Santidade
Parte 1
Irmãos, é somente quando se está em comunhão com Deus que Ele comunica graça e poder ao nosso espírito, para que se encontre no mesmo estado de santidade em que Ele se encontra - isto, e somente isto é que nos capacita à santificação.
Assim, a santidade é muito mais do que simplesmente não praticar o mal, porque então, de muitos animais se poderia dizer, serem santos.
A santidade demanda esta escolha consciente entre mal e bem, por se rejeitar o primeiro e escolher e praticar o segundo.
Toda santificação existente nos seres morais, quer sejam homens, quer anjos; é o fruto, o resultado da infusão da graça santificante nos mesmos por Deus. Esta graça santificante opera de maneira que nosso espírito, coração e vontade sejam inclinados para a comunhão amorosa com Deus.
Daí ser dito por Ele, já nos dias do Velho Testamento.
“... Eu sou o Senhor que vos santifico”. [Lv 20: 8].
Esta verdade é confirmada por Jesus em Sua oração sacerdotal, em João 17, onde roga ao Pai que santifique os crentes, na verdade.
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. [Jo 17: 17]
Temos então, na oração de nosso Senhor, a indicação direta do meio que é usado por Deus para nos santificar, a saber, a Sua Palavra, a qual é a verdade. Sem o conhecimento e prática da Palavra não é possível haver verdadeira santificação.
O pecado é exatamente o oposto a este estado de espírito bom e adequado de santidade; por isso Deus tanto o detesta, porque é a condição que busca a destruição da própria vida de Deus, porque Ele é santo, e o pecado é a inclinação oposta a tudo quanto Deus é em Si mesmo.
A santidade é a inclinação de espírito para o bem; o pecado é a inclinação de espírito para o mal.
Sendo Deus a única fonte da santidade, não é de se admirar que sejam tantas as exortações bíblicas no sentido de que se busque a santidade, não apenas por um exercício em deveres morais, mas essencialmente e sobretudo, por um caminhar com Deus, um andar no Espírito, uma busca de Cristo para que Ele viva em nós, porque não há outra forma para se vencer a concupiscência da carne, e todas as formas de tentação a que estamos sujeitos.
Daí serem abundantes as exortaçãos que achamos na Palavra de Deus quanto a buscarmos a santificação, como as seguintes:
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” [Efésios 6: 10]
“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.” [Gálatas 5: 16]
“A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.” [Filipenses 4: 23]
“mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.”
[Rm 13: 14].
“permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim”.
“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” [Jo 15: 4,5]
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” [Mt 26: 41]
Em face de tudo isto, tendo-o experimentado em sua caminhada com o Senhor, com o qual falava face a face, Moisés assim se expressou em relação à pessoa de Deus:
“Ó SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?” [Êx 15: 11]
Este último versículo que acabamos de citar é uma das descrições mais sublimes da majestade e excelência de Deus em toda a Escritura.
É uma parte da obra de Moisés, ou “canção triunfante”, depois do que Deus fez por eles em sua libertação do Egito. Aquela libertação foi apenas uma amostra de algo mais excelente a ser trabalhado no tempo do fim, quando as pragas do Senhor serão derramadas sobre os poderes anticristãos, que devem reavivar o mesmo cântico de Moisés na igreja, conforme se vê em Ap 15: 2, 3.
O cântico de Moisés afirma, que Deus é glorioso em santidade. Ele é exaltado ou honroso em santidade.
A santidade de Deus é a Sua glória, como a Sua graça é a Sua riqueza; a santidade é a Sua coroa, e a Sua misericórdia é o Seu tesouro.
Essa é a bem-aventurança e nobreza de Sua natureza; Ele tributa como glorioso em Si mesmo, e glorioso para Suas criaturas que entendem qualquer coisa desta adorável perfeição.
Santidade é uma gloriosa perfeição pertencente à natureza de Deus; por isso, na Escritura é dito dEle muitas vezes, ser o Santo, o Santo de Jacó, o Santo de Israel - e muitas vezes intitulado o Santo, que é Todo-Poderoso, e estabelecido por esta parte de Sua dignidade mais do que por qualquer outra.
A santidade é afixada como um epíteto ao Seu nome, mais do que qualquer outro atributo.
É neste sentido que Ele é chamado de luz; como impureza é chamada escuridão - desta forma ambos são opostos um ao outro, Ele é uma luz pura e sem mistura, livre de toda a mácula em Sua essência, natureza e operações.
A natureza de Deus não pode ser racionalmente concebida sem a santidade.
A noção de Deus não pode ser concebida, sem separar dEle tudo o que é impuro, tanto em Sua essência e ações.
A criação manifesta a existência e a glória de Deus, mas é especialmente pela experiência da Sua santidade em nós mesmos, que podemos conhecer quem Ele é realmente em Sua essência e glória - e nisto, também consiste a nossa própria glória, porque é em sermos santificados pelo Senhor, que podemos nos gloriar em justiça e em verdade.
Foi a isto que o Senhor se referiu, quando o revelou através do profeta Jeremias, nas seguintes palavras:
“Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas”;
“mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR”. [Jr 9: 23, 24]
E nosso Senhor Jesus Cristo, ainda em Sua oração sacerdotal, cujo tema gira em torno da unidade e santidade de Deus com Seu povo, relaciona a glória do conhecimento do amor do Pai, com a santidade, pois Ele diz:
“ Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos”;
“eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim”.
“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo”. [Jo 17: 22-24]
Nada soa tão sublime com tal solenidade, e tão frequentemente por anjos que estão diante de Seu trono, como este atributo da santidade.
Onde você encontra algum outro atributo triplicado nos seus louvores, como se vê em;
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”; [Is 6: 3]
“Os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descans, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e há de vir”. [Ap 4: 8]
Seu poder ou soberania, como Senhor dos Exércitos é apenas uma vez mencionada, mas com uma repetição terna de Sua santidade.
Você ouve, em qualquer canção angelical, qualquer outra perfeição da Natureza Divina repetida três vezes?
Onde lemos sobre o clamor “Eterno, eterno, eterno”, ou “Fiel, fiel, fiel” Senhor Deus dos Exércitos?
Qualquer outro atributo é deixado de fora, mas com esse, Deus teria que encher as bocas de anjos e espíritos abençoados para sempre no céu.
Ele escolhe o atributo da santidade para jurar, como vemos em; no ;
"Uma vez jurei pela minha santidade (e serei eu falso a Davi?) ". [Sl 89: 35]
"Jurou o Senhor Deus, pela sua santidade,"... [Am 4: 2]
Ele jura duas vezes pela Sua santidade, e uma vez pelo Seu poder em;
“Jurou o Senhor pela sua mão direita e pelo seu braço poderoso: Nunca mais darei o teu cereal por sustento aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu vinho, fruto de tuas fadigas. [Is 62: 8]
E, de uma vez por todas, quando Ele jura por Seu nome; “Portanto, ouvi a palavra do Senhor, vós, todo o Judá, que habitais na terra do Egito: Eis que eu juro pelo meu grande nome, diz o Senhor, que nunca mais será pronunciado o meu nome por boca de qualquer homem de Judá em toda a terra do Egito, dizendo: Tão certo como vive o Senhor Deus”. [Jr 44: 26]
Aqui, Ele coloca Sua santidade para prometer a garantia de Sua promessa, como o atributo mais caro e mais valorizado por Ele, como se nenhum outro pudesse dar uma garantia paralela a Ele, nesta promessa de uma redenção eterna que lá, é falada.
Aquele que jura, jura por um maior que ele; Deus não tendo maior que Ele, jura por Si mesmo; e aqui, por Sua santidade; o que dá a entender que a santidade equivale a todos os Seus outros atributos somados, como se Ele estivesse mais preocupado com a honra da santidade, do que com todo o resto.
Se a santidade é de tal importância suprema, seremos sábios e prudentes em nos esforçar para conhecer tudo o que for possível sobre a mesma e, de fato obtê-la e viver nela todos os dias de nossas vidas, pois não há outra forma de se agradar a Deus e fazer Sua vontade.
Não admira a ênfase que nosso Senhor e todos os apóstolos deram à santificação, e a sua grande importância, como podemos ver nas seguintes passagens dentre outras:
“Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais fazendo, continueis progredindo cada vez mais”;
“porque estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do Senhor Jesus”.
“Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição;
“que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra,” [I Ts 4: 1-4]
"Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”,
“atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados;
“nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura.” [Hb 12: 14-16]
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” [1 Ts 5: 23]
“Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.”
[2 Co 7: 1]
Muitas outras passagens das Escrituras sobre o dever da santificação poderiam ser citadas, mas, por enquanto, nos fixaremos apenas nestas, e daremos prosseguimento a este assunto em nossas próximas ministrações, se o bendito Senhor e Deus assim o permitir.
Finalmente, só para que possamos entender melhor o significado da santificação de forma prática, observamos que em em todos os textos bíblicos citados anteriormente, que é o próprio Deus o agente ativo de toda a nossa santificação - o que significa senão, que o trabalho é feito inteiramente por Ele, por meio da ação do Espírito Santo; trabalho este que consiste principalmente, na implantação do fruto do Espírito em nós.
Veja o caso do domínio próprio, por exemplo, do qual se afirma, ser parte do fruto do Espírito.
Alguns crentes o obtêm instantaneamente, na conversão inicial, ou mesmo depois de passado um tempo considerável em sua caminhada na vida cristã?
Podemos dizer por nós mesmos, que nunca é assim. Alguns, até mesmo não conseguem alcançá-lo em medida adequada, enquanto se encontram neste mundo.
Qual a razão disto?
É, porque Deus dificulta a concessão dos Seus dons e Sua graça a nós?
De maneira alguma.
Como a santificação é um processo em graus, e depende muito da nossa consagração ao Senhor na devida consideração à Sua Palavra, esta somente pode se transformar em poder, em nossa experiência prática de vida, por meio de nossa busca da renovação progressiva da mente, de forma que o Espírito Santo encontre um caminho para poder operar em nosso interior.
Quando isto ocorre de fato, nós veremos de forma prática quão grande será a diferença em nosso viver, quando alcançamos o fruto do Espírito Santo chamado domínio próprio.
Poderemos ficar alarmados em princípio, quando as tribulações se apresentarem a nós, mas logo o Espírito operará com Seu poder, livrando-nos de toda ansiedade, temor, e fazendo com que possamos dizer juntamente com o salmista:
“Firme está o meu coração, ó Deus! Cantarei e entoarei louvores de toda a minha alma. [Sl 108: 1]
E por que isto?
Somente, porque sentimos e reconhecemos que não foi por nossa própria capacidade, mas pelo poder do Espírito que nos foi possível retornar à calma e à paz.
Mas, esta é apenas uma pequena parte do trabalho da santificação, que sendo buscada nos levará a adentrar também na posse da alegria, do amor, da paz, da misericórdia, da bondade, da longanimidade, da fé inabalável, e de tantas outras virtudes que não são deste mundo, mas que podem ser encontradas somente em Jesus Cristo, quando permanecemos em comunhão com Ele.
Bendito seja o Seu santo nome, para sempre!
Amém!
Santidade
Parte 2
Irmãos, de tal sorte é a importância da santidade, como pudemos verificar já na primeira parte da nossa exposição, anterior a esta, que quando Deus jura, Ele o faz por Si mesmo ou então por Sua santidade, e nunca por qualquer outro atributo; isto significa que Ele penhora a Sua segurança, e se compromete com aquilo de que nunca irá se separar, se fosse possível que Ele fosse despojado de todo o resto.
Ora, se é de tal ordem o valor, a importância, e a necessidade prioritária da santidad; como poderíamos negligenciar a chamada que Ele nos faz para sermos completamente santos?
E como podemos proceder em verdadeira santidade de vida, se sequer compreendemos qual seja o seu significado?
Já não falamos anteriormente, que na vida cristã não é possível queimar etapas quanto ao que se refere ao nosso amadurecimento na mesma?
Quem pode se transformar em um pequeno espaço de tempo, de um bebê para um adulto?
Quanto mais na vida espiritual, em que o crescimento não é automático e assegurado, conforme na vida natural!
Ser santo demanda busca do alimento espiritual adequado e verdadeiro, que pode ser encontrado somente em Jesus e na Sua Palavra, mas ainda assim, ficamos na dependência de Deus trabalhar nas circunstâncias que contribuirão para a nossa renovação progressiva.
Lembram do exemplo que apresentamos, quanto ao fruto do Espírito Santo chamado domínio próprio?
Ainda que venhamos a estudar o assunto na Bíblia e em bons comentários bíblicos, até o ponto de dominá-lo suficientemente, não significa que somente com o conhecimento intelectual poderemos ver aplicado, o citado fruto na nossa experiência prática diária; pois para tanto, é preciso ser trabalhado e visitado pelo Espírito Santo, a fim de aprendermos a ter de fato, o domínio próprio que procede da parte dEle para nós.
Mas, aqui deve ser devidamente considerado, que não estamos falando de sociologia, psicologia ou de qualquer outra ciência natural, para explicar aquilo que devemos buscar e alcançar. As coisas aqui referidas, não são deste mundo, não são naturais, mas espirituais, que somente podem ser experimentadas se permanecermos em comunhão com Jesus, como Ele mesmo afirma; que não podemos frutificar se não permanecermos nEle, e Ele em nós, pois sem Ele nada podemos fazer, especialmente no que se refere a estas realidades espirituais, celestiais e divinas, que operam na nova criatura nascida na conversão, através da operação do Espírito Santo.
Entendem por que nos é ordenado a orar e a vigiar em todo o tempo? E de igual forma, quanto à meditação e prática da Palavra de Deus?
Como poderei ser santificado, se não luto realmente contra o pecado? Se não vigio em relação a ele, e às tentações? Como poderei aprender a ser gentil em todo o trato, se não refreio meus impulsos precipitados, tanto no comportamento quanto no falar?
Não posso me aprovar naquilo que a Palavra de Deus reprova.
Logo, não é sem motivo que nos é ordenado também, a aceitarmos mansamente toda disciplina e correção que procedem da parte de Deus, e nos esforçarmos diligentemente para buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça.
Aquele que fez a promessa de nos santificar em tudo é poderoso e fiel para fazê-lo, e toda falha e atraso neste assunto sempre será por nossa negligência, e nunca pela falta de desejo de Deus em nos santificar.
Toda a beleza natural está fadada a terminar, mas a beleza da santidade é eterna e cresce mais e mais.
Daí dizer-se em 2 Crônicas, que Deus deve ser louvado na beleza da santidade.
“Aconselhou-se com o povo e ordenou cantores para o Senhor, que, vestidos de ornamentos sagrados e marchando à frente do exército, louvassem a Deus, dizendo: Rendei graças ao Senhor, porque a sua misericórdia dura para sempre”. [2 Cr 20: 21]
Davi deseja “contemplar a beleza do Senhor, e habitar em seu santo templo”.
“Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. [Salmo 27: 4]
Santidade era a beleza do templo;
“Fidelíssimos são os teus testemunhos; à tua casa convém a santidade, Senhor, para todo o sempre”. [93: 5]
Como a sinceridade é o brilho de toda graça em um cristão, então a pureza é o esplendor de todo atributo na Divindade.
Sua justiça é uma justiça santa, Sua sabedoria é uma sabedoria santa, Seu braço de poder um braço santo, Sua verdade ou promessa de uma santa promessa;
“Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele tem feito maravilhas; a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a vitória”. [Sl 98: 1]
“Porque estava lembrado da sua santa palavra e de Abraão, seu servo”. [Sl 105: 42]
Santo e verdadeiro andam de mãos dadas;
“Clamaram
em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e
verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam
sobre a terra”?
[Ap
6:10).
O nome dEle, que significa todos os Seus atributos em conjunto, é Santo.
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome”. [Sl 103: 1)
Sim, Ele é;
“Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras”. [Sl 145: 17]
A santidade é a regra de todos os Seus atos, a fonte de todas as Suas punições.
Se todo atributo da Deidade fosse um membro distinto, a santidade seria a estrutura; e a alma, o espírito para animá-los.
Sem isso, Sua paciência seria uma indulgência ao pecado; Sua misericórdia, mero carinho; Sua ira, uma loucura; Seu poder, uma tirania; Sua sabedoria, uma sutileza orgulhosa.
É a pureza que dá um decoro a todos.
Sua misericórdia não é exercida sem ela, já que Ele não perdoa ninguém, além daqueles que têm interesse, por união, na obediência de um Mediador, que era tão deleitável por Sua infinita pureza.
Sua justiça, que o homem culpado é capaz de taxar como crueldade e violência no exercício da mesma, não é representada fora da esfera desta regra.
Nos atos da justiça vingativa do homem há algo de impureza, perturbação, paixão, alguma mistura de crueldade, mas nenhum destes caem sobre Deus nos mais severos atos de ira.
Quando Deus aparece a Ezequiel, na semelhança do fogo, significa Sua ira contra a casa de Judá por sua idolatria,
"Olhei, e eis uma figura como de fogo; desde os seus lombos e daí para baixo, era fogo e, dos seus lombos para cima, como o resplendor de metal brilhante". (Ez 8: 2)
Seu coração é claro em Seus atos mais terríveis de vingança; é uma chama pura, com a qual Ele queima Seus inimigos - Ele é santo na aparência mais ardente.
Este atributo, portanto é muito pouco aplaudido, como quando Sua espada foi atraída, e Ele manifestou a maior ferocidade contra Seus inimigos.
A expressão magnífica e triunfante de Moisés em seu cântico, segue justamente a miraculosa derrota efetuada por Deus, e a ruína do Exército egípcio:
“Sopraste com o teu vento, e o mar os cobriu; afundaram-se como chumbo em águas impetuosas”. [Êx 15: 10]
Então segue:
“Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?” [Êx 15: 11]
E foi assim, quando celebrado pelos serafins; “Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava”.
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”.
“As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça”. [Is 6: 2-4]
Que são sinais de ira como se vê no Salmo 18.
“Então, a terra se abalou e tremeu, vacilaram também os fundamentos dos montes e se estremeceram, porque ele se indignou”.
“Das suas narinas subiu fumaça, e fogo devorador, da sua boca; dele saíram brasas ardentes”. [18: 7, 8]
E, quando Ele estava prestes a enviar Isaías sobre uma mensagem de julgamentos espirituais e temporais; ele faria o coração daquele povo nédio, seus ouvidos pesados, e seus olhos fechados; deixando suas cidades sem habitantes, e suas casas sem homens, tornando a terra assolada.
“Mas, engordando-se o meu amado, deu coices; engordou-se, engrossou-se, ficou nédio e abandonou a Deus, que o fez, desprezou a Rocha da sua salvação”. [Deut 32: 15]
“Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais”.
“Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo”.
“Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada”,
“e o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo”. [Is 6: 9-12]
Os anjos, que aqui estão Lhe louvando por Sua santidade são os executores de Sua justiça, e aqui chamados serafins, espíritos ardentes ou de fogo, como sendo os ministros de Sua ira.
Sua justiça é parte de Sua santidade, por meio da qual Ele reduz à ordem, aquelas coisas que estão fora de ordem.
Quando Ele está consumindo homens por Sua ira, Ele não diminui, mas manifesta pureza.
“O SENHOR é justo, no meio dela; ele não comete iniquidade; manhã após manhã, traz ele o seu juízo à luz; não falha; mas o iníquo não conhece a vergonha.” [Sf 3: 5]
Toda ação de Deus está livre de toda a tintura do mal. Ele também é celebrado com louvor, pelos quatro seres viventes sobre Seu trono, quando aparece em um traje de aliança com um arco-íris sobre Seu trono, e ainda com trovões e relâmpagos disparados contra Seus inimigos; para mostrar que todos os Seus atos de misericórdia, bem como de justiça, são limpos de qualquer mancha - isto é a coroa de todos os Seus atributos; a vida de todos os Seus decretos, o brilho de todas as Suas ações. Nada é decretado por Ele, nada é representado por Ele, senão o que é digno da santidade, e se tornando a honra deste atributo.
“e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda”.
“Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro”.
“Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus”.
“Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás”.
“O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando”.
“E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”. [Ap 4: 3-8]
Se a santidade tem a ver com a essência da natureza do ser, quanto àquilo que Ele é, de fato como pessoa, não podemos então, confundir os momentos em que somos purificados por sentir a presença de Deus em nossas devoções, com a santidade propriamente dita. Embora haja uma ação santificante nessas visitas em certa medida, todavia se não temos aquela habitual condição de um coração puro, por conta de todos os exercícios espirituais e transformações que experimentamos ao longo de nossa vida, não podemos afirmar necessariamente, que somos santificados meramente por estes momentos de comunhão com Deus.
O fruto é resultante da íntima relação vital com a árvore que lhe dá origem, e assim, nós somos como ramos na videira verdadeira, que é Jesus.
É necessário permanecer nEle, para que o fruto do Espírito venha a ser produzido em nossa vida, o qual passa a ser parte da nossa própria essência. Esta é a ação eficaz da graça santificante.
Não se trata de ter aprendido a ser educado e cortês, a ser brando no falar, ainda que estas coisas sejam preciosas em si mesmas, todavia, não respondem por si só, àquela santificação que é o resultado do Espírito Santo em nossa nova natureza recebida do ato na nossa conversão inicial.
Por exemplo, se alguém nos causa pequeno ou grande dano, não importa o tamanho da ofensa, somos dirigidos e ordenados pelo Espírito Santo, mediante a Palavra de Deus, a perdoar, amar o inimigo, andar a segunda milha, a oferecer a outra face, etc.
