se faz assim em nossa terra; não se dá a menor antes da primogênita.
27 Cumpre a semana
desta; então te daremos também a outra, pelo trabalho de outros sete anos que
ainda me servirás.
28 Assim fez Jacó, e
cumpriu a semana de Léia; depois Labão lhe deu por mulher sua filha Raquel.
29 E Labão deu sua
serva Bila por serva a Raquel, sua filha.
30 Então Jacó esteve
também com Raquel; e amou a Raquel muito mais do que a Léia; e serviu com Labão
ainda outros sete anos.
31 Viu, pois, o Senhor
que Léia era desprezada e tornou-lhe fecunda a madre; Raquel, porém, era
estéril.
32 E Léia concebeu e
deu à luz um filho, a quem chamou Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à
minha aflição; agora me amará meu marido.
33 Concebeu outra vez,
e deu à luz um filho; e disse: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada,
deu-me também este. E lhe chamou Simeão.
34 Concebeu ainda
outra vez e deu à luz um filho e disse: Agora esta vez se unirá meu marido a
mim, porque três filhos lhe tenho dado. Portanto lhe chamou Levi.
35 De novo concebeu e
deu à luz um filho; e disse: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso lhe chamou
Judá. E cessou de ter filhos.”
Reanimado com a visão
que Deus lhe dera em Betel, Jacó pôs-se a caminho de Harã.
No original está
escrito no que foi traduzido por “pôs-se a caminho”, a expressão “ergueu-se
sobre os seus pés”. Isto indica então
que ele foi livre dos seus temores, com bom ânimo, com alegria, revigorado que foi
pelo Senhor.
É desta forma que um
filho de Deus deve correr a carreira que lhe está proposta. Não com joelhos
trôpegos e mãos descaídas. Mas em firme inteireza de fé, olhando sempre para o
autor e consumador da sua fé, Jesus.
A providência de Deus
fez com que Jacó se encontrasse com pessoas, próximo de um poço, as quais vinham de Harã para
darem de beber a seus rebanhos naquele poço.
Perguntando-lhes se
conheciam a Labão, disseram que sim, e lhe apontaram Raquel que vinha chegando
com as ovelhas de seu pai, para dar-lhes de beber.
Raquel era uma pastora
de ovelhas, e o seu próprio nome, Raquel, significa ovelha.
Com o seu trabalho,
ela demonstrava a sua humildade e simplicidade característica de uma ovelha.
A tarefa que bem
poderia estar sendo realizada pelas servas de seu pai, estava sendo feita por
ela.
Jacó teve um primeiro
contato com ela em que demonstrou todo o seu afeto e emoção por encontrá-la.
Tendo certamente sido correspondido no mesmo interesse.
Mas, Raquel não se
permitiu demorar mais tempo com ele, sem que o levasse a seu pai. Ainda que
viessem a estar juntos, ela não o faria sem a aprovação do seu pai.
O Senhor trouxera Rebeca ao servo de Abraão para que esta se casasse com
Isaque, e agora estava trazendo Raquel ao encontro de Jacó.
Certamente era a mão do Senhor que estava nisto, porque assim como Sara
e Rebeca, Raquel era também estéril. Deus escolheu mulheres estéreis para
trazer uma descendência numerosa ao mundo.
O amor de Jacó por Raquel era de tal grandeza que ele se dispôs a trabalhar
sete anos gratuitamente para Labão, para obter a sua mão em casamento.
E ele viria a sofrer na pele a decepção de ser enganado, assim como ele
havia feito com seu pai, passando-se por seu irmão Esaú, pois Labão o enganou,
dando-lhe por esposa, em vez de Raquel, a Léia, sua filha mais velha.
Apesar de ter-lhe dado também Raquel por esposa, uma semana depois, usou
de chantagem com ele, pois exigiu que trabalhasse mais sete anos de graça pela
mão de Raquel.
Assim, Jacó, por meio de uma ação enganosa foi conduzido a uma vida
familiar tumultuada que lhe traria muitos dissabores.
Ele teria que viver com conflitos e ciúmes debaixo do seu teto, não por
uma escolha voluntária que ele próprio fizesse, mas como consequência do engano e
decisões de Labão.
Evidentemente que a sua responsabilidade não pode ser de toda excluída,
pois poderia ter tido somente a Léia, por esposa, mas o seu coração estava
ligado ao de Raquel, desde o primeiro dia que a avistara.
Ele consentiu em viver poligamicamente, violando, por conseguinte o
mandado do Senhor de que o homem seja marido de uma só esposa, e desta forma,
não poderia ter uma vida sossegada e feliz.
Ele viria a se enredar ainda mais neste pecado, por influência e
sugestão das próprias esposas, pois como Sara fizera com Abraão em relação a
Hagar, elas o levaram a gerar filhos para si através das suas próprias servas,
Bila e Zilpa, como veremos no capítulo trigésimo, seguinte a este.
Neste capítulo é apenas relatado que Raquel era estéril e que o Senhor
fizera a Léia fecunda porque era desprezada pelo marido, de modo que poderia
receber alguma atenção dele e agrado pelo fato de lhe ter dado quatro filhos:
Rúben, Simeão, Levi e Judá.
Foi tal o seu reconhecimento e gratidão a Deus, por tê-la consolado, que
ao ter o quarto filho, pôs-lhe o nome de Judá, que significa louvor, pois disse
que louvaria o Senhor por aquele benefício que lhe fizera.
É importante destacar que Deus determinou trazer Jesus ao mundo, pela
linhagem de Jacó com Léia, a desprezada, e não através de Raquel que era a sua
favorita e amada.
Nem tanto para dar honra a Léia, mas para provavelmente destacar que
Jesus viria de fato ao mundo para dar alegria aos contritos e desprezados, e
eles teriam motivo de louvar a Deus.
Ele é o Salvador dos humildes e quebrantados de coração. Ele abate ao
que se exalta, mas dá graça ao que se humilha.
Assim, o Espírito tomou a Jacó quando deu as bênçãos proféticas às
tribos de Israel, antes de morrer no Egito, e profetizou que o cetro jamais se
afastaria de Judá, numa referência clara ao governo eterno de nosso Senhor
Jesus Cristo.
A própria Jerusalém que será a sede do governo do Senhor na terra,
durante o período do milênio, e que será a morada eterna dos santos, estava
situada no território que foi ocupado pela tribo de Judá, quando da
distribuição da terra de Canaã, pelas doze tribos, nos dias de Josué.
Gênesis 30
“1 Vendo Raquel que
não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos,
senão eu morro.
2 Então se acendeu a
ira de Jacó contra Raquel; e disse: Porventura estou eu no lugar de Deus que te
impediu o fruto do ventre?
3 Respondeu ela: Eis
aqui minha serva Bila; recebe-a por mulher, para que ela dê à luz sobre os meus
joelhos, e eu deste modo tenha filhos por ela.
4 Assim lhe deu a
Bila, sua serva, por mulher; e Jacó a conheceu.
5 Bila concebeu e deu
à luz um filho a Jacó.
6 Então disse Raquel:
Julgou-me Deus; ouviu a minha voz e me deu um filho; pelo que lhe chamou Dã.
7 E Bila, serva de
Raquel, concebeu outra vez e deu à luz um segundo filho a Jacó.
8 Então disse Raquel:
Com grandes lutas tenho lutado com minha irmã, e tenho vencido; e chamou-lhe
Naftali.
9 Também Léia, vendo
que cessara de ter filhos, tomou a Zilpa, sua serva, e a deu a Jacó por mulher.
10 E Zilpa, serva de
Léia, deu à luz um filho a Jacó.
11 Então disse Léia:
Afortunada! e chamou-lhe Gade.
12 Depois Zilpa, serva
de Léia, deu à luz um segundo filho a Jacó.
13 Então disse Léia:
Feliz sou eu! porque as filhas me chamarão feliz; e chamou-lhe Aser.
14 Ora, saiu Rúben nos
dias da ceifa do trigo e achou mandrágoras no campo, e as trouxe a Léia, sua
mãe. Então disse Raquel a Léia: Dá-me, peço, das mandrágoras de teu filho.
15 Ao que lhe
respondeu Léia: É já pouco que me hajas tirado meu marido? queres tirar também
as mandrágoras de meu filho? Prosseguiu Raquel: Por isso ele se deitará contigo
esta noite pelas mandrágoras de teu filho.
