O
profeta Ezequiel foi juntamente com o Daniel para Babilônia, na primeira leva
de cativos que se deu em 605 a.C, quando o rei Joaquim foi levado por
Nabucodonosor para Babilônia.
Ele
afirma que no quinto ano do cativeiro de Joaquim, ou seja, 5 anos após terem
sido levados para Babilônia, ele começou a ter visões de Deus.
As
citações aos anos em que recebera visões e revelações da parte Deus, ao longo
de todo o seu livro, tem como referencial o início do seu cativeiro em
Babilônia juntamente com o rei Joaquim, Daniel, muitos príncipes,e nobres e
outras pessoas do povo de Judá.
Assim,
quando ele diz sexto ano, significa que se encontrava no sexto ano do seu
cativeiro, e dos demais judeus que se encontravam com ele em Babilônia.
Ezequiel
era filho do sacerdote Buzi, e portanto, também seria preparado para o
sacerdócio, porque este cargo era vitalício, que passava de pai para filho,
desde a descendência dos filhos de Arão.
Todavia,
o Senhor o chamou para o ofício profético quando se encontrava já em Babilônia
há cinco anos, e a primeira visão e profecia que lhe vieram, descritas neste e
nos próximos capítulos, lhes foram dadas quando se encontrava junto ao rio
Quebar.
Neste
primeiro capitulo ele descreve a visão que tivera da glória celestial, e
especialmente dos quatro seres viventes, ou querubins, sobre os quais estaremos
falando mais especificamente neste nosso comentário, em conexão com os
capítulos nono e décimo, nos quais eles são achados em ação, e vinculados ao
propósito da visão que fora dada pelo Senhor a Ezequiel.
Todavia, cabe ressaltar que as visões e profecias que tivera no quinto
ano, encontram-se registradas do primeiro ao sétimo capitulo do seu livro; e as
que tivera no sexto ano, estão contidas do oitavo ao décimo nono capitulo; as
do sétimo ano, do vigésimo ao vigésimo terceiro; as do nono ano, no vigésimo
quarto e vigésimo quinto capítulos; as do décimo primeiro ano do vigésimo sexto
ao vigésimo oitavo, e trigésimo primeiro; as do décimo ano no vigésimo nono e
trigésimo; as do décimo segundo ano, do trigésimo segundo ao trigésimo nono; as
do décimo quarto ano, do quadragésimo até o último capitulo (quadragésimo
oitavo).
Assim, as visões que tivera dos querubins, registradas nos capítulos
nono e décimo lhes foram dadas um ano após da primeira que é narrada por ele
neste primeiro capítulo.
Os quatro seres viventes, ou querubins, são citados em Gên 3.24; Êx
25.18-22; 26.1,31; 36.8,35; 37.7-9; Nm 7.89; I Sm 4.4; II Sm 6.2; 22.11; I Rs
6.23-35; 7.29,36; 8.6,7; II Rs 19.15; I
Cr 13.6; 28.18; II Cr 3.7-14; 5.7,8; Sl 18.10; 80.1; 99.1; Is 37.16; Ez 1.5-26;
9.3; 10 (todo o capítulo); 11.22; 28.14-16; 41.18-20,25; Is 37.16; Hb 9.5; Apo
4.6-9; 5.6,8,11,14; 6.1,3,5-7; 7.11; 14.3; 15.7; 19.4.
A palavra Querubim
significa guardar, cobrir, proteger o acesso etc (Êx 25.17-22).
Os quatro querubins,
que proclamam dia e noite, sem descanso que Santo, Santo é o Senhor Deus, o
Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir, são chamados também de
seres viventes, pelo profeta Ezequiel e pelo apóstolo João, em Apocalipse (Apo
4.8); quando derem glória, honra e ações de graças a Deus (Apo 4.9) os 24
anciãos se prostrarão diante do Senhor e o adorarão (Apo 4.10,11); os 4
querubins também se prostram e adoram a Deus juntamente com os 24 anciãos e
todos os anjos (Apo 7.11; 19.14); são
eles que chamam, respectivamente, os 4 cavaleiros quando os 4 primeiros selos
do livro são abertos (Apo 6.1,3,5,7); e são eles que dão aos sete anjos, as
sete taças cheias da ira de Deus (Apo 15.7).