Se buscamos nos compensar, de alguma forma, sem levar em consideração estas ordenanças, quer recorrendo à justiça comum dos homens, ou então por qualquer outra forma, tendo sentimentos de mágoa e ressentimentos, é um sinal evidente de que não estamos ainda santificados pela obediência e temor à Palavra divina.
Santidade
Parte 3
Amados, nós vimos em nossas exposições anteriores, que a santidade consiste na essência do próprio ser. Todavia, como diferentemente dos anjos eleitos, que são perfeitos em santidade, nós, que estamos sendo restaurados à imagem de Jesus Cristo, dependemos não somente de infusões continuadas da graça, como também de adquirir por meio de disciplina os hábitos que a santidade requer, de modo que sejam implantados de forma indissolúvel à nossa nova natureza adquirida na conversão.
Daí sermos exortados a crescermos na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, durante a nossa jornada terrena; por exemplo, para ilustrar este ponto, nosso Senhor disse, que aquele que não renunciar a tudo o que é e a tudo o que tem, não pode ser Seu discípulo. O que vem a ser esta renúncia que Ele requer, para que possamos ser discipulados por Ele?
Seria somente renúncia aos hábitos pecaminosos, ou será que inclui também, renúncia a coisas que não são pecaminosas em si mesmas?
Seguir a Jesus demanda a negação do nosso ego, e tomar nossa cruz diariamente - tomar a cruz, não significa sair em procura de sofrimentos e tribulações, mas escolher sempre a vontade de Deus em vez da nossa, e suportar tudo com paciência esperando inteiramente no fortalecimento da Sua graça.
Deus não exigiu de Adão que se abstivesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque aquele fruto fosse venenoso, ou impróprio por algum outro motivo para ser consumido.
O fruto era bom em si mesmo e não continha qualquer mal, mas foi exatamente por este motivo, que a renúncia exigida por Deus a Adão, colocou à prova se ele era obediente a Ele ou não.
E assim, também nós, se desejarmos de fato obedecer a Jesus, deveremos fazer muitas renúncias a coisas e situações que em si mesmas não são pecaminosas, conforme o Senhor exigir de cada um de nós, para que sejamos encontrados fazendo um uso adequado dos nossos bens, talentos, tempo e tudo o mais, de modo que Ele possa ser servido e glorificado.
O amor ao Senhor, e à Sua vontade e Palavra deve ter o primeiro lugar em tudo, e não apenas a precedência, mas a preferência absoluta, sem que façamos qualquer transigência.
Não é isto que vemos claramente, em várias passagens bíblicas?
Saul perdeu um reino, por ter poupado o gado e o rei dos amalequitas. Deus não pode ser obedecido e servido pela metade, ou em qualquer parte, pois não há obediência verdadeira onde esta não for integral.
Quantos não se desviam da presença do Senhor, por não se disciplinarem neste ponto! Eles se envolvem com as coisas lícitas do mundo a tal ponto, que Deus fica inteiramente esquecido em seus pensamentos.
Quando isto acontece, como poderiam escolher entre aquilo que Deus requer, e o que é da própria vontade deles?
Deus nos quer livres, mas colocou limites em nossa liberdade. Se não dermos a devida atenção a isto, jamais poderemos andar em acordo com Ele.
Como poderíamos estar em concordância, quando Sua vontade vai em uma direção e a nossa em outra?
Por isso, se requer para a santidade, acima de tudo, que tenhamos o devido temor permanente ao Senhor e à Sua Palavra em nossa mente e coração, sabendo que isto não procede de nós mesmos, e que somente Ele pode gerá-lo em nós, quando O buscamos com sinceridade.
É o próprio Deus que coloca e gera o amor a Ele dentro de nós - não podemos fazê-lo. É uma operação invisível que nos inclina para Ele, e passa a ter o primeiro lugar em tudo em nossa vida e vontade.
Todas as demais pessoas e coisas perderão a preferência, quando esta graça nos é concedida pelo Senhor, de nos ligar a Ele em amor. Esta comunhão e unidade espiritual com Deus não poderia ser de outra forma, porque é somente em santidade, com um coração puro, que podemos participar da intimidade amorosa com o Senhor, porque Ele é completamente santo e puro.
Por isso, sempre é necessário trazer à lembrança, que a aliança da graça foi feita diretamente entre Deus Pai e Deus Filho, sendo nós apenas os beneficiários da aliança que foi feita, para que pudéssemos ser tornados filhos de Deus, por meio da obediência e obra de Jesus Cristo.
Tudo o que é exigido de nós na santificação é por meio dEle, que se tornou da parte de Deus para nós, a nossa justiça, redenção, sabedoria e santificação; ou seja, o que viermos a obter e ser, sempre será por meio da Sua graça operando em nós, segundo o poder de Seu espírito vivificante, e nunca por algo existente em nós mesmos.
Muitos se esforçam em vão segundo a carne, em exercícios e disciplinas rigorosos que nada aproveitam para produzir a verdadeira santidade que procede do alto, de Deus, segundo o Espírito Santo. É a isto que o apóstolo Paulo se refere em Colossenses 2:
“8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.
10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
11 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo,
12 tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.
13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;
15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados,
17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.
18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal,
19 e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.
20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças:
21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro,
22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem.
23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.” [Cl 2: 8-23]
É especialmente referindo-se a todo este esforço carnal em exercícios carnais, que nada aproveita para a verdadeira vida santa e piedosa, na qual devemos nos exercitar, que o apóstolo se dirigiu a Timóteo:
7 “Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade.
8 Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser.
9 Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação.”
[I Tm 4: 7-9]
Não se pode misturar o que é carnal com o que é espiritual e santo. O que é nascido da carne sempre será carnal, e não verdadeiramente espiritual.
A carne para nada aproveita aos propósitos santos de Deus, pois é somente o espírito quem vivifica e produz a referida santidade.
A santidade de Deus não é poluída pelo mal. Como nós chamamos de ouro puro aquele que não é misturado com nenhuma impureza, e roupa limpa aquela que está livre de qualquer sujeira, então a natureza de Deus é alienada de todas as sombras do mal, todo contágio imaginável.
A santidade é a retidão, ou integridade da natureza Divina em plena conformidade, tanto em relação à vontade Divina, quanto à Sua lei eterna.
Como não há trevas em Seu entendimento, também não há erro em Sua vontade; como Sua mente está possuída com toda a verdade, então não há desvio em Sua vontade.
Ele ama toda verdade e bondade, e odeia toda a falsidade e o mal. Em relação à Sua justiça, Ele ama a retidão.
“Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face”. [Sl 11: 7]
"Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal”. [Sl 5: 4]
Ele valoriza a pureza em Suas criaturas, e detesta toda a impureza, seja interior ou externa.
Podemos, de fato, distinguir a santidade de Deus de Sua justiça em nossas concepções - a santidade é uma perfeição absolutamente considerada na natureza de Deus; a justiça, uma perfeição como se referindo aos outros em Suas ações, para com eles e sobre eles.
A santidade é a perfeita fidelidade de Deus para consigo mesmo, com Sua essência imutável em bondade, amor, justiça, misericórdia.
Tudo isso e todos os Seus demais atributos não são apenas manifestações temporárias, mas realidades que estão presentes em todo o tempo em Sua própria essência, de modo que se diz, que Ele é amor, e não apenas que tem amor ou expressa amor.
Ele é de igual modo, justiça, misericórdia, longanimidade, alegria, força, poder, sabedoria e todas as demais virtudes em perfeição, que são realidades em Sua essência divina.
É no conjunto de todas estas virtudes que consiste o atributo singular da santidade. Ela é o que dá brilho a todos os demais atributos. É o que faz Deus ser em Si mesmo, luz, brilho, pureza, e tudo mais que O torna perfeitamente belo em Sua natureza.
Agora, por que estamos apresentando todos estes conceitos?
Simplesmente para tentar definir o indefinível, a saber, a natureza e a essência de Deus?
Não, evidentemente; é sobretudo para sermos dirigidos para o alvo que devemos atingir, pois fomos chamados em Jesus para sermos semelhantes a Ele em santidade. É para a perfeição da santidade que fomos vocacionados, de modo que nos é revelado em várias passagens da Escritura como, por exemplo, em I Pedro, onde se lê o seguinte:
“1 Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia”,
2 “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.” [1 Pe 1: 1,2]
Observe que é dito, que fomos eleitos, conforme a presciência de Deus Pai, mas em santificação do Espírito Santo, com o propósito da obediência e de sermos purificados pelo sangue de Jesus.
É para isso que aponta o propósito da conversão; da nossa chamada para sermos crentes, a saber, o de sermos completamente santificados pelo Espírito Santo - este trabalho é iniciado e avançado aqui na terra, e será concluído em perfeição no céu.
Então, a santidade é uma perfeição essencial e necessária em Deus, pois Ele é essencialmente e necessariamente, santo. E é para isso mesmo, que fomos chamados e vocacionados.
Não pode haver vida abundante e glória eterna sem santidade. A santidade de Deus é tão necessária quanto Seu ser; tão necessária quanto Sua onisciência - como Ele não pode deixar de saber o que é certo, então não pode deixar de fazer o que é justo.
Observe mais uma vez, que é para alcançar isso que somos chamados, uma vez que fomos criados para sermos à Sua imagem e semelhança, em santidade.
Então, a santidade deve ser entendida, mais como sendo uma fruição de um ser santo, do que um esforço para fazer escolhas acertadas, e rejeitar as que seriam erradas.
O que queremos dizer com isto, é que quando a fonte é limpa, a água que dela flui será também limpa. Se não formos santificados, não poderemos produzir atos e pensamentos santos.
Faça-se primeiro boa a árvore e então, o fruto também será bom, pois a árvore má não pode produzir bons frutos.
Assim como é no natural, também é ainda muito mais no espiritual; por isso a oferta daquele que não estivesse santificado, não poderia ser considerada limpa e aceita por Deus.
Primeiro, somos ordenados a nos reconciliarmos com nossos irmãos, vencendo todo tipo de amargura e mágoa em nosso interior, e somente depois, nos apresentarmos diante do Senhor para adorá-Lo - assim nos foi ensinado diretamente por Jesus, quanto ao modo como devemos nos encontrar para sermos aceitos por Deus.
Primeiro, confessar e abandonar o pecado, e somente depois se aplicar na adoração e obra de Deus.
Poucos dão a devida atenção a esta exigência da santidade e justiça de Deus, e se aplicam à Sua obra de maneira inadequada, pensando que tanto eles quanto suas ações podem ser aceitáveis, enquanto o vaso se encontra sujo.
Se somos vasos de honra para o Senhor, por sermos crentes de fato, todavia, o vaso deve estar limpo para ser usado por Ele, conforme somos ensinados em várias passagens, tanto do Velho quanto do Novo Testamento.
Precisaríamos de uma palavra mais clara e direta do que a seguinte, para sermos convencidos de que Deus requer de Seus filhos ,que eles sejam realmente santos?
“15 Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
16 Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão a impiedade ainda maior.
17 Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto.
18 Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.
19 Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.
20 Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra.
21 Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra.
22 Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” [1 Tm 2: 15-22]
Esta pureza é de caráter evangélico, enquanto estivermos aqui neste mundo, pois não seremos jamais bons e santos, no sentido absoluto em que Deus o é imutavelmente em Sua natureza.
É pelo sangue de Jesus e por meio da fé nEle, que somos aproximados de Deus. Não temos outro caminho de acesso, senão somente Ele e Seus méritos, todavia esta pureza de coração é algo que é exigido, pois toda aproximação a Deus deverá ser feita com um coração puro, uma boa consciência e uma fé não fingida.
É necessário que o façamos com humildade e contrição de espírito, uma vez que aqui somos ainda imperfeitos e pecadores, desejando, chorando, e clamando para sermos santificados em todo o nosso corpo, alma e espírito.
Este coração puro evangélico tem mais a ver, com a sinceridade e nosso empenho em andar na presença de Deus, mediante estrita observância da Sua Palavra, e aplicação em aprendê-la para cumpri-la realmente, do que com simples religiosidade externa, ou qualquer outra forma de procedimento com o intuito de se agradar ao Senhor.
Ele olha para o coração, e habita com aquele que é de espírito contrito e treme da Sua Palavra. Como já dissemos antes, somente Ele próprio pode gerar isto em nós, e o fará quando formos de fato, sinceros em nossa busca da Sua face, para fazer aquilo que seja da Sua vontade.
É dito com muita propriedade, que quanto mais somos santificados, mais enxergamos o quanto somos pequenos e falhos, e quanto Deus é perfeito e sublime - mas esta descoberta, que é produzida em nós pelo Espírito Santo à luz da Palavra, não é para nos desanimar ou desencorajar; ao contrário, é para que possamos avançar ainda mais na santificação, abandonando nossas faltas, e agir com um coração que seja conforme o do próprio Jesus.
Enquanto houver em nós esta verdadeira atitude, de querer honrar e agradar a Deus em tudo, Ele sempre nos receberá em Seus átrios para adorá-Lo e servi-Lo.
Não poderia ser de outra forma, pois é somente na luz que podemos ver a Sua luz.
A luz revela a nossa sujeira para que a limpemos, e nos apresentemos purificados a Deus, pelo sangue de Jesus, conforme o dizer do apóstolo:
“Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra.”
[2 Tm 2: 21]
Em sentido prático, muito desta purificação consiste na separação, que a presença e o amor de Cristo impõe entre aqueles que são Seus, e os que são do mundo. E, mesmo entre os que são Seus é ordenado, que se separem daqueles crentes que andam desordenadamente, não privando da comunhão com eles, para que se arrependam.
No próprio texto da passagem de 2 Timóteo 2, que acabamos de destacar, o apóstolo Paulo se refere a isto dizendo o seguinte:
“Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” [ 2 Tim 2: 22]
A própria palavra “igreja” no original grego, “eklesia”, possui o prefixo ek, que significa “tirar para fora”. Então, literalmente se refere, a assembléia daqueles que foram tirados para fora do mundo, para servirem a Deus.
Este é um trabalho realizado não somente de forma exterior, mas também em nosso interior pelo Epírito Santo, dando cumprimento àquela palavra de Jesus, de que veio trazer uma espada de separação, mesmo dentro das famílias nucleares, onde aqueles que O seguissem, seriam separados para seguirem um rumo diferente daqueles que se colocassem em oposição a Ele.
Muitos crentes tentam violar esta realidade imposta por Cristo, buscando reconciliação com os que procedem de modo mundano, tentando ter comunhão com eles, como se fosse possível haver tal coisa entre luz e trevas; e não poucos se colocam em jugo desigual com os incrédulos, praticando as mesmas obras que eles tanto amam, com o fim de não desagradá-los. Mas, caso não se desviem com isso, o final sempre será de decepção e desilusão, porque não se pode unir aquilo que Deus separou, assim como não se pode separar o que Ele juntou.
Santidade
Parte 4
Meus amados, estaremos dando prosseguimento ao assunto da santidade, e como em tudo é exigido de nós separação e pureza, importa explicarmos o significado desta separação e pureza à luz do evangelho, pois estamos incumbidos da mesma missão que Jesus veio cumprir neste mundo, a saber, a de proclamar e oferecer o perdão, o amor, a misericórdia, a libertação das trevas, do pecado e do diabo, e proclamar todas as demais bênçãos do evangelho, aos pecadores.
Então, como se pode conciliar ordenanças bíblicas que podem parecer díspares, como as seguintes:
1) a de não nos assentarmos e nos determos no caminho dos pecadores e na roda dos escarnecedores; com a de pregar o evangelho a toda criatura?
2) a de fugirmos daqueles que vivem na impiedade, como veremos daqui a pouco na passagem de 2 Timóteo 3: 1-5; com a de amarmos até mesmo os nossos inimigos, orar pelos que nos perseguem e abençoá-los, mas nunca amaldiçoá-los?
Muitas outras aparentes ordenanças contraditórias são encontradas na Bíblia, mas como dizemos, são apenas aparentes, porém não verdadeiramente contraditórias, pois o que deve ser distinguido em todas elas é que, quando se fala em separação, o sentido não é necessariamente o de algo que deve ser feito quanto à presença física, ou aproximação física, mas a não seguir o mesmo espírito, a não praticar as mesmas coisas e, a não concordar com aquilo que segue na contramão da vontade divina.
O apóstolo se refere à impossibilidade de haver comunhão entre luz e trevas, e do crente com o incrédulo. Todavia, esta é a realidade imposta a espíritos que se encontram sob influências distintas, a saber, um sob a luz e outro sob as trevas, um sob Deus, e outro sob o diabo - e não que somos impedidos de ir aos que se encontram nas trevas com o intuito de resgatá-los das trevas para a luz, e do domínio de Satanás para o de Deus, conforme a ordenança que foi dada por Jesus, a Paulo, que se encontra registrada em Atos 26, pois é justamente esta a missão do evangelho, da qual todos os crentes são encarregados.
Jesus veio ao mundo, não para condená-lo, mas para salvá-lo. O evangelho que devemos pregar, a ninguém condena, senão a rejeição do mesmo.
Nosso sentimento então, deve estar voltado para a conversão e salvação dos pecadores, e não para sua condenação eterna.
Então, devemos ter esta verdade sempre diante de nós, enquanto meditamos sobre as coisas que são ditas sobre a realidade tenebrosa do mundo, especialmente nestes últimos dias, e sobre as coisas terríveis que sobrevirão a todos aqueles que vivem na prática da iniquidade, resistindo à vontade de Deus.
Na sequência da passagem de 2 Timóteo 2, que apresentamos em nossa exposição anterior, o apóstolo Paulo nos diz na introdução do capítulo 3, o seguinte:
“1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis,
2 pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,
3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem,
4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus,
5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.” [2 Tm 3: 1-5]
A multiplicação da iniquidade no mundo sempre cresceria, até chegar ao que foi apontado pelo Espírito Santo, através do apóstolo.
E, porventura isto não é uma verdade, que temos presenciado ao longo da história da humanidade; especialmente em nossos dias, em que parece que tal profecia foi dada particularmente para essa época?
Qual foi o motivo principal de sermos alertados por Deus sobre este estado de coisas, senão, como o próprio texto nos ensina, a nos prevenirmos, não seguirmos o mesmo espírito que opera no mundo, e vigiarmos contra isto, de modo a não cairmos de nossa firmeza na graça?
Se não houvesse o perigo de nos desviarmos de Deus por causa da influência do mundo; qual seria o proveito em sermos avisados sobre este estado de coisas?
Somos enviados para o meio de lobos, e por isso devemos ser simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes - porém, entre os lobos existem muitas ovelhas que precisam ser achadas e resgatadas para o Senhor; por isso necessitamos estar preparados para receber os ataques provenientes dos lobos com muita paciência, longanimidade, e misericórdia, confiando e esperando totalmente pela fé, no livramento que nos virá da parte do Senhor.
Não são apenas as coisas agradáveis, que o mundo presente procura envolver a humanidade como um todo. A velocidade com que a comunicação pode ser realizada atualmente, tem contribuído muito para que padrões de comportamentos ímpios sejam espalhados sob a falsa capa da busca de paz e segurança.
O que se oferece é segurança e paz no viver fundadas no que o apóstolo profetizou pelo Espírito Santo, na passagem que acabamos de citar, e não na justiça e verdade divinas.
É em meio a muito egoísmo, avareza, jactância, arrogância, blasfêmias, desobediência, ingratidão, irreverência, falta de afeição, implacabilidade, calúnia, falta de domínio própro, crueldade, inimizade ao bem e a Deus, traição, atrevimento, orgulho, e busca insaciável de prazeres carnais, que tal paz e segurança têm sido buscadas pelo mundo e implantadas nele - e em meio a tudo isso é que a obra da pregação do evangelho deve prosseguir, até que Jesus volte.
É pelo silenciamento de boas consciências pela imposição de regras e leis que ditam comportamentos contrários ao amor, pureza, justiça e bondade de Deus, que a humanidade em geral está buscando sua forma segura, mas ímpia, de viver.
Onde pode haver verdadeira paz na alma, ou na sociedade como um todo, quando tanta iniquidade como a citada, impera em todo o mundo?
Mas, um viver na graça, na paz, na justiça e no amor de Deus se impõe a nós em qualquer circunstância, mesmo quando o mundo estiver chegando ao ápice da medida da sua iniquidade, com tanta imoralidade, crueldade, impureza, torpeza, e todo tipo de mal extremado agindo ao nosso redor, e as pessoa transmitindo aparência de estarem muito felizes com isto.
Devemos ser Noés em nossos dias, para que possamos vencer todo o mal e cumprir a vontade do Senhor.
Não podemos deixar ser levados pelo falso argumento do mundo, de que não há qualquer mal em sermos mundanos, pois afinal estamos no mundo e todos são pecadores.
Todavia, se estamos no mundo, não somos do mundo; e se somos pecadores, não somos no mesmo sentido dos demais, que não temem e amam a Deus.
Os que são ímpios e réporobos não se arrependem de seus pecados, mas nós, não somente nos arrependemos, como nos entristecemos por eles, gememos e lutamos para deixá-los, de modo que não venhamos a entristecer e apagar o Espírito Santo.
Não admira que seja tão intensa e constante a propaganda para se evitar toda forma de discriminação nestes dias, chegando mesmo a ser classificado como um crime, fazer separação entre bem e mal, e luz e trevas, pois segundo o mundo tudo é o mesmo, e erram aqueles que buscam evitar a outros por causa de práticas e hábitos diferentes dos que são seus.