16 Quando, pois, Jacó
veio à tarde do campo, saiu-lhe Léia ao encontro e disse: Hás de estar comigo,
porque certamente te aluguei pelas mandrágoras de meu filho. E com ela
deitou-se Jacó aquela noite.
17 E ouviu Deus a
Léia, e ela concebeu e deu a Jacó um quinto filho.
18 Então disse Léia:
Deus me tem dado o meu galardão, porquanto dei minha serva a meu marido. E
chamou ao filho Issacar.
19 Concebendo Léia
outra vez, deu a Jacó um sexto filho;
20 e disse: Deus me
deu um excelente dote; agora morará comigo meu marido, porque lhe tenho dado
seis filhos. E chamou-lhe Zebulom.
21 Depois. disto deu à
luz uma filha, e chamou-lhe Diná.
22 Também lembrou-se
Deus de Raquel, ouviu-a e a tornou fecunda.
23 De modo que ela
concebeu e deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus o opróbrio.
24 E chamou-lhe José,
dizendo: Acrescente-me o Senhor ainda outro filho.
25 Depois que Raquel
deu à luz a José, disse Jacó a Labão: Despede-me a fim de que eu vá para meu
lugar e para minha terra.
26 Dá-me as minhas
mulheres, e os meus filhos, pelas quais te tenho servido, e deixa-me ir; pois
tu sabes o serviço que te prestei.
27 Labão lhe
respondeu: Se tenho achado graça aos teus olhos, fica comigo; pois tenho
percebido que o Senhor me abençoou por amor de ti.
28 E disse mais:
Determina-me o teu salário, que to darei.
29 Ao que lhe
respondeu Jacó: Tu sabes como te hei servido, e como tem passado o teu gado
comigo.
30 Porque o pouco que
tinhas antes da minha vinda tem se multiplicado abundantemente; e o Senhor te
tem abençoado por onde quer que eu fui. Agora, pois, quando hei de trabalhar
também por minha casa?
31 Insistiu Labão: Que
te darei? Então respondeu Jacó: Não me darás nada; tornarei a apascentar e a
guardar o teu rebanho se me fizeres isto:
32 Passarei hoje por
todo o teu rebanho, separando dele todos os salpicados e malhados, e todos os
escuros entre as ovelhas, e os malhados e salpicados entre as cabras; e isto
será o meu salário.
33 De modo que
responderá por mim a minha justiça no dia de amanhã, quando vieres ver o meu
salário assim exposto diante de ti: tudo o que não for salpicado e malhado
entre as cabras e escuro entre as ovelhas, esse, se for achado comigo, será
tido por furtado.
34 Concordou Labão,
dizendo: Seja conforme a tua palavra.
35 E separou naquele
mesmo dia os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e
malhadas, tudo em que havia algum branco, e todos os escuros entre os cordeiros
e os deu nas mãos de seus filhos;
36 e pôs três dias de
caminho entre si e Jacó; e Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão.
37 Então tomou Jacó
varas verdes de estoraque, de amendoeira e de plátano e, descascando nelas
riscas brancas, descobriu o branco que nelas havia;
38 e as varas que
descascara pôs em frente dos rebanhos, nos cochos, isto é, nos bebedouros, onde
os rebanhos bebiam; e conceberam quando vinham beber.
39 Os rebanhos
concebiam diante das varas, e as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e
malhadas.
40 Então separou Jacó
os cordeiros, e fez os rebanhos olhar para os listrados e para todos os escuros
no rebanho de Labão; e pôs seu rebanho à parte, e não pôs com o rebanho de
Labão.
41 e todas as vezes
que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas nos bebedouros, diante dos
olhos do rebanho, para que concebessem diante das varas;
42 mas quando era
fraco o rebanho, ele não as punha. Assim as fracas eram de Labão, e as fortes
de Jacó.
43 E o homem se
enriqueceu sobremaneira, e teve grandes rebanhos, servas e servos, camelos e
jumentos.”
Neste capítulo nós
temos o registro do aumento da família de Jacó, com oito filhos ao todo: Dã e
Naftali, gerados com Bila, a serva de Raquel; Gade e Aser, gerados com Zilpa, a
serva de Léia; Issacar, Zebulon e Diná, através de Léia, e José, através de
Raquel.
Há vários detalhes
descrevendo as circunstâncias em que estes filhos de Jacó foram gerados, não
para imitação, mas para advertência.
As Escrituras não
foram produzidas por Deus para instruir cientistas, nem mesmo governantes e
estadistas sobre os princípios de política, mas para todas as pessoas, até
mesmo as piores, para dirigirem suas vidas e famílias, e delas aprendemos que
mesmo na vida daqueles que trazem as promessas de bênçãos de Deus, é possível passar por
sérios entraves e dificuldades, especialmente quando suas vidas não são
governadas pelos princípios estabelecidos por Ele.
Aqui nós temos o
registro da família de um homem, que não seguiu os passos de seu pai, e que
ficou envolvido pelas circunstâncias, apesar de a bondade e misericórdia de
Deus estarem sobre a sua vida, e de vir a formar a partir daqueles seus filhos
gerados em condições tão conturbadas, a nação de Israel.
Jacó amava Raquel, mas
a sagacidade de Labão o deixou compromissado com Léia, e o seu relacionamento
com Raquel recebeu um duro golpe, pois mesmo vindo a se casarem havia aquela
estranha situação que eles teriam que enfrentar, aquela dura realidade de que
ele havia se casado primeiro com Léia, ainda que não voluntariamente, mas por
ter sido enganado por Labão.
Como ele desprezava
Léia em favor de Raquel, Deus em sua misericórdia para com Léia, compadecido
pela situação em que a havia jogado o próprio pai, fez com que ela fosse
fecunda, enquanto sua irmã permanecia estéril.
Aí, Raquel passou a
invejar sua irmã, e a sua infelicidade e discórdia com ela, não era tanto pela
sua própria esterilidade, quanto era pela fertilidade de sua irmã.
Como Léia vinha
gerando filhos, Raquel não conseguia viver pacificamente com Jacó.
Raquel não estava
considerando que era Deus quem estava fazendo a diferença. Neste caso a sua
irmã estava sendo preferida antes dela, contudo em outras coisas ela tinha
vantagem.
Deus é bom para
qualquer um dos nossos semelhantes. Mas Raquel não conseguia enxergar, por
causa da cegueira da inveja, que também era alvo da bondade de Deus, e assim,
ela passou a sentir que o não ter filhos era o mesmo que estar morta. Ela havia
fixado o seu coração inteiramente no desejo de ter filhos.
A inveja amargurada do
coração de Raquel chegou a tal ponto, que ela se determinou ter filhos de Jacó através de sua serva
Bila, e a prova dessa contenção com Léia está nos nomes que ela deu aos dois
meninos que nasceram de Bila, o primeiro ela chamou de Dã, que significa
julgamento, porque entendia que Deus
havia julgado a sua causa (v 6), e o segundo ela chamou de Naftali, que
significa luta, pois entendia que havia lutado com sua irmã e havia prevalecido
(v 8).
Assim, havia contenda
na casa de Jacó, e nós vemos o tipo de relacionamento que havia entre aqueles
irmãos, a ponto de terem vendido José como escravo aos midianitas.
Houve muitas lutas e
disputas internas entre as tribos, mesmo depois de estabelecidas, cada uma em
seu território em Canaã, não se podendo dizer delas que chegaram a formar uma
unidade federativa harmoniosa, nem entre si, nem como unidade teocrática diante
de Deus.
Eles chegaram a
guerrear entre si em algumas ocasiões, quer nos dias dos Juízes, quer nos dias
dos reis, quando houve guerra entre o reino do Norte e o do Sul.
No final, acabou
praticamente restando a tribo de Judá, porque as demais tribos foram
dissolvidas pelas nações depois do cativeiro assírio, e não chegaram a guardar
a sua identidade nacional, pois acabaram assimilando os costumes das nações
para as quais haviam sido espalhadas.
Toda esta semente, de
contendas, de discórdias começou a ser plantada nos dias do próprio Jacó, pela
forma como constituiu e dirigiu a sua família.
Ele lhes ensinou os
preceitos do Senhor, mas não podia ter paz em casa pelas razões anteriormente
apontadas.