Ezequiel os viu
quando Deus manifestou ao profeta a Sua glória,
estando eles sob o firmamento celestial (Ez 1.1,5-26), e posteriormente
os viu no templo em Jerusalém (Ez 10.1-22). A glória do Senhor estava sobre os
querubins e se dirigiu para a entrada do templo (Ez 9.3; 10.4). Depois a glória
do Senhor saiu da entrada do templo e parou sobre os querubins, e estes
levantaram suas asas e se elevaram da terra (Ez 10.18-20).
Na visão de
Ezequiel, os quatro seres viventes ou querubins (Ez 10.20), tinham quatro
rostos e quatro asas, cada um, e a
semelhança de mãos de homens debaixo das asas (Ez 1.6,8; 10.21), sendo
parecidos com os serafins da visão de Is 6.2,3 sendo que estes tinham seis asas
cada um, como os quatro seres viventes de Apo 4.8, tendo também estes seis
asas, cada um em vez de quatro.
A forma dos
querubins é como de homem (Ez 1.5). A cabeça possui quatro faces, sendo rosto
de homem na frente, rosto de leão, à direita, rosto de boi, à esquerda, e rosto
de águia na parte de trás (Ez 1.10).
O apóstolo João teve
a visão dos seres quanto à forma do rosto, como tendo cada um, respectivamente,
rosto de homem, leão, boi e águia (Apo 4.7) e os viu cheios de olhos por dentro
e por fora, em todo o seu redor (Apo 4.6,8). Já quanto aos olhos, Ezequiel viu
que além dos olhos em todo o corpo dos querubins, inclusive nas asas e mãos (Ez
10.12) havia uma roda ao lado de cada querubim e estas também estavam cheias de
olhos ao redor (Ez 1.15-18; 10.12) e estas seguiam os querubins aonde quer que
fossem. Havia algo semelhante ao firmamento sobre a cabeça dos querubins,
brilhante como cristal (Ez 1.22), e sobre o firmamento que estava sobre as suas
cabeças, havia algo semelhante a um trono, como uma safira, e sentado no trono
alguém semelhante a um homem (Ez 1.26; 10.1);
e o tatalar das asas dos querubins fazia um estrondo semelhante ao
tropel de um exército e como o som de muitas águas (Ez 1.24). No meio destas
visões o Espírito de Deus entrou em Ezequiel e o Senhor lhe falou enviando-o
como profeta à casa de Israel (Ez 2.1-7).
O aspecto deles é
como o de carvão em brasa, semelhante a tochas, e ziguezagueavam como
relâmpagos, como também saiam relâmpagos entre eles (Ez 1.13,14).
Os querubins com as
rodas formavam uma carruagem sobrenatural para o trono de Deus, que era
carregado pelos seres viventes.
A aparição deles a
Ezequiel tinha a ver com os juízos que seriam ainda despejados sobre Judá,
especialmente com a destruição do templo e da cidade de Jerusalém pelos
babilônios em 586 a.C., portanto cerca de sete anos depois da visão dada ao
profeta. Este juízo está descrito no Novo Comentário da Bíblia, da seguinte
forma: “O incêndio de Jerusalém (Ez 10.1-22): O trono (v 1) estava vazio (cfr
9.3), os querubins aguardavam Jeová para alçar vôo e partir.
O destruidor da
cidade era o homem vestido de linho (v 2), que anteriormente havia feito uma
marca nos fiéis, separando-os para a preservação; todos os sete anjos. Dessa
forma, eram ministros vingativos, como em Apo 8.1-11.15.
A santidade exige
sempre o que é correto em nosso comportamento. As pernas dos querubins eram
direitas (Ez 1.7). Não se viravam em seu movimento, sempre indo para a frente,
indo para onde o espírito havia de ir (Ez 1.9,12). Quem lança mão do arado não
deve olhar para trás. Não deve servir a Deus com o olhar voltado para o mundo,
para a vida que tinha antes da conversão. E deve estar sob governo do seu
espírito e não da sua alma, tal como os querubins.
A santidade é
progresso contínuo.
É uma caminhada em
busca da perfeição divina, fazendo o que agrada a Deus. Se o crente pára em sua
caminhada, ele começa a cair.
A carne o vencerá
porque a antiga natureza sobrepujará a nova, recebida na regeneração. As rodas
e os querubins sempre se movimentavam para a frente, nem para trás, nem para a
direita, nem para a esquerda. O caminho é Cristo. É estreito e reto. É neste
caminho que o crente deve andar, e é nisto que consiste a sua santificação.