Tudo deve ser incorporado, inserido - este é o grande esforço do mundo para abraçar a todos debaixo do mesmo lençol.
Ora, somos alertados pelo Senhor em relação a isto, que o mundo nos odiaria por sermos diferentes e não atendermos aos seus apelos, para nos entregarmos àquelas práticas que são sabidamente contrárias à vontade de Deus.
Estamos no mundo mas não pertencemos a ele.
É pela instrução do Espírito Santo, que saberemos a quem receber e a quem evitar, o que poderá ser momentoso ou permanente, pois muitos poderão mudar de posição por meio da operação da graça divina; e assim como Deus passará a recebê-los, é nosso dever agir do mesmo modo. Por isso precisamos de comunhão permanente com Jesus, para que possamos discernir tudo adequadamente, pelo Espírito.
Vemos assim, que a santidade inclui muito mais do que simplesmente sermos aperfeiçoados em abandonar nossos pecados, pois exige também este relacionamento adequado com todas as pessoas, com discernimento e intenso amor ao próximo, na busca do bem eterno da sua alma.
Muitas vezes, crentes lutaram pelo bem eterno daqueles que não o buscavam para si mesmos, e triunfaram com suas orações em favor deles, com o bom testemunho que deram.
O crente deve orar por todos, suportar ofensas, amar até mesmo inimigos, porém não deve fazê-lo através dos mesmos artifícios que os mundanos usam para estarem em acordo com todos, pois o crente nunca deve abandonar sua função de ser sal e luz do mundo; pois como poderia sê-lo quando perde o sabor, ou a capacidade de iluminação?
Temos um referencial seguro para seguir, que é o da santidade perfeita de Deus, que emana da própria pessoa do Senhor. Somos não somente convocados, mas ordenados para isto, pois Jesus diz que devemos ser perfeitos assim como o Pai é perfeito, e que devemos fazer Sua vontade perfeitamente aqui na Terra, do mesmo modo como ela é feita no céu, pelos santos aperfeiçoados e pelos anjos.
Não há segurança e paz para o crente, a não ser no próprio Deus, por isso somos ordenados a não colocarmos nosso motivo de viver em qualquer criatura, que inclui até mesmo, aqueles que nos são mais queridos e próximos.
Um espírito puro é aquele que está desmamado do mundo e da dependência sentimental, emocional e espiritual de qualquer criatura, tendo apenas a Deus como sua rocha firme e inabalável, o que implica numa separação do espírito, de tudo o que é terreno, para estar ligado unicamente ao Senhor - e toda forma de ligação espiritual com outros crentes deve, necessariamente proceder da nossa ligação espiritual com Jesus, e ser uma mera consequência dessa ligação do ramo, com a Videira verdadeira.
Mas, como já dissemos anteriormente, somente Deus é absolutamente santo, e toda santidade que possuímos neste mundo é de caráter evangélico, a saber, pela infusão da graça perdoadora e santificadora do evangelho de Jesus Cristo.
“Não há santo como o Senhor; porque não há outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus”.
[1 Sam 2: 2]
Esta é a glória peculiar de Sua natureza; como não há ninguém bom, senão Deus, então não há nenhum santo, senão Deus.
Nenhuma criatura pode ser essencialmente santa, porque é mutável; a santidade é a substância de Deus, mas na criatura, uma qualidade e acidente.
Deus é infinitamente santo; criaturas são finitamente santas. Ele é santo de si mesmo, as criaturas são santas por derivação dEle.
Ele não é apenas santo, mas santidade; santidade no mais alto grau, é sua única prerrogativa.
Como o mais alto céu é chamado o céu dos céus, porque abraça em seu círculo todos os céus, contém a magnitude deles, e tem uma maior vastidão acima de tudo que envolve, assim é Deus, o Santo dos santos; Ele contém a santidade de todas as criaturas juntas, e infinitamente mais.
Como toda a sabedoria, excelência e poder das criaturas, se comparadas com a sabedoria, excelência e poder de Deus é apenas loucura, vileza, e fraqueza; então a mais alta pureza criada, se colocada em paralelo com Deus, é apenas impureza.
“... Pois só tu és santo”... [Ap 15: 4]
Isto é como a luz de um verme brilhante, para a do sol.
Eis que Deus não confia nos seus servos e aos seus anjos atribui imperfeições; [Jó 4:18]
Embora, Deus tenha coroado os anjos com uma santidade sem mancha, e os colocado em uma habitação de glória, no entanto, tão ilustres como são, eles têm uma indignidade em sua própria natureza para aparecer diante do trono, de modo santo a Deus; sua santidade torna-se fraca e pálida em Sua presença.
É apenas uma sombra fraca daquela pureza Divina, cuja luz é tão gloriosa, que os faz cobrir seus rostos com fraqueza para contemplá-Lo, e cobrir seus pés por vergonha em si mesmos.
Eles não são puros superlativamente em sua visão, porque, embora amem a Deus tanto quanto podem, ainda assim, não tanto quanto Ele merece.
Eles O amam com o grau mais intenso, de acordo com seu poder, mas não com o grau mais intenso, de acordo com sua própria amizade, porque não podem amar a Deus infinitamente, a menos que fossem tão infinitos quanto Deus, e tivessem um entendimento de suas perfeições igual ao que Ele tem de Si mesmo, e tão imenso quanto Seu próprio conhecimento.
Deus, tendo um conhecimento infinito de Si mesmo, só pode ter um amor infinito a Si mesmo e, consequentemente, uma santidade infinita sem qualquer defeito, portanto, embora os anjos estejam isentos de corrupção, não podem entrar em comparação com a pureza de Deus, sem reconhecimento de uma obscuridade em si mesmos.
Além disso, Ele os acusa de insensatez e não confia neles, porque têm o poder de pecar, embora não o ato de pecar; eles têm uma possível insensatez em sua própria natureza para serem acusados.
A santidade é uma qualidade separável deles, mas é inseparável de Deus. Se eles não tivessem, a princípio uma mutabilidade em sua natureza, nenhum deles poderia ter pecado - embora os anjos eleitos nunca sejam mudados, ainda são mutáveis em sua própria natureza; sua posição firme em santidade é devida à graça, não à natureza.
Embora eles sejam preservados para sempre, não são, nem nunca podem ser imutáveis por natureza, pois então devem estar no mesmo fundamento do próprio Deus; mas eles são apoiados pela graça contra aquela mutabilidade da natureza que é essencial para uma criatura; só o Criador tem imortalidade, isto é, imutabilidade.
“Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória”. [1 Tim 3:16]
Isto que se diz dos anjos, também é aplicável a nós que somos criaturas morais, tanto quanto eles. É importante fixar bem esta verdade em nossa mente e coração, para que nunca pensemos que a perfeição de santidade, que se exige de nós é absoluta quanto à sua essência, do mesmo modo que é encontrada na pessoa de Deus.
Somente Ele é santo em essência, e nós, Suas criaturas, sempre por infusões da Sua graça em nós, porque temos uma natureza mutável, diferentemente dEle que é imutável. Somos mutáveis, porque precisamos crescer em conhecimento, sabedoria, e em tudo o que se refere a um ser amadurecido em santidade por Deus.
Um bebê não necessita crescer, até que se torne um adulto?
O mesmo se aplica a nós como seres espirituais, só que neste último caso, este crescimento nunca cessará, assim como ocorre no plano natural.
O que se infere disto, senão que quando algum crente se dá por satisfeito com a medida de santidade que alcançou, é porque está equivocado, ou ignora o que seja de fato, este crescimento espiritual que nunca cessa, apesar de ser possível se chegar ainda neste mundo, a um nível de maturidade espiritual do qual pode ser dito, que somos perfeitos, ou seja amadurecidos, para toda boa obra, assim como o apóstolo Paulo se refere a si mesmo na carta aos Filipenses; em que afirma o seguinte:
“7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.
8 Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo
9 e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;
10 para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;
11 para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.
12 Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.
13 Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,
14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
15 Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá.
16 Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos.” [Filipenses 3: 7-16]
Observe que ele diz, que não havia atingido a perfeição completa da santidade, e a plenitude soberana da vocação em Jesus, mas ao mesmo tempo fala de ser perfeito com os perfeitos.
O que isto significa, senão que na primeira citação de não ser perfeito, há uma consideração à nossa mutabilidade como criaturas que somos, e que ninguém possui a perfeição absoluta em essência e natureza neste mundo - e na segunda citação de ser perfeito, a referência aqui é ao estado de maturidade espiritual que ele havia alcançado, e que deve ser buscado por todos os crentes, quanto a chegarem ao significado e à prática da obra que Jesus Cristo realizou em favor deles, ou seja, ao conhecimento do verdadeiro evangelho, da aliança da graça, e do modo que convém viver para Deus em santo trato e piedade.
É uma verdade certa, que nenhuma criatura pode ser naturalmente imutável e impecável, já que Deus não pode criar nada realmente poluído e imperfeito.
É possível que a mais alta criatura possa pecar, pois é possível que seja aniquilada; e pode não se tornar santa.
A santidade de uma criatura pode ser reduzida a nada, assim como sua substância, mas a santidade do Criador não pode ser diminuída, obscurecida, ou ofuscada.
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. [Tg 1: 17]
É tão impossível que sua santidade seja apagada, como sua Deidade deveria ser extinta, porque qualquer criatura que tenha essencialmente tais qualidades, não pode ser despojada delas, sem que seja de sua essência.
Como um homem é essencialmente racional; se ele cessa de ser racional, ele cessa de ser homem.
O sol é essencialmente luminoso; se ele deveria tornar-se escuro em seu próprio corpo, deixaria de ser o sol.
Em relação a esta absoluta e única santidade de Deus, é três vezes repetido pelos serafins.
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”. [Is 6: 3]
A repetição tripla de uma palavra assinala a certeza, ou o caráter absoluto da coisa, ou a irreversibilidade da resolução, como:
“Ruína!
Ruína! A ruínas a reduzirei, e ela já não será...”
[Ez
21: 27]
Observa a certeza do julgamento também;
"Ai, ai, ai", três vezes repetido, significa o mesmo.
“E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar”. [Ap 8: 8]
A santidade de Deus é tão absolutamente peculiar para Ele, que não pode ser expressada nas criaturas, mais do que Sua onipotência, pela qual elas poderiam ser capazes de criar um mundo; ou a Sua onisciência, pela qual elas poderiam ser capazes de conhecer todas as coisas, e a Deus como Ele se conhece.
O que decorre então, dessa condição de ser Deus assim santo em Sua natureza, senão que devemos andar humildemente em Sua presença, reconhecendo não apenas a nossa total dependência dEle e da Sua graça, para que sejamos transformados progressivamente nos seres que Ele planejou que fôssemos, perante Ele em santidade?
“6 Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma?
8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” [Miqueias 6: 6-8]
Finalmente cabe destacar, que o propósito desta convocação a sermos santos e a caminhar humildemente com o Senhor é, sobretudo para o nosso próprio bem, e atingimento do alvo da nossa criação, pois não é possível estar em uma condição adequada e boa de alma, nos sentindo seguros, felizes, em paz, em toda e qualquer circunstância, a não ser unicamente por sermos santificados por Deus, para vivermos em união e comunhão real com Ele.
Santidade
Parte 5
Irmãos, se a santificação não tivesse um poder real para nos transformar, removendo a nossa iniquidade e colocando em seu lugar as virtudes que pertencem a Cristo; de que valor seria a morte e ressurreição do Senhor para nós?
Que tipo de salvador Ele seria de fato, uma vez que não tivesse o poder necessário para nos purificar, para a vida do céu?
Porque no céu não pode habitar nada impuro, assim não poderíamos sequer sonhar em ser futuros cidadãos do céu, caso não houvesse esta obra de purificação.
Muitos se iludem pensando, que depois da morte todos serão automaticamente purificados de todo pecado para ingressarem na nova vida celestial. Iludem-se, porque esta purificação não é algo acidental, mas um trabalho progressivo que é realizado naqueles que desejam ser santificados.
Não se edifica uma casa nova no lugar de uma velha, sem que esta última seja antes derrubada, para que a nova possa ser erguida - assim sucede no grande trabalho da santificação, que é operado naqueles que pertencem a Jesus.
O velho homem deve ser crucificado e ser despojado dele, para o recebimento e crescimento da nova criatura gerada pelo Espírito Santo.
Deus é tão santo, que não pode aprovar qualquer mal feito por outros e, se isto não O aborrecesse perfeitamente, não seria mais uma santidade gloriosa a que existe nEle.
“Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal”. [Salmo 5: 3]
Ele não apenas ama aquilo que é justo, mas abomina com perfeito ódio, todas as coisas contrárias à regra da justiça, de modo que tem fixado um dia em que cada um deverá ser julgado por Ele, por todas as suas obras, sejam boas, ou más.
Ele nos criou com uma disposição para a adoração, que deve ser dirigida exclusivamente a Ele. Então, quando há a recusa de adorar somente a Ele, esta inclinação será direcionada para a criatura, seja ela inanimada ou não.
Observe quão horrendo pecado é o daquele que se coloca na posição de ídolo, para ser adorado por outros. Sua culpa é ainda maior diante de Deus, do que a daqueles que o adoram, porque está roubando a glória que é devida somente ao Senhor.
O ídolo, seja ele qual for, humano ou quaquer outro, não é Deus. Não possui os atributos exclusivos da divindade, assim não passa de um falso deus criado na imaginação de seus adoradores, como se o fosse de fato - o Deus que é todo verdade não pode admitir e tolerar uma mentira.
Mas, como isto é algo tão generalizado em nossa época, especialmente no mundo ocidental em relação aos que são artistas e esportistas, torna-se banalizado e até mesmo admirado por muitos, que pensam erroneamente ser algo muito próspero e feliz, o ser adorado por outros.
Não é sem motivo que nosso Senhor nos adverte, a não buscarmos o aplauso dos homens, com um “cuidado” antecedendo Sua advertência, pois há grande perigo de ficarmos sujeitos aos juízos de Deus, quando o fazemos ou aspiramos a isto.
Também deve ser considerado, que a santidade não pode mais aprovar o pecado, do que pode cometê-lo, porque se deleitar com o mal no ato de outro contrai uma culpa, assim como a daquele que o cometeu, porque a aprovação de uma coisa é um consentimento à mesma.
Este parece ser o maior pecado que há no mundo presente, em que tantos que, apesar de não cometerem certas abominações, como são classificadas por Deus na Sua Palavra, no entanto as aprovam, seja por motivo de parecerem boas e toleráveis aos homens, ou por não enxergarem realmente nenhum mal nelas, ou por qualquer outro motivo.
Eles não levam em conta, que a aprovação de um mal em outra pessoa é um crime mais grave do que o ato em si, como aparece em Romanos.
“Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem”.
[Rm 1: 32]
Onde o “não somente” manifesta-se como uma culpa maior a ser contraída, por se ter prazer neles.
Todo pecado é agravado pelo deleite, porque ter prazer no mal, da ação de outro, mostra mais ardente afeição e amor ao pecado, do que o próprio praticante pode ter; o que nos ensina, que a obra da santificação deve ser realizada não somente em nossas ações, mas também em nossas intenções e inclinações.
Deus nos julga segundo o que está em nosso coração, e não apenas conforme o que se manifesta em nossas ações.
A natureza de Deus é tão santa, que ele não pode senão odiar o pecado, porque é mais oposto a ele, do que a luz às trevas.
“Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar”... [Hab 1: 13]
Ao pecador, a mentira pode ser considerada como algo inofensivo e natural, mas não é assim que é considerada por Deus, que é a verdade.
Quando alguém, sendo do sexo feminino afirma ser do sexo masculino, até mesmo autoridades terrenas podem aprovar tal comportamento, mas não pode e jamais será aprovado por Deus, porque não é algo que se funde na verdade.
Assim, este critério é passado por Ele sobre todas as demais coisas que são feitas presentemente, para a citada inclusão geral pretendida, onde todos teriam a escolha de definirem o que seja verdadeiro para eles, segundo seus próprios gostos.
Deus detesta que, ao que é mal chamem ou considerem como bem, e vice-versa. Luz é luz e treva é treva, positivo é positivo, e negativo é negativo, certo é certo, e errado é errado.
Não há esta coisa de cada um escolher a doutrina que melhor lhe convenha no evangelho, porque a verdade é absoluta, não possui áreas cinzentas em que numa época é possível afirmar, que a segurança da salvação é eterna, e em outra que esta pode ser perdida.
De alguns crentes seria requerida a santidade, enquanto que de outros não seria exigida.
O Deus que é imutável, tem uma vontade e santidade que são também imutáveis, quanto aos princípios estabelecidos para nosso procedimento diante dEle e dos homens.
Um amor de santidade, não pode ser sem ódio de tudo o que é contrário à mesma. É nisto que se funda o ódio de Deus ao pecado, pois Ele é perfeitamente santo.
A santidade odeia e se opõe à impureza, bem como a repele, porque não pode permitir ser destruída por ela.
Importa que a vida vença e não a morte; se a santidade é vida e o pecado é morte, então não é difícil entender porque Deus odeia o pecado.
Como Deus necessariamente ama a Si mesmo, visto que nada há nEle digno de reprovação ou falta, então Ele deve necessariamente, odiar tudo o que é contra Si mesmo - e como Ele ama a Si mesmo por Sua própria excelência e santidade, Ele deve necessariamente detestar tudo o que é repugnante à Sua santidade, por causa do mal da coisa em si.
Desde que Ele é infinitamente bom, não pode deixar de amar o bem, já que é uma semelhança consigo mesmo, nem pode deixar de aborrecer a injustiça, como sendo algo muito distante e contrário a Ele.
Se Ele tem alguma estima por Suas próprias perfeições, precisa ter uma aversão implacável a tudo o que é tão repugnante para Ele, que se fosse possível iria destruí-Lo; já que é um ponto dirigido, não só contra Sua glória, mas contra Sua vida.
É sabido, que o mal não pode gerar e sustentar a manutenção da verdadeira vida espiritual e santa, de modo que deverá ser erradicado do mundo, quando Jesus voltar para julgá-lo.
Deus é vivo. É a própria fonte da vida. Não é Deus de mortos, mas de vivos; então deve combater e extirpar o mal que é contrário em Si mesmo, à vida santa, abundante e celestial.
De tal sorte é o ódio que Deus tem ao pecado, que Jesus nos diz que seria melhor para nós cortarmos a mão direita, e arrancarmos o olho direito, do que tolerarmos e praticarmos o pecado.
Ele pagou com o preço da Sua própria morte para que fôssemos libertados do pecado; e como poderíamos justificar a prática ou permanênca de qualquer pecado em nós?
Mas, não é o grande mal desta época a tolerância e prática de coisas, que mais do que pecaminosas são verdadeiras abominações para Deus?
Banalizou-se o mal, e são poucos aqueles que buscam de fato, se apresentarem santificados a Deus em todo o seu procedimento.
O apóstolo Pedro foi ensinado diretamente por Jesus e pelo Espírito Santo, quanto ao modo como devemos viver neste mundo:
“10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas.
11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,
12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão.
13 Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.
14 Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis,” [II Pedro 3: 10-14]
Não se pode, também deixar de considerar que, caso Deus fizesse vista grossa ao pecado ou não o odiasse tanto, Ele colocaria em risco a continuidade da vida em amor, de todas as demais criaturas que amam a santidade e lhe permanecem fiéis, pois elas dependem inteiramente da graça de Deus e Suas perfeições em santidade, para que possam continuar sendo santas, e assim, tendo a vida eterna. A continuidade da vida depende então, da santidade, mais do que se possa pensar.
(2) Por isso mais do que tudo, Deus opera para que Seu povo seja santo; e em várias passagens das Escrituras afirma expressamente, que os crentes devem ser santos assim como Ele é santo.
Jesus orou em João 17, para que os crentes fossem santificados na verdade, pelo Pai. Paulo afirma expressamente, que a vontade de Deus para os crentes é a santificação em Cristo Jesus.
A santidade em nós depende essencialmente, de nossa comunhão com Cristo para um andar no Espírito Santo, porque Ele próprio se tornou da parte de Deus para nós, a nossa santificação.
Quanto mais alguma criatura é santificada, tanto mais é avançada na aversão daquilo que é contrário à santidade, portanto sendo Deus a mais alta, mais absoluta e infinita santidade, infinitamente odeia a falta de santidade; e sendo infinitamente justo, infinitamente abomina a injustiça; sendo infinitamente verdadeiro, abomina infinitamente a falsidade.
Tanto é assim, que os que não se arrependerem e não forem salvos serão submetidos a uma condenação eterna e infinita, em sofrimentos no inferno.
Assim como é da retidão da natureza de Deus, que Ele tenha um contentamento e satisfação na retidão;
“Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face. [Sl 11: 7]
Assim, é da mesma justiça de Sua natureza, que Ele detesta o que quer que seja moralmente mau, logo como Sua natureza é infinita, assim deve ser Sua aversão.
Aqui não devemos confundir a paciência, a misericórdia, e a longanimidade de Deus manifestadas na obra de graça de Jesus em nosso favor, com Sua aversão e ódio ao pecado, tanto que foi por esta aversão e ódio que Jesus sofreu terrivelmente em nosso lugar.
Assim, nenhum obreiro da iniquidade está isento disso.
