Cantares 1
“1 O cântico dos cânticos, que é de Salomão.
2 Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque
melhor é o seu amor do que o vinho.
3 Suave é o cheiro dos teus perfumes; como perfume
derramado é o teu nome; por isso as donzelas te amam.
4 Leva-me tu; correremos após ti. O rei me
introduziu nas suas recâmaras; em ti nos alegraremos e nos regozijaremos;
faremos menção do teu amor mais do que do vinho; com razão te amam.
5 Eu sou escura, mas formosa, ó filhas de
Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão.
6 Não repareis em eu ser escura, porque o sol
crestou-me a tez; os filhos de minha mãe indignaram-se contra mim, e me puseram
por guarda de vinhas; a minha vinha, porém, não guardei.
7 Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde
apascentas o teu rebanho, onde o fazes deitar pelo meio-dia; pois, por que
razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus companheiros?
8 Se não o sabes, ó tu, a mais formosa entre as mulheres,
vai seguindo as pisadas das ovelhas, e apascenta os teus cabritos junto às
tendas dos pastores.
9 A uma égua dos carros de Faraó eu te comparo, ó
amada minha.
10 Formosas são as tuas faces entre as tuas
tranças, e formoso o teu pescoço com os colares.
11 Nós te faremos umas tranças de ouro, marchetadas
de pontinhos de prata.
12 Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o
meu nardo o seu cheiro.
13 O meu amado é para mim como um saquitel de
mirra, que repousa entre os meus seios.
14 O meu amado é para mim como um ramalhete de hena
nas vinhas de En-Gedi.
15 Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és
formosa; os teus olhos são como pombas.
16 Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és
também; o nosso leito é viçoso.
17 As traves da nossa casa são de cedro, e os
caibros de cipreste.”
Caso
este livro de Cantares não tivesse a inspiração do Espírito Santo, e caso se
tratasse apenas de um cântico dirigido por um esposo à sua esposa, certamente
não constaria nas páginas da Bíblia, porque teria sido excluído do Cânon,
porque não teríamos nele, nenhuma mensagem da parte de Deus para o Seu povo,
para a Sua amada Igreja, senão apenas um poema dentre tantos outros poemas.
No
entanto, nós podemos ver nas páginas deste livro, Cristo falando pela boca de
Salomão à Sua noiva, que é a Igreja, que Ele tanto ama, e à qual estará ligado
para sempre depois de celebradas as bodas de casamento, quando a apresentar a
Si Igreja santa, perfeita, sem qualquer ruga ou mancha. E também nós vemos a
Sua noiva lhe dirigindo os cânticos do seu amor por Ele, louvando-O por todos
os Seus atributos, que são perfeitos, não apenas aos olhos da noiva, mas porque
é de fato como eles existem neste Noivo celestial.
Neste
livro de Cantares, podemos então, ver qual é o tipo de sentimento que há no
coração do Senhor pelos amados que Ele comprou pelo Seu sangue, para estar
aliançado com eles para sempre, numa aliança de caráter matrimonial, na qual há
a intimidade da participação da Sua vida na nossa vida, do Seu espírito no
nosso espírito, da Sua alma na nossa alma e do Seu corpo no nosso corpo, porque
foi dado pelo Pai para ser a cabeça do corpo que é a Sua Igreja.
Este
cântico foi composto também, para revelar como a Sua Noiva deve responder a tal
amor.
Caso
este cântico fosse apenas uma poesia que tivesse sido composta por Salomão para
a sua esposa amada, ele o teria iniciado, falando do seu próprio amor pela
noiva, mas ele fizera exatamente o oposto disso, porque o cântico é introduzido
pela expressão do amor da sua esposa por ele.
Então,
em nosso comentário, usaremos o nome de Cristo nas referências ao esposo, e o
da Igreja, nas referências à esposa, porque o cântico foi escrito para o
propósito de revelar o modo pelo qual deve ser exibido o grande amor que eles sentem mutuamente.
Este
cântico pode ser aplicado ao tempo da dispensação da Lei, mas é especialmente
dirigido para a dispensação da graça, na qual o Senhor tem dado um novo cântico
ao Seu povo. Um cântico que é resultante do vinho novo que foi colocado em
odres novos, a saber, a habitação do Espírito Santo nos corações transformados
dos crentes.
Não é
sem razão que Salomão intitulou esta composição que lhe fora dada pelo
Espírito, de cântico dos cânticos, ou seja, o melhor dentre todos eles, que
foram escritos para celebrar o amor, porque não celebra o amor filéo (de
simples amigos), ou Eros (sensual), mas o amor ágape,que é o amor que existe
entre Deus e os crentes e destes uns com os outros. É portanto um amor
sobrenatural, espiritual produzido pelo Espírito Santo, que nos vem do céu, e
não é um produto das coisas que há na terra.
Salomão
havia composto mil e cinco canções, além dos três mil provérbios que ele
escreveu (I Reis 4.32), e isto prova então, que somente esta teve a marca
especial do Espírito Santo em tudo o que fora escrito, porque nenhuma das mil e
cinco canções foram reconhecidas, como tendo tal inspiração divina, senão
apenas esta à qual ele chamou, por isso, de cântico dos cânticos, porque ele
próprio reconheceu que era um cântico diferente de todos os demais que havia
escrito, porque houve nele esta inspiração que lhe veio do alto da parte de
Deus, ligando o seu coração ao dEle, mostrando-lhe quão elevado é o Seu amor
divino, que Ele tem derramando abundantemente em nossos corações por meio de Jesus
Cristo, e pela habitação do Espírito.
O
Senhor havia dado por isso a Salomão um nome profético, Jedidias, que significa
“o amado do Senhor” (II Sam 12.25). Deus lhe havia conhecido antes mesmo de
tê-lo formado no ventre de Bate-Seba, e lhe moldara o caráter pacífico que ele
possuía, e tanto se agradou dele, que lhe deu sabedoria e riquezas mais do que
a qualquer outro.
Em Sua
presciência, o Senhor sabia que ele viria ser corrompido, na sua velhice, pelas
muitas alianças que havia feito com nações estrangeiras, que lhe deram esposas
idólatras para firmar aquelas alianças, e viria assim a fazer o que era mal
perante aos olhos do Senhor, permitindo que elas dessem honra aos deuses de
suas nações construindo santuários para eles em Israel.
Todavia,
como ele era justificado pela graça de Deus, o Senhor profetizara a Davi, seu
pai, que usaria de misericórdia para com ele, mas o corrigiria assim como um
pai corrige a seu filho, mas não desfaria a aliança eterna que havia firmado
com Salomão, porque era sem dúvida, um dos seus escolhidos, tal como fora
Sansão, e para com o qual também usara de misericórdia, quando se desviou dos
Seus caminhos, no final da sua vida, mas lhe deu honra, inserindo o seu nome na
galeria dos heróis da fé de Hebreus 11.
Acerca
de Salomão, o Senhor disse através do profeta Natã a Davi, o seguinte, em II
Sam 7.12-15, onde vemos a promessa de não retirar de Salomão a Sua benignidade,
tal como ela havia sido retirada de Saul, porque quanto à salvação, Salomão era
um eleito de Deus, pelo que podemos inferir dos Provérbios e Salmos que
escreveu, bem como deste cântico, e que estão na Bíblia como Palavra inspirada
de quem tinha o Espírito Santo, e todo aquele que tem o Espírito Santo,
pertence a Cristo, daí a promessa de que não seria lançado fora da presença de
Deus, apesar de ter vindo a transgredir, como se vê no verso 14, mas foi
castigado por Deus como filho, porque o Senhor disse que lhe seria por pai, e
ele lhe seria por filho. Certamente esta parte da profecia não está dirigida a
Cristo, a quem ela também se refere na condição de quem firma o trono de Davi
para sempre, porque Ele nunca pecou, e jamais seria necessário dizer acerca
dEle, que caso viesse a transgredir, que seria castigado pelo Pai.
“12
Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei
levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas
entranhas, e estabelecerei o seu reino.
13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu
estabelecerei para sempre o trono do seu reino.
14 Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se
vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos
de homens;
15 mas não retirarei dele a minha benignidade como
a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.” (II Sam 7.12-15).