Léia esteve efetivamente em contenda com
Raquel, porque lutou com as mesmas armas de sua irmã, pois determinou dar
também sua serva Zilpa a Jacó para se prover de outros filhos por meio dela, já
que não conseguia mais engravidar, e não queria que Raquel ficasse em vantagem.
Relações
extraconjugais, casamentos em jugo desigual, poligamia e tudo o mais que fuja
do padrão sábio divino de que o homem tenha uma só mulher e que lhe seja fiel
por toda a vida, não poderá permitir que haja aquela paz a que Deus nos tem
chamado (I Cor 7.15).
Sem isto é impossível
ter paz no lar. É impossível ter a edificação da casa pelo Senhor, porque isto
só é possível dentro dos limites que Ele próprio estabeleceu.
Quando Zilpa concebeu
de Jacó a Gade e a Aser, Léia deu a este último este nome de Aser, porque
significa feliz, por ter ela julgado que seus vizinhos a chamariam de
abençoada.
Ora, isto não passa de
um orgulho carnal que não se sustenta diante daquela verdadeira alegria, que
está não em posses, conquistas, filhos, mas numa vida reta diante do Senhor.
Os caprichos de
vaidade daquela contenda chegaram a tal ponto que Raquel cedeu a sua vez de
coabitar com Jacó a Léia, por uma simples troca deste direito pelas mandrágoras
que havia cobiçado de Rúben, filho de Léia.
Deste encontro, nasceu
a Léia, Issacar. Ela concebeu ainda de Jacó outro filho e lhe deu o nome de
Zebulon, e finalmente uma filha a quem deu o nome de Diná.
De todo este mal, Deus
tirou o bem, porque foi com estas pessoas que ele veio a formar a nação de
Israel.
Quando o Senhor tornou
Raquel fecunda, ela veio a gerar aquele que seria grande diante de Deus e dos
homens, a saber, José.
Se ela não teve muitos
filhos, ela concebeu um que valia por muitos.
Tal como sucedeu com
Ana, que era estéril; e o Senhor fizera com que ela gerasse a Samuel, que foi
de uma importância extrema na história de Israel, numa hora crítica vivida pela
nação.
Tendo sido formada a
família de Jacó em Harã, em quase sua totalidade, pois ele viria ainda a ser
pai de Benjamin, filho de Raquel, Deus começou a movê-lo para retornar a Canaã,
como lhe havia prometido em Betel, que depois de ter estado em Harã o traria de
volta para a terra das peregrinações de seus pais, que Ele daria à sua
descendência por herança. Jacó não seria para sempre empregado de Labão.
Ele trabalharia para a
prosperidade da sua própria casa, e não mais para a de terceiros, assim como
Labão havia reconhecido que Deus lhe havia feito prosperar por amor de Jacó.
Ele queria retê-lo por
simples interesse egoísta, não que estivesse interessado no bem e prosperidade
de Jacó, mas nos seus próprios.
E assim, ele tentou pressioná-lo a
continuar a seu serviço, sendo explorado por ele, como estava sendo todos
aqueles anos.
O reconhecimento da
bênção de Deus por parte de Labão se referia apenas às coisas materiais, pois
ele continuava sendo idólatra como haviam sido todos os seus ancestrais antes
dele.
Ele não havia
considerado que havia uma bênção superior e melhor sobre a vida de Jacó, e não
se deixara persuadir por ela, em razão do seu coração mundano, e envolvido
apenas com as coisas desta vida.
Toda aquela sorte de
bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo Jesus não chegou a ser do
conhecimento de Labão, e na verdade, ele sequer estava interessado nelas.
Tal era a ganância de
Labão que quando Jacó lhe propôs que os animais salpicados e malhados do
rebanho lhes fossem dados como salário, o que fez Labão?
Ele os deu a seus
filhos e fez com que fossem com tais animais bem para longe, de modo que seriam
necessários três dias de jornada para alcançá-los.
Confiando inteiramente
na providência de Deus, Jacó usou de um expediente para se prover de animais
malhados e salpicados, como também saudáveis.
Ele pegou varas verdes
e fez riscos na casca de maneira que a polpa branca ficasse exposta, e colocava
estas varas diante dos animais, que quando davam crias olhando para estas
varas, estas saiam listradas, salpicadas e malhadas. Certamente isto era
operado por um milagre de Deus e não pelo poder daquelas varas.
Assim Jacó veio a ter
um grande rebanho, a ponto de ter se tornado rico, e poderia agora sustentar a
sua grande família em Canaã, por sua própria conta, conforme lhe havia
capacitado a providência divina.
Gênesis 31
“1 Jacó, entretanto,
ouviu as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacó tem levado tudo o que
era de nosso pai, e do que era de nosso pai adquiriu ele todas estas, riquezas.
2 Viu também Jacó o
rosto de Labão, e eis que não era para com ele como dantes.
3 Disse o Senhor,
então, a Jacó: Volta para a terra de teus pais e para a tua parentela; e eu
serei contigo.
4 Pelo que Jacó mandou
chamar a Raquel e a Léia ao campo, onde estava o seu rebanho,
5 e lhes disse: vejo que
o rosto de vosso pai para comigo não é como anteriormente; porém o Deus de meu
pai tem estado comigo.
6 Ora, vós mesmas
sabeis que com todas as minhas forças tenho servido a vosso pai.
7 Mas vosso pai me tem
enganado, e dez vezes mudou o meu salário; Deus, porém, não lhe permitiu que me
fizesse mal.
8 Quando ele dizia
assim: Os salpicados serão o teu salário; então todo o rebanho dava salpicados.
E quando ele dizia assim: Os listrados serão o teu salário, então todo o
rebanho dava listrados.
9 De modo que Deus tem
tirado o gado de vosso pai, e mo tem dado a mim.
10 Pois sucedeu que,
ao tempo em que o rebanho concebia, levantei os olhos e num sonho vi que os
bodes que cobriam o rebanho eram listrados, salpicados e malhados.
11 Disse-me o anjo de
Deus no sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui.
12 Prosseguiu o anjo:
Levanta os teus olhos e vê que todos os bodes que cobrem o rebanho são
listrados, salpicados e malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te vem
fazendo.
13 Eu sou o Deus de
Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te, pois,
sai-te desta terra e volta para a terra da tua parentela.
14 Então lhe
responderam Raquel e Léia: Temos nós ainda parte ou herança na casa de nosso
pai?
15 Não somos tidas por
ele como estrangeiras? pois nos vendeu, e consumiu todo o nosso preço.
16 Toda a riqueza que
Deus tirou de nosso pai é nossa e de nossos filhos; portanto, faze tudo o que
Deus te mandou.
17 Levantou-se, pois,
Jacó e fez montar seus filhos e suas mulheres sobre os camelos;
18 e levou todo o seu
gado, e toda a sua fazenda, que havia adquirido, o gado que possuía, que havia
adquirido em Padã-Arã, a fim de ir ter com Isaque, seu pai, à terra de Canaã.
19 Ora, tendo Labão
ido tosquiar as suas ovelhas, Raquel furtou os ídolos que pertenciam a seu pai.
20 Jacó iludiu a
Labão, o arameu, não lhe fazendo saber que fugia;
21 e fugiu com tudo o
que era seu; e, levantando-se, passou o Rio, e foi em direção à montanha de
Gileade.
22 Ao terceiro dia foi
Labão avisado de que Jacó havia fugido.
23 Então, tomando
consigo seus irmãos, seguiu atrás de Jacó jornada de sete dias; e alcançou-o na
montanha de Gileade.
24 Mas Deus apareceu
de noite em sonho a Labão, o arameu, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales a
Jacó nem bem nem mal.
25 Alcançou, pois, Labão
a Jacó. Ora, Jacó tinha armado a sua tenda na montanha; armou também Labão com
os seus irmãos a sua tenda na montanha de Gileade.
26 Então disse Labão a
Jacó: Que fizeste, que me iludiste e levaste minhas filhas como cativas da
espada?
27 Por que fizeste
ocultamente, e me iludiste e não mo fizeste saber, para que eu te enviasse com
alegria e com cânticos, ao som de tambores e de harpas;
28 Por que não me
permitiste beijar meus filhos e minhas filhas? Ora, assim procedeste
nesciamente.
29 Está no poder da
minha mão fazer-vos o mal, mas o Deus de vosso pai falou-me ontem à noite,
dizendo: Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal.