“Os arrogantes não permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a iniquidade”. [Sl 5: 5)
Pois, não é pecado como nesta ou naquela pessoa, ou tão grande ou pequeno, mas o pecado, como o pecado é o objeto do Seu ódio divino.
Ele é um Deus ciumento da Sua glória.
“Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” [Êx 20: 5]
Uma metáfora tirada de maridos ciumentos, que não suportarão o menor adultério em suas esposas, nem Deus a menor deserção do homem, de Sua lei.
Todo ato de pecado é um adultério espiritual, negando que Deus seja o principal bem, e dando essa prerrogativa por aquele ato, a alguma coisa vil.
Ele odeia mais o pecado em Seu povo do que em Seus inimigos; Ele não os liberta de Sua vara, o testemunho de sua aversão a seus crimes; e quem semeia a iniquidade, ceifará a aflição.
Poder-se-ia pensar que Ele aceitou a escória deles, se não os refinasse, e amou a sujeira deles, se não os purificasse, mas por causa de Sua aversão aos seus pecados, Ele não os poupará da fornalha, embora por causa do amor aos Seus filhos em Cristo, os isentará do inferno.
Como a espada sempre desceu sobre a família de Davi, depois de seu indigno trato no caso de Urias, Ele cortou sempre e por algum tempo, alguns dos seus ramos?
Às vezes, Ele pune mais severamente Seu próprio povo nesta vida, do que outros.
Sobre a desobediência de Jonas, uma tempestade o persegue e um grande peixe o engole, enquanto o mundo profano vive em suas luxúrias sem controle.
Moisés, por um ato de incredulidade é excluído de Canaã, quando pecadores maiores atingiram essa felicidade.
Não é um castigo ligeiro, mas uma vingança que Ele aplica às suas invenções, e manifesta que odeia o pecado como pecado, não porque as piores pessoas o cometem.
“Tu lhes respondeste, ó Senhor, nosso Deus; foste para eles Deus perdoador, ainda que tomando vingança dos seus feitos”. [Sl 99: 8]
Talvez, se um homem profano tivesse tocado na arca, a mão de Deus não teria chegado tão de repente, mas quando Uzá, um homem zeloso, como pode ser suposto por seu cuidado para o apoio da arca cambaleante, sairia do seu lugar, Ele o atacaria por sua ação desobediente, ao lado da arca.
“Então, a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus”. [2 Sm 6: 7]
O Senhor jamais permitirá que Sua santidade seja invadida e desonrada; que ela seja considerada coisa comum, e Suas ordens em relação ao modo com que devemos nos aproximar dEle podem ser quebradas.
Uzá foi fixado como um exemplo, de que Ele sempre julgará aqueles que quebrarem Seus mandamentos, ainda que sob uma intenção aparentemente boa e racional, como a daquele que tentou evitar a queda da arca da aliança.
Não devemos, portanto andar na presença de Deus de forma descuidada neste mundo, sob o engano de que não há nenhum mal em fazê-lo, porque Ele parece demorado, ou mesmo ignorar Seus juízos.
Mas, não nos enganemos, pois por Sua longanimidade pode fixar um juízo no momento mesmo do ato pecaminoso, e executá-lo somente vários anos depois, conforme a Bíblia está repleta de exemplos a esse respeito.
No ano de 1968 houve em todo o mundo a chamada “revolução ou rebelião cultural”, contra todos os costumes existentes até então, relativos à manutenção dos valores e da boa ordem na sociedade, conforme é da vontade de Deus. Os anos se passaram desde então, e chegamos ao estado em que nos encontramos presentemente, com um mundo ocidental totalmente irreverente e blasfemo.
É curioso pensar que, os que se encontram na faixa de maior mortalidade pelo coranavirus eram os jovens que capitanearam aquele movimento rebelde em 1968, e passaram a agir no sentido da quebra dos valores antigos desde então.
As crianças e os mais jovens de hoje estão sendo relativamente poupados, pois o juízo foi determinado sobre aqueles, daquela geração ímpia. Estes, que têm sido poupados, se permanecerem na prática da iniquidade, também serão julgados, e até mesmo por juízos mais rigorosos.
Nós vemos um exemplo disso com o povo de Israel, que saiu do Egito com Moisés. No espaço de 40 anos, todos os que eram daquela geração ímpia tombaram no deserto, e seus filhos foram poupados - mas, quando estes permaneceram na prática da impiedade como seus antepassados, o juízo também os alcançou, conforme podemos ver, sobretudo nos dois cativeiros, Assírio e Babilônico, que os dispersaria por todo o mundo.
O ódio de Deus é universalmente fixado contra o pecado, e o odeia naqueles que não caem sob a Sua eterna ira, porque são assegurados pelos braços do Redentor, por quem a culpa é eliminada e a sujeira deve ser totalmente lavada; Ele odeia seu pecado, e não pode deixar de odiá-lo, mas os ama por serem unidos como membros do Mediador e Cabeça da Igreja.
Um homem pode amar um membro gangrenado, porque é o membro do seu próprio corpo, ou um membro de uma relação querida; mas detesta a gangrena nele, mais do que naqueles com quem ele não está tão preocupado.
Embora o ódio de Deus pelos crentes seja removido pela fé, na satisfatória morte de Jesus Cristo, Sua antipatia contra o pecado não foi tirada por esse sangue...; não, porque isto seria impossível.
Esta repulsa de Deus ao pecado foi devidamente ensinada por Jesus. Ele disse que deveríamos odiar nossa vida neste mundo, para podermos ser Seus discípulos.
O que isto quer significar, senão que devemos detestar a condição de haver ainda em nós, enquanto neste mundo, o chamado pecado inerente ou residente, conforme é descrito pelo apóstolo, no sétimo capítulo da epístola aos Romanos?
E não somente pelo nosso próprio pecado, mas por todo o pecado que há neste mundo, especialmente nos ímpios?
Aqui, não é nenhum lugar para uma permanente alegria sem sombras, pois é dito que bem-aventurados são os que choram. Quem anda em justiça e santidade há de lamentar, pela condição pecaminosa que é uma realidade sempre presente aqui embaixo.
Qual tem sido a nossa percepção desta vida?
É a mesma que existe em Deus?
Há consciência de um combate permanente, que é travado entre luz e trevas?
Há consciência da necessidade de se sair vitorioso nesta luta, por meio da graça e fé em Jesus?
Há uma consciência da necessidade de vigilância e oração constante da nossa parte, para que tal propósito possa ser atingido?
Ou somos distraídos o bastante pela carne, pelo mundo, e pelo diabo, para não sermos diligentes em nossa santificação, mas negligentes até mesmo, a ponto de esquecer de Deus e da Sua Palavra?
Onde estiver o nosso tesouro, também estará o nosso coração?
O que é o nosso tesouro; o que é terreno, ou o que é celestial? O que é natural, ou o que é espiritual?
Aquilo que amarmos passará a ser o senhor do nosso coração!
Por nossas inclinações e escolhas pode-se determinar e definir quem é, de fato o nosso senhor, se Deus ou Mamom. Se o nosso ego, ou a cruz. Se o velho homem, ou a nova criatura em Cristo Jesus.
Qual é o vento que move o barco da nossa vida; o do Espírito Santo, da Palavra de Deus, e da fé, ou meramente o da racionalidade e sabedoria humana, da riqueza e força humanas?
Enfim, os ventos que sopram e são deste mundo, ou aquele que procedeu do alto céu?
Os crentes coríntios eram movidos pela filosofia grega, e Paulo os classificou de carnais, porque pretendiam entender a vida cristã definindo-a pela filosofia deste mundo, e não pelo ensino do Espírito Santo.
Hoje, o trono dos corações de muitos crentes já não é mais ocupado pela filosofia, mas pela psicologia, onde tudo começa com o homem e termina com o próprio homem, assim Deus e a fé em Jesus ficam do lado de fora; nenhuma negação do ego, nenhuma cruz, nenhuma renúncia. Nenhuma consagração. Nenhum viver pelo que é invisível por meio da fé, mas pelo que é visível.
Não é de se admirar, que se veja tão poucas vidas realmente santificadas em nossos dias. Há muita escória no ouro, e já não se pode mais perceber qualquer brilho nele.
Estes são os dias da grande apostasia, que ocorrerá próxima à volta do Senhor, e devemos vigiar contra isto, aumentando a nossa devoção a Deus e à Sua Palavra; sobretudo nestes dias em que tantos devaneios e paixões são apresentados diariamente diante de nós, quer no mundo real ou virtual.
Quantos não procuram viver de emoções passageiras, de arroubos de alegria carnal manifestada das mais variadas formas, quer solitariamente, quer em ajuntamentos para toda forma de folguedos.
Certamente, nunca foi a vontade do Senhor que vivêssemos de tal forma, em ilusões e naquelas coisas que mais servem para nos afastar dEle, do que para nos aproximar, e para sermos de fato, úteis a Ele e ao nosso próximo.
Aos ricos que viviam regaladamente em seus dias, desconsiderando a realidade do mal não somente neles, mas ao seu redor, Jesus disse o seguinte:
“24 Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação.
25 Ai de vós, os que estais agora fartos! Porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar.
26 Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas.” [Lc 6: 24-26]
Dos ricos nosso Senhor disse, quão difícil é para eles entrarem no reino dos céus, no entanto não poucos fixam a sua esperança de felicidade nas riquezas deste mundo.
Mas, veja com que grupo Jesus contrasta estes ricos:
“20 Então, olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
21 Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir.
22 Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do Homem.
23 Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu; pois dessa forma procederam seus pais com os profetas.” [Lc 6: 20-23]
A realidade é que nossa condição neste mundo, seja ela qual for, é apenas transitória. Não é pelo que somos aqui, em termos de posses, poder, ou qualquer outra condição terrena que devemos ser avaliados, mas pela santidade que houver em nós, por causa da nossa união com Jesus.
Observe o exemplo que Ele nos deu nas parábolas do rico e do mendigo, e a do homem rico que ajuntava em celeiros e não se importava com Deus e Sua vontade.
Sabemos os destinos distintos que couberam a eles - o que teve um viver venturoso eterno vivia como miserável neste mundo.
Agora, devemos ser miseráveis, para sermos ricos na eternidade?
Não, de modo nenhum, porque o que o Senhor queria destacar é, que é pela riqueza da graça que temos, e não pela riqueza de coisas materiais e terrenas que seremos considerados cidadãos do reino dos céus.
Somos chamados a juntar tesouros no céu, e não na terra. A pensarmos nas coisas do alto e não nas que são do mundo - isto faremos se for no céu que estiver o nosso tesouro, porque é onde este está, que se encontra o nosso coração.
Avaliemo-nos constantemente, sondemos nosso coração por esta regra, e corrijamos o nosso rumo, sempre que for necessário, e tudo irá bem conosco, quer na vida presente, quer na futura.
Santidade
Parte 6
Amados, em um mundo promíscuo como o dos nossos dias, devemos sempre trazer em lembrança que Deus não pode deixar de odiar mais a impureza, do que deixar de amar a santidade; se Ele aprovasse, pelo menos instantaneamente qualquer coisa que fosse imunda, naquele momento desaprovaria Sua própria natureza e ser, e haveria uma interrupção do amor a Si mesmo, que é tão eterno, quanto infinito.
Como Ele poderia amar qualquer pecado que seja contrário à Sua natureza, ainda que por um momento, sem odiar Sua própria natureza, que é essencialmente contrária ao pecado?
Daí ser dito, que aquele que ama o mundo se faz inimigo de Deus, porque Seu amor ao mundo, a ponto de nos ter dado o próprio Filho unigênito, não é amor ao mundo de pecado, mas aos que estão no mundo, mas não são do mundo - os que Ele deu a Cristo.
Por isso o reino de Jesus não é, nem poderia ser deste mundo, conforme os ditames e regras ímpias do mundo que não consideram neles, qual seja a vontade de Deus.
E não há qualquer exagero nesta afirmação, porque bem sabemos o quanto o mundo odeia a simples ideia de se negar, para seguir a vontade de Jesus, conforme tudo o que Ele nos apresenta como, por exemplo, no sermão do Monte.
O mundo chega a debochar de muitas das afirmações que Ele faz no referido sermão, como o dever de amar os inimigos, de se oferecer a outra face, e de buscar o reino de Deus e Sua justiça em primeiro lugar etc.
Assim, dois contrários não podem ser amados ao mesmo tempo; primeiro, Deus deve começar a odiar a Si mesmo, antes de poder aprovar qualquer mal, que seja diretamente oposto a Ele.
Na verdade, nós somos transformados com uma tentação, às vezes a acariciamos, e às vezes testificamos uma indignação contra ela, mas Deus é sempre o mesmo, sem qualquer sombra de mudança, e
"Deus é justo juiz, Deus que sente indignação todos os dias”. [Sl 7: 11] - isto é, ininterruptamente na natureza de Sua ira, embora não nos efeitos dela, pois a retém e adia o juízo, na expectativa de que haja arrepedimento dos ofensores.
De fato, Deus pode ser reconciliado com o pecador, mas nunca ao pecado, pois então deveria renunciar a Si mesmo, negar Sua própria essência e Sua divindade, caso Sua inclinação para o amor do bem, e aversão do mal pudesse ser mudada, se Ele sofresse o desprezo de um, e encorajasse a prática do outro.
Se Deus não fosse tão santo, e não exigisse uma completa santidade em nós, jamais encontraríamos passagens como estas na Bíblia:
“14 Fazei tudo sem murmurações nem contendas,
15 para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,
16 preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.” [Fl 2: 14-16]
“4 Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
5 Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.
6 Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.
8 Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
9 O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.” [Fl 4: 4-9]
“9 Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual;
10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;
11 sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria,
12 dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.” [Cl 1: 9-12]
“1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.
5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;
6 por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].
7 Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas.
8 Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar.
9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos
10 e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
11 no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.
12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.
13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;
14 acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.
15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.
16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.
17 E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” [Cl 3: 1-17]
Se fôssemos destacar todas as passagens que nos concitam a uma completa santidade, destacaríamos quase toda a Bíblia, e por isso não se pode duvidar de que seja, de fato, a vontade de Deus para conosco, que nos santifiquemos mais e mais.
Deus é tão santo, que não pode deixar de amar a santidade nos outros. Não que Ele deva alguma coisa à sua criatura, mas provém da indizível santidade de Sua natureza, de onde fluem as afeições para todas as coisas que possuem uma semelhança com Ele; como a luz emana do sol, ou de qualquer corpo resplandecente, é essencial para a infinita justiça de Sua natureza, amar a justiça onde quer que Ele a veja.
“Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face”. [Sl 11: 7]
Ele não pode, por causa de Sua natureza, senão amar aquilo que tem alguma conformidade com ela, que é o esboço de Sua própria sabedoria e pureza. Ele não pode deixar de se deleitar com uma cópia de Si mesmo; Ele não teria uma natureza santa, se não amasse a santidade em toda a natureza, e a Sua própria natureza seria negada, se ela não afetasse tudo o que tenha um selo de Sua própria natureza. sobre ela.
Isto não se trata de uma questão nocional, de um ato de escolha de se unir ao que é santo, antes é uma lei da própria vida espiritual; que os semelhantes se atraiam e os opostos se repilam, e vale tanto para o reino da luz, quanto para o das trevas.
Luz ama luz, e treva ama treva. Os maus se inclinam para os maus e rejeitam os bons, e estes fazem justamente o oposto.
Todo o tom das Escrituras, do início ao fim é o da santidade de Deus, e o modo como lidou com as nações à luz da santidade que é requerida por Ele.
A própria nação eleita de Israel ficou sujeita a muitos juízos corretivos e punitivos, em razão de não dar a devida consideração à santidade que se exigia deles. Para deixar bem marcado para o período da dispensação da graça, que seguiria ao do Antigo Testamento, no qual, o Senhor adiaria muitos dos Seus juízos para o Dia do Juízo Final, e se mostraria totalmente longânimo e paciente para com as pessoas de todas as nações, até a volta de Jesus para julgá-las, Ele deixou devidamente registrado nas páginas do Velho Testamento, o quanto odeia o pecado, ama a justiça, e sujeita à punição todos aqueles que não se arrependem e não se convertem a Ele, para que possam ser santificados.
Foram séculos sucessivos, de ações de juízo e revelações, ao lado das boas promessas do evangelho para aqueles que viessem a crer em Jesus, e serem purificados de seus pecados.
Deus criou o homem para ter comunhão amorosa com Ele, e como isto não pode ser feito senão em santidade de vida, esta se impõe como necessária para o cuprimento do referido propósito.
Há um prazer que brota espontaneamente e instantaneamente, quando duas pessoas cheias do Espírito se encontram. Há mais do que uma concordância de pensamento entre elas, pois o que as move é, sobretudo a atração espiritual que há em suas naturezas santificadas - por isso, a santificação é a condição básica para que possamos ter comunhão com Deus.
Ele não pode sentir-se unido e ter prazer, em quem não está santificado, porque Sua natureza santa se inclina e o move para o que é santo, e se afasta do que é carnal e mundano.
Na verdade, não havia nada fora de Deus que pudesse convidá-Lo a manifestar tal bondade para o homem, como fez na criação, mas depois que Ele havia carimbado essa natureza racional com uma justiça conveniente para isso, era impossível, senão que Ele deveria amar ardentemente essa impressão de Si mesmo, porque Ele ama Sua própria Deidade, e consequentemente todas as coisas que são faíscas e imagens dEle.
Deus é tão santo, que não pode positivamente desejar ou encorajar o pecado em ninguém.
Como Ele pode dar qualquer incentivo, àquilo que Ele não pode no mínimo, aprovar ou olhar sem repugnância, não apenas o crime, mas o criminoso?
A luz poderia antes, ser a causa de trevas, do que a própria santidade ser a causa da falta de santidade, absolutamente contrária a ela - é uma contradição, que Aquele que é a Fonte do bem deva ser a fonte do mal; como se da mesma fonte brotassem correntes doces e amargas, salgadas e potáveis.
“Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso? [Tg 3: 11]
Já que qualquer bem no homem reconhece Deus como seu autor, segue-se que os homens são maus por sua própria culpa.
Não há necessidade de homens serem incitados, àquilo a que a corrupção de sua própria natureza os move tão poderosamente. A água tem um princípio forçado em sua própria natureza para carregá-la para baixo; não precisa de força para acelerar a moção:
“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”.
“Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz”. [Tg 1: 13, 14]
Todos os preparativos para a glória são de Deus.
“a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão”, [Rm 9: 23]
Mas é dito;
“Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição”, [Rm 9: 22]
Mas de Deus não é dito restaurá-los; eles, por suas iniquidades se ajustam à ruína, mas por Sua longanimidade, têm a destruição adiada por algum tempo.
O pecado original transmitiu a toda a descendência de Adão uma natureza corrompida, que se inclina sempre para o mal e não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar.
É em razão do pecado residente que há em todo crente, que o acompanhará durante toda a sua jornada terrena, que todo o estado de santificação que houver em nós sempre será o resultado de uma luta contra a carne; do Espírito contra nossa inclinação natural carnal, de modo que a vontade de Deus possa se estabelecer em nós, não apenas nos dando vitória sobre a carne, como também nos inclinando para as coisas que são celestiais, espirituais e divinas, de modo que todo o nosso prazer seja achado somente nelas.
É sobre este pecado residente, que o apóstolo Paulo discorre no sétimo capítulo da epístola aos Romanos, e sobre o qual John Owen escreveu um excelente tratado intitulado “Resquícios de Pecado nos Crentes”.
Deus não pode comandar qualquer injustiça. Como toda a virtude é resumida em um amor a Deus, toda a iniquidade é resumida em uma inimizade para com Deus - toda obra má declara um homem um inimigo de Deus.
“E
a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no
entendimento pelas vossas obras maligna”,
[Cl
1: 21]
Tudo isso deveria nos levar a refletir melhor, sobre a validade da expressão comumente usada que afirma, que “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”, sobretudo quando há uma noção incorreta, de que o amor ao pecador é inalterável e o mesmo da parte de Deus para com ele, independentemente se vive ou não na prática do pecado.
Em nenhuma parte da Bíblia, achamos qualquer tipo de apoio para este modo de pensar; muito ao contrário, sempre acharemos uma convocação séria da parte de Deus, para que todos se arrependam e vivam de forma santa e piedosa, pois os que não se submeterem a esta regra ficam imediatamente sujeitos aos Seus juízos. Então, o amor se manifestará, especialmente no caso de crentes, em formas de correções dolorosas, como aquelas que os pais aplicam a seus filhos.
Além disso, se Deus pudesse comandar em Sua criatura qualquer coisa, que tenha alguma inimizade contra Ele, então implicitamente indicaria em certa medida, que odiava a Si mesmo.
Deus nunca pode odiar a Si mesmo, portanto não pode comandar qualquer coisa que seja odiosa para Ele, que sirva de escândalo para afastar Suas criaturas.
O que pode ser mais absurdo do que imaginar, que a infinita Bondade deveria ordenar uma coisa contrária a si mesma, e ao dever essencial de uma criatura, e ordená-la a fazer qualquer coisa que evidencie uma inimizade à natureza do Criador, ou uma depreciação de Suas obras?
Deus não pode deixar de amar a Si mesmo e a Sua própria bondade; Ele não seria bom de outra forma, portanto não pode ordenar que a criatura faça qualquer coisa oposta a essa bondade, ou prejudicial à própria criatura, como é a injustiça.