A transgressão
de Salomão no final de sua vida, ainda que não deva servir de inspiração para ser
imitada ou defendida por nenhum crente, no entanto, não pode desqualificá-lo
como homem de Deus que ele havia sido, tal como todos os demais que vieram a
transgredir naquela Antiga Aliança, firmada na Lei, tal como os reis piedosos
Asa, Joás, Uzias e outros depois dele, e que eram também, sem dúvida eleitos de
Deus, tal como Salomão.
Nós
vemos então a segurança eterna da salvação que é garantida por causa da eleição
de Deus, e não por qualquer mérito ou capacidade existente em nós para
garantirmos a nossa própria salvação.
Em I
Reis 3.3 está registrado que Salomão amava o Senhor e que andou nos estatutos
de Davi.
Ele era
Jedidias, o amado do Senhor, e por isso nós podemos agora comentar o cântico de
louvor e amor que ele compôs, porque era do Seu amado, e o Seu amado era dele;
ele amou o Senhor, porque o Senhor o amou primeiro, e o salvou para que fosse
Seu filho.
Por
vezes eu indagava por que Deus não deu a Davi este cântico, que perseverou em
fidelidade a Ele até o final da sua vida? Por que havia dado a Salomão, e não a
Davi? Creio ter a resposta para isto, provavelmente dentre outras razões, para
que saibamos que o amor que temos para com Ele, e da Sua parte para conosco,
não se baseia na nossa perfeição pessoal, que a propósito, ninguém a possui,
mas na Sua graça e misericórdia, para com pessoas imperfeitas e pecadoras, tal
como nós.
O amor
que aqui se expressa não é o amor que existirá em perfeição para sempre, sem
nenhum ruído na nossa comunhão com o Senhor, quando estivermos reunidos com Ele
na glória, mas é o amor que Ele tem manifestado enquanto ainda permanecemos
sujeitos à influência da natureza terrena e do pecado que opera na nossa carne.
É por
este amor que temos sido aperfeiçoados, em graus cada vez maiores pelo derramar
abundante da Sua graça. Amar o que é perfeito é fácil, mas como no dizer de
Paulo:
“Mas
Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores,
Cristo morreu por nós.” (Rom 5.8)
Não foi
por pessoas perfeitas que Cristo morreu.
Não foi
um mundo de homens que eram perfeitos em amor e justiça, que Deus amou.
Então o
que fez Deus para que pudéssemos amá-lO? Não somente nos deu Cristo para morrer
pelos nossos pecados, como também nos deu o Espírito Santo para habitar em
nossos corações, para que conhecêssemos o Seu fruto do amor:
“porquanto
o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos
foi dado.” (Rom 5.5 b).
Foi
para este amor que fomos criados, porque em Sua própria essência Deus é amor.
Então
este cântico, nos alerta para esta realidade de que não acharemos a satisfação
plena, a realização plena segundo a nossa real vocação, se não formos
inteiramente absorvidos pelo amor de Deus.
Nada e
ninguém poderá ocupar o lugar de Deus, porque fomos programados para amá-lO com
toda a nossa força, com toda a nossa mente e com todo o nosso coração. E quem
faz isto se transformar em realidade é o crescimento neste amor que é promovido
em graus pelo Espírito Santo que Ele derramou em nossos corações para tal
propósito.
Este
amor é de intimidade. É de participação comum de vidas. Portanto, não pode ser
conhecido e vivido por aqueles que não participam da intimidade com o Senhor, a
qual é para aqueles que O temem.
Não é
um amor romântico que está em foco. Não é um amor que consiste meramente em
palavras. Mas um amor que funde espíritos num só espírito, a saber, o do crente
com o de Cristo, de modo que já não são, como no casamento entre homem e
mulher, mais dois, mas um só espírito, e daí se dizer em I Cor 6.17:
“Mas, o
que se une ao Senhor é um só espírito com ele.” (I Cor 6.17).
E isto
se aplica aos próprios crentes, em relação a uns com os outros, como se vê em
textos como os seguintes:
“3
procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.
4 Há um
só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da
vossa vocação;” (Ef 4.3,4)
“Somente
portai-vos, dum modo digno do evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos
veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que permaneceis firmes num só
espírito, combatendo juntamente com uma só alma pela fé do evangelho;” (Fp
1.27)
Tal
unidade em Cristo, e uns com os outros, faz com que o Espírito Santo seja uma
fonte inesgotável de um amor que não se cansa de expressar, e que quanto mais
se experimenta dele, mais se deseja experimentar.
Por
isso Cantares começa de modo abrupto e sem qualquer delonga, falando da
expressão deste amor, da seguinte forma:
“2
Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o
vinho.
3 Suave é o cheiro dos teus perfumes; como perfume
derramado é o teu nome; por isso as donzelas te amam.
4 Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu
nas suas recâmaras; em ti nos alegraremos e nos regozijaremos; faremos menção
do teu amor mais do que do vinho; com razão te amam.” (v. 2 a 4).
Pergunto-me se haveria forma mais bela de se
exaltar este grande amor sobre o qual temos discorrido!
Que força de expressão amorosa há nestas palavras!
O Rei inspira em nós o desejo de o beijarmos por
causa da excelência do Seu amor. O Seu perfume é desejável porque a simples
menção do Seu nome é como o derramar dos mais preciosos perfumes. De modo que
aqueles que O amam não conseguem resistir ao Seu chamado e logo correm após
Ele, para privar da intimidade das suas recâmaras, que é a Sua própria pessoa,
na qual encontramos vida, alegria e regozijo em abundância. Tal é a força
impulsora deste amor espiritual em nós que nos leva a proclamá-lo, porque não é
sem razão que Ele é amado, por tudo o que é em Si mesmo e por tudo o que faz
por nós.
Este
amor não é um amor egoísta, é um amor para ser compartilhado com outros, e o
impulsionar do Espírito em nós nos conduz a isto, quando estamos cheios do amor
de Cristo.
As
palavras proferidas pela esposa de Cristo (Igreja) nos versos seguintes deste
capitulo do cântico bem comprovam o que afirmamos anteriormente quanto ao amor
de um esposo perfeito por uma esposa ainda imperfeita que está destinada a ser
perfeita na glória.
Ela
afirma ser escura, apesar de saber que ainda assim é formosa para o Seu noivo.
Ela pede para que os outros não reparem no fato dela ser escura, não no sentido
da cor da sua pele, porque como dissemos, este cântico é espiritual, e
portanto, retrata a condição escura da alma, por causa do pecado. É como se a
noiva dissesse, que apesar de ter saído das trevas do pecado, e de ainda estar
sujeita à ação destas trevas, no entanto, o seu Esposo a ama.
A noiva
diz que os filhos da sua mãe, ou seja seus irmãos se indignaram contra ela (uma
referência aos seus semelhantes, e não propriamente a crentes), e para impedir
que ela estivesse com o amado da sua alma, lhe haviam colocado como guarda de
vinhas, mas ela não se submeteu a eles e não cuidou da sua vinha como os
demais. Ela não se envolveu com os negócios deste mundo porque o seu único
desejo era o de agradar ao amado da Sua alma. Assim é como age de fato a Igreja
que é fiel a Cristo.
“Nenhum
soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele
que o alistou para a guerra.” (II Tim 2.4).
“4
Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto
qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 Ou
pensais que em vão diz a escritura: O Espírito que ele fez habitar em nós
anseia por nós até o ciúme?” (Tg 4.4,5)
Deus
não dividirá o Seu amor por nós com coisas vãs, e de igual modo não devemos
dividir o nosso afeto e amor por Ele com as coisas vãs deste mundo.
Entristece
ao amor divino ver o nosso tempo sendo gasto com coisas vãs, quando deveria
estar sendo ocupado com Ele e com os Seus interesses santos, justos, bons e
perfeitos.
Então a
esposa procura saber onde pode achar o Amado da sua alma. Ela deseja chegar ao
lugar onde Ele apascenta costumeiramente o Seu rebanho. Ela não quer de modo
nenhum ser achada errante em outro rebanho que não seja o do Seu Esposo, que é
Cristo.
Como
era este o desejo da Igreja então Cristo se deixou achar por ela.
É
sempre assim que ocorre porque Ele prometeu se deixar achar por aquele que O
buscar, e de abrir-lhe a porta ao bater nela.
É
também Seu desejo nos achar, tanto quanto o nosso de achá-lo.