30 Mas ainda que
quiseste ir embora, porquanto tinhas saudades da casa de teu pai, por que
furtaste os meus deuses?
31 Respondeu-lhe Jacó:
Porque tive medo; pois dizia comigo que tu me arrebatarias as tuas filhas.
32 Com quem achares os
teus deuses, porém, esse não viverá; diante de nossos irmãos descobre o que é
teu do que está comigo, e leva-o contigo. Pois Jacó não sabia que Raquel os
tinha furtado.
33 Entrou, pois, Labão
na tenda de Jacó, na tenda de Léia e na tenda das duas servas, e não os achou;
e, saindo da tenda de Léia, entrou na tenda de Raquel.
34 Ora, Raquel havia
tomado os ídolos e os havia metido na albarda do camelo, e se assentara em cima
deles. Labão apalpou toda a tenda, mas não os achou.
35 E ela disse a seu
pai: Não se acenda a ira nos olhos de meu senhor, por eu não me poder levantar
na tua presença, pois estou com o incômodo das mulheres. Assim ele procurou,
mas não achou os ídolos.
36 Então irou-se Jacó
e contendeu com Labão, dizendo: Qual é a minha transgressão? qual é o meu
pecado, que tão furiosamente me tens perseguido?
37 Depois de teres
apalpado todos os meus móveis, que achaste de todos os móveis da tua casa.
Põe-no aqui diante de meus irmãos e de teus irmãos, para que eles julguem entre
nós ambos.
38 Estes vinte anos
estive eu contigo; as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca abortaram, e não comi
os carneiros do teu rebanho.
39 Não te trouxe eu o despedaçado;
eu sofri o dano; da minha mão requerias tanto o furtado de dia como o furtado
de noite.
40 Assim andava eu; de
dia me consumia o calor, e de noite a geada; e o sono me fugia dos olhos.
41 Estive vinte anos
em tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu
rebanho; dez vezes mudaste o meu salário.
42 Se o Deus de meu
pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque não fora por mim, certamente hoje me
mandarias embora vazio. Mas Deus tem visto a minha aflição e o trabalho das
minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite.
43 Respondeu-lhe
Labão: Estas filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este
rebanho é meu rebanho, e tudo o que vês é meu; e que farei hoje a estas minhas
filhas, ou aos filhos que elas tiveram?
44 Agora pois vem, e
façamos um pacto, eu e tu; e sirva ele de testemunha entre mim e ti.
45 Então tomou Jacó
uma pedra, e a erigiu como coluna.
46 E disse a seus
irmãos: Ajuntai pedras. Tomaram, pois, pedras e fizeram um montão, e ali junto
ao montão comeram.
47 Labão lhe chamou
Jegar-Saaduta, e Jacó chamou-lhe Galeede.
48 Disse, pois, Labão:
Este montão é hoje testemunha entre mim e ti. Por isso foi chamado Galeede;
49 e também Mizpá,
porquanto disse: Vigie o Senhor entre mim e ti, quando estivermos apartados um
do outro.
50 Se afligires as
minhas filhas, e se tomares outras mulheres além das minhas filhas, embora
ninguém esteja conosco, lembra-te de que Deus é testemunha entre mim e ti.
51 Disse ainda Labão a
Jacó: Eis aqui este montão, e eis aqui a coluna que levantei entre mim e ti.
52 Seja este montão
testemunha, e seja esta coluna testemunha de que, para mal, nem passarei eu
deste montão a ti, nem passarás tu deste montão e desta coluna a mim.
53 O Deus de Abraão e
o Deus de Naor, o Deus do pai deles, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo Temor
de seu pai Isaque.
54 Então Jacó ofereceu
um sacrifício na montanha, e convidou seus irmãos para comerem pão; e, tendo
comido, passaram a noite na montanha.
55 Levantou-se Labão
de manhã cedo, beijou seus filhos e suas filhas e os abençoou; e, partindo,
voltou para o seu lugar.”
Jacó era um homem bom,
pacato, muito honesto, um
homem de grande devoção e integridade, contudo ele teve mais dificuldades do
que quaisquer dos demais patriarcas, especialmente por causa de seu sogro
Labão.
Muitas destas
dificuldades que ele teve em Harã, ajudaram-no a tomar a deliberação de não se
fixar naquelas terras e retornar a Canaã, conforme era da vontade de Deus.
Assim também quando
aflições nos atingem de modo muito persistente e duro, é porque geralmente Deus
tem outros planos para nós, e espera que sejamos achados no centro da Sua
vontade, premidos que fomos por tais dificuldades.
Isto nem sempre será
uma regra geral, mas ver-se-á aqui e acolá cooperando para o plano que Deus
tiver fixado para nós.
Veja o caso da igreja
primitiva que só saiu para pregar o evangelho em todo mundo, depois de sofrer
uma dura perseguição na Judéia.
Neste capítulo, está
revelado que, a forma pela qual Jacó se proveu de animais salpicados, listrados
e malhados, foi por meio de instrução divina que lhe foi dada através de um
sonho, e em razão de o Senhor estar lhe compensando de toda a injustiça que ele
havia sofrido da parte de Labão.
O desejo de se livrar
de Labão alcançou suas próprias filhas que consentiram imediatamente em fugir
para Canaã com Jacó, e provavelmente por temer que o seu pai consultasse os
seus ídolos do lar, e descobrisse o paradeiro deles em Canaã, Raquel os furtou,
de modo que ele ficasse impossibilitado de consultar os seus oráculos, como de
costume.
Quando Labão soube que
Jacó havia ido embora ele saiu com seus filhos no seu encalço, e certamente não
tinha as melhores intenções, tanto que o Senhor lhe advertiu em sonhos que não
fizesse nada a Jacó e que nem mesmo lhe falasse qualquer coisa, fosse para mal
fosse para bem, isto é, no sentido de argumentar com ele para que voltasse,
fosse pelo uso de argumentos ameaçadores, fosse por promessas falsas de lhe
fazer o bem, como era bem do seu feitio.
Gênesis 32
“1 Jacó também seguiu
o seu caminho; e encontraram-no os anjos de Deus.
2 Quando Jacó os viu,
disse: Este é o exército de Deus. E chamou àquele lugar Maanaim.
3 Então enviou Jacó
mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, o território de
Edom,
4 tendo-lhes ordenado:
Deste modo falareis a meu senhor Esaú: Assim diz Jacó, teu servo: Como
peregrino morei com Labão, e com ele fiquei até agora;
5 e tenho bois e
jumentos, rebanhos, servos e servas; e mando comunicar isso a meu senhor, para
achar graça aos teus olhos.
6 Depois os
mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: Fomos ter com teu irmão Esaú; e, em
verdade, vem ele para encontrar-te, e quatrocentos homens com ele.
7 Jacó teve muito medo
e ficou aflito; dividiu em dois bandos o povo que estava com ele, bem como os
rebanhos, os bois e os camelos;
8 pois dizia: Se Esaú
vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará.
9 Disse mais Jacó: o
Deus de meu pai Abraão, Deus de meu pai Isaque, ó Senhor, que me disseste:
Volta para a tua terra, e para a tua parentela, e eu te farei bem!
10 Não sou digno da
menor de todas as tuas beneficências e de toda a fidelidade que tens usado para
com teu servo; porque com o meu cajado passei este Jordão, e agora volto em
dois bandos.
11 Livra-me, peço-te,
da mão de meu irmão, da mão de Esaú, porque eu o temo; acaso não venha ele
matar-me, e a mãe com os filhos.
12 Pois tu mesmo
disseste: Certamente te farei bem, e farei a tua descendência como a areia do
mar, que pela multidão não se pode contar.
13 Passou ali aquela
noite; e do que tinha tomou um presente para seu irmão Esaú:
14 duzentas cabras e
vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros,
15 trinta camelas de
leite com suas crias, quarenta vacas e dez touros, vinte jumentas e dez
jumentinhos.
16 Então os entregou
nas mãos dos seus servos, cada manada em separado; e disse a seus servos:
Passai adiante de mim e ponde espaço entre manada e manada.
17 E ordenou ao
primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar e te perguntar: De quem
és, e para onde vais, e de quem são estes diante de ti?
18 Então responderás:
São de teu servo Jacó, presente que envia a meu senhor, a Esaú, e eis que ele
vem também atrás de nós.