É muito importante cohecermos devidamente este pricípio existente na natureza de Deus, para que não confundamos supostos atos de “bondade”, que na realidade não passam de iniquidade, com a verdadeira bondade, que necessariamente deve estar conformada ao que existe na natureza de Deus, porque Ele é fonte de toda bondade verdadeira e permanente.
Deus deve ser amado acima de tudo e de todos, porque importa obedecer primeiro a Deus do que aos homens, especialmente naquelas coisas em que há um desacordo entre a vontade de Deus e a dos homens.
O próprio mandamento de se honrar os pais, deve ser temperado e medido pelas demais ordenanças divinas, pois se a honra exigida pelos pais contrariar a vontade de Deus revelada em Sua Palavra ou onde não houver um mandamento específico, a orientação e direção que nos for dada pelo Espírito Santo; importa desagradá-los neste caso, e não ao Senhor.
Aqui, se aplica o princípio de não poder servir a dois senhores de vontades díspares.
Jesus foi muito claro e direto quanto à prioridade absoluta, que a vontade de Deus deve ter sobre nossas vidas:
“26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo”. [Lc 14: 26,27]
Qual a razão de tudo isto, senão que é uma exigência da própria natureza santa de Deus, que tendo nos formado e chamado para sermos dEle e servi-Lo, só poderemos atender a esta demanda, se formos de fato santificados?
É por um viver santo e piedoso que sempre buscaremos fazer a vontade de Deus, no lugar daqueles que nos são queridos, ou que tenham autoridade sobre nós; e até mesmo, no lugar da nossa própria vontade - e não por obrigação ou imposição, mas voluntariamente, por amor a Ele, conforme seremos capacitados por Sua graça e mover do Espírito Santo, a fazê-lo.
Aqui é que se verifica, se estamos realmente santificados, pois nossa santificação é evidenciada na prática, pela nossa obediência às ordenanças de Deus. É em nosso procedimento diária, nas diversas situações da vida, que evidenciamos para nós mesmos e os demais crentes, o quanto somos de fato, santificados por obediência à Palavra.
É disto que o Senhor se agrada. É este o significado mais elevado e nobre, do que se chama de “viver pela fé”. Não somente cremos na Sua Palavra, não somente a estimamos, mas a obedecemos.
Jesus revelou o caráter da Sua própria santidade em Seu ministério terreno, em função da perfeita obediência que tinha à vontade do Pai.
Ele mostrou o caminho que devemos seguir; Suas pegadas estão marcadas em todo o Seu ministério revelado na Bíblia.
É com renúncia à nossa própria vontade, mas ter prazer completo em obedecer à vontade do Senhor, que devemos caminhar neste mundo, pois assim que será feito de maneira perfeita no porvir.
De Jesus é dito, na epístola aos Hebreus, que foi aperfeiçoado na obediência em tudo o que sofreu, e em João 17 diz que, para que fôssemos santificados na verdade, Ele santificara a Si mesmo.
Ora se Ele era perfeito em tudo e sem pecado, como poderia esta obediência e santificação serem entendidas como purificação, conforme é também em nosso caso, senão como a obediência perfeita e sujeição em mansidão e voluntária, que manifestou em relação a toda a vontade do Pai, na realização da obra que fez em nosso favor?
Assim, também nós, não poderemos ser achados aprovados por Deus, tendo o testemunho de Lhe ter agradado, se não o fizermos para a Sua exclusiva glória, em obediência à Sua vontade no ministério que nos tiver designado, e isto em santidade de vida.
É evidente, para que não haja conflito de vontades, de modo a ser anulada toda a nossa obra e aceitação, que a vontade à qual sempre deveremos renunciar será à nossa e à dos outros, e nunca à de Deus.
Fazer o contrário é escolher a maldição e não a bênção; escolher o caminho das trevas e não o da luz, o insucesso e não a vitória.
E, ainda que isto não seja claramente revelado a nós neste mundo, a eternidade o manifestará, e veremos que a nós se aplicavam as palavras de Jesus dirigidas à Igreja de Laodiceia:
“15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” [Ap 3: 15-19]
Ora, se há tal correção para os que se proclamam servos de Jesus e foram justificados por meio da fé nEle, onde comparecerá o ímpio não convertido no Dia do Juízo?
Se o juízo do Senhor começa pelos que são da Sua casa, onde comparecerão aqueles que são estranhos a Ele?
“Ah! Deus respeita nossas escolhas.”
“Nós que nada temos a ver com Ele, e que não aceitamos Seu governo, certamente seremos deixados à vontade e em paz por Ele.”
“Aqueles que O seguem é que devem ter cuidado para não ofendê-Lo ou não O servirem relaxadamente. Afinal, é o patrão deles e não o nosso.”
Quantos no mundo não pensaram deste modo, e agora estão em um suplício eterno no inferno!
Esqueceram, ou não sabiam um detalhe muito importante; Deus é o Criador de todo ser moral, e demanda uma resposta favorável de obediência a Ele, a todos os que tem criado.
Os desobedientes e resistentes à Sua vontade se encontram condenados, e o juízo entrará imediatamente em vigor após a morte deles. Assim, a santidade não é uma exigência opcional, mas uma ordenança absoluta, pois a justiça demanda uma perfeita consonância da santidade da criatura com a santidade de Deus.
É somente em Cristo, que se pode suprir a deficiência dos pecadores nesta parte, de modo que Ele se apresenta, tanto para ser a justiça quanto a santidade deles, para que sejam aceitos por Deus Pai.
Basta lermos qualquer passagem da Bíblia, e logo percebemos a santidade de Deus.
“1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir;
2 para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados.
3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais.
4 Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
5 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.
6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
8 Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.
9 E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
10 Havendo-te, pois, o SENHOR, teu Deus, introduzido na terra que, sob juramento, prometeu a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, te daria, grandes e boas cidades, que tu não edificaste;
11 e casas cheias de tudo o que é bom, casas que não encheste; e poços abertos, que não abriste; vinhais e olivais, que não plantaste; e, quando comeres e te fartares,
12 guarda-te, para que não esqueças o SENHOR, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão.
13 O SENHOR, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome, jurarás.
14 Não seguirás outros deuses, nenhum dos deuses dos povos que houver à roda de ti,
15 porque o SENHOR, teu Deus, é Deus zeloso no meio de ti, para que a ira do SENHOR, teu Deus, se não acenda contra ti e te destrua de sobre a face da terra.
16 Não tentarás o SENHOR, teu Deus, como o tentaste em Massá.
17 Diligentemente, guardarás os mandamentos do SENHOR, teu Deus, e os seus testemunhos, e os seus estatutos que te ordenou.
18 Farás o que é reto e bom aos olhos do SENHOR, para que bem te suceda, e entres, e possuas a boa terra a qual o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a teus pais,
19 lançando todos os teus inimigos de diante de ti, como o SENHOR tem dito.
20 Quando teu filho, no futuro, te perguntar, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos, e juízos que o SENHOR, nosso Deus, vos ordenou?
21 Então, dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó, no Egito; porém o SENHOR de lá nos tirou com poderosa mão.
22 Aos nossos olhos fez o SENHOR sinais e maravilhas, grandes e terríveis, contra o Egito e contra Faraó e toda a sua casa;
23 e dali nos tirou, para nos levar e nos dar a terra que sob juramento prometeu a nossos pais.
24 O SENHOR nos ordenou cumpríssemos todos estes estatutos e temêssemos o SENHOR, nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como tem feito até hoje.
25 Será por nós justiça, quando tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante o SENHOR, nosso Deus, como nos tem ordenado.” [Deut 6: 1-25]
Santidade
Parte 7
Amados, nosso Senhor Jesus Cristo definiu aqueles que o amam, como sendo apenas os que guardam os Seus mandamentos. Há embutido nestas palavras, um princípio real e imutável quanto ao que move de fato o nosso desejo de fazer a vontade de Deus, cumprindo Seus mandamentos - é o nosso amor sincero a Ele.
Quem não amar o Senhor, não terá o único motivo que nos leva a combater todo tipo de pecado, interior ou exterior. É pelo temor de desagradá-Lo e decepcioná-Lo, que seremos sempre cuidadosos em nosso procedimento, uma vez que o nosso amor por Ele é tão forte, que doeria em nós saber que estamos ofendendo o nosso Amado, ainda que de forma involuntária.
Então, se somos ainda da natureza do sabugueiro selvagem, necessitamos ser exertados na Oliveira santa, para sermos transformados em boa árvore, pois somente tal árvore pode dar bons frutos para Deus. É em nossa conversão a Ele que passamos a amá-Lo de fato, como convém.
“43 Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto.
44 Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
45 O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.
46 Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” [Lc 6: 43-46]
Amados, eis aqui declarada, a essencialidade da santidade, a qual é ligada à natureza do ser santificado. Em Deus é imanente, como já vimos antes, mas em nós é infundida pela graça.
Em Jesus está habitualmente como a raiz e o tronco da videira, mas nós, os ramos, dependemos de receber a seiva que procede da raiz e do tronco para sermos santos.
Primeiro devemos ser feitos boas árvores pela conversão, para que possamos dar o fruto da santificação. Se alguém permanece como árvore má, a saber, não convertido a Deus, jamais poderá dar o bom fruto que somente as boas árvores podem dar.
Jesus fecha a metáfora com a conclusão ou aplicação, de que este bom fruto é evidenciado pela nossa obediênca a Ele na condição de ser o nosso Senhor; condição esta de senhorio, que será somente confirmada pela nossa obediência real a Ele, e Seus mandamentos.
Os Seus principais mandamentos para nós é que nos neguemos, e confiemos nossa vida e vontade inteiramente a Ele.
Que nos convertamos a Ele nascendo de novo, do Espírito Santo, para a vida de santificação a ser operada pelo mesmo Espírito. Se isto que é essencial faltar, tudo o mais será em vão e inócuo, pois a árvore continuará sendo árvore má, e incapaz de dar o bom fruto da obediência a Deus.
Não são poucos, aqueles que procuram relativizar a verdade, assim como Pilatos no passado que, quando Jesus lhe falou que veio dar testemunho da verdade, Pilatos, ironicamente perguntou retoricamente, o que era a verdade, uma vez que para ele era algo que cada um tem a sua própria, naquilo que considera verdadeiro para si mesmo. Mas, por mais que alguém se esforce para desconsiderar o fato de que há uma verdade absoluta, conforme a que é encontrada em Deus, a própria natureza trazida à existência pelo Criador dá testemunho, de que há o que é bom, assim como há o que é mau; que há o que é verdadeiro e o que é falso.
Não é o caso dos frutos, que mesmo sendo bons, quando vêm a ficar estragados perdem a cor, a textura e o aroma agradável, passando a ter não somente um aspecto e cheiro desagradáveis, como também um gosto insuportável.
Deus associou o estado ruim a que passou a ter o fruto na podridão, para que nos afastássemos dele com aversão, de modo a não sermos acometidos por enfermidades, caso o consumíssemos.
Quando alguém posui uma visão, olfato e tato saudáveis, pode perceber e evitar o que estiver estragado, e de igual modo, quem tiver os sentidos espirituais saudáveis, por um andar no Espírito Santo poderá identificar e evitar o que estiver, por assim dizer, estragado moralmente.
Este é apenas um pequeno exemplo, mas bastante o suficiente para apoiar a afirmação, de que há o que é bom e o que é ruim.
E, quanto ao que é falso e o que é verdadeiro, multiplicam-se os exemplos no próprio universo físico, em que um diamante verdadeiro é facilmente distinguível de um falso, feito com vidro.
O segundo não tem a dureza e o brilho do primeiro, portanto não pode receber a classificação de ser um diamante.
Aplique-se este princípio ao que é santo e justo, e ao que é profano e ímpio.
Não se pode perceber, uma nítida diferença de comportamento entre o que é verdadeiramente santo, e aquele, que mesmo professando ser santo, possui um procedimento ímpio?
Daí Jesus ter dito, que é pelo fruto que se conhece a natureza da árvore, ou seja, se ela é boa ou má. Ele não pretendia ensinar sobre árvores, mas sobre pessoas.
A metáfora foi empregada com o intuito de nos ajudar a entendermos, que tipo de pessoa temos sido; se bom ou mau - o que será determinado, sempre pelo tipo de fruto do nosso procedimento diário.
Nós somos aquilo que pensamos e fazemos; ou amamos, ou não amamos a Deus e Seus mandamentos.
Mas como amaremos, com o mesmo amor que Jesus nos ama, se não formos primeiro santificados?
Quantos pretendem entrar no reino de Deus, e não entrarão conforme é dito por Jesus, porque lhes falta a motivação correta!
Eles querem ser crentes, querem ir para o céu, mas não para serem novas criaturas e santificados, não por amarem a Deus e Sua Lei; então, não é de se estranhar que não entrarão no reino de Deus, apesar da alegação de que desejam nele entrar.
Mas, qual é a importância prática do conhecimento destas verdades, para os que já se encontram dentro do reino? Eles não estão seguros na graça de Jesus, de modo que, conforme Sua promessa nunca os lançará fora?
Aqui está outra forma incorreta de se considerar nossa relação com o Senhor. Não fomos salvos meramente para escapar da condenação eterna, mas para servir a Deus em santidade de vida.
Estas coisas são apresentadas para nossa meditação e reflexão, de modo a sermos convencidos de que, se há um destino eterno horrível, aguardando aqueles que foram desobedientes a Deus, rejeitando a graça do evangelho - quanto então, não devemos nos esforçar, não para manter a salvação, se já somos salvos, mas para viver do modo que seja inteiramente agradável ao Senhor, a fim de que tenhamos uma vida de vitória neste mundo, sobre o diabo e o pecado, de maneira que Ele seja realmente glorificado por nossas boas obras.
Somos convertidos para uma forma de viver santa e piedosa. Não somos convertidos para que fiquemos sentados confortavelmente, esperando a hora de desfrutar as maravilhas do céu, já que será uma consequência de termos crido em Jesus, e termos sido realmente regenerados e santificados pelo Espírito Santo.
Então, é nosso dever vigiar e lutar contra toda forma de pecado, porque não há pecado que não seja de algum modo voluntário; voluntário na raiz ou no ramo; voluntário por um ato imediato da vontade, ou por uma disposição natural, ou inclinação da vontade.
O pecado não é manifestado como algo ao qual um homem é violentado, sem qualquer concordância das faculdades da alma para aquele ato; na verdade não é um ato, mas uma paixão - um homem que é forçado, não é um agente, mas um paciente sob a força, mas que necessidade pode haver sobre o homem de Deus, desde que Ele implantou tal princípio nele, sendo transformado em boa árvore, de modo que não pode desejar nada, a não ser o que é bom, seja realmente ou aparentemente.
E, se um homem confunde o objeto, é sua própria culpa, porque Deus o dotou de razão para discernir, e liberdade da vontade de escolher sobre esse julgamento.
Embora seja para ser reconhecido que Deus tem um domínio soberano absoluto sobre Sua criatura, sem qualquer limitação, pode fazer o que Lhe agrada, e dispor dela de acordo com Sua própria vontade, como em;
"Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, paea do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?” [Rm 9: 21)
E conforme a igreja fala;
“Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos”;
[Is 64: 8]
Contudo, Ele não pode poluir qualquer criatura imaculada, em virtude daquele poder soberano, que Ele tem de fazer o que quiser com o que é Seu, porque tal ato seria contrário ao fundamento e direito de Seu domínio, que consiste na excelência de Sua natureza, Sua imensa sabedoria e pureza imaculada.
Qualquer domínio que é exercido sem as regras de bondade, não seria uma verdadeira soberania, mas uma tirania insuportável.
Deus deixaria de ser um Soberano legítimo, se deixasse de ser bom; e deixaria de ser bom, se Ele comandasse, necessitasse, ou por qualquer operação positiva, inclinasse interiormente o coração de uma criatura, diretamente àquilo que fosse moralmente mau e contrário à eminência de Sua própria natureza.
Mas, para que possamos melhor conceber isso, vamos considerar o homem em sua primeira queda, pela qual ele se sujeitou e toda a sua posteridade à maldição da lei e do ódio de Deus - não encontraremos nisto passos, seja de preceito, de força exterior, ou de impulsão interior.
A história simples da apostasia do homem, isenta Deus de qualquer interesse no crime como um encorajamento, e o exclui de qualquer aparência de suspeita, quando mostrou a ele a árvore que Ele reservara, como uma marca de Sua soberania, e o proibiu de comer do fruto dela. Ele apoiou a proibição com a ameaça do maior mal, a saber, a morte; que poderia ser entendida como implicando nada menos, que a perda de toda a sua felicidade, e nisso expressou uma certeza da perpetuidade de sua felicidade, se ele não se rebelasse e estendesse a mão para tomar e "comer do fruto". [Gn 2: 16, 17]
É verdade, que Deus deu àquele fruto uma excelência, “de ser bom alimento e agradável aos olhos”. [Gn 3: 6].
Ele tinha dado ao homem um apetite, por meio do qual era capaz de desejar um fruto tão agradável, de modo que o fruto em si mesmo, não continha qualquer coisa má, porque afinal, a árvore era também da criação de Deus.
Ao entendimento carnal soa como coisa, até mesmo não muito racional impedir que alguém coma algo que é bom para alimento. Todavia, nesta simples proibição encontra-se a chave de todo o fundamento da vida espiritual, e da nossa ligação com Deus, pois o que estava em foco não era uma simples proibição, nem mesmo a questão que se tratava ou não, de assuntos complexos e profundos.
A simplicidade do mandamento é a raiz de toda fidelidade, pois é sabido que aquele que é fiel no pouco, é também no muito.
O que estava sendo colocado à prova era muito mais do que uma simples obediência local, de um ato solitário de escolha de comer ou não comer, mas de se renunciar à própria vontade, para que não a nossa, mas a de Deus seja feita.
A vontade de Deus era que ele não comesse, e o homem decidiu comer, seguindo sua inclinação natural, e nisto não violou apenas um mandamento, mas mostrou-se inabilitado para aquela vida de comunhão com o Deus Santo, em cuja raiz exige de todo crente, que negue-se a si mesmo, tome a cruz, e que não faça a própria vontade, mas a de Deus.
A escolha da vontade do Senhor e a obediência a ela é o pressuposto básico para a santidade, porque o próprio Deus é sempre fiel a Si mesmo, nunca fazendo algo que seja contrário à Sua própria vontade.
Em Jesus tivemos o exemplo máximo desta obediência perfeita, que passa pela renúncia à própria vontade para que seja feita apenas a do Pai.
Quando há obediência, Deus infunde graças santificadoras à alma, para que seja encontrada naquele estado bom e santo, que a capacita a vencer todo o mal e a praticar tudo o que seja da Sua vontade - mas seria racional sequer admitir, que esta infusão de graças fosse concedida a rebeldes?
Sabemos pelas Escrituras e pela prática, que Deus pode fazê-lo, mas desde que haja arrependimento e conversão a Ele, porém enquanto o pecado reinar na casa pela livre escolha do homem, ele não pode contar com esta bênção estando em tal estado. Ele deve ser libertado pelo Filho para que possa ser livre, e então experimentar a graça da comunhão com Deus.
Daí sermos exortados a nos oferecermos a Deus como sacríficio vivo, para que nossa mente possa ser renovada por Ele.
“1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
[Rm 12: 1,2]
Como poderíamos cumprir aquilo que é esperado de nós, conforme o apóstolo expõe logo em sequência a estas palavras, caso não houvesse tal consagração a Deus da nossa parte, para que Ele efetue a renovação da nossa mente de mente carnal e mundana, para mente espiritual e santa?
“3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
4 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função,
5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros,
6 tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé;
7 se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;
8 ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria.
9 O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem.
10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;
12 regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes;
13 compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;
14 abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis.
15 Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.
16 Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos.
17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens;
18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;
19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.
20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.
21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” [Rm 12: 3-21]
A vida cristã se resume nisto e no cumprimento de muitas outras ordenanças, que estão registradas não somente pelo apóstolo Paulo em variadas passagens das Escrituras.
E, tudo o que foi escrito foi para nossa instrução e obediência, de modo que sejamos santificados pela Palavra de Deus, a ter o pensamento e procedimento em acordo com a mente de Cristo, pois para isso mesmo fomos tornados filhos de Deus, pelo Seu poder.
Santidade
Parte 8
Amados, em um assunto tão dífícil e complexo como o da santificação, devemos sempre pesar devidamente as várias facetas que o compõem, para que não fiquemos com uma compreensão parcial ou distorcida do mesmo.
Por exemplo, ao se falar na separação que está relacionada à santificação, não se deve considerar esta separação sem que se leve em conta os sentimentos e conceitos que tivermos quanto à sua execução, pois é evidente que não é uma separação santa, aquela que se faz com sentimentos de amargura ou outra forma de emoções, conceitos, etc., que nos levem a ter aversão à pessoa do pecador, em vez de aos seus pecados.
Lembremos que toda verdadeira santificação visa nos levar a obter o mesmo sentimento e caráte, que há em nosso Senhor, que bem revelou a nós, o que é, que há no coração divino, quando se revelou paciente a todos os pecadores, independentemente do grau de pecaminosidade deles, pois o que sempre odiou e ainda odeia são os pecados, e não os pecadores.
Numa equivalência proporcional, podemos estabelecer uma comparação entre o quanto Deus nos tem perdoado, tolerado, e sido paciente em tratar conosco, ainda que para Ele, o mínimo pecado seja odiado com um ódio infinito.