E é
exatamente o que se afirma nos versos 8 a 17, o que ocorre quando estamos em
comunhão com Ele, porque nestas horas, são trocadas as mais profundas e belas
expressões de amor espiritual, que se traduz em aprovação, consolações,
fortalecimentos de graça, visões e revelações do Espírito, enchimento de poder,
amor, paz, alegria, bondade e todos os demais dons, da parte do Esposo (V. 8 a
11, 15); e da parte da esposa (v. 12 a
14; 16, 17) Ele é brindado com reverência, humildade, louvores, intercessões,
serviços, proclamação das Suas virtudes e obra, gratidão, e dando-Lhe por
devolvido tudo o que recebe da Sua parte quanto ao Seu amor, alegria, justiça,
bondade, etc.
Cantares
2
“1 Eu
sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales.
2 Qual
o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas.
3 Qual
a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; com
grande regozijo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar.
4
Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor.
5
Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, porque desfaleço de amor.
6 A sua
mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace.
7
Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não
acordeis nem desperteis o amor, até que ele o queira.
8 A voz
do meu amado! eis que vem aí, saltando sobre os montes, pulando sobre os
outeiros.
9 O meu
amado é semelhante ao gamo, ou ao filho da gazela; eis que está detrás da nossa
parede, olhando pelas janelas, lançando os olhos pelas grades.
10 Fala
o meu amado e me diz: Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.
11 Pois
eis que já passou o inverno; a chuva cessou, e se foi;
12
aparecem as flores na terra; já chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da
rola ouve-se em nossa terra.
13 A
figueira começa a dar os seus primeiros figos; as vides estão em flor e exalam
o seu aroma. Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.
14
Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras,
mostra-me o teu semblante faze-me ouvir a tua voz; porque a tua voz é doce, e o
teu semblante formoso.
15
Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas; pois as nossas
vinhas estão em flor.
16 O
meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.
17
Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu, e faze-te
semelhante ao gamo ou ao filho das gazelas sobre os montes escabrosos.”
Foi com
o nome de “Eu sou o que sou”, que Deus
se apresentou a Moisés, quando este lhe perguntou qual o nome que deveria dar
aos israelitas quando fosse a eles no cativeiro no Egito, quando lhe
perguntassem o nome do Deus que lhe havia enviado a eles.
Então
não é incomum vermos nosso Senhor dizendo de si mesmo tanto no Antigo, quanto
no Novo Testamento, esta expressão “Eu sou...”, como por exemplo:
“Eu sou
o pão que desceu do céu...” (Jo 6.41)
“Eu sou
o pão da vida...” (Jo 6.48)
“Eu sou
o pão vivo que desceu do céu...” (Jo 6.51)
“Eu sou
a luz do mundo...” (Jo 8.12)
“Eu sou
a porta das ovelhas...” (Jo 10.7)
“Eu sou
o bom pastor...” (Jo 10.11)
“Eu sou
a ressurreição e a vida...” (Jo 11.25)
“Eu sou
o caminho e a verdade e a vida...” (Jo 14.6)
“Eu sou
a videira verdadeira...” (Jo 15.1)
E aqui
logo no início do segundo capitulo de Cantares, o Senhor falou pela boca de
Salomão que Ele é a rosa de Sarom e o lírio dos vales.
Nosso
Senhor não é uma rosa de um jardim fechado, mas a rosa das campinas de Sarom,
que era a rosa mais excelente que havia, e também não é o lírio entre rochas
escabrosas, mas o lírio dos vales, pelos quais revelou a Sua beleza e o adorno
do Seu povo, que não está em nenhum lugar de difícil acesso em que não possa
ser achado, mas que se encontra à disposição de todo aquele que procurar por
Ele.
A
palavra hebraica Sarom, significa planície, lugar nivelado, e era por esse nome
que era chamado o território que ficava situado entre as montanhas de Efraim e
o Mar Mediterrâneo.
Então é
num vale plano e não em terras escarpadas que nos encontramos com Cristo. Isto
indica que Ele não criará nenhuma dificuldade para ser achado por aqueles que O
buscam.
Ele não
é como a Sua Igreja amada, à qual ele se refere como sendo um lírio entre
espinhos. A Igreja é um lírio, mas possui, enquanto neste mundo as imperfeições
e pecados, com os quais fere o coração de Cristo.
Os
crentes são nova criatura, são co-participantes da natureza divina, e por isso
Cristo os chama também de lírios, mas, enquanto na carne, estão sujeitos aos
espinhos da natureza terrena, que devem ter a diligência de mortificar, e de se
despojar, para que não firam tanto ao Seu Amado, de modo que possam ter uma
maior comunhão com Ele.
Todavia,
em relação a Cristo, a Igreja não pode dizer que há qualquer espinho no lírio
dEle, na condição de lírio dos vales, ao contrário, ela afirma que Ele é como a
macieira entre as árvores do bosque; e que isto se refere à sua condição entre
os seus filhos. Se Cristo e os crentes são considerados como árvores, Ele é uma
árvore mais excelente do que eles, porque se estão sendo feitos à Sua
semelhança, no entanto não são da Sua mesma essência, que em relação a Ele é
somente igual à do Pai e à do Espírito Santo.
Por
isso a Igreja descansa à Sua sombra, porque Ele mesmo é o descanso do Seu povo,
e o Seu fruto que é implantado em nós pelo Espírito Santo, não é algo duro ou
amargo, mas doce (v. 3).
Se
buscarmos a presença de Cristo sempre seremos achados em banquetes espirituais,
e por isso é dito que a Igreja foi introduzida à sala do banquete pelo Seu
Amado. E a condição em que se encontram estes crentes que estão participando do
banquete espiritual de Cristo, em Sua adoração, sempre será a de triunfo e
exaltação, porque o Senhor estenderá sobre eles a bandeira (estandarte) do Seu
amor, pelo qual todo medo é lançado fora, porque nos fará sentir seguros em Sua
presença, não por causa de fazer prevalecer o Seu domínio sobre nós pela força,
senão unicamente pelo Seu amor (v. 4).
“Graças,
porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós
difunde em todo lugar o cheiro do seu conhecimento;” (II Cor 2.14).
“Pois o
amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos,
logo todos morreram;” (II Cor 5.14)
Embriagados
não com vinho mas com o Espírito Santo (Ef 5.18), estando cheios da plenitude
do amor de Cristo, os crentes somente acharão conforto no alimento espiritual
que há no banquete espiritual do qual eles participam juntamente com nosso
Senhor nas regiões celestiais, aos quais são chamados pela esposa em Cantares,
por passas e por maçãs, que são frutos nobres de árvores nobres (v. 5).
E nesta
condição nada mais lhes interessa senão o regozijo espiritual da manifestação
da presença de Cristo, que arrebata todo o nosso ser à Sua própria presença,
para a íntima comunhão em amor que Ele tanto anseia ter conosco, e que tanto
nos agrada quando a estamos experimentando (v. 6).
Todavia,
estas horas sagradas e elevadas de comunhão não ocorrerão sempre no momento
mesmo em que as desejarmos, porque Ele sempre operará pela Sua própria e
exclusiva soberania e autoridade.
Por
vezes nos visitará inesperadamente, surpreendendo-nos com as manifestações do
Seu poder e amor. Por isso se diz que o amor não deve ser despertado até que
nosso Senhor o queira. Porque não o fará por ser obrigado a fazê-lo, porque
agirá sempre de modo voluntário. Por isso espera que O busquemos também
voluntariamente e por inspiração do Seu Espírito, e não por qualquer impulso da
carne (v. 7).
Contudo,
sempre que Ele vier ao nosso encontro, nós o saberemos, porque a Sua voz é
inconfundível, e virá ao nosso encontro rapidamente, como um cavaleiro em seu
cavalo que vem saltando velozmente sobre os montes elevados da Sua glória. Ele
virá das alturas em que se encontra ao nosso encontro aqui embaixo, e nos conduzirá em espírito às mesmas alturas
em que Ele se encontra, para que o adoremos na beleza da Sua santidade (v.
8).
“19
Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de
Jesus,
20 pelo
caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da
sua carne,
21 e
tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus,
22
cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração
purificado da má consciência, e o corpo lavado com água limpa,
23
retenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, porque fiel é aquele que
fez a promessa;” (Hb 10.19-23)
Assim
como o gamo ou o filho da gazela que espreita por entre as janelas das casas,
aproximando-se delas inesperadamente, de igual modo nosso Senhor vigia
constantemente a vida dos Seus amados, e os chama para se levantarem e
caminharem ao Seu lado, porque importa que estejam onde Ele estiver.