19 Ordenou igualmente
ao segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham atrás das manadas, dizendo:
Desta maneira falareis a Esaú quando o achardes.
20 E direis também:
Eis que o teu servo Jacó vem atrás de nós. Porque dizia: Aplacá-lo-ei com o
presente, que vai adiante de mim, e depois verei a sua face; porventura ele me
aceitará.
21 Foi, pois, o
presente adiante dele; ele, porém, passou aquela noite no arraial.
22 Naquela mesma noite
levantou-se e, tomando suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos,
passou o vau de Jaboque.
23 Tomou-os, e fê-los
passar o ribeiro, e fez passar tudo o que tinha.
24 Jacó, porém, ficou
só; e lutava com ele um homem até o romper do dia.
25 Quando este viu que
não prevalecia contra ele, tocou-lhe a juntura da coxa, e se deslocou a juntura
da coxa de Jacó, enquanto lutava com ele.
26 Disse o homem:
Deixa-me ir, porque já vem rompendo o dia. Jacó, porém, respondeu: Não te
deixarei ir, se me não abençoares.
27 Perguntou-lhe,
pois: Qual é o teu nome? E ele respondeu: Jacó.
28 Então disse: Não te
chamarás mais Jacó, mas Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e
tens prevalecido.
29 Perguntou-lhe Jacó:
Dize-me, peço-te, o teu nome. Respondeu o homem: Por que perguntas pelo meu
nome? E ali o abençoou.
30 Pelo que Jacó
chamou ao lugar Peniel, dizendo: Porque tenho visto Deus face a face, e a minha
vida foi preservada.
31 E nascia o sol,
quando ele passou de Peniel; e coxeava de uma perna.
32 Por isso os filhos
de Israel não comem até o dia de hoje o nervo do quadril, que está sobre a
juntura da coxa, porquanto o homem tocou a juntura da coxa de Jacó no nervo do
quadril.”
Quando Deus permite que pessoas do Seu povo passem por provações
extraordinárias, ele lhes dá também confortos extraordinários.
Nós deveríamos pensar que aqueles anjos que vieram como que saudar a
Jacó quando este rumava para Canaã, teriam aparecido a ele quando estava
vivendo suas perplexidades com Labão, mas foi naquele momento quieto e calmo,
quando ele estava em paz, que Deus manifestou a ele as realidades espirituais
que o guardavam, quer nas perplexidades, quer nas horas tranquilas, só que aqui lhe
foi permitido ver tal realidade. Uma verdadeira milícia do céu o seguia.
É assim que acontece com a igreja triunfante da glória celeste e a
igreja itinerante que ainda caminha neste mundo. Ambas estão relacionadas. E
apesar da passageira humilhação que a terrena deve sofrer, o seu destino é a
glória celestial da qual a triunfante já participa para sempre. Isto está bem
exemplificado no encontro de Jacó com os anjos.
Não necessitamos tanto que as visões dos anjos que nos auxiliam sejam
reveladas continuamente enquanto travamos as batalhas espirituais neste mundo,
porque andamos por fé e não por vista.
Sabemos, pelo Espírito, que somos assistidos em todas as nossas
tribulações e lutas contra os principados e potestades espirituais da
maldade.
Somos fortalecidos pela graça em nossa fraqueza e recebemos força e
poder do Senhor para vencer a toda e qualquer força do inimigo.
É exatamente isto o que vai acontecer com Jacó na sua caminhada: Deus
lhe revestirá de forças em seu espírito para vencer o temor de seu irmão Esaú,
bem como para ser um verdadeiro líder no meio do seu povo, de forma a que
aprendesse a depositar toda a sua confiança no Deus que o fortalecia, e a não
confiar na sua própria capacidade e poder.
Assim ele tem primeiro uma visão do exército de anjos que lhe apareceram
na sua caminhada, quando voltava para Canaã. Ele o estava fazendo em obediência
a Deus, e assim, ele pode contar então com a Sua poderosa assistência.
Assim se dá com todos aqueles que estão a serviço de Deus, trilhando o
caminho não escolhido por eles, mas pelo próprio Deus.
Eles podem estar seguros de contarem com a sua assistência nas muitas
provas que terão que enfrentar na jornada, porque não estão trilhando o seu
próprio caminho, mas aquele que lhes foi apontado pelo Senhor.
Animado por aquela visão Jacó enviou mensageiros a ter com seu irmão
Esaú, mas quando estes retornaram com a notícia de que Esaú vinha ao seu
encontro com quatrocentos homens, ele teve muito medo.
Tomou providências preventivas para evitar que todos os que estavam com
ele fossem exterminados, dividindo-os em grupos que seguiriam rumos diferentes;
e preparou um presente em grande quantidade de animais (580) do seu rebanho
para dar a Esaú, pensando talvez apaziguá-lo.
Então aquela primeira visão em Maanaim não foi suficiente para a sua fé
de que Deus o protegeria. Por isso, quando atravessava o vau de Jaboque lhe
apareceu um ser celestial em forma de homem que lutou com ele durante toda a
noite até o romper da aurora. Vale destacar o que diz a Palavra a respeito:
“Quando este viu que não prevalecia contra ele, tocou-lhe a juntura da
coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, enquanto lutava com ele. Disse o
homem: Deixa-me ir, porque já vem rompendo o dia. Jacó, porém, respondeu: Não
te deixarei ir, se me não abençoares. Perguntou-lhe, pois: Qual é o teu nome? E
ele respondeu: Jacó. Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; porque
tens lutado com Deus e com os homens e tens prevalecido.”
A mensagem passada a Jacó naquele combate era a de que Deus poderia
torná-lo tão destemido e forte como aqueles
anjos que ele havia visto em Maanaim. Assim, com a força do céu,
reanimado pelo Senhor, ele venceu os seus temores terrenos.
Ele venceu sobretudo pela fé e pela oração perseverante. Aquela foi mais
uma luta espiritual do que qualquer outra coisa.
O enviado de Deus estava impedindo Jacó de prosseguir adiante ao
encontro de suas esposas e filhos.
A passagem estava sendo barrada e ele então luta insistentemente para
romper o caminho e seguir adiante, em cumprimento à ordem de Deus de se dirigir
a Canaã.
Muitas vezes a fé do cristão é provada por Deus da mesma forma, para que ele aprenda a ser
perseverante na oração.
Há muitas vezes forças que operam parecendo paralisar os projetos que
Deus nos havia ordenado, e não poderemos prosseguir adiante se não lutarmos com
Deus em oração, e aprendermos a sermos perseverantes e a prevalecer na nossa
intercessão junto a Ele.
Estas lutas espirituais têm este principal propósito de nos tornar mais
fortes na nossa fé, em que intercedendo com fervor junto a Deus, poderemos
todas as coisas nAquele que nos fortalece.
O Espírito Santo intercede por nós nos assistindo na nossa fraqueza (Rom
8.26).
Como Jacó prevaleceu na luta,
ele teve o seu nome mudado por Deus de “suplantador” que é o significado da
palavra Jacó, para “Israel”, que significa
príncipe de Deus.
De fato, todos aqueles que são poderosos na oração, são príncipes de
Deus, porque por meio de suas orações eles podem operar maravilhas e muitas
transformações não somente em suas próprias vidas, como também nas vidas de
muitos.
Jacó havia prevalecido
com Deus, e também poderia prevalecer com os homens, especialmente com seu
irmão Esaú, de modo que Deus, pelas suas orações, poderia transformar totalmente
as disposições e intenções do coração do seu irmão em relação a ele.
Assim, Jacó deu o nome
de Peniel ao lugar onde havia lutado, e no hebraico esta palavra significa a
face de Deus, porque o Senhor havia se manifestado a ele, e ele havia obtido a
sua bênção.
Ele não disse
presunçosa e arrogantemente: “eu lutei com Deus neste lugar e prevaleci”,
repetindo o teor das palavras que lhes foram dirigidas por aquele que com ele
lutava, mas disse humildemente:
“tenho visto Deus face
a face, e a minha vida foi preservada.”
Gênesis 33
“1 Levantou Jacó os
olhos, e olhou, e eis que vinha Esaú, e quatrocentos homens com ele. Então
repartiu os filhos entre Léia, e Raquel, e as duas servas.