Ele não nos lança fora sem que nos dê continuamente, a oportunidade para o arrpendimento e conversão, pois não tem prazer na morte do ímpio, antes deseja que ele se converta e viva.
O que são os pecados e ofensas dos outros em relação a nós, para que os lancemos fora com ódio e amargura, contra suas pessoas?
Eles podem ser comparados com as ofensas que cometemos, que ainda temos cometido e cometeremos contra Deus?
Mas, em todo o caso, sempre deveríamos considerar, quer aqueles que se encontram presos a seus vícios e andam sem Deus no mundo, e nós mesmos, caso estejamos santificados; quão dura ingratidão e insensatez, ou melhor, loucura, é permanecer na prática do pecado e não lutar sincenramente contra ele, pois Jesus pagou um preço terrível de humilhação e morte em nosso lugar, para que fôssemos libertados do pecado, de maneira a não continuarmos mais a desonrar a Deus e à Sua Lei, conforme teremos oportunidade de considerar mais detalhadamente daqui em diante.
Amados, nós vimos na parte anterior que toda árvore má não pode dar bom fruto, e sobre este tipo de árvore Jesus disse que seu destino é ser cortada e queimada. O mesmo sucederá a todo ramo infrutífero na Videira Verdadeira.
Há uma dissolução determinada sobre tudo o que foi colocado debaixo da maldição de Deus, e sabemos que estas coisas que são dissolvidas são todas as que estão associadas ao pecado e à maldição que foi trazida à Terra e ao universo por causa do pecado.
Tudo está morrendo e morrerá, e será sujeito a uma condenação eterna, exceto o que se refere à nova criatura; àqueles que estão sendo resgatados do reino das trevas para o da luz, do domíno de Satanás para o de Deus - e, mesmo estes, enquanto neste mundo estão sujeitos a muitas aflições e tribulações, e gemem com todo o restante da criação, aguardando pela redenção final que ocorrerá somente por ocasião da volta de Jesus.
Então, é totalmente vã toda a expectativa de que haverá bom futuro e salvação, para aqueles que buscam apenas reformar suas vidas, através de remendos de comportamento, e não por uma mortificação do velho homem, e de um novo nascimento do Espírito Santo.
Tudo o que é desta criação antiga está destinado à destruição, em que os elementos abrasados desaprecerão em uma grande explosão, (nas palavras do apóstolo Pedro), para que aqueles que se santificaram, estejam no novo céu e nova terra onde habita a justiça.
Vivemos em meio a um mundo, que cada vez mais celebra a promiscuidade e combate severamente toda forma de padrão que seja santo e criterioso, a ponto de serem considerados chatos e invonvenientes todos aqueles, que pautam seu procedimento segundo as regras estabelecidas por Deus em Sua Palavra.
Bonito e conveniente para o mundo é o irreverente e o que tem ousadia suficiente, para quebrar os padrões e convenções antigos, que eram seguidos pela sociedade em geral, os quais se baseavam na cultura judaico-cristã. Eles estão prontos a aplaudir e, até mesmo a idolatrar e reverenciar aqueles que seguem na vanguarda para exibirem publicamente, a ousadia com que quebram as regras e padrões estabelecidos.
A esta geração, em todo o mundo, bem se aplicam as palavras do profeta Isaías no quinto capítulo do seu livro:
“1 Agora, cantarei ao meu amado o cântico do meu amado a respeito da sua vinha. O meu amado teve uma vinha num outeiro fertilíssimo.
2 Sachou-a, limpou-a das pedras e a plantou de vides escolhidas; edificou no meio dela uma torre e também abriu um lagar. Ele esperava que desse uvas boas, mas deu uvas bravas.
3 Agora, pois, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
4 Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas?
5 Agora, pois, vos farei saber o que pretendo fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que a vinha sirva de pasto; derribarei o seu muro, para que seja pisada;
6 torná-la-ei em deserto. Não será podada, nem sachada, mas crescerão nela espinheiros e abrolhos; às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela.
7 Porque a vinha do SENHOR dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta dileta do SENHOR; este desejou que exercessem juízo, e eis aí quebrantamento da lei; justiça, e eis aí clamor.
8 Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra!
9 A meus ouvidos disse o SENHOR dos Exércitos: Em verdade, muitas casas ficarão desertas, até as grandes e belas, sem moradores.
10 E dez jeiras de vinha não darão mais do que um bato, e um ômer cheio de semente não dará mais do que um efa.
11 Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta!
12 Liras e harpas, tamboris e flautas e vinho há nos seus banquetes; porém não consideram os feitos do SENHOR, nem olham para as obras das suas mãos.
13 Portanto, o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede.
14 Por isso, a cova aumentou o seu apetite, abriu a sua boca desmesuradamente; para lá desce a glória de Jerusalém, e o seu tumulto, e o seu ruído, e quem nesse meio folgava.
15 Então, a gente se abate, e o homem se avilta; e os olhos dos altivos são humilhados.
16 Mas o SENHOR dos Exércitos é exaltado em juízo; e Deus, o Santo, é santificado em justiça.
17 Então, os cordeiros pastarão lá como se no seu pasto; e os nômades se nutrirão dos campos dos ricos lá abandonados.
18 Ai dos que puxam para si a iniquidade com cordas de injustiça e o pecado, como com tirantes de carro!
19 E dizem: Apresse-se Deus, leve a cabo a sua obra, para que a vejamos; aproxime-se, manifeste-se o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos.
20 Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!
21 Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!
22 Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte,
23 os quais por suborno justificam o perverso e ao justo negam justiça!
24 Pelo que, como a língua de fogo consome o restolho, e a erva seca se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do SENHOR dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel.
25 Por isso, se acende a ira do SENHOR contra o seu povo, povo contra o qual estende a mão e o fere, de modo que tremem os montes e os seus cadáveres são como monturo no meio das ruas. Com tudo isto não se aplaca a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
26 Ele arvorará o estandarte para as nações distantes e lhes assobiará para que venham das extremidades da terra; e vêm apressadamente.
27 Não há entre elas cansado, nem quem tropece; ninguém tosqueneja, nem dorme; não se lhe desata o cinto dos seus lombos, nem se lhe rompe das sandálias a correia.
28 As suas flechas são agudas, e todos os seus arcos, retesados; as unhas dos seus cavalos dizem-se de pederneira, e as rodas dos seus carros, um redemoinho.
29 O seu rugido é como o do leão; rugem como filhos de leão, e, rosnando, arrebatam a presa, e a levam, e não há quem a livre.
30 “Bramam contra eles naquele dia, como o bramido do mar; se alguém olhar para a terra, eis que só há trevas e angústia, e a luz se escurece em densas nuvens.” [Is 5: 1-30]
Deus tem regras e padrões absolutos, que estabelece como dever de toda pessoa obedecê-los com temor e reverência; o que não será mudado jamais, porque até mesmo aquilo que Jesus revogou na Lei de Moisés, por ser prática civil e cerimonial da Antiga Aliança, se cumpriu plenamente nEle mesmo, na Nova Aliança, de maneira que não há mais a obrigação de ser praticado; todavi, Ele não revogou o princípio a ser aprendido em tais prescrições civis e cerimoniais.
Por exemplo, a distinção que a Lei exigia que fosse feita entre coisas limpas e imundas, aplicada a muitas situações, como a de não se alimentar de animais considerados imundos, ou de semear o campo com tipos de sementes diferentes, ou não se arar a terra com bois e jumentos sob o mesmo jugo; dentre muitas outras, tinham o propósito de ensinar didaticamente e para sempre, que o povo de Deus deve ser diferente quanto aos costumes promíscuos das nações pagãs, que não conhecem, temem, amam e servem a Deus.
Jesus tem Lei para Seu povo, de maneira que erram aqueles que se gabam, de que, a partir do momento que Ele fez vigorar uma Nova Aliança, todas as distinções que existiam na Lei de Moisés foram revogadas, e que o crente é livre para viver e agir do modo que julgar mais conveniente para ele.
Como dissemos antes, a não exigência da prática, não significa a remoção do princípio de distinção que ali se aprende, porque é exigido de todo crente um viver criterioso, não amando e seguindo o mundo.
Se o mundo considera esperto, o oportunista, o desonesto, e todo aquele que aufere vantagem para si à custa do prejuízo de outrem; como é possível conciliar tal forma de pensar e agir com o que a Palavra de Deus nos ordena? Vejamos as seguintes passagens, que destacamos a seguir:
“36 Balanças justas, pesos justos, efa justo e justo him tereis. Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito.
37 Guardareis todos os meus estatutos e todos os meus juízos e os cumprireis. Eu sou o SENHOR.” [Lv 19: 36,37]
O padrão de justiça de Deus exige equanimidade, equivalência, igualdade entre a medida padrão e a coisa a ser medida, de modo que um metro é a distância entre dois pontos, que corresponde ao padrão estabelecido como metro; o peso de um quilo deve corresponder ao citado padrão, e assim por diante.
A aplicação deste princípio se estende às diversas relações em que Deus impõe como justa, a correspondência entre as partes; por exemplo, a pureza e precisão da luz é determinada pela ausência de partes escuras na mesma - a do ouro, pela ausência de escórias; a da honestidade, pela ausência de práticas desonestas; de modo que por este princípio deve ser feita distinção entre o que é puro e impuro, e o que é santo e profano.
“8 Falou também o SENHOR a Arão, dizendo:
9 Vinho ou bebida forte tu e teus filhos não bebereis quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações,
10 para fazerdes diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo
11” e para ensinardes aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado por intermédio de Moisés.” [Lv 10: 8-11]
“23 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
24 Filho do homem, dize-lhe: Tu és terra que não está purificada e que não tem chuva no dia da indignação.
25 Conspiração dos seus profetas há no meio dela; como um leão que ruge, que arrebata a presa, assim eles devoram as almas; tesouros e coisas preciosas tomam, multiplicam as suas viúvas no meio dela.
26 Os seus sacerdotes transgridem a minha lei e profanam as minhas coisas santas; entre o santo e o profano, não fazem diferença, nem discernem o imundo do limpo e dos meus sábados escondem os olhos; e, assim, sou profanado no meio deles.
27 Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa para derramarem o sangue, para destruírem as almas e ganharem lucro desonesto.
28 Os seus profetas lhes encobrem isto com cal por visões falsas, predizendo mentiras e dizendo: Assim diz o SENHOR Deus, sem que o SENHOR tenha falado.
29 “Contra o povo da terra praticam extorsão, andam roubando, fazem violência ao aflito e ao necessitado e ao estrangeiro oprimem sem razão.” [Ez 22: 23-29]
“19 Portanto, assim diz o SENHOR: Se tu te arrependeres, eu te farei voltar e estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás a minha boca; e eles se tornarão a ti, mas tu não passarás para o lado deles.
20 Eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te salvar, para te livrar deles, diz o SENHOR;
21 “Arrebatar-te-ei das mãos dos iníquos, livrar-te-ei das garras dos violentos.” [Jr 15: 19-21]
Quanto à recepção para a conversão, Deus não faz qualquer acepção de pessoas; Ele salvará tanto o mais brando, quanto o pior dos pecadores, porém quanto à aprovação exige de todos também, sem qualquer exceção ou acepção, que andem dignamente diante dEle, de modo que aqueles que agirem contra esta regra serão reprovados, e distinguidos dos que forem aceitos, por serem estes últimos obedientes à Sua vontade, vivendo por meio da fé em Jesus, para ser o salvador e santificador deles.
Não é, portanto verdadeiro o argumento de que não há para Deus, qualquer diferença entre os homens perante Ele, porque afinal todos são pecadores.
Há pecadores, se podemos assim dizer, “pecadeiros” que têm prazer no pecado, e pecadores que detestam o pecado e se arrependem; os primeiros serão submetidos ao juízo de Deus, e já se encontram condenados eternamente, caso não venham a se arrepender quanto à posição em que se encontram.
Somos ensinados e advertidos clara e diretamente pela Bíblia, em diversas passagens, quanto a esta verdade. Bem farão e serão sábios todos os que lhe derem a devida consideração e obediência.
Mas, qual tem sido principalmente, a tendência da sociedade no mundo como um todo?
Ela segue este princípio apresentado?
Não, de modo algum; é cada vez mais crescente a imposição de um padrão diferente do de Deus, em que a inclusividade e não a distinção tem sido a regra, tanto para o que é impuro, quanto para o que é puro. Daí procede a proposta de uma só religião, sob o argumento de que todos os caminhos conduzem a Deus, e até mesmo os que não creem em qualquer Deus, ou que blasfemam de Deus devem ser aprovados, tolerados, aceitos como dignos da nossa companhia e privar da nossa intimidade, pela simples condição de serem humanos tanto quanto nós.
É por esta forma de se pensar que se tem observado, até mesmo o absurdo de se considerar pessoas que não se encontram à margem da sociedade, mesmo quando se dão à prática do roubo, do assassinato e de toda forma ofensiva com que possam tratar as demais pessoas, inclusive no próprio seio familiar.
De onde isto procede senão da promiscuidade, da iniquidade profetizada para os últimos dias, coforme se vê em várias passagens bíblicas?
A santidade de Deus aparece em Suas leis, como um legislador e juiz. Desde que o homem foi obrigado a estar sujeito a Deus, como criatura, e tinha a capacidade de ser governado pela lei, como uma criatura compreensiva e disposta; Deus deu a ele uma lei tomada das profundezas de Sua natureza santa, e adequada às faculdades originais do homem.
Pela lei, o homem aprende que sua vontade não é soberana, e deve estar submetida às leis que regem a sociedade, e muito mais às que emanam da parte de Deus. Toda criatura está sob governo, como é perceptível no selo que Deus colocou, até mesmo nos seres inanimados.
É dado ao sol sair da órbita que deve seguir?
O que seria dos demais seres na Terra, se agissem por sua própria conta?
De igual modo, Deus deu ao homem uma esfera de pensamento e ação na qual deve orbitar. Quando o homem se desvia desta órbita ordenada, o resultado é tragédia para ele, e os demais que são íntimos a ele.
Santidade
Parte 9
Meus amados, à medida que avançamos em nosso estudo sobre a santificação, nos deparamos sempre com novas facetas relativas à mesma, que não poderiam ficar de fora de um estudo que pretenda ser realmente abrangente sobre o assunto.
Nós estaremos vendo, particularmente nesta nona parte, como a pureza da santidade é evidenciada pela Lei de Deus - a isto nos ateremos, mas não sem fazer pelo menos duas considerações importantes sobre a santificação.
Primeiro, que necessitamos estar empenhados no bom combate da fé, usando as armas espirituais do amor, da justiça e da verdade, para que possamos ser bem-sucedidos, e assim sermos achados estando de fato, santificados.
Em segundo lugar, que não podemos esquecer em momento algum, como é muito comum acontecer, que toda a nossa santificação é dependente do amor de Jesus por nós, e do nosso amor por Ele.
Este amor deve ser manifestado e exercitado continuamente, pois sem isto, por maiores que sejam os nossos esforços na obra de Deus, seja para agradá-Lo ou abençoar os homens, tudo será em vão, caso falte este ingrediente principal do amor, que deve permear todos os nossos pensamentos, atos, emoções, e sentimentos; enfim, tudo aquilo que somos ou façamos.
É pelo amor de Jesus derramado pelo Espírito Santo em nossos corações, que somos dirigidos, instruídos e capacitados para sentir, agir e sofrer conforme o padrão requerido pelo Senhor a todos os Seus filhos.
Amados, as regras que Deus fixou no mundo, não são as resoluções da Sua vontade nua, mas resultam particularmente da bondade de Sua natureza; elas são nada mais, que as transcrições de Sua infinita aversão ao pecado, como Ele é o governador imaculado do mundo.
Sendo esta a propriedade mais adorável de Sua natureza, Ele a tem imprimido naquela lei, que teria inviolavelmente observado como regra perpétua para nossas ações, a fim de que pudéssemos a todo o momento pensar nessa linda perfeição.
Deus não pode ordenar nada, a não ser o que tenha alguma semelhança com a retidão de Sua própria natureza; todas as Suas leis, portanto cada parágrafo delas perfuma e brilha com isso.
“E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?”
[Dt 4: 8]
E, são comparadas com ouro fino, que não tem mancha nem escória.
“São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos”. [Sl 19: 10]
Essa pureza é evidente;
1. Na lei moral ou lei da natureza.
Na lei moral, que é dignificada com o título de Santa, duas vezes em um versículo.
“Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”, [Rm 7: 12] - Sendo a imagem expressa da vontade de Deus, como nosso Salvador era de Sua pessoa, e tendo uma semelhança com a pureza de Sua natureza.
As tábuas desta lei foram colocadas na arca, que como o trono de misericórdia, a saber, o propiciatório, era para representar a graça de Deus, então a lei deveria representar a santidade de Deus.
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”. [Sl 19: 1]
O salmista, depois de ter falado da glória de Deus nos céus, onde o poder de Deus é exposto ao nosso ponto de vista, introduz a lei, em que a pureza de Deus é evidenciada às nossas mentes.
“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices”.
“Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos”.
[Sl 19: 7, 8]
“Perfeita, pura, limpa, justa” são os títulos dados a ela.
A lei divina é mais clara na santidade, do que o sol é no brilho, e mais poderosa em si mesma para comandar a consciência, do que o sol para realizar a sua corrida.
Como a santidade da Escritura demonstra a divindade de Seu autor; então a santidade da lei é a pureza do Legislador.
(1) A pureza desta lei é vista em relação a isso; que ela prescreve tudo o que uma criatura deve ser para Deus, e para outros de sua própria posição e tipo.
A imagem de Deus é completa na santidade da primeira tábua, e a justiça na da segunda; que é intimado pelo apóstolo sendo a única regra do que devemos a Deus, e a outra sendo a regra do que devemos ao homem.
“e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”.
“Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros”. [Ef 4:24]
Os comandos dEle são frequentemente chamados “juízos”, nas Escrituras, porque julgam o bem e o mal justamente; e são uma luz clara para informar o julgamento do homem no conhecimento de ambos. Por isso, o entendimento de Davi foi iluminado, para conhecer todos os caminhos falsos e "odiá-los".
“Por meio dos teus preceitos, consigo entendimento; por isso, detesto todo caminho de falsidade”. [Sl 119: 104]
Não há nenhum caso que possa acontecer, que não encontre uma determinação da Lei, e ensine aos homens a maneira mais nobre de viver uma vida, como o próprio Deus.
Ela nos direciona para o mais alto fim, nos coloca a uma distância de todas as práticas vis e sórdidas, como propõe luz para o entendimento e bondade para a vontade.
Não tolera qualquer mancha na vida.
Nem mesmo um olhar impuro pode encontrar-se com qualquer justificação para Ele;
“Eu,
porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção
impura, no coração, já adulterou com ela”.
[Mt
5: 28]
E, nenhuma ira precipitada, em que Deus não franza a testa em reprovação.
“Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo”. [ Mt 5: 22]
Como ao Legislador nada falta como um complemento à sua bem-aventurança, assim à Sua lei nada falta, como um suplemento à Sua perfeição.
“Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu vos mando”. [Dt 4: 2]
O que nosso Salvador parece acrescentar à Lei de Moisés, não é um acréscimo para consertar quaisquer defeitos, mas uma restauração dos defeitos corruptos, com os quais os escribas e fariseus tinham eclipsado o brilho da Lei - eles reduziram parte de Sua autoridade, cortando seu império sobre o menor mal, e deixando seu poder apenas para verificar as práticas mais grosseiras.
Mas, Cristo a restaura no devido grau de sua soberania, e mostra as dimensões em que os homens santos de Deus consideraram-na como "excessivamente ampla", alcançando todas as ações, todos os movimentos, todas as circunstâncias que os atendem; cheia de tesouros inesgotáveis de justiça.
“Tenho visto que toda perfeição tem seu limite; mas o teu mandamento é ilimitado. [Sl 119: 96]
E, embora essa lei, desde a queda irrite o pecado, não é um menosprezo, mas um testemunho da justiça, que o apóstolo manifesta por seu "mas”.
“Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado”. [Rm 7: 8]
E, repetindo o mesmo sentido no v. 11, conclui no v. 12: “Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou”.
“Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”. [Rm 7: 11, 12]
A elevação dos corações pecaminosos dos homens contra a lei de Deus, quando ataca suas partes preceptivas e cominatórias, suas consciências evidenciam a santidade da lei e do Legislador.
Por sua própria natureza, é uma regra de direção, mas a natureza maligna do pecado é exasperada por ela; como uma qualidade hostil em uma criatura.
A pureza deste feixe de luz, e transcrição de Deus testemunha maior clareza e beleza do que as do sol.
(2) A pureza da Lei é vista também, na maneira de seus preceitos. Como prescreve todo o bem e proíbe todo o mal, assim ela impõe um, e bane o outro.
As leis dos homens ordenam coisas virtuosas; não tão virtuosas em si mesmas, mas úteis para a sociedade humana, das quais o magistrado é o conservador e o guardião da justiça.
As leis dos homens não contêm todos os preceitos da virtude, mas apenas os que são acomodados aos seus costumes, e úteis para preservar seu governo. O desígnio deles não é tanto tornar os homens bons, senão bons cidadãos; eles ordenam a prática daquelas virtudes que podem fortalecer a sociedade civil, e condenam somente aqueles vícios que a enfraquecem, mas Deus, sendo o guardião da justiça universal, não somente promulga a observância de toda a justiça, mas a observância dela como justiça.