“Se
alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu
servo; se alguém me servir, o Pai o honrará.” (Jo 12.26)
Uma vez
passado o inverno da disciplina do Espírito, ou a breve ausência do Senhor
produzida por aflições ou quaisquer outras condições pelas quais esteja
provando a nossa fé para que seja aumentada, Ele voltará a nos chamar para a
primavera da alegria de andarmos com liberdade, sem o temor do frio ou da
chuva, porque nos mostrará a beleza e das flores e nos fará sentir o seu aroma,
os frutos, o cântico dos pássaros, porque é chegado o tempo de mais uma vez
trazer regozijo, paz e alegria às nossas almas (v. 10 a 13).
O amor
do Senhor pela Sua Igreja é tão grande que Ele lhe pede para que Lhe mostre o
seu semblante e que lhe faça ouvir a sua voz, saindo das fendas e das penhas em
que geralmente costuma ser encontrada, porque fora da Sua presença santa, não
se pode ouvir a sua voz doce e o seu semblante formoso.
A
tendência do pecador desde que Adão caiu no Éden, é sempre a de se esconder da
presença do Senhor, como Adão tentara fazer atrás das árvores do jardim.
Todavia o Senhor veio ao Seu encontro para lhe oferecer redenção. Mas Adão
teria quer ser sincero, teria que mostrar a cara, teria que revelar o que
estava atrapalhando agora a sua comunhão com Deus, e tudo aquilo que se
encontrava em seu coração. Nosso Senhor é a verdade, e é necessário que sejamos
verdadeiros perante Ele, e sairmos dos esconderijos em que nos encontramos em
nossos espíritos, para que a Sua luz penetre o mais interior do nosso ser, para
que possamos desfrutar da Sua presença no nosso interior.
Por
isso se ordena que sejam capturadas as raposinhas que destróem as vinhas da Sua
lavoura divina, a qual somos nós. E estas raposinhas representam tudo aquilo
que possa nos separar da comunhão com Ele (v. 15).
Enquanto
elas estiverem na lavoura não será possível frutificar para Deus. Então se
exige diligência para que o pecado seja mortificado diariamente, porque é ele a
raposinha principal que impede a nossa frutificação espiritual.
Há
portanto este trabalho que deve ser feito pelo Espírito que visa à santificação
da Igreja.
Todavia,
independente do grau de santificação obtida por este trabalho, há uma relação
de laços indissolúveis, como a do casamento, conforme estabelecido por Deus,
para ser sinal da união que há entre Cristo e a Igreja.
Por
isso a Igreja pode afirmar o que lemos no verso 16:
“O meu
amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.” (v.
16).
Não é
somente Jesus que nos possui, porque a Igreja também Lhe possui. Ambos se
pertencem mutuamente. Já não podem ser separados, porque aquilo que Deus uniu o
homem não pode separar.
Por
isso o apóstolo afirma o seguinte em Rom 8.35:
“quem
nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição,
ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Rom 8.35.
E em I
Cor 3.21-23:
“21
Portanto ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso;
22 seja
Paulo, ou Apolo, ou Cefas; seja o mundo, ou a vida, ou a morte; sejam as coisas
presentes, ou as vindouras, tudo é vosso,
23 e
vós de Cristo, e Cristo de Deus.” ( I Cor 3.21-23).
O
Senhor apascenta o Seu rebanho entre os lírios. É em pastos verdejantes que
alimenta as Suas ovelhas. Isto significa que Ele é um provedor bondoso para os
que Lhe pertencem. Ele não lhes dá o pão de amargura por alimento. Este pão de
amargura do qual alguns crentes estão se alimentando não lhes foi dado
certamente pelo Senhor, senão pelos seus próprios pecados.
A
Igreja clama para que Cristo, Seu amado venha rapidamente ao Seu encontro,
antes do cair da noite (v. 17).
Ela
anseia andar como filha da luz, e somente na luz, porque sabe que já vai alta a
noite de trevas sobre este mundo, que precipitará os juízos de Deus sobre toda
a terra, e sabe que não tem participação neste juízos, porque não é filha da
noite, mas do dia; não é filha das trevas, mas da luz. Todavia, sabe que não
tem esta luz em si mesma, porque somente o Seu amado é a Luz, e ela apenas
reflete esta luz, sem a qual não há a verdadeira vida que procede de Deus.
“1 No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 Ele
estava no princípio com Deus.
3 Todas
as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 Nele
estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 E a
luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”. (Jo 1.1-5)
João
afirma no verso 4 que a vida estava em Cristo, e que esta vida era a luz dos
homens.
Ele é
portanto o Deus vivo, que não é Deus de mortos, mas de vivos, porque tudo o que
vive tem a sua origem em Deus, por meio de quem tudo subsiste. Todo espírito
que está ligado a Deus vive e viverá eternamente. Mas fora de Deus tudo é
morte.
O fato
de ser a vida de Cristo a luz dos homens, isto está restringido no verso 5
àqueles que são de Cristo, porque aqueles que amam as trevas não podem
compreender esta luz, espiritual, celestial e divina.
Mas os
que compreendem e amam a luz, devem andar na luz de Jesus para que possam
também ser luz no Senhor. Ele criou os homens para serem uma lâmpada que brilhe
com a Sua luz, queimando com o óleo do Espírito Santo.
João
diz que a vida de Cristo é a luz dos homens, porque os crentes devem ser como
lâmpadas que emitem a luz de Cristo.
É a
Palavra eterna na lâmpada que é o crente, que o faz brilhar com o brilho que
procede de Deus.
Sem a Palavra que acende esta lâmpada, ela
permanece apagada. Por isso se ordena aos crentes que não apaguem o Espírito
Santo, para não terem as suas próprias lâmpadas, que são suas vidas,
apagadas.
Para
que tenha luz, o crente depende inteiramente de Deus, e portanto da Sua Palavra
e do fogo do Espírito Santo. Deus uniu a ambos para que o crente possa brilhar,
e assim manifeste a vida eterna de Deus para iluminar este mundo de trevas.
A luz
condenará as obras infrutíferas das trevas naqueles que permanecem no pecado,
porque fará a exposição do que se ocultava nas trevas:
“Mas
todas estas coisas, sendo condenadas, se manifestam pela luz, pois tudo o que
se manifesta é luz.” (Ef 5.13).
É pela
luz da revelação divina que o pecado pode ser condenado ou extirpado. E João nos diz que a vida está em Jesus, e
que esta vida era a luz dos homens; isto é, somente quando a vida poderosa de
Jesus se manifesta em alguém, que tal pessoa poderá vir para a luz de Deus e
conhecer a Deus e compreender as coisas espirituais e divinas. Assim, fora de
Cristo, não há tal possibilidade, porque vida e luz para os homens procedem
dEle.
A vida
eterna que nós necessitamos para escapar da morte eterna está somente em Cristo
Jesus, e é nEle portanto que devemos buscá-la, e João nos indica o meio de
obtê-la, a saber, por meio da Palavra e pelo andar na luz.
É a luz
de Cristo que ilumina o nosso entendimento e espírito para compreendermos as
Escrituras.
Elas
permanecem como um livro fechado para nós até que Cristo abra o nosso
entendimento e se revele ao nosso espírito para que possamos compreendê-las;
tal como fizera com os dois discípulos no caminho de Emaús, aos quais lhes
abriu o entendimento para compreenderem tudo o que estava escrito acerca dEle
nas Escrituras.
Não foi
João quem conceituou Jesus como luz, pois Ele próprio fizera tal afirmação
acerca de Si mesmo durante o Seu ministério terreno, confirmando aquilo que as
Escrituras do Velho Testamento afirmam sobre Ele, especialmente de que Ele
seria luz para os gentios.
“o povo
que estava sentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam sentados
na região da sombra da morte, a estes a luz raiou.” (Mt 4.16).
“E o
julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que
a luz, porque as suas obras eram más.” (Jo 3.19).
“Então
Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de
modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8.12). Veja que foi Jesus quem disse que
é a luz que dá vida aos homens, de maneira que aquele que não está na luz e que
não é luz por ter recebido tal luz de Jesus, continua morto em seus pecados. A
vida eterna consiste portanto na manifestação desta luz no nosso viver.