“1 Ora
aconteceu no trigésimo ano, no quarto mês, no dia quinto do mês, que estando eu
no meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões
de Deus.
2 No
quinto dia do mês, já no quinto ano do cativeiro do rei Joaquim,
3 veio
expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na
terra dos caldeus, junto ao rio Quebar; e ali esteve sobre ele a mão do Senhor.
4
Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um
fogo que emitia de contínuo labaredas, e um resplendor ao redor dela; e do meio
do fogo saía uma coisa como o brilho de âmbar.
5 E do
meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua
aparência: tinham a semelhança de homem;
6 cada
um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas.
7 E as
suas pernas eram retas; e as plantas dos seus pés como a planta do pé dum
bezerro; e luziam como o brilho de bronze polido.
8 E
tinham mãos de homem debaixo das suas asas, aos quatro lados; e todos quatro
tinham seus rostos e suas asas assim:
9
Uniam-se as suas asas uma à outra; eles não se viravam quando andavam; cada
qual andava para adiante de si;
10 e a
semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e à mão direita todos os
quatro tinham o rosto de leão, e à mão esquerda todos os quatro tinham o rosto
de boi; e também tinham todos os quatro o rosto de águia;
11
assim eram os seus rostos. As suas asas estavam estendidas em cima; cada qual
tinha duas asas que tocavam às de outro; e duas cobriam os corpos deles.
12 E
cada qual andava para adiante de si; para onde o espírito havia de ir, iam; não
se viravam quando andavam.
13 No
meio dos seres viventes havia uma coisa semelhante a ardentes brasas de fogo,
ou a tochas que se moviam por entre os seres viventes; e o fogo resplandecia, e
do fogo saíam relâmpagos.
14 E os
seres viventes corriam, saindo e voltando à semelhança dum raio.
15 Ora,
eu olhei para os seres viventes, e vi rodas sobre a terra junto aos seres
viventes, uma para cada um dos seus quatro rostos.
16 O
aspecto das rodas, e a obra delas, era como o brilho de crisólita; e as quatro
tinham uma mesma semelhança; e era o seu aspecto, e a sua obra, como se
estivera uma roda no meio de outra roda.
17
Andando elas, iam em qualquer das quatro direções sem se virarem quando
andavam.
18
Estas rodas eram altas e formidáveis; e as quatro tinham as suas cambotas
cheias de olhos ao redor.
19 E
quando andavam os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; e quando os
seres viventes se elevavam da terra, elevavam-se também as rodas.
20 Para
onde o espírito queria ir, iam eles, mesmo para onde o espírito tinha de ir; e
as rodas se elevavam ao lado deles; porque o espírito do ser vivente estava nas
rodas.
21
Quando aqueles andavam, andavam estas; e quando aqueles paravam, paravam estas;
e quando aqueles se elevavam da terra, elevavam-se também as rodas ao lado
deles; porque o espírito do ser vivente estava nas rodas.
22 E
por cima das cabeças dos seres viventes havia uma semelhança de firmamento,
como o brilho de cristal terrível, estendido por cima, sobre a sua cabeça.
23 E
debaixo do firmamento estavam as suas asas direitas, uma em direção à outra;
cada um tinha duas que lhe cobriam o corpo dum lado, e cada um tinha outras
duas que o cobriam doutro lado.
24 E
quando eles andavam, eu ouvia o ruído das suas asas, como o ruído de muitas
águas, como a voz do Onipotente, o ruído de tumulto como o ruído dum exército;
e, parando eles, abaixavam as suas asas.
25 E
ouvia-se uma voz por cima do firmamento, que estava por cima das suas cabeças;
parando eles, abaixavam as suas asas.
26 E
sobre o firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia uma semelhança
de trono, como a aparência duma safira; e sobre a semelhança do trono havia
como que a semelhança dum homem, no alto, sobre ele.
27 E vi
como o brilho de âmbar, como o aspecto do fogo pelo interior dele ao redor
desde a semelhança dos seus lombos, e daí para cima; e, desde a semelhança dos
seus lombos, e daí para baixo, vi como a semelhança de fogo, e havia um
resplendor ao redor dele.
28 Como
o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do
resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e,
vendo isso, caí com o rosto em terra, e ouvi uma voz de quem falava.” (Ezequiel
1)