2 Pôs as servas e seus
filhos na frente, Léia e seus filhos atrás destes, e Raquel e José por últimos.
3 Mas ele mesmo passou
adiante deles, e inclinou-se em terra sete vezes, até chegar perto de seu
irmão.
4 Então Esaú
correu-lhe ao encontro, abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou; e eles
choraram.
5 E levantando Esaú os
olhos, viu as mulheres e os meninos, e perguntou: Quem são estes contigo?
Respondeu-lhe Jacó: Os filhos que Deus bondosamente tem dado a teu servo.
6 Então chegaram-se as
servas, elas e seus filhos, e inclinaram-se.
7 Chegaram-se também
Léia e seus filhos, e inclinaram-se; depois chegaram-se José e Raquel e se
inclinaram.
8 Perguntou Esaú: Que
queres dizer com todo este bando que tenho encontrado? Respondeu Jacó: Para
achar graça aos olhos de meu senhor.
9 Mas Esaú disse:
Tenho bastante, meu irmão; seja teu o que tens.
10 Replicou-lhe Jacó:
Não, mas se agora tenho achado graça aos teus olhos, aceita o presente da minha
mão; porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus,
e tu te agradaste de mim.
11 Aceita, peço-te, o
meu presente, que eu te trouxe; porque Deus tem sido bondoso para comigo, e
porque tenho de tudo. E insistiu com ele, e ele o aceitou.
12 Então Esaú disse:
Ponhamo-nos a caminho e vamos; eu irei adiante de ti.
13 Respondeu-lhe Jacó:
Meu senhor sabe que estes filhos são tenros, e que tenho comigo ovelhas e vacas
de leite; se forem obrigadas a caminhar demais por um só dia, todo o rebanho
morrerá.
14 Passe o meu senhor
adiante de seu servo; e eu seguirei, conduzindo-os calmamente, conforme o passo
do gado que está diante de mim, e conforme o passo dos meninos, até que chegue
a meu senhor em Seir.
15 Ao que disse Esaú:
Permite ao menos que eu deixe contigo alguns da minha gente. Replicou Jacó:
Para que? Basta que eu ache graça aos olhos de meu senhor.
16 Assim tornou Esaú
aquele dia pelo seu caminho em direção a Seir.
17 Jacó, porém, partiu
para Sucote, e edificou para si uma casa, e fez barracas para o seu gado; por
isso o lugar se chama Sucote.
18 Depois chegou Jacó
em paz à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando veio de Padã-Arã;
e armou a sua tenda diante da cidade.
19 E comprou a parte
do campo, em que estendera a sua tenda, dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por
cem peças de dinheiro.
20 Então levantou ali
um altar, e chamou-lhe o El-Eloé-Israel.”
Neste capítulo, nós
vemos o cumprimento prático da verdade revelada em Prov 16.7:
“Sendo o caminho dos homens agradável ao
Senhor, este reconcilia com eles os seus inimigos.”
Nós vemos agora Jacó
se inclinando diante de Esaú, não mais em razão do temor que teria dele, mas pelo fato de dar-lhe a
devida reverência como irmão mais velho.
Isto é algo muito
importante para ser compreendido e vivido.
O fato de Deus nos
engrandecer não significa que devamos exercer domínio sobre outros com orgulho
e arrogância.
Ao contrário, isto
deveria nos tornar mais humildes, reconhecendo a bondade de Deus para conosco,
e nos levar a cumprir a norma bíblica de considerar os outros superiores a nós
mesmos.
Quando vivemos de fato
a ordenança de sermos submissos uns aos outros, então se vê melhor entre nós a
manifestação do poder de Deus, pois não haverá o risco de nos desviarmos em
ciúmes, vaidades, orgulhos, e outros pecados correlatos que são o oposto de um
espírito manso e submisso.
Este bom exemplo é
visto por nós na atitude de Jacó em relação a seu irmão.
Aquela atitude
possibilitou que Esaú fosse pacificado pelo Espírito do Senhor, e fosse movido
de bons sentimentos em relação a Jacó, tendo também Deus impedido qualquer
operação dos espíritos das trevas naquele momento sobre a sua vida, de forma a
gerar nele maus pensamentos e sentimentos.
Por isso Jacó disse
que havia visto a face de seu irmão como a face de Deus, isto é, ele havia
reconhecido que foi a ação de Deus sobre ele, que havia lhe dado aquela boa
disposição para com ele.
Esaú era uma prova
viva de que o Senhor havia ouvido e respondido favoravelmente as suas
orações.
Esaú se ofereceu para
ser o guia e companheiro de Jacó em sua viagem, mas ele recusou pelo motivo de
poupar o seu rebanho, e de não forçar as muitas crianças que estavam com ele.
Aqui ele deixa um bom exemplo de prudência e ternura que deveria ser imitado
por aqueles que têm o encargo de dirigirem jovens nas coisas de Deus. Eles não
devem ser dirigidos, em princípio, com tarefas pesadas na obra do Senhor, mas
conduzidos, com aquilo que possam suportar, tornando as tarefas fáceis e
agradáveis para eles o quanto possível.
Cristo, o bom Pastor, procede assim (Is 40.11).
Gênesis 34
“1 Diná, filha de
Léia, que esta tivera de Jacó, saiu para ver as filhas da terra.
2 Viu-a Siquém, filho
de Hamor o heveu, príncipe da terra; e, tomando-a, deitou-se com ela e
humilhou-a.
3 Assim se apegou a
sua alma a Diná, filha de Jacó, e, amando a donzela, falou-lhe afetuosamente.
4 Então disse Siquém a
Hamor seu pai: Consegue-me esta donzela por mulher.
5 Ora, Jacó ouviu que
Siquém havia contaminado a Diná sua filha. Entretanto, estando seus filhos no
campo com o gado, calou-se Jacó até que viessem.
6 Hamor, pai de
Siquém, saiu a fim de falar com Jacó.
7 Os filhos de Jacó,
pois, vieram do campo logo que souberam do caso; e entristeceram-se e iraram-se
muito, porque Siquém havia cometido uma insensatez em Israel, deitando-se com a
filha de Jacó, coisa que não se devia fazer.
8 Então falou Hamor
com eles, dizendo: A alma de meu filho Siquém afeiçoou-se fortemente a vossa
filha; dai-lha, peço-vos, por mulher.
9 Também aparentai-vos
conosco; dai-nos as vossas filhas e recebei as nossas.
10 Assim habitareis
conosco; a terra estará diante de vós; habitai e negociai nela, e nela adquiri
propriedades.
11 Depois disse Siquém
ao pai e aos irmãos dela: Ache eu graça aos vossos olhos, e darei o que me
disserdes;
12 exigi de mim o que
quiserdes em dote e presentes, e darei o que me pedirdes; somente dai-me a
donzela por mulher.
13 Então os filhos de
Jacó, respondendo, falaram enganosamente a Siquém e a Hamor, seu pai, porque
Siquém havia contaminado a Diná, sua irmã,
14 e lhes disseram:
Não podemos fazer isto, dar a nossa irmã
a um homem incircunciso; porque isso seria uma vergonha para nós.
15 Sob esta única
condição consentiremos; se vos tornardes como nós, circuncidando-se todo varão
entre vós;
16 então vos daremos
nossas filhas a vós, e receberemos vossas filhas para nós; assim habitaremos
convosco e nos tornaremos um só povo.
17 Mas se não nos
ouvirdes, e não vos circuncidardes, levaremos nossa filha e nos iremos embora.
18 E suas palavras
agradaram a Hamor e a Siquém, seu filho.
19 Não tardou, pois, o
mancebo em fazer isso, porque se agradava da filha de Jacó. Era ele o mais
honrado de toda a casa de seu pai.
20 Vieram, pois, Hamor
e Siquém, seu filho, à porta da sua cidade, e falaram aos homens da cidade,
dizendo:
21 Estes homens são
pacíficos para conosco; portanto habitem na terra e negociem nela, pois é
bastante espaçosa para eles. Recebamos por mulheres as suas filhas, e lhes
demos as nossas.
22 Mas sob uma única
condição é que consentirão aqueles homens em habitar conosco para nos tornarmos
um só povo: se todo varão entre nós se circuncidar, como eles são circuncidados.
23 O seu gado, as suas
aquisições, e todos os seus animais, não serão nossos? consintamos somente com
eles, e habitarão conosco.