“pois
em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz.” (Sl 36.9).
Cantares
3
“1 De
noite, em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, porém
não o achei.
2
Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei
aquele a quem ama a minha alma. Busquei-o, porém não o achei.
3
Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes,
porventura, aquele a quem ama a minha alma?
4
Apenas me tinha apartado deles, quando achei aquele a quem ama a minha alma;
detive-o, e não o deixei ir embora, até que o introduzi na casa de minha mãe,
na câmara daquela que me concebeu:
5
Conjuro-vos, ó filhos de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não
acordeis, nem desperteis o amor, até que ele o queira.
6 Que é
isso que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumado de mirra, de
incenso, e de toda sorte de pós aromáticos do mercador?
7 Eis
que é a liteira de Salomão; estão ao redor dela sessenta valentes, dos valentes
de Israel,
8 todos
armados de espadas, destros na guerra, cada um com a sua espada a cinta, por
causa dos temores noturnos.
9 O rei
Salomão fez para si um palanquim de madeira do Líbano.
10
Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de púrpura, o
interior carinhosamente revestido pelas filhas de Jerusalém.
11 Saí,
ó filhas de Sião, e contemplai o rei Salomão com a coroa de que sua mãe o
coroou no dia do seu desposório, no dia do júbilo do seu coração.”
Não
podemos sentir saudades ou tristezas por aquilo que nunca tivemos ou que nunca
conhecemos.
Mas se
temos conhecido ao Senhor, e quanto maior for este conhecimento íntimo de
comunhão espiritual com Ele, não somente sentiremos saudades ou tristezas se
ficarmos ausentes da Sua presença, como até mesmo seremos consumidos pela dor
que existirá em nossas almas por tal ausência.
Se Ele
passou a ser a nossa vida, a ponto de já não vivermos nós, mas termos a vida do
Filho de Deus em nós como sendo a nossa própria vida, tal como Paulo viveu,
então, tentar viver sem esta comunhão com Ele, seria o mesmo que tentar viver
como um peixe fora da água.
Isto
não é exagero, mas a pura realidade, especialmente para aqueles que foram
chamados por Cristo a se consagrarem a Ele de um modo especial, porque Ele
passará a ser o tudo deles, e para eles.
Por
vezes, para fazer com que estes Seus servos tenham a consciência plena de que
Ele passou a ser a vida deles, o Senhor se ausenta por curtos períodos, e logo
eles se empenham a buscá-lO com todas as forças das suas almas, e investigam
diligentemente, para descobrirem em que O teriam desapontado, para provocar tal
ausência. E como Davi, suas almas suspiram pela Sua presença tal como a corça
pelas águas, quando se acha sedenta.
A sede
de vida deles não pode ser saciada por nada e ninguém a não ser pelo próprio
Cristo, e a alma não pode estar sossegada enquanto não voltar a descansar
nEle.
Contudo,
assim como eles já não podem mais viver sem Cristo, é também correto dizer que
Ele também já não pode estar sem a companhia deles, e por isso tudo fará para
deixar-se encontrar por eles, quando lhe buscarem.
“7 Por
um breve momento te deixei, mas com grande compaixão te recolherei;
8 num
ímpeto de indignação escondi de ti por um momento o meu rosto; mas com
benignidade eterna me compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu Redentor.” (Is
54.7,8)
E se
demoram nesta busca, ou se vêm a desfalecer na procura, Ele próprio virá ao
encontro deles, tal como os procurou quando ainda estavam perdidos, como a
ovelha desgarrada da Parábola, e lhes fortalecerá para que sejam reanimados e
consolados.
Esta
tem sido a experiência prática de milhões que lhe têm amado ao longo da história
da humanidade.
Bem-aventurados
são estes que têm fome e sede da Sua justiça, porque serão saciados. Ele não
permitirá que venham a perecer por falta do alimento e da água espiritual pela
qual têm vida eterna, abundante e plena.
Estas
breves ausências não são uma atitude caprichosa da Sua parte, mas oportunidades
que nos oferece para aumentar a nossa fé, e para aprendermos a andar
espiritualmente, tal como os pais fazem com seus filhinhos colocando-os de pé e
se afastando a uma distância segura para que eles caminhem na direção deles à
busca de apoio, e quanto mais eles caminham para trás, mais seus pequeninos
avançam, até que aprendem a andar firmados sobre os seus próprios pés.
Ele
pretende portanto nos ensinar a ter tal maturidade e firmeza de fé, para
aprendermos que mesmo nas horas de tribulações, em que pareça que Ele está
ausente, possamos saber que está por perto e vigilante para evitar que venhamos
a cair, e assim estarmos com os nossos corações sossegados de que voltaremos
logo a estar em seus braços amorosos.
Além
disso, é Seu desejo que aprendamos também a buscar auxílio nestas horas de
aparente ausência, naqueles que estão vigiando, representados na pessoa dos
guardas (vigias, sentinelas) de Jerusalém citados no cântico, que foram procurados
pela esposa para ter notícias do paradeiro do Esposo.
Não
será na companhia dos que andam negligentemente que poderemos achar a nossa
comunhão com nosso Senhor, senão somente naqueles que vigiam e oram em todo o
tempo, e que podem portanto nos ajudar como achá-lo, se por algum momento
sentirmos que Ele se ausentou de nós.
“Foge
também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé, o amor, a paz com os
que, de coração puro, invocam o Senhor.” (II Tim 2.22)
A
perseverança na fé, na piedade, na paciência, terá por fim a sua recompensa,
que será achar o próprio Cristo, e não bens terrenos ou qualquer outra coisa
que não pode alimentar o espírito, porque somente o Espírito Santo pode
alimentar o nosso espírito. Coisas espirituais se discernem espiritualmente, e
podemos dizer também que podem ser alimentadas somente por coisas espirituais
que procedem de Cristo, pelo Espírito. Como poderiam coisas materiais alimentar
o nosso espírito?
Cristo
é tão precioso que uma vez achado por nós, tudo devemos fazer para retê-lO,
porque é nEle que se encontra todo o tesouro da sabedoria, e de tudo quanto
necessita a nossa alma.
E isto
faremos por diligente oração, meditação na Sua Palavra, empenho na comunhão com
os irmãos, e por uma real consagração da nossa vida ao Seu serviço.
Por
isso, ao achá-lO, a esposa diz que logo O introduziu na casa de sua mãe, e
procurou tudo fazer para que Ele fosse bem cuidado e pudesse achar repouso, de
modo que não fosse forçado a compartilhar Seu amor a não ser quando Ele o desejasse.
Isto
representa a humildade, a reverência, o cuidado que devemos ter na nossa
comunhão com Cristo, que sendo amigo é também Senhor e Rei, como o vemos sendo
comparado a Salomão, quanto à glória que tivera aquele rei, maior do que a de
qualquer outro rei da terra. E quem não demonstraria reverência e respeito pelo
Rei dos reis, apesar de privar da Sua intimidade?
Deste
modo, toda iniciativa de sermos usados por nosso Senhor sempre se achará sob a
Sua exclusiva decisão, e não porque o determinemos, ou por pensarmos que
poderemos de algum modo levá-lO à ação por nossas orações ou por qualquer outro
meio. Ele sempre agirá de acordo com a Sua vontade e Soberania, e nunca pela
nossa própria vontade, porque afinal é Rei, e não se deixará governar pelos Seus
súditos.
Cantares
4
“1 Como
és formosa, amada minha, eis que és formosa! os teus olhos são como pombas por
detrás do teu véu; o teu cabelo é como o rebanho de cabras que descem pelas
colinas de Gileade.
2 Os
teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro,
e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada.
3 Os
teus lábios são como um fio de escarlate, e a tua boca é formosa; as tuas faces
são como as metades de uma romã por detrás do teu véu.
4 O teu
pescoço é como a torre de Davi, edificada para sala de armas; no qual pendem
mil broquéis, todos escudos de guerreiros valentes.
5 Os
teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os
lírios.
6 Antes
que refresque o dia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do
incenso.
7 Tu és
toda formosa, amada minha, e em ti não há mancha.
8 Vem
comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano. Olha desde o cume de
Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde os covis dos leões, desde os
montes dos leopardos.
9
Enlevaste-me o coração, minha irmã, noiva minha; enlevaste-me o coração com um
dos teus olhares, com um dos colares do teu pescoço.