Ele comanda aquilo que há somente em Si mesmo, ordena virtudes como virtudes, e proíbe os vícios como vícios, que são lucrativos ou prejudiciais para nós mesmos, assim como para os outros.
Comanda aos homens temperança e justiça; não como virtudes em si mesmas, mas para evitar a desordem e a confusão em uma comunidade; proíbe o adultério e roubo, não como vícios em si mesmos, mas como são intrínsecos à propriedade, não tão dolorosos para a pessoa que os comete, porém prejudiciais para a pessoa contra cujo direito eles estão comprometidos.
Sobre esta conta, talvez Paulo aplauda a santidade da lei de Deus em relação à sua própria natureza, como considerada em si mesma, mais do que faz justiça em relação ao homem, a bondade e conveniência para o mundo. [Rm 7: 12]
As leis dos homens não refletem a santidade de Deus, mas é vista claramente na Palavra de Deus, portanto não admira que a parte das sociedades no mundo que não amam ao Senhor, seja tão contrária à Lei de Deus, ou então, que a desconsidere como sendo algo necessário e útil para a vida de cada nação.
Não é incomum também, que isto ocorra em razão de muitos pecados, definidos como tais na Palavra de Deus, até mesmo como abomináveis, sejam justificados pelos seus praticantes como coisas lícitas e comuns, que em nada impedem a vida em sociedade como, por exemplo, o adultério, o homossexualismo, a fornicação, a embriaguez, e muitos outros que são geralmente aceitos e praticados por muitos, especialmente no mundo ocidental.
Então, por condenar o pecado, a Palavra de Deus é tida como inimiga do homem, e muitos a chamam inclusive de “ódio à humanidade”.
A sobriedade, sinceridade, retidão, seriedade, que são ordenadas aos homens como sendo a vontade de Deus para eles, não podem achar lugar em sociedades conhecidas mundialmente como corruptas, como muitas da América Latina, em que a prática da corrupção é tolerada, e até mesmo estimulada por muitos que ocupam o governo e o judiciário, havendo inclusive, sistemas montados para a obtenção de dinheiro fácil, e roubado do erário público - isto se reflete na sociedade, em que chega até mesmo a ser louvada a esperteza daqueles que, ainda que pelo engano e prejuízo do próximo, obtêm vantagens para si.
Segue-se na mesma linha, comportamentos ditos indecentes e licenciosos, quer na expressão cultural e artística, e nos modos de o povo se expressar em ajuntamentos em pancadões, bailes, shows, etc., com o propósito de se dar plena liberdade às paixões sensuais, sem que se dê atenção aos freios da consciência, que no caso de muitos se tornam perdidos, por causa de uma cauterização que lhes torna totalmente insensíveis ao que é pecaminoso.
2. Na lei cerimonial.
A santidade de Deus aparece também, além da lei moral, que acabamos de comentar, na lei cerimonial; na variedade de sacrifícios pelo pecado, em que se declara Sua aversão pela injustiça.
Esta lei cerimonial da Palavra de Deus não é para ser mais aplicada pela humanidade, pois foi cumprida em Jesus, de quem esta lei era um tipo, para nos ensinar que não podemos ser santos diante de Deus, sem sermos justificados e purificados pelo sacrifício de Jesus, e que devemos ser criteriosos em distinguir o que é santo do que é profano, uma vez tendo sido regenerados e santificados pelo Seu sangue, como já comentamos antes - que a lei cerimonial continha também, outros mandamentos em que o principal objetivo era o de nos ensinar a fazer distinção entre coisas limpas e imundas, e a separar o que é precioso do que é vil.
Havia então, distinção entre alimentos limpos e imundos, e várias lavagens cerimoniais para serem cumpridas, a fim de representarem a santificação total de vida tanto exterior, quanto interior, que Deus exige de nós.
3. Nas aquisições anexas, para mantê-las, e na assiduidade para impedir a quebra da mesma.
Além da lei moral e cerimonial há também, na lei, tanto promessas de bênçãos quanto ameaças de penalidades e maldições, de modo que todos saibam que o mal será visitado por juízos de Deus, assim como o bem será recompensado por Ele, e tudo com vistas a nos incentivar a um viver santo e justo.
Deus exalta Seu amor à justiça em todas as promessas, e Seu ódio do pecado em todas as ameaças.
4. Nos julgamentos infligidos pela violação da mesma.
Sua santidade aparece no julgamento infligido pela violação desta lei.
A santidade divina é a raiz da justiça divina, e a justiça divina é o triunfo da santidade divina.
"Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice”.
“Porque o SENHOR é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face.” [Salmo 11: 6, 7]
Bem, à luz de todas estas considerações apresentadas anteriormente, algum de nós ousaria pensar ou dizer, que o mundo está certo em aceitar todo tipo de prática e comportamento, e reprovando todo tipo de distinção entre o que é santo e profano, e o que é limpo e imundo?
Se alguém não chegar ao entendimento correto aqui embaixo, saberá convenientemente, quer para o bem ou para o mal, a verdade sobre este assunto quando o Senhor estabelecer Seu tribunal no Dia do Juízo, para julgar vivos e mortos.
Santidade
Parte 10
Meus amados, nós estamos discorrendo sobre o modo como a Lei de Deus e Seus juízos evidenciam a pureza da Sua santidade. E, na exposição deste assunto é muito importante fixarmos marcos norteadores, para não cairmos num posicionamento legalista, em que se despreza a obra da graça de Deus na salvação, ou então, indo para outro extremo, nos tornarmos antinomistas, pela compreensão incorreta, que o fato de estarmos na dispensação da graça, nos desobriga completamente da necessidade de observar a Lei divina.
No entanto, este postulado conceitual não é suficiente para um adequado entendimento da santificação em seu sentido prático, pois o que é mais comum de ocorrer presentemente, em especial por parte dos crentes, é a dificuldade de encontrar um ponto de equilíbrio, que ajuste a verdade à realidade, ou seja, que não sejamos dominados por uma visão distorcida, de que a santificação consiste em uma perfeita conformidade prática, com toda a Lei santa de Deus.
Se esta é a condição mesma da santidade, conforme se encontra em Deus, todavia em nós, que somos pecadores e sujeitos à ação do pecado residente que remanesce na carne, sempre haverá muita escória em nosso ouro, por mais que sejamos submetidos ao fogo do grande Ourives.
Todavia, Deus não retira de nós a responsabilidade e o dever de sermos perfeitos, assim como Ele é perfeito.
Alguém indagará:
“Ora, como pode ser exigido perfeição, de quem sempre será imperfeito neste mundo?”
É justamente na resposta a tal questão, que se encontra o significado verdadeiro da santificação evangélica.
Não é por uma atitude negligente, relaxada, imprópria quanto à observância do mandamento de se buscar a perfeição de santificação, que poderemos ser justificados ou desculpados por Deus, em razão de nossa fraqueza inerente, pois como a santificação é um processo, um crescimento em graus, não se deve pensar em jogar fora o bebê, porque ele ainda não é um adulto.
Graus de perfeição em nossa comunhão com Deus, na purificação de pecados serão acrescentados cada vez mais, à medida que nos consagrarmos ao Senhor e à Sua Palavra.
Falhas e imperfeições no meio de nossa caminhada, não serão um obstáculo para estar santificados; ao contrário, contribuirão muito para o nosso aperfeiçoamento prático espiritual, pois aprenderemos não somente humildade, compaixão, obediência, reverência, e muitas outras virtudes, através das tribulações e momentos daquilo que os antigos puritanos chamavam de “noite escura da alma”.
Muitas vezes, a mão do próprio Deus estará em tudo isto, pois é Ele quem faz aumentar ou diminuir a luz da nossa lâmpada, para que aprendamos a estar sujeitos à Sua soberania.
É neste sentido que o apóstolo afirma, que nenhuma tribulação poderá nos afastar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, pois o Espírito Santo nos auxiliará em nossas fraquezas, fazendo com que sejamos pacientes e perseveremos na fé, nos ligando a Jesus.
É importante notar, que é exatamente por estas tristezas e tribulações, que nossos laços de amor ao Senhor são reforçados. Daí sermos exortados, caso sejamos espirituais e fortes, a sermos pacientes com os que são fracos.
Não há portanto, enquanto neste mundo, uma congregação perfeita em santidade. Crer nisto é viver para se desiludir depois, ou então ser endurecido por uma visão fanática de algo inexistente, que existe apenas na imaginação daqueles que assim pensam.
Visão fantasiosa esta, que vai muito na direção contrária à verdade, conforme nos é ensinada nas Escrituras, como nesta porção escrita pelo apóstolo Paulo:
“8 Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;
9 perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos;
10 levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.
11 Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal.
12 De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.
13 Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito: Eu cri; por isso, é que falei. Também nós cremos; por isso, também falamos,
14 sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco.
15 Porque todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus.
16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.
17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação,
18 não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” [2 Co 4: 8-18]
Então, podemos observar, que o ponto de equilíbrio na santificação é encontrado por todo aquele que persevera na fé e no amor ao Senhor, confessando seus pecados e se dispondo a fazer a vontade de Deus, apesar de toda sorte de dificuldades, tentações, fraquezas e tudo o mais que possa encontar em sua jornada neste mundo - nunca abrindo mão da busca da face do Senhor, e de um caminhar humilde diante dEle, em plena reverência e observância dos Seus mandamentos.
Amados, nós vimos na exposição anterior, que a Lei de Deus emana da essência da Sua própria santidade. Nada é exigido por Ele, que seja contrário ao Seu próprio ser. É em plena fidelidade ao que Ele é, que Sua Lei nos é dada para ser cumprida e vivida.
Como não é possível ter verdadeira paz, alegria, amor e segurança quando não se está em comunhão com Deus, e andando em conformidade com a Sua vontade; de igual modo, não é possível ter tais bênçãos dentre todas as demais, quando violamos os mandamentos da Sua Lei, porque são o reflexo da Sua própria pessoa e vontade.
E, mais do que sermos privados de um viver abençoado, quando violamos a Lei, também ficamos sujeitos a todos os juízos divinos que estão amarrados a ela para a punição, ou correção dos transgressores.
Quão severamente Deus puniu Suas criaturas mais nobres por isso!
Outrora, os gloriosos anjos, em quem Ele tinha colocado um valor maior do que sobre quaisquer outras criaturas, por transgredirem Sua lei, são jogados na fornalha da justiça, sem que haja misericórdia.
“e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia; [Jd 6]
E, embora houvesse apenas um tipo de criatura sobre a terra que tinha a Sua imagem, e estava apto para publicar e manter sua honra abaixo dos céus, ainda assim, sobre sua apostasia, sob a tentação de um espírito sutil e insinuante, o homem, com toda a sua posteridade é condenado à miséria na vida e, finalmente, à morte; e a mulher tem punições que lhes são impostas, as quais, ao começarem em suas pessoas deveriam alcançar até o último membro de suas gerações sucessivas.
Tão santo é Deus, que Ele não suportará um ponto falho em Sua obra mais escolhida.
Quão detestável para Ele são os próprios instrumentos do pecado!
Para o mal uso, a serpente, uma criatura irracional foi usada pelo diabo como um instrumento na queda do homem, e toda a ninhada desse animal é amaldiçoada.
“Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.” [Gn 3: 14]
Não só a cabeça do diabo está ameaçada de ser ferida para sempre. Quão detestável é tudo para aquele que está em possessão do pecador!
A própria terra, que Deus fez de Adão o proprietário dela, foi amaldiçoada por causa do pecado.
“E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida”.
“Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo”. [Gn 3: 17, 18]
Ela perdeu sua beleza e permanece definhando até hoje; e, não obstante o resgate por Cristo, não recuperou sua saúde, nem é como antes, até completar os frutos dela sobre os filhos de Deus.
“Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou”,
“na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus”.
“Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”. [Rm 8: 20-22]
Toda a criação inferior foi sujeita à vaidade, e posta em dores pelo pecado do homem, e pela justiça de Deus, detestando sua ofensa.
Quantas vezes Sua aversão implacável do pecado foi mostrada, não apenas em Seus julgamentos sobre a pessoa do ofensor, mas encerrando no mesmo julgamento, aqueles que se aproximavam deles!
Acã, com seus filhos e animais são feridos com pedras, e queimados juntos.
“Então,
Josué e todo o Israel com ele tomaram Acã, filho de Zera, e a
prata, e a capa, e a barra de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e
seus bois, e seus jumentos, e suas ovelhas, e sua tenda, e tudo
quanto tinha e levaram-nos ao vale de Acor”.
“Disse Josué: Por que nos conturbaste? O Senhor, hoje, te
conturbará. E todo o Israel o apedrejou; e, depois de apedrejá-los,
queimou-os”. [Js
7: 24, 25]
Na destruição de Sodoma, não só os malfeitores crescidos, mas também os jovens, e os bebês, atualmente incapazes da mesma maldade, e seu gado foram queimados pelo mesmo fogo do céu - o lugar onde ficavam suas habitações é, neste dia, em parte um monte de cinzas, e em parte um lago extremamente salgado, que sufoca qualquer peixe que nade da Jordânia, e abafa como está relacionado, pelo seu vapor, qualquer ave que tente voar sobre ele.
Oh, quão detestável é o pecado para Deus, que o faz transformar uma terra agradável, como o “jardim do Senhor” (como é denominado Gên 13: 10), em um lago de enxofre; para fazer disso, tanto em Sua palavra quanto em Suas obras, como um monumento duradouro de Sua abominação ao mal.
Que projeto Deus tem em todos esses atos de severidade, e justiça vingativa, senão para desencadear o brilho de Sua santidade?
Ele se testifica preocupado com essas leis, que estabeleceu como cercas e limites para a luxúria dos homens; portanto quando Ele respira Seu fogo de indignação contra um povo, dele é dito para obter-se honra, como fez contra o exército egípcio.
“Eis
que endurecerei o coração dos egípcios, para que vos sigam e
entrem nele; serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército,
nos seus carros e nos seus cavalarianos”;
“e
os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em
Faraó, nos seus carros e nos seus cavalarianos”. [Êx
14: 17,18]
Que Moisés, em seu cântico triunfante, ecoa de volta;
“Então,
entoou Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, e
disseram: Cantarei ao Senhor, porque triunfou gloriosamente; lançou
no mar o cavalo e o seu cavaleiro”.
[Êx
15: 1] - gloriosamente em Sua santidade, que é a glória deSua
natureza, como o próprio Moisés a interpreta no texto.
Quando os homens não possuem a santidade de Deus, em uma forma de dever, Deus irá reivindicá-lo de maneira justa e punitiva - como na destruição dos filhos de Arão, que eram adoradores, e tornariam fogo estranho, "santificado" e "glorificado" sendo queimados.
“E falou Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou”. [Lv 10: 3]
Ele se glorificou naquele ato, em vindicar Sua santidade diante de todo o povo de Israel, declarando que não suportará o pecado e a desobediência - portanto nesta vida, Ele pune mais severamente os pecados de Seu povo, quando eles praticam qualquer ato de desobediência, para um testemunho de que a proximidade e a bondade de qualquer pessoa para com Ele, não O farão despreocupado em Sua santidade, nem será um pedido de impureza.
O fim de todos os Seus julgamentos é o de testemunhar ao mundo, seu abominável pecado, porque punir e testemunhar contra os homens são uma, e a mesma coisa. “Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó terra e tudo o que ela contém, e seja o Senhor Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu santo templo”. [Mq 1: 2] - é o testemunho da santidade de Deus .
“A soberba de Israel, abertamente, o acusa; Israel e Efraim cairão por causa da sua iniquidade, e Judá cairá juntamente com eles. [Os 5: 5]
Em Amós 4: 2 lemos:
" Jurou o Senhor Deus, pela sua santidade”...
Qual é a questão ou o fim deste juramento pela “santidade” e de sua “excelência” testificando contra eles?
Em todos esses lugares, você vai encontrá-los para serem julgamentos abrangentes: em Israel e Efraim deve "cair em sua iniquidade;" em outro, Ele vai "tirá-los com ganchos" e "sua posteridade com anzóis"; e, em outro, "nunca esquecerá nenhuma de suas obras".
Aquele que castiga a maldade naqueles que antes usou com a maior ternura, fornece ao mundo uma evidência inegável do quanto detesta o pecado.
Não foi por causa de julgamentos, por vezes derramados sobre o mundo, que se acreditava que Deus era de fato, um inimigo do pecado?
Assim, muitos se enganam ao pensar que Deus não é santificado naqueles que se rebelam contra Ele, e que de alguma forma, por serem rebeldes, ofuscam a luz da Sua glória e santidade; muito pelo contrário, neles também Ele revela a Sua santidade quando os julga e pune, e nisto é também glorificado.
Todavia, o próprio Deus declara que não tem prazer na morte do ímpio, antes que ele se converta e viva, ou seja, Seu grande prazer é usar de longanimidade e misericórdia, pela concessão de Sua graça àqueles que se arrependem e confiam em Cristo para ser o Senhor e Salvador deles, pois nisto dão testemunho da confiança na bondade e amor de Deus, que morreu na cruz por amor a eles, para que pudessem ser justificados e perdoados de seus pecados.
Deus por Sua justiça, não pode inocentar culpados, mas pode perdoá-los, desde que a culpa deles possa ser coberta pela morte de Jesus na cruz.
O Senhor protesta veementemente contra toda prática de injustiça ao mesmo tempo em que interpõe boas promessas de bem-aventuranças para aqueles que se convertem sinceramente a Ele, abandonando o viver pecaminoso para viver em santidade perante Ele. Veja como isto aparece claramente nas palavras do vigésimo nono capítulo do livro do profeta Isaías:
“1 Ai da Lareira de Deus, cidade-lareira de Deus, em que Davi assentou o seu arraial! Acrescentai ano a ano, deixai as festas que completem o seu ciclo;
2 então, porei a Lareira de Deus em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim verdadeira Lareira de Deus.
3 Acamparei ao derredor de ti, cercar-te-ei com baluartes e levantarei tranqueiras contra ti.
4 Então, lançada por terra, do chão falarás, e do pó sairá afogada a tua fala; subirá da terra a tua voz como a de um fantasma; como um cochicho, a tua fala, desde o pó.
5 Mas a multidão dos teus inimigos será como o pó miúdo, e a multidão dos tiranos, como a palha que voa; dar-se-á isto, de repente, num instante.
6 Do SENHOR dos Exércitos vem o castigo com trovões, com terremotos, grande estrondo, tufão de vento, tempestade e chamas devoradoras.
7 Como sonho e visão noturna será a multidão de todas as nações que hão de pelejar contra a Lareira de Deus, como também todos os que pelejarem contra ela e contra os seus baluartes e a puserem em aperto.
8 Será também como o faminto que sonha que está a comer, mas, acordando, sente-se vazio; ou como o sequioso que sonha que está a beber, mas, acordando, sente-se desfalecido e sedento; assim será toda a multidão das nações que pelejarem contra o monte Sião.
9 Estatelai-vos e ficai estatelados, cegai-vos e permanecei cegos; bêbados estão, mas não de vinho; andam cambaleando, mas não de bebida forte.
10 Porque o SENHOR derramou sobre vós o espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, que são os profetas, e vendou a vossa cabeça, que são os videntes.
11 Toda visão já se vos tornou como as palavras de um livro selado, que se dá ao que sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele responde: Não posso, porque está selado;
12 e dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele responde: Não sei ler.
13 O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu,
14 continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá.
15 Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do SENHOR, e as suas próprias obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem nos conhece?
16 Que perversidade a vossa! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Ele não me fez; e a coisa feita dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe.
17 Porventura, dentro em pouco não se converterá o Líbano em pomar, e o pomar não será tido por bosque?
18 Naquele dia, os surdos ouvirão as palavras do livro, e os cegos, livres já da escuridão e das trevas, as verão.
19 Os mansos terão regozijo sobre regozijo no SENHOR, e os pobres entre os homens se alegrarão no Santo de Israel.
20 Pois o tirano é reduzido a nada, o escarnecedor já não existe, e já se acham eliminados todos os que cogitam da iniquidade,
21 os quais por causa de uma palavra condenam um homem, os que põem armadilhas ao que repreende na porta, e os que sem motivo negam ao justo o seu direito.
22 Portanto, acerca da casa de Jacó, assim diz o SENHOR, que remiu a Abraão: Jacó já não será envergonhado, nem mais se empalidecerá o seu rosto.
23 Mas, quando ele e seus filhos virem a obra das minhas mãos no meio deles, santificarão o meu nome; sim, santificarão o Santo de Jacó e temerão o Deus de Israel.
24 E os que erram de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores hão de aceitar instrução.”
Santidade
Parte 11
Meus amados, nós somos cercados continuamente por temores por dentro e lutas por fora, conforme dizer do apóstolo, mas eis que sempre haverá no verdadeiro crente que está santificado pela graça de Jesus, aquele bom estado de espírito que predomina sobre tudo o mais que possa lhe estar afligindo ou enfraquecendo, e nisto é mais do que vencedor por meio de Jesus Cristo. O amor a Deus ainda está lá e mais forte do que antes. A busca da face e do auxílio do Senhor surgem mais intensos do que nunca. O crente pode parecer aos olhos de outros, nas horas de tribulação, como um verme que se arrasta em um dia intenso de trevas e tempestades, mas somente o próprio crente sabe que em todo o seu estado de abatimento e humilhação, brilha no seu vaso de barro, a glória e o poder do Espírito Santo. Há um tesouro em seu coração que lhe é mais precioso do que tudo o mais, e este tesouro é o próprio Senhor Jesus Cristo, por quem ele agora vive ou morre com alegria e em paz.