24 E deram ouvidos a
Hamor e a Siquém, seu filho, todos os que saíam da porta da cidade; e foi
circuncidado todo varão, todos os que saíam pela porta da sua cidade.
25 Ao terceiro dia,
quando os homens estavam doridos, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de
Diná, tomaram cada um a sua espada, entraram na cidade com toda a segurança e
mataram todo varão.
26 Mataram também ao
fio da espada a Hamor e a Siquém, seu filho; e, tirando Diná da casa de Siquém,
saíram.
27 Vieram os filhos de
Jacó aos mortos e saquearam a cidade; porquanto haviam contaminado a sua irmã.
28 Tomaram-lhes os
rebanhos, os bois, os jumentos, e o que havia tanto na cidade como no campo;
29 e todos os seus
bens, e todos os seus pequeninos, e as suas mulheres, levaram por presa; e
despojando as casas, levaram tudo o que havia nelas.
30 Então disse Jacó a
Simeão e a Levi: Tendes-me perturbado, fazendo-me odioso aos habitantes da
terra, aos cananeus e perizeus. Tendo eu pouca gente, eles se ajuntarão e me
ferirão; e serei destruído, eu com minha casa.
31 Ao que responderam:
Devia ele tratar a nossa irmã como a uma prostituta?”
Este capítulo de
Gênesis revela que as aflições de Jacó com seus filhos eram muito grandes. Mas,
apesar de os filhos de Jacó terem sido uma aflição para ele em muitos aspectos,
ainda assim todos eles estavam aliançados com Deus, pela eleição da graça que
os havia alcançado.
Quando Deus escolheu
Jacó e mudou o seu nome para Israel, designando-o como príncipe do Seu povo,
Ele escolheu automaticamente todos os descendentes de Jacó para estarem também
aliançados com Ele.
Há aqui uma forte
ilustração da condição dos cristãos em relação a Cristo. Ele é o verdadeiro Príncipe de Deus, do qual Jacó
era uma figura, e assim todos os que estão unidos a Ele pela fé, também estão
aliançados com Deus, porque o Pai fez uma aliança eterna com o Filho
designando-o como o cabeça da igreja e que nele deveria habitar toda a
plenitude (Col 1.18,19).
Assim, então, apesar
de os próprios cristãos trazerem muitas aflições ao coração de Deus por tudo o que lhes sucede
e por tudo o que fazem neste mundo, ainda assim, o Senhor continua aliançado
com eles por causa da aliança que fez com nosso Senhor Jesus Cristo. Nada pode
desfazer esta aliança, porque Aquele que fez a promessa é fiel em cumpri-la e
não pode negar-se a Si mesmo.
É exatamente isto que
a revelação bíblica demonstra em suas muitas passagens, inclusive nesta, em que
vemos os filhos de Jacó agindo de um modo, traiçoeiro, violento e covarde, não
apropriado àqueles que trazem sobre si o nome do Altíssimo, mas como já
dissemos, isto está registrado aqui, para que aprendamos a não julgar nossos
irmãos em Cristo, porque apesar das muitas contradições que possam estar
vivendo, eles continuam sendo filhos amados de Deus, porque Ele se aliançou com
eles por meio de Jesus Cristo.
Diná era a única filha
de Jacó, e assim ela deveria se sentir solitária entre seus irmãos, e a Palavra
registra que ela foi procurar companhia feminina entre os habitantes de Canaã.
Mas, na sua procura
ela acabou se encontrando com Siquém, aquele de cujo pai, Jacó havia comprado a
terra onde estava morando com sua família, depois de ter regressado de
Pada-Arã.
Este siquém era
influente no lugar, cuja cidade levava o seu nome.
Ele enamorou-se de
Diná e deflorou-a.
A curiosidade dos
jovens muitas vezes os traem e se lhes torna em armadilha. A sua falta de
experiência e imaturidade emocional os torna muitas vezes presas fáceis das
muitas tentações que os cercam.
Por isso a Palavra
ordena que sejam obedientes aos seus pais, e aos pais, que os conduzam no
caminho do Senhor.
Siquém, gloriando-se
provavelmente de sua posição elevada, como príncipe entre seu povo, seduziu a
moça, prevalecendo-se de sua grandeza.
Afinal não foi na sua
mão e de seu pai, que eles haviam adquirido um lugar para morar?
Diná se expôs à
sedução quando deixou o lar de seus pais e se permitiu uma liberdade imprópria
para a sua época, ainda que levada pela sua curiosidade natural e juvenil.
Mesmo quando há
exercício da autoridade paternal há aflições que os filhos dão aos pais, quanto mais quando há falta
deste exercício.
Isto nós vemos
claramente no fato de Jacó ter sido procurado por Hamor, pai de Siquém (v 11),
que lhe fez e a seus filhos uma proposta, e a palavra final não foi dada por
Jacó, mas por seus filhos, e o pior de tudo; eles o fizeram com dolo, pois
planejaram assassinar os siquemitas quando estivessem convalescendo da
circuncisão que lhes foi proposta pelos filhos de Jacó.
Como veremos logo no
início do capitulo seguinte a este (35), quando Deus ordenou a Jacó que fosse
para Betel e habitasse ali, para evitar uma possível represália por parte dos
habitantes de Canaã, em razão da carnificina feita pelos seus filhos contra os
siquemitas, Jacó ordenou que todos em sua família lançassem fora os deuses
estranhos que havia com eles, e isto é bastante indicativo de que até então
Jacó vinha lhes permitindo que tivessem consigo esculturas de outros deuses,
ainda que o próprio Jacó não as tivesse.
Entretanto, o
mandamento de Deus que fora dado desde Abraão, era o de que ele deveria ordenar
a sua casa de modo que todos os seus descendentes andassem no caminho do
Senhor. Isto era portanto uma responsabilidade de Jacó. Ele não deveria ordenar
apenas a sua própria vida, como também a dos seus filhos, e estes a seus filhos
depois dele.
Os filhos de Jacó
usaram de falsidade na proposta que fizeram aos siquemitas porque eles sabiam
que lhes era vedado por Deus se casarem com mulheres de Canaã.
Então eles haviam
mentido quando pediram aos siquemitas que se circuncidassem para que fossem
considerados um só povo juntamente com eles.
Siquém havia errado,
mas estava se esforçando para reparar o seu erro, casando-se com Diná.
Mas o sentimento de
honra manchada falou mais alto do que o de misericórdia e perdão, e tomados por
sentimentos de vingança e ódio, Simeão e Levi, trataram de fazer justiça com as
próprias mãos, deixando o seu próprio pai em ignorância quanto ao que haviam
planejado, e desonraram o compromisso formal que haviam feito com Hamor, pai de
Siquém, e contrariando a palavra dada, agiram por puro impulso carnal.
Jacó temeu pela
maneira como seriam olhados dali por diante.
Eles seriam
considerados as pessoas mais bárbaras do mundo.
O comportamento
impróprio dos filhos e as suas ações más são a vergonha e aflição dos seus
pais, quando estes pais são devotados a Deus.
Se todos os siquemitas
foram destruídos pela ofensa de um, quanto mais os cananeus não destruiriam os
israelitas pela ofensa de dois?
Jacó sabia que Deus
havia prometido preservar e perpetuar a sua casa, mas ele temia que estas
práticas vis de seus filhos viessem a quebrar o vínculo.
Quando o pecado
estiver na casa, há razão para se temer a ruína à porta.
Os filhos de Jacó, em
vez de cederem, reconhecendo que haviam pecado, e em vez de se humilharem ao
seu bom pai, lhe implorando perdão, eles se justificaram dando-lhe uma resposta
insolente, em face dos seus temores relativos a uma possível ação de retaliação
dos cananeus, dizendo: “ele deveria tratar a nossa irmã como uma meretriz?”
Não, realmente não
deveria. Mas deveriam também se vingar com as próprias mãos? Tentando cobrir um
pecado com outro pecado?
A resposta deles
trazia embutida uma condenação ao próprio pai, como se ele estivesse satisfeito
de que tivessem tratado sua filha como uma meretriz.
Simeão e Levi agiram
certamente debaixo de uma influência maligna que despertou neles todo aquele
grande ódio.