10 Quão
doce é o teu amor, minha irmã, noiva minha! quanto melhor é o teu amor do que o
vinho! e o aroma dos teus ungüentos do que o de toda sorte de especiarias!
11 Os
teus lábios destilam o mel, noiva minha; mel e leite estão debaixo da tua
língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.
12
Jardim fechado é minha irmã, minha noiva, sim, jardim fechado, fonte selada.
13 Os
teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes; a hena juntamente
com nardo,
14 o
nardo, e o açafrão, o cálamo, e o cinamomo, com toda sorte de árvores de
incenso; a mirra e o aloés, com todas as principais especiarias.
15 És
fonte de jardim, poço de águas vivas, correntes que manam do Líbano!
16
Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, espalha os
seus aromas. Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus frutos excelentes!”
Em todo
este capítulo somente a esposa é exaltada pelo Esposo.
Ele se
dirige a ela com palavras encorajadoras e de amor.
Ele
exalta as Suas virtudes e dons, que na
verdade, todos foram recebidos dEle, porque era pobre e miserável quando foi enriquecida
por Ele.
É pela
nossa consagração a Ele, ou seja pelo preço que pagamos em nossa dedicação e
diligência em buscarmos a nossa santificação nEle, que compramos os dons que
Ele nos oferece pela graça, conforme podemos ver em Apo 3.18:
“aconselho-te
que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes
brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e
colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.” (Apo 3.18)
Tal
será o Seu trabalho operante na Sua verdadeira Igreja, que nosso Senhor já a vê
como estando sem qualquer mancha, e perfeita perante Ele, porque a santificará
pelo Espírito até tal ponto, porque a Igreja lhe foi dada pelo Pai para ser Sua
esposa para sempre.
“25
Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela,
26 a
fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra,
27 para
apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” (Ef 5.25-27)
Nosso
Senhor aprecia o amor da Sua esposa por Ele, e fica satisfeito somente quando
ela se Lhe apresenta em santidade, porque não vemos no texto uma esposa
desarrumada pelo pecado, desleixada em seus deveres para com o Seu Esposo,
antes, alguém que vive para o Seu inteiro agrado, e assim, ela chega mesmo a se
reservar somente para Ele, vivendo como um jardim fechado, onde não permitirá a
entrada de nenhum outro, senão somente de Seu Esposo amado.
Nosso
Senhor não pode ser um jardim fechado,
porque importa que seja achado por muitos como uma rosa ou lírio de um campo
aberto, como já comentamos anteriormente, mas quanto a cada crente, estes devem
ser jardins fechados para Ele, não que viverão isolados, mas que não amarão a
ninguém, mais do que têm amado a Cristo, inclusive entes queridos, para que
sejam achados dignos de serem chamados Seus discípulos. Somente a Ele amarão
com toda a sua força, mente e coração. E a ninguém adorarão senão somente a Ele.
Não há
outro modo de se agradar a um Esposo tão excelente e digno. Ele deve ser amado
ao nível da Sua Majestade divina.
Por
isso se exige de nós empenho em guardar tudo o que Ele nos tem ordenado.
“Se me
amardes, guardareis os meus mandamentos.” (Jo 14.15)
“Aquele
que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me
ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (Jo 14.21)
“Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu
tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.” (Jo 15.10)
Cantares 5
“1
Venho ao meu jardim, minha irmã, noiva minha, para colher a minha mirra com o
meu bálsamo, para comer o meu favo com o meu mel, e beber o meu vinho com o meu
leite. Comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados.
2 Eu
dormia, mas o meu coração velava. Eis a voz do meu amado! Está batendo:
Abre-me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minha imaculada; porque a minha
cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite.
3 Já
despi a minha túnica; como a tornarei a vestir? já lavei os meus pés; como os
tornarei a sujar?
4 O meu
amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e o meu coração estremeceu por amor
dele.
5 Eu me
levantei para abrir ao meu amado; e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus
dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura.
6 Eu
abri ao meu amado, mas ele já se tinha retirado e ido embora. A minha alma
tinha desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas não o pude encontrar;
chamei-o, porém ele não me respondeu.
7
Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me;
tiraram-me o manto os guardas dos muros.
8
Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe digais
que estou enferma de amor.
9 Que é
o teu amado mais do que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres?
Que é o teu amado mais do que outro amado, para que assim nos conjures?
10 O
meu amado é alvo e rosado, o primeiro entre dez mil.
11 A
sua cabeça é como o ouro mais refinado, os seus cabelos são ondulados, pretos
como o corvo.
12 Os
seus olhos são como pombas junto às correntes das águas, lavados em leite,
postos em engaste.
13 As
suas faces são como um canteiro de bálsamo, os montões de ervas aromáticas; e
os seus lábios são como lírios que gotejam mirra preciosa.
14 Os
seus braços são como cilindros de ouro, guarnecidos de crisólitas; e o seu
corpo é como obra de marfim, coberta de safiras.
15 As
suas pernas como colunas de mármore, colocadas sobre bases de ouro refinado; o
seu semblante como o Líbano, excelente como os cedros.
16 O
seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu
amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.”
Mesmo
desprezada e ferida pelo mundo a Igreja sustenta o testemunho de Cristo, e
quando indagada acerca da Sua fé nEle e porque tanto O admira e ama, ela
proclama as Suas virtudes incomparáveis, que nenhum outro pode ter.
O
Senhor lhe veio ao encontro, confortou-a com Sua presença em meio à tempestade,
e logo se retirou, mas não sem ter antes deixado a Sua forte impressão na Sua
amada Igreja. O início deste cântico nos lembra o Senhor confortando os Seus
discípulos antes de ir para o Pai, porque esteve entre eles, até que subisse ao
céu, de onde lhes enviaria o Espírito para que dessem testemunho sobre Ele, em
meio a aflições, aqui embaixo na terra.
Todavia,
cada Pentecostes, individual, em igrejas, ou em nações, sempre tem esta marca
de ser antecedido pela visita de Cristo à Sua Igreja fazendo com ela um
banquete espiritual no qual Seus filhos comem juntamente com Ele à Sua mesa, e
são fortalecidos pelas Suas graças (v. 1).
Então
Ele chama Sua Igreja quando ela estiver dormindo por estes despertamentos ou
avivamentos espirituais, para que se levante e dê testemunho ao mundo pelo
carregar o Seu bom perfume, tanto de vida para a vida nos que se salvam, como
também como cheiro de morte para a morte nos que se perdem (II Cor 2.15).
E este
testemunho deve ser sustentado pela Igreja como pomba imaculada (inofensiva –
v. 2) porque é enviada por Cristo para o meio de lobos, e por isso também
necessitará da prudência característica da serpente.
Depois
de nosso Senhor ter morrido na cruz e ter sido sepultado, o sentimento dos
discípulos naquela ocasião bem pode ser descrito pelas palavras da esposa no
verso 6:
“Eu
abri ao meu amado, mas ele já se tinha retirado e ido embora. A minha alma
tinha desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas não o pude encontrar;
chamei-o, porém ele não me respondeu.”
Eles
não poderiam achar consolação em ninguém naquela hora, e assim se dá conosco
nas horas em que nos sentimos desolados e solitários e quando a alma busca
consolo em pessoas amigas, que certamente não poderão preencher esta ausência
de Cristo. Estas são horas para aprendizado, a não dar à alma consolações a
todo momento que ela as desejar. É preciso fazer prevalecer o governo do
espírito sobre a alma e fazer com que ela aprenda a esperar em silêncio até que
o Senhor volte a manifestar a Sua presença.
Isto
faz parte do aprendizado de carregar a cruz para mortificação do nosso ego.
O
Senhor deseja que a Igreja aprenda isto para que possa dar um testemunho
vigoroso na terra, em face de todas as perseguições e tribulações que terá que
suportar, principalmente por parte dos principados e potestades das
trevas.
O
Esposo veio procurar a esposa estando com a cabeça molhada pelo orvalho e
depois de ter lavado os pés da lama deste mundo, que representa todo o ataque
que Ele recebeu em Sua natureza santa, limpa e perfeita, por parte do pecado
deste mundo, que não lhe penetrou a alma, mas que sujou-Lhe senão os pés.
