No
inicio do primeiro capítulo do livro do profeta Isaías, Deus declara que não
era conhecido pelo seu próprio povo de Israel.
“2
Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque falou o Senhor: Criei filhos, e os
engrandeci, mas eles se rebelaram contra mim.
3 O boi
conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não
tem conhecimento, o meu povo não entende.
4 Ah,
nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores,
filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de
Israel, voltaram para trás.
5 Por
que seríeis ainda castigados, que persistis na rebeldia? Toda a cabeça está
enferma e todo o coração fraco.” (Isaías 1.2-5)
Eles
haviam recebido suas leis, seus preceitos, seu amor, seus livramentos, e tinham
estado por várias vezes debaixo dos seus juízos corretivos por causa do pecado,
e em vez de se emendarem, mais se rebelavam contra Ele.
Isto
revela a obstinação da natureza humana decaída no pecado, da qual somente
podemos ser livrados pela fé em Cristo, e pelo trabalho da sua graça em nossos
corações, trocando-os por corações sensíveis à sua santidade, e que respondam
de modo adequado à mesma.
Disto
também se aprende que não é por se ter a doutrina verdadeira, bons líderes como
Isaías, e tudo o mais que se refira às revelações de Deus, se nos faltar a
presença do próprio Deus em nossa vida, porque é este o único meio pelo qual
podemos ter um conhecimento real de quem Ele seja.
Por
isso a aparente religiosidade de Israel nos dias do profeta Isaías, mantendo o
culto de adoração no templo, com apresentação de sacrifícios e cumprimento de
todos os rituais prescritos na lei, não poderia agradar a Deus, e muito menos
produzir um verdadeiro conhecimento do Seu caráter divino.
Porque,
para isto, é necessário ter o nosso próprio caráter transformado à semelhança
do Seu.
A
consequência desta falta de verdadeira comunhão com Deus não pode ser outra
senão a descrita no verso 5:
“Toda a
cabeça está enferma e todo o coração fraco.”.
E
diante de tal condição Deus pergunta qual seria o efeito do castigo diante de
uma tal deliberada rebelião? A correção se faz inócua, porque a repreensão
produzirá um endurecimento ainda maior, quando se anda de modo deliberadamente
contrário à Sua vontade.
Em Is
1.10 Deus declara aberta e diretamente que não aceita culto, rituais,
cerimoniais, enfim, qualquer forma de ato devocional, quando não há pureza no
interior do coração, e quando as ações externas não são de prática de amor,
justiça e verdade.
Ele na
verdade, ordena que o povo pare com tais atos de devoção enquanto não emendar
os seus caminhos.
É
melhor não louvar quando o coração não é reto.
É
melhor não ofertar quando há avareza.
Deus
chama a tudo isto de ofertas vãs em Is 1. 13).
O aborrecimento não era propriamente com o
cerimonial determinado na Lei de Moisés para vigorar nos dias do Velho
Testamento, que eram ainda os dias do profeta Isaías, mas quanto à condição de
coração dos “adoradores”.
Quando
se anda de tal forma, Deus declara que sequer ouve as nossas orações (v. 15).
É um
dever adorá-lO e se devotar inteiramente a Ele, mas isto deve ser feito com
santidade de vida.
Por
isso é ordenado que o Seu povo espiritualmente se lave, se purifique, e que
deixe a maldade dos seus atos, deixando de fazer o mal, e não apenas isto, mas
sobretudo, aprendendo a fazer o bem e a buscar a justiça, pondo fim a toda
forma de opressão e se dando especial atenção aos fracos, desamparados e
necessitados, representados naquela época nos órfãos e viúvas (v. 16 a
17).
O
Senhor promete que se for obedecido nisto que nos tem ordenado, nossos pecados
serão lavados, de modo que seremos alvejados como a pureza da brancura da neve
e da lã (v. 18).
E a
consequência desta obediência será uma vida abençoada na terra (v. 19).
Todavia,
em caso de endurecimento na rebeldia, e na falta de arrependimento, por não se
dar ouvido ao Senhor, haveria juizo (v. 20).
No caso
de crentes da Igreja cristã, ainda que não para uma condenação final, o juízo
de Deus os visitará, tal como fizera com os crentes de Corinto, que não se
examinavam a si mesmos, para não serem julgados por Deus, por causa de suas más
obras.
Porque
caso se examinassem e emendassem o seu caminhar diante do Senhor, Eles achariam
o Seu favor e misericórdia, conforme prometeu aos israelitas dos dias de
Isaías, caso se arrependessem. Como se lê nas seguintes palavras que o apóstolo
Paulo lhes dirigiu, e que se aplicam também a nós:
“31
Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados;
32
quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos
condenados com o mundo.” (I Cor 11.31,32).
Por
isso o Senhor declarou por meio de Isaías, que os rebeldes do Seu povo terão a
Sua mão voltada contra eles, não para abençoar com alegria, mas para corrigir
com tristeza que é para arrependimento, para que sejam purificados de toda a
sua escória e impureza (v. 15).
Quando
este trabalho for feito pelo Senhor, então Ele dará ao Seu povo pastores
segundo o Seu coração, que os apascentem com conhecimento e com inteligência,
tal como havia prometido dar líderes justos a Israel nos dias de Isaías, em
face da purificação que faria neles (v. 26).
Baseado em Isaías 1