O mandamento de
perdoar setenta vezes sete tem, em determinados aspectos, exatamente o
propósito de que não venhamos a ficar debaixo da fúria de Satanás contra nós,
que nos leva a ficarmos também enfurecidos até mesmo contra as pessoas que nos
sejam mais queridas, visando à nossa destruição e à deles.
O diabo pode despertar
nos homens os sentimentos mais odiosos, enquanto os mantém debaixo do seu
controle ou influência.
A cura e a prevenção
contra tudo isto está, portanto em se ter sempre um coração aberto, numa
atitude que tudo suporta e perdoa, porque esta é a vontade de Deus para
conosco, para que tenhamos aquela mansidão que é característica de Cristo, e
não o furor odioso de Satanás.
Gênesis 35
“1 Depois disse Deus a
Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te
apareceu quando fugias da face de Esaú, teu irmão.
2 Então disse Jacó à
sua família, e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos
que há no meio de vós, e purificai-vos e mudai as vossas vestes.
3 Levantemo-nos, e
subamos a Betel; ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha
angústia, e que foi comigo no caminho por onde andei.
4 Entregaram, pois, a
Jacó todos os deuses estranhos, que tinham nas mãos, e as arrecadas que pendiam
das suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a
Siquém.
5 Então partiram; e o
terror de Deus sobreveio às cidades que lhes estavam ao redor, de modo que não
perseguiram os filhos de Jacó.
6 Assim chegou Jacó à
Luz, que está na terra de Canaã (esta é Betel), ele e todo o povo que estava
com ele.
7 Edificou ali um
altar, e chamou ao lugar El-Betel; porque ali Deus se lhe tinha manifestado
quando fugia da face de seu irmão.
8 Morreu Débora, a ama
de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho, ao qual se
chamou Alom-Bacute.
9 Apareceu Deus outra
vez a Jacó, quando ele voltou de Padã-Arã, e o abençoou.
10 E disse-lhe Deus: O
teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome.
Chamou-lhe Israel.
11 Disse-lhe mais: Eu
sou Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão
de nações sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos;
12 a terra que dei a
Abraão e a Isaque, a ti a darei; também à tua descendência depois de ti a
darei.
13 E Deus subiu dele,
do lugar onde lhe falara.
14 Então Jacó erigiu
uma coluna no lugar onde Deus lhe falara, uma coluna de pedra; e sobre ela
derramou uma libação e deitou-lhe também azeite;
15 e Jacó chamou Betel
ao lugar onde Deus lhe falara.
16 Depois partiram de
Betel; e, faltando ainda um trecho pequeno para chegar a Efrata, Raquel começou
a sentir dores de parto, e custou-lhe o dar à luz.
17 Quando ela estava
nas dores do parto, disse-lhe a parteira: Não temas, pois ainda terás este
filho.
18 Então Raquel, ao
sair-lhe a alma (porque morreu), chamou ao filho Benôni; mas seu pai chamou-lhe
Benjamim.
19 Assim morreu
Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata (esta é Bete-Leém).
20 E Jacó erigiu uma
coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia
de hoje.
21 Então partiu
Israel, e armou a sua tenda além de Migdal-Eder.
22 Quando Israel
habitava naquela terra, foi Rúben e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e
Israel o soube. Eram doze os filhos de Jacó:
23 Os filhos de Léia:
Rúben o primogênito de Jacó, depois Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom;
24 os filhos de
Raquel: José e Benjamim;
25 os filhos de Bila,
serva de Raquel: Dã e Naftali;
26 os filhos de Zilpa,
serva de Léia: Gade e Aser. Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em
Padã-Arã.
27 Jacó veio a seu pai
Isaque, a Manre, a Quiriate-Arba (esta é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e
Isaque.
28 Foram os dias de
Isaque cento e oitenta anos;
29 e, exalando o
espírito, morreu e foi congregado ao seu povo, velho e cheio de dias; e Esaú e
Jacó, seus filhos, o sepultaram.”
Jacó fugiu de Siquém
para Betel, pelo mandado de Deus.
Quando residia em
Betel soube da morte de Débora, ama de Rebeca, sua mãe, e é provável que Jacó
tenha se dirigido para lá, para o seu sepultamento, pois se diz no verso 9, que
tendo vindo de Pada-Arã, outra vez Deus lhe apareceu e o abençoou, e confirmou
a mudança do seu nome de Jacó para Isarel, e lhe ordenou que fosse fecundo e se
multiplicasse, porque uma nação e multidão de nações procederiam dele, e foi
reconfirmada também a promessa de receber, bem como a sua descendência, a terra
de Canaã como herança.
Jacó chamou de Betel a
este lugar em que Deus lhe falara, e erigiu uma coluna de pedra onde o Senhor
lhe falara, e derramou sobre ela uma libação, e a ungiu com óleo.
Tendo partido de Betel
para Efrata, que seria conhecida mais tarde por Belém, Raquel deu à luz a
Benjamin, antes de chegar àquela cidade, e quando estava próximo da mesma, e
veio a morrer por causa do parto. Antes de morrer ela chamou o menino de
Benoni, que significa o filho da minha tristeza, mas Jacó o chamou pelo nome de
Benjamin, que significa o filho que é a minha mão direita.
Depois de ter se
fixado naquela terra, além da torre de Eder, Ruben se deitou com Bila,
concubina de Jacó, e isto chegou ao conhecimento do seu pai.
Este capítulo é
encerrado com o relato da morte de Isaque, pai de Jacó, aos 180 anos de idade,
tendo sido sepultado por Jacó e Esaú.
Quando Jacó havia
fugido para Pada-Arã por temer ser morto por Esaú, Deus lhe havia aparecido na
visão da escada e lhe prometido que não o desampararia e que o faria voltar
àquela terra (28.15), e Jacó havia erigido a pedra que usara como travesseiro
como coluna, e havia ungido o seu topo com azeite (28.18), e naquela ocasião
Jacó tez um voto a Deus, e disse que a pedra que ele havia erigido por coluna
seria a casa de Deus, e que daria ao Senhor o dízimo de tudo quanto lhe fosse
concedido.
Ora, mais de vinte
anos se haviam passado, e é bem possível que Jacó tivesse esquecido o voto que
havia feito, mas o Senhor lhe lembra daquele voto sem se referir a ele
diretamente, mas o levando ao local onde fora feito.
Assim o Senhor nos
lembra dos deveres negligenciados de um modo ou de outro, através da
consciência ou através de providências.
Quando nós fazemos um
voto a Deus é melhor não adiar o seu cumprimento (Ec 5.4), entretanto é melhor tarde do que nunca.
Assim Deus não fez
Jacó lembrar expressamente do seu voto, mas da sua ocasião, quando fugia de
Esaú.
Por isso disse a Jacó
que fosse para Betel e ali erigisse um altar ao Deus que lhe havia aparecido
quando ele fugia da presença de Esaú (35.1).
Diante desta ordenança
solene de preparar um altar para adorar a Deus com sua família, Jacó lembrou da
necessidade de santidade na adoração ao Senhor por parte de todos aqueles que
estavam com ele, e assim lhes ordenou que se livrassem dos falsos deuses e que
se purificassem (35.2). A bondade deve ser
precedida pela justiça e pela santidade.
A bondade de Jacó
estava permitindo concessões a seus filhos, de modo que eles estavam até mesmo
guardando consigo falsos deuses.
Mas, despertado agora
pela renovação da aliança do Senhor com ele, e sendo lembrado do seu voto em
que disse que o Senhor somente seria o seu Deus, ele toma a iniciativa de
juntar a justiça e a santidade à bondade, e teve a coragem necessária para
confrontar toda a sua família.
Deus lhe honrou
trazendo-lhes o devido temor e respeito por seu pai, e eles o obedeceram.
Não somente trouxe
este santo temor aos filhos de Jacó, como também a todos os cananeus que viviam
nas cidades vizinhas trouxe o Senhor o que se relata em 35.5: “E, tendo eles
partido, o terror de Deus invadiu as cidades que lhes eram circunvizinhas, e
não perseguiram aos filhos de Jacó.”
Com isto Jacó pôde chegar a Betel
em segurança, pela proteção que lhe fora dada e à sua família pelo Senhor.
Quando nós estivermos a serviço de Deus, nós estaremos debaixo da Sua
proteção especial. Deus estará conosco, enquanto nós estivermos com ele; e, se
ele é por nós, quem poderá ser contra nós?