Ele se
dispôs a sofrer por amor à Igreja, e então ela deve estar disposta a
compartilhar em alguma medida dos mesmos sofrimentos, se quando ao buscar
santificar-se, for também atingida pela sujeira do mundo em seus pés, que devem
ser continuamente lavados pelo auxílio de seus irmãos na fé, por encorajamento
e oração intercessória.
O
Cristo que amamos e servimos é invisível. Ele não se encontra mais presente no
corpo entre nós, mas nós o amamos e desfalecemos de amor por Ele, porque somos
guiados e instruídos pelo Seu Espírito.
Ele
continua observando permanentemente os nossos passos, o nosso deitar e o nosso
levantar, e nada que o Espírito fizer em nós e por nós, terá sido sem o
propósito da glorificação do Esposo, e mediante tudo o que tiver recebido dEle
para nós.
Então o
Seu cuidado é permanente conforme nos tem prometido de estar conosco até a
consumação dos séculos.
Tão
real é a presença do Senhor em nossos corações que à medida que a nossa
comunhão com Ele aumenta em graus, não conseguimos ocupar a nossa mente e
coração senão somente com aquilo que é relativo a Ele e ao Seu reino, e do que
estiver cheio o coração, a boca falará, e todo mundo saberá quão grande é o
nosso amor pelo nosso Esposo e Senhor.
Na
verdade, nada poderá nos fazer calar, porque a força propulsora do Seu próprio
amor em nós nos levará a fazer isto, mesmo quando estivermos debaixo de grandes
aflições por causa do testemunho fiel que dermos da Sua pessoa amada.
Nós
falaremos somente dEle e não de nós. De Suas virtudes e não das nossas.
Falaremos da Sua excelência, tal como a esposa fez a partir do verso 10 deste
capítulo de Cantares.
“10 O
meu amado é alvo e rosado, o primeiro entre dez mil.
11 A
sua cabeça é como o ouro mais refinado, os seus cabelos são ondulados, pretos
como o corvo.
12 Os
seus olhos são como pombas junto às correntes das águas, lavados em leite,
postos em engaste.
13 As
suas faces são como um canteiro de bálsamo, os montões de ervas aromáticas; e
os seus lábios são como lírios que gotejam mirra preciosa.
14 Os
seus braços são como cilindros de ouro, guarnecidos de crisólitas; e o seu
corpo é como obra de marfim, coberta de safiras.
15 As
suas pernas como colunas de mármore, colocadas sobre bases de ouro refinado; o
seu semblante como o Líbano, excelente como os cedros.
16 O
seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu
amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.”
Estes
versos mostram a excelência da natureza de Cristo que mistura tanto
simplicidade (v. 10, 12) com majestade e formosura (v. 11, 13); força e poder
(v. 14, 15) com mansidão e falar muitíssimo suave (v. 16)
Cantares
6
“1 Para
onde foi o teu amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? para onde se
retirou o teu amado, a fim de que o busquemos juntamente contigo?
2 O meu
amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de bálsamo, para apascentar o rebanho
nos jardins e para colher os lírios.
3 Eu
sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele apascenta o rebanho entre os lírios.
4
Formosa és, amada minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém, imponente como
um exército com bandeiras.
5
Desvia de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu cabelo é como o
rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade.
6 0s
teus dentes são como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais
cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada.
7 As
tuas faces são como as metades de uma romã, por detrás do teu véu.
8 Há
sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem número.
9 Mas
uma só é a minha pomba, a minha imaculada; ela é a única de sua mãe, a
escolhida da que a deu à luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada;
viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na.
10 Quem
é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o
sol, imponente como um exército com bandeiras?
11
Desci ao jardim das nogueiras, para ver os renovos do vale, para ver se
floresciam as vides e se as romanzeiras estavam em flor.
12
Antes de eu o sentir, pôs-me a minha alma nos carros do meu nobre povo.
13
Volta, volta, ó Sulamita; volta, volta, para que nós te vejamos. Por que
quereis olhar para a Sulamita como para a dança de Maanaim?”
Impressionados
pelo testemunho da Igreja relativo a Cristo, depois de lhe terem perguntado
qual era o motivo de tanto apreciá-lO, como vimos no verso 9 do capítulo
anterior, estes que a ouviram passam então a se interessar também quanto ao
modo como poderão encontrá-lO.
Eles desejam
buscar o Amado da Igreja juntamente com ela, ou seja, eles buscam a conversão
das suas almas a Ele (v. 1).
A
resposta dada pela igreja é que Ele será achado no Seu jardim, nos canteiros de
bálsamo, porque será achado onde estiver reunido o Seu rebanho de ovelhas para
ser apascentado por Ele, e para colher os lírios (v. 2). Os canteiros são de
bálsamo porque Ele o usará para curar as ovelhas que estiverem feridas.
O lugar
apropriado para se ter um encontro com Cristo não é no bar, nas ruas, mas onde
estiver a Sua Igreja reunida. Ele será achado com toda a certeza no meio do Seu povo, e daí
fazerem bem aqueles que não O procuram às apalpadelas por todos os recantos
deste mundo, senão na congregação dos justos, que é a Sua Igreja.
Isto
sucede porque a Igreja não é deste mundo tal como o Seu Esposo. Ele pertence
somente a ela, e ela somente a Ele. Então todo aquele que quiser encontrar a
Cristo deve buscá-lO não no mundo, mas na Sua Igreja (v. 3).
De
ninguém mais dá o Senhor o testemunho de ser a luz ou o sal do mundo, senão
somente à Sua Igreja. Ninguém mais tem a Sua aprovação divina, senão apenas
aqueles que Lhe pertencem.
E isto
está de acordo com o testemunho que o próprio Esposo dá em relação à esposa a
partir do verso 4 deste capitulo de Cantares.
A
Igreja não é apenas formosa perante Ele como uma cidade santa, mas é também
imponente como um forte exército com suas bandeiras, porque Ele mesmo é a força
do Seu povo, e as bandeiras que a Sua Igreja eleva para serem vistas pelo mundo
é a Sua Palavra, ou seja, a verdade (v. 4).
A busca
da fé, o olhar espiritual que é dirigido pela Igreja a Cristo, leva-O a ficar
perturbado, ou seja, comovido e enternecido por ela em Seu coração amoroso (v.
5 a).
A
beleza da santidade da Igreja e a Sua grande fertilidade em produzir filhos
espirituais para Ele como Esposo amado O encantam (v. 5 b, 6, 7).
São
inúmeros os que professam amar a Cristo e conhecê-lO, mas ninguém O conhece
senão somente a Sua Igreja (v. 7 a 9).
“Todas
as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho,
senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem
o Filho o quiser revelar.” (Mt 11.27)
O
Senhor define a Sua Igreja como um forte exército, que tem a missão de fazer
brilhar a Sua luz, no mundo de trevas (v. 10).
E tem
sido plantada por Ele para frutificar (v. 11).
Se
Igreja se permitir por algum momento ser dirigida pelas emoções, pelos
sentimentos, pela vontade de sua alma (ego), e seguir após a carruagem do mundo
que a afastará da presença do Seu Esposo e dos Seus irmãos amados (v. 12), Eles
clamarão pelo Seu retorno para que esteja ao alcance da vista deles, ou seja,
da sua presença (v. 13).
Cantares
7
“1 Quão
formosos são os teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe! Os contornos das
tuas coxas são como jóias, obra das mãos de artista.
2 O teu
umbigo como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre como montão
de trigo, cercado de lírios.
3 Os
teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela.
4 O teu
pescoço como a torre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto
à porta de Bate-Rabim; o teu nariz é como torre do Líbano, que olha para
Damasco.
5 A tua
cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça como a púrpura;
o rei está preso pelas tuas tranças.
6 Quão
formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias!
7 Essa
tua estatura é semelhante à palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas.
8 Disse
eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como
os cachos da vide, e o cheiro do teu fôlego como o das maçãs,
9 e os
teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e se
escoa pelos lábios e dentes.
10 Eu
sou do meu amado, e o seu amor é por mim.
11 Vem,
ó amado meu, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias.
12
Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se
estão abertas as suas flores, e se as romanzeiras já estão em flor; ali te
darei o meu amor.
13 As
mandrágoras exalam perfume, e às nossas portas há toda sorte de excelentes
frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado.”
Dos
versos 1 a 9 o Esposo descreve as belezas e virtudes da Sua esposa; e dos
versos 10 a 13, a esposa fala da estima mútua pelo Esposo e o convida a
desfrutar com ela do amor que sentem um pelo outro; porque o verdadeiro amor, é
afinal, uma propriedade de ambos.
A
igreja que honra a Cristo é por Ele honrada. Ele não poderá elogiar aquilo que
for reprovável na Sua Esposa, mas não deixará de reconhecer e louvar aquilo que
for aprovado, como podemos ver nas Suas palavras dirigidas às sete igrejas
citadas nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse.
O
Senhor manifestará sempre o Seu agrado pelos crentes que Lhe forem fiéis, e
lhes fará saber disso, porque não o fará somente para incentivá-los para
prosseguirem na busca de uma santidade cada vez maior, mas principalmente
porque é do Seu agrado fazê-lo, para demonstrar o quanto aprecia o amor deles
por Ele.
Amor
demonstrado na frutificação e na reserva deste frutos para o Seu Esposo, como
se vê nos dois versículos finais deste capitulo, porque não podemos convidar
Cristo a compartilhar do Seu amor conosco, se não tivermos em nós nenhum fruto
espiritual para Lhe oferecer.
“11
Porque desejo muito ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de
que sejais fortalecidos;
12 isto
é, para que juntamente convosco eu seja consolado em vós pela fé mútua, vossa e
minha.” (Rom 1.11,12)
Pelos
versículos destacados anteriormente, nós podemos ver que é uma grande forma de
demonstrar amor por Cristo, quando compartilhamos mutuamente os dons
espirituais que recebemos dEle, com os nossos irmãos.
“34
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai.
Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
35
porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era
forasteiro, e me acolhestes;
36
estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes
ver-me.
37
Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos
de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38
Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos?
39
Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te?
40 E
responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um
destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes.” (Mt 25.34-40)
Cristo
fará aumentar cada vez mais o brilho destes que Lhe têm servido fielmente,
porque Lhe agrada manifestar quanto é grande o Seu agrado pela igreja que Lhe
seja fiel, e faz com que outros vejam tal brilho, que traz muita glória para o
Seu próprio nome e para Deus Pai.
“8
Conheço as tuas obras (eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, que
ninguém pode fechar), que tens pouca força, entretanto guardaste a minha
palavra e não negaste o meu nome.
9 Eis
que farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas
mentem, eis que farei que venham, e adorem prostrados aos teus pés, e saibam que
eu te amo.” (Apo 3.8,9)
Isto
sucede porque o desejo da Igreja fiel é revelar ao mundo o amor mútuo que
existe entre ela e Cristo, e por isso ela convida o Esposo a vir em sua
companhia às aldeias, ou seja, a capacitá-la a proclamar o evangelho do modo
como Ele lhe tem ordenado.
“E
disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc
16.15)
Cantares
8
“1 Ah!
quem me dera que foras como meu irmão, que mamou os seios de minha mãe! quando
eu te encontrasse lá fora, eu te beijaria; e não me desprezariam!
2 Eu te
levaria e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me instruirias; eu te
daria a beber vinho aromático, o mosto das minhas romãs.
3 A sua
mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abraçaria.
4 Conjuro-vos,
ó filhas de Jerusalém, que não acordeis nem desperteis o amor, até que ele o
queira.
5 Quem
é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? Debaixo da macieira
te despertei; ali esteve tua mãe com dores; ali esteve com dores aquela que te
deu à luz.
6
Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o
amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a sua chama é chama de
fogo, verdadeira labareda do Senhor.
7 As
muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo. Se alguém
oferecesse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.
8 Temos
uma irmã pequena, que ainda não tem seios; que faremos por nossa irmã, no dia
em que ela for pedida em casamento?
9 Se
ela for um muro, edificaremos sobre ela uma torrezinha de prata; e, se ela for
uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro.
10 Eu
era um muro, e os meus seios eram como as suas torres; então eu era aos seus
olhos como aquela que acha paz.
11 Teve
Salomão uma vinha em Baal-Hamom; arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um
lhe devia trazer pelo seu fruto mil peças de prata.
12 A
minha vinha que me pertence está diante de mim; tu, ó Salomão, terás as mil
peças de prata, e os que guardam o fruto terão duzentas.
13 Ó
tu, que habitas nos jardins, os companheiros estão atentos para ouvir a tua
voz; faze-me, pois, também ouvi-la:
14 Vem
depressa, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela sobre
os montes dos aromas.”
Os
afetos entre Cristo e a Sua esposa são vivamente representados neste último
capítulo de Cantares.
A
esposa continua a demonstrar o grande desejo que sente pelo Esposo, tão ardente
a ponto de conjurar as filhas de Jerusalém a não interromperem a sua comunhão
com Ele.
Tal é a
intensidade do amor que ela Lhe devota que outros percebem o quanto está ligada
ao Seu Amado, mesmo quando anda com Ele no deserto (v. 5 a).
E a
razão de tal união, de tal comunhão é descrita nos versos 6 e 7:
“6
Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o
amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a sua chama é chama de
fogo, verdadeira labareda do Senhor.
7 As
muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo. Se alguém
oferecesse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.”
Haveria
um modo mais profundo de descrever a qualidade do amor que une Cristo à Sua
Igreja?
É um
amor de zelo, que não permite ser dividido com outros, porque é um amor
matrimonial de que se está falando, e não pode lhe faltar a devida fidelidade,
que é para toda a vida, de modo que este amor que une mutuamente a Igreja e
Cristo é qual chama de fogo, não de um fogo pequeno, mas de grandes labaredas,
que nenhuma quantidade de água usada pelos homens, e até mesmo peio diabo, pode
apagar. E tal é a força deste amor que ele vence a morte, porque todo aquele
que está em Cristo já não morre, e estará unido a ele para sempre.
Então
nada há de mais valioso do que tal amor que nos tem unido indissoluvelmente ao
nosso Esposo, que é Cristo.
Por isso
nenhum crente trocaria as riquezas de todo este mundo, e ainda que todos os
reinos lhe fossem oferecidos em troca de renunciar a tal amor, ele jamais o
faria, porque sabe que tudo que há no mundo não somente não é eterno, como
também não pode dar verdadeira satisfação à alma, como somente o amor de Cristo
pode dar. Por isso se diz que aquele que tentasse comprar este amor do crente
por Cristo oferecendo os bens de sua casa em troca, seria totalmente rejeitado
e desprezado pelo crente fiel a Cristo, ao qual fizesse tal oferta.
Tal é o
caráter do amor que deve haver na Igreja como reflexo do amor do próprio
Cristo, que o que for fraco deve ser fortalecido pelo forte; a igreja que
estiver fraca e empobrecida será fortalecida e enriquecida pelos dons abundantes
da igreja que estiver fortalecida e enriquecida com a graça de Cristo.
Haverá
este interesse mútuo entre os irmãos, como se vê nos versos 8 a 10. Porque
estes crentes ou igrejas fracos e pobres serão cercados de cuidados pelas
igrejas fortes e ricas como é do desejo do Esposo, para que haja igualdade
entre todos os membros do Seu corpo.
“13
Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós,
14 mas
para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a
falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa
falta, e assim haja igualdade;
15 como
está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não
faltou.” (II Cor 8.13-15)
Nos
versos 11 e 12, o rei Salomão é posto como figura do Rei dos reis que arrenda a
Sua vinha para que tenha o devido lucro dos frutos que forem produzidos nela.
Conforme se vê na Parábola citada por Jesus em Mt 21:
“33
Ouvi ainda outra parábola: Havia um homem, proprietário, que plantou uma vinha,
cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, e edificou uma torre; depois
arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
34 E
quando chegou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para
receber os seus frutos.” (Mt 21.33,34)
Deus
requer que Sua Igreja seja frutífera, para que receba dela os devidos frutos
que deve produzir para Ele.
Frutificando
para Cristo, teremos um desejo permanente da Sua presença para que possamos Lhe
dar os frutos que temos produzido pela Sua própria graça, e assim como todos os
demais santos, desejamos ouvir a Sua voz, tal como eles (v. 13), e por isso
clamamos Àquele que habita nos jardins, porque é ali que poderá achar os Seus
frutos, para que venha depressa ao nosso encontro, porque é o Amado da nossa
alma, sem O qual a nossa vida não tem qualquer objetivo ou sentido (v.
14).
Pr
Silvio Dutra
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