O pecado não mais achará guarida e domínio sobre o seu coração, porque quem reina ali agora é a graça do Senhor. Os atratativos do mundo não mais lhe tentam ou atraem. Ele está crucificado para o mundo e o mundo para ele. Pode ser achado abatido, mas não desanimado para que não possa prosseguir adiante, tendo Jesus como o grande General do que exército no qual ele se alistou para sempre, para servi-lo nas grandes batalhas contra o mal.
Esta guerra entre a semente da mulher e a da serpente é composta por muitas batalhas, enquanto estivermos neste mundo. Assim, o estado de santificação nada tem a ver com aquele estado de nirvana ou de tranquilidade absoluta em todo o viver em meio a todas as demandas e tribulações da existência, que tem mais a ver com estoicismo do que com o verdadeiro cristianismo.
Amados, nós vimos nas exposições anteriores, que a santidade de Deus é revelada na Sua lei e Seus juízos, mas a santidade de Deus aparece também em nossa restauração. É no espelho do evangelho que vemos a “glória do Senhor” “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. [2 Co 3:18]
- isto é, a glória do Senhor, em cuja imagem somos transformados, mas não somos transformados em nada como a imagem de Deus, senão em santidade, pois não podemos suportar, quer pela criação, quer pela regeneração, a imagem de qualquer outra perfeição.
Não podemos ser transformados em Sua onipotência, onisciência, etc., senão à imagem de Sua justiça. Esta é a visão agradável e gloriosa que o espelho do evangelho lança em nossos olhos.
Toda a cena da redenção nada mais é que uma descoberta de juízo e retidão.
“Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça.” [Is 1: 27]
1. Esta santidade de Deus aparece à maneira da nossa restauração, isto é, pela morte de Cristo.
Nem todas as taças de julgamentos, que serão derramadas sobre o mundo ímpio, nem a fornalha flamejante da consciência de um pecador, nem a sentença irreversível pronunciada contra os demônios rebeldes, nem os gemidos das criaturas condenadas dão tal demonstração do ódio de Deus pelo pecado, como a ira de Deus sobre Seu próprio Filho unigênito.
A santidade divina nunca pareceu mais bela e amável do que na época de nosso Salvador - o Seu semblante ficou mais marcado no meio de Seus gemidos agonizantes; isto Ele mesmo reconhece no salmo profético, quando Deus virou o rosto sorridente dEle, e enfiou a faca afiada no coração, que forçou aquele grito terrível:
"Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de
minha salvação as palavras de meu bramido”?
“Deus
meu, clamo de dia, e não me respondes; também de noite, porém não
tenho sossego”. [Sl
22: 1, 2]
Ele adora esta perfeição de santidade. [v. 3]
“Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel.”
A Tua santidade é a fonte de toda esta aguda agonia, e por isso Tu habitas, e para sempre nos louvores de todo o Teu Israel.
A santidade traçou o véu entre o semblante de Deus e a alma de nosso Salvador. A justiça, de fato deu o golpe, mas a santidade o ordenou.
Nesta Sua pureza cintilou e Sua justiça irreversível manifestou, que todos os que cometem pecado são dignos de morte; este foi o índice perfeito de sua “justiça”.
“a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”; [(Rm 3: 25]
- isto é, de Sua santidade e verdade; então foi que Deus, que é santo, foi "santificado em justiça”.
“Mas o Senhor dos Exércitos é exaltado em juízo; e Deus, o Santo, é santificado em justiça”. [Is 5: 16]
(1) A dignidade da pessoa do Redentor.
Alguém que era desde a eternidade, havia lançado as fundações do mundo; tinha sido o objeto do deleite divino. Aquele que era Deus abençoado para sempre, se torna uma maldição; Aquele que era abençoado por anjos, e por quem Deus abençoou o mundo, deve ser tomado de horror; o Filho da eternidade deve sangrar até a morte!
Quando, alguma vez, o pecado parece tão irreconciliável com Deus?
Onde Deus, alguma vez saiu tão furiosamente em seu ódio contra a iniquidade?
O Pai teria a pessoa mais excelente, a ser seguida em ordem a Si mesmo, e igual a Ele em todas as gloriosas perfeições de Sua natureza, para morrer em uma cruz vergonhosa, e ser exposto às chamas da ira divina, ao invés de que o pecado deva viver, e Sua santidade permanecer para sempre desacreditada pelas violações de Sua lei.
“pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus”; [Fp 2: 6]
Esta é forma correta pela qual a morte de Jesus em nosso lugar deve ser considerada; não de forma piegas e puramente sentimental, onde um “Oh, que horror que Ele sofreu por mim, para que eu pudesse ser livrado do fogo eterno!” seja simplesmente pronunciado, como não se a bondade e santidade de Deus nada mais requisesse dos pecadores, senão somente que agora descansem em Cristo, apesar de tudo que possam ainda fazer de mal.
Não, mil vezes não. Foi o ódio terrível de Deus pelo pecado que levou o Pai a conduzir Seu filho amado à cruz, para vindicar a Sua justiça e santidade que haviam sido ofendidas horrivelmente pelos transgressores da Sua vontade.
E, como poderia se admitir a simples ideia, de que todo aquele sofrimento suportado por Jesus foi apenas para que vivêssemos folgadamente, e sem qualquer temor diante de Deus?
Infelizmente, este é o grande mal desta época, em que tantos se gabam da sua liberdade! Eles pensam que se associar a uma igreja, e confessar-se cristão, é tudo quanto devem fazer para serem bem-sucedidos neste mundo e recebidos na glória no porvir.
Eles não entendem, que a morte de Cristo grita bem alto o quanto devem ser santificados, já que Deus castigou o pecado de forma tão terrível em Si mesmo, na pessoa de Seu Filho, conduzindo-O à ignominia da cruz.
Ele sempre teve uma relação próxima com o Pai. Foi o Seu próprio filho que Ele entregou.
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas”? [Rom 8: 32]
Sua imagem essencial, tão amada por Ele como a Si mesmo; ainda assim, Ele não iria diminuir nada do Seu ódio daqueles pecados imputados a Alguém tão querido para Ele, e que nunca tinha feito nada contrário à Sua vontade.
Os fortes gritos proferidos por Ele não poderiam levá-Lo a cortar a menor franja deste traje real, nem a parte de um fio do manto com que Sua santidade era tecido.
A torrente de ira é aberta sobre Ele, e no coração do Pai não bate a menor nota de ternura ao pecado, no meio das agonias de Seu Filho. Deus parece colocar para longe as entranhas de um pai, e vestir o traje de um inimigo irreconciliável, sobre o qual, provavelmente, nosso Salvador no meio de Sua paixão lhe dá o título de Deus; não de Pai, o título com o qual Ele costumava se dirigir antes.
“Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste"? [Mt 27: 46]
Ele parece pendurado na cruz como um filho deserdado, enquanto apareceu no traje de pecador. Então, Sua cabeça foi carregada com maldições, quando ficou sob essa sentença e parecia um abandonado e rejeitado pela pureza e ternura Divina.
"Cristo
nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição
em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado em madeiro)”,
[Gl
3: 13]
Deus não lidou com Ele como se não fosse alguém tão próximo, e não apenas os que foram os instrumentos de Sua morte foram deixados por Ele, para afligi-Lo, porque Ele mesmo daria o maior golpe em Suas feridas.
“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos”. [Is 53: 10]
"Agradou ao Senhor moê-lo" - o Senhor, porque o poder de criaturas não poderia golpear fortemente, o suficiente para satisfazer e assegurar os direitos da santidade infinita. Foi, portanto, um cálice temperado e colocado em Suas mãos por Seu pai; um cálice que Lhe deu para beber.
Em outros julgamentos, Ele solta Sua ira contra Suas criaturas; nisso, solta Sua ira, por assim dizer, contra Si mesmo, contra Seu Filho - Alguém tão querido para Ele, como para Si mesmo.
Sua santidade aparece em Sua ira contra as criaturas; contra os pecadores por inerência, mas punindo o pecado em Seu Filho, Sua santidade aguça Sua ira contra Aquele que era Seu igual, tendo sido considerado um pecador, mas não tinha pecado, como se Sua afeição por Sua própria santidade superasse Sua afeição por Seu Filho, pois Ele escolheu suspender as rupturas de Suas afeições para com Seu Filho, e vê-Lo mergulhado em uma miséria afiada e ignominiosa, sem Lhe dar qualquer sinal visível de Seu amor, ao invés de ver Sua santidade desonrada - Ele o viu gemer sob os ferimentos de um mundo transgressor.
O juízo contra o pecado que Jesus sofreu na cruz foi para vindicar a santidade e a justiça divina, e também a Sua Lei que foi transgredida.
Os anjos que se rebelaram e se transformaram em demônios, não seriam alcançados pelos benefícios da morte de Jesus, senão somente aqueles que se arrependessem e cressem entre os homens, mas pode-se dizer, que a forma como o pecado foi visitado na cruz, vindicou a santidade de Deus, até mesmo em relação ao pecado dos anjos.
Há uma explicação para isso, pois Deus mostrou o quanto honra a obediência à Sua vontade, fazendo com que toda a transgressão da mesma fosse visitada de forma infinita e eterna, quando Aquele que é infinito e eterno ofereceu-Se como sacrifício na cruz, para que Seu corpo humano recebesse a sentença condenatória que é devida ao pecado, a saber, a morte.
Como não foi a natureza divina que morreu, porque Deus não pode morrer, então foi a natureza humana que morreu; por isso a morte de Jesus não beneficia anjos, senão somente os homens que se arrependem.
Toda esta verdade foi revelada aos profetas antes que ela se manifestasse na prática com a vinda de Jesus ao mundo para morrer em nosso lugar.
“1 Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR?
2 Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.
3 Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
4 Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
5 Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
7 Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
8 Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido.
9 Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.
10 Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos.
11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.
12 “Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.” [Is 53: 1-12]
Santidade
Parte 12
Nós vimos que Deus manifestou o valor que Ele dá à Sua santidade, na morte de Jesus, mais ainda do que na Lei, e em Seus juízos sobre os homens.
O valor que Ele coloca em Sua santidade aparece ainda mais, na exaltação do Redentor após Sua morte.
Nosso salvador foi exaltado, não apenas por Sua morte, mas pelo respeito que Ele teve em Sua morte à este atributo da justiça de Deus.
“Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.” [Hb 1: 9]
Por “justiça” é entendida essa perfeição, por causa da oposição dela à iniquidade. Alguns pensam “portanto” ser a causa final , como se fosse esse, o sentido;
“Tu és ungido com óleo de alegria, por amares a justiça e odiar a iniquidade.”
Mas, o Espírito Santo parece falar neste capítulo, não só da divindade de Cristo, mas também de Sua exaltação; a doutrina da qual Ele havia começado no v. 3 e processa nos versos seguintes, eu preferiria entender "portanto", porque "esta causa, ou razão, Deus ungiu-te"; e não para "este fim”.
Cristo tinha realmente uma unção de graça, por meio da qual estava preparado para Seu trabalho mediador; Ele também tinha uma unção de glória, pela qual foi recompensado, e a qual é vista continuamente nas Suas operações no mundo, especialmente na Igreja - no primeiro, salvando, e no segundo, santificando.
Na primeiro aspecto, Sua unção foi uma qualificação para Seu ofício; e no segundo aspecto, foi uma solenidade inaugurando-o em Sua autoridade real.
A razão de Ele ser estabelecido em um "trono para todo o sempre" é "porque Ele amava a justiça”.
Ele sofreu em Si mesmo para ser perfurado até a morte, a fim de que o pecado, o inimigo da pureza de Deus pudesse ser destruído, e assim, a honra da lei e a imagem da santidade de Deus pudessem ser consertadas, e cumpridas na criatura caída.
Ele restaurou o crédito da santidade Divina no mundo ao manifestar, por Sua morte, Deus como um inimigo irreconciliável a todo pecado; na abolição do império do pecado tão odioso a Deus, restaurando a retidão da natureza e moldando a imagem de Deus em Seus escolhidos - e Deus valorizou tanto esta vindicação de Sua santidade, que confere a Ele, em Sua natureza humana, uma realeza eterna, e império sobre os anjos e os homens.
A exaltação de Jesus através da justiça e da santidade é vista clara e especialmente, na história dos avivamentos havidos na história da Igreja.
Quando em várias ocasiões e localidades, quando tudo parecia perdido e sujeitado à iniquidade, e às trevas do pecado destruindo a sociedade, eis que a luz dissipadora de trevas, do poder e da glória de Jesus se manifestou no avivamento, operando não apenas na vida dos muitos que foram salvos, como também na própria sociedade em que viviam.
Foi este o caso na Inglaterra, que se encontrava debaixo de
densas trevas quando Deus trouxe o avivamento, através de Wesley e Whitefield.
Nos EUA, com Jonathan Edwards, e muitas outras intervenções, que não teríamos o tempo suficiente para enumerá-las.
Nisto, o Senhor é exaltado, quando permite que as trevas prevaleçam por um período determinado, de maneira a criar e manifestar a luz de Jesus para extingui-las.
Nisto se cumpre o que lemos no profeta Isaías:
“6 Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o SENHOR, e não há outro.
7 Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.
8 Destilai, ó céus, dessas alturas, e as nuvens chovam justiça; abra-se a terra e produza a salvação, e juntamente com ela brote a justiça; eu, o SENHOR, as criei.” [Is 45: 6-8]
Há no próprio mundo natural, uma ilustração desta realidade espiritual, sobretudo em ter Deus criado o frio e a escuridão do inverno, que é imediatamente seguido pelo calor e claridade da primavera, que é o prenúncio da chegada do verão.
O homem nada pode fazer em relação a esta mudança das estações, e nada pode fazer também em relação às primaveras espirituais dos avivamentos, que põem um fim às trevas invernais da iniquidade.
Assim, é justamente em meio às trevas, que o nome de Jesus é exaltado como Salvador, Redentor e Santificador, pois se Ele não fosse o Sol da nossa justiça, viveríamos sempre num inverno interminável.
Que desonra teria sido para Deus, que o diabo e o pecado triunfassem sobre Sua justiça e santidade, impedindo que o homem caído fosse restaurado à condição inicial de santidade que havia sido perdida. É, portanto em Jesus, em Sua morte e ressurreição que a honra de Deus é reerguida para sempre, pela destruição do pecado e do diabo.
A santidade era o grande atributo respeitado por Cristo em Sua morte, e manifestado em Sua morte; por Seu amor a isso, Deus concederia uma honra à Sua pessoa, naquela natureza em que Ele reivindicou a honra de tão querida perfeição.
Cristo se fez homem, e como homem foi perfeitamente obediente a toda a Lei de Deus, e a toda Sua vontade. Deus e a lei foram então, honrados de modo perfeito pelo homem. Muitos seriam convocados para seguirem a mesma trilha de obediência que Jesus havia seguido, sendo-lhes conferida a justificação, regeneração, santificação e glorificação imputadas a eles, pelo Seu Salvador e Senhor.
Assim, a grande vitória de Cristo na cruz foi a morte do pecado. O pecado reinou pela morte, mas agora, a própria morte seria morta na morte de Jesus, e com ela, também o pecado, que poderia agora ser mortificado por todo aquele que estiver unido a Cristo, porque ao ter morrido, matou também o pecado que carregou sobre Si.
O pecado não pode mais ser o senhor daqueles que passaram para debaixo do senhorio de Jesus. A graça de Jesus é agora o novo governante em seus corações, e não mais o pecado, que foi morto na cruz.
A santidade que deve ser buscada pelos crentes para que vejam o Senhor, deve estar fundamentada nesta obra evangélica de justiça e santidade operadas por Jesus, em sua morte, ressureição e intercessão pelos filhos de Deus. Uma mera consideração do dever moral de se praticar o que é bom e justo, não responde completamente à santidade que Deus espera que tenhamos, por nossa união com Cristo, e sob o poder e operação do Espírito Santo, aplicando a Palavra divina aos nossos corações e mentes.
Os resquícios de pecado que permanecem nos crentes, com o fim de exercitá-los na fé e obediência a Deus têm que recuar diante da autoridade de Jesus, que se manifesta na vida daqueles que Lhe obedecem.
O pecado tem que recuar, porque assim como o diabo são inimigos que Jesus venceu na cruz. Deus se vingou do pecado, podemos assim dizer, quando Jesus sofreu por nós no Calvário.
Não foi a Seu Filho Unigênito amado, que Deus odiou infinitamente na cruz, mas o pecado; e mais um motivo para este ódio divino contra o pecado, é o fato de que não haveria outro meio para que pudesse ser destruído e vencido, senão pela visitação da culpa do pecador no Seu próprio Filho amado, no qual Ele tanto se compraz.
Por isso, a santidade de Deus em seu ódio ao pecado aparece em nossa justificação, e as condições que exige de todos que desfrutariam o benefício da redenção.
Sua sabedoria tem temperado todas as condições de que a honra de Sua santidade é assim preservada, como a doçura de Sua misericórdia é experimentada por nós - todas as condições são registros de Sua pureza exata, bem como de Sua graça condescendente.
Nossa justificação não é pelas obras imperfeitas das criaturas, mas por uma justiça exata e infinita, tão grande quanto a Deidade que havia sido ofendida; sendo a justiça de uma pessoa divina, sobre a qual é chamada a justiça de Deus; não somente em relação à designação e a aceitação de Deus, mas como é uma justiça daquela pessoa que era e é Deus.
Fé é a condição que Deus requer para a justificação; não uma fé morta, mas uma fé ativa.
“E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé o coração. [At 15: 9]
“Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? [Tiago 2: 20]
A fé clama por arrependimento, que é uma retração moral de nossas ofensas, uma aprovação de retidão desprezível e uma violação da lei; um esforço para obter o que está perdido, e arrancar o coração do pecado que cometemos.
Deus exige mortificação, que é chamada de crucificação, por meio da qual um homem golpearia tão completa e mortalmente sua luxúria, como foi atingida por Cristo na cruz, e torná-la certamente morta, como o Redentor fez.
É nesse sentido que nosso Senhor nos ordena carregarmos nossa própria cruz dia a dia, negando-nos a nós mesmos.
Nossa própria justiça deve ser condenada por nós, como impura e imperfeita; nós devemos renegar tudo o que é nosso quanto à justiça, em reverência à santidade de Deus, e à valorização da justiça de Cristo.
Ele resolveu não conceder a herança da glória sem a raiz da graça.
Ninguém é participante da bem-aventurança divina, que não seja participante da natureza divina; deve haver uma renovação de Sua imagem, antes que haja uma visão de Seu rosto.
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”, [Hb 12: 14]
Ele não terá homens trazidos apenas, para um estado relativo de felicidade pela justificação, sem um verdadeiro estado de graça por santificação; e tão resolvido isto está nEle, que não há admissão no céu de uma santidade inicial, senão perseverante, paciente, sob a agudeza da aflição, e continuando, sob os prazeres da prosperidade.
“a
vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória,
honra e incorruptibilidade”;
[Rm
2: 7] - uma continuação paciente em fazer o bem.
Por isso, é que o evangelho, a doutrina restauradora, não tem apenas os motivos das recompensas para incentivar o bem, e ameaças de punições para nos prevenir do mal como a lei tinha, mas são estabelecidos em uma tensão maior, de maneira mais forte; as recompensas são celestiais, e as punições eternas - além disso, os motivos mais poderosos das expressões escolhidas do amor de Deus, na morte do Seu Filho.
Todo projeto dEle é nos restaurar em uma semelhança com essa perfeição divina, em que mostra o afeto que Ele tem a esta excelência de Sua natureza, e que detestação tem do mal, que é contrário a ela.
Além de, na justificação, a santidade aparece também na regeneração real das almas redimidas, levando-as a uma completa perfeição.
“1 Tocai a trombeta em Sião e dai voz de rebate no meu santo monte; perturbem-se todos os moradores da terra, porque o Dia do SENHOR vem, já está próximo;
2 dia de escuridade e densas trevas, dia de nuvens e negridão! Como a alva por sobre os montes, assim se difunde um povo grande e poderoso, qual desde o tempo antigo nunca houve, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração.
3 À frente dele vai fogo devorador, atrás, chama que abrasa; diante dele, a terra é como o jardim do Éden; mas, atrás dele, um deserto assolado. Nada lhe escapa.
4 A sua aparência é como a de cavalos; e, como cavaleiros, assim correm.
5 Estrondeando como carros, vêm, saltando pelos cimos dos montes, crepitando como chamas de fogo que devoram o restolho, como um povo poderoso posto em ordem de combate.
6 Diante deles, tremem os povos; todos os rostos empalidecem.
7 Correm como valentes; como homens de guerra, sobem muros; e cada um vai no seu caminho e não se desvia da sua fileira.
8 Não empurram uns aos outros; cada um segue o seu rumo; arremetem contra lanças e não se detêm no seu caminho.
9 Assaltam a cidade, correm pelos muros, sobem às casas; pelas janelas entram como ladrão.
10 Diante deles, treme a terra, e os céus se abalam; o sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor.
11 O SENHOR levanta a voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as suas ordens; sim, grande é o Dia do SENHOR e mui terrível! Quem o poderá suportar?
12 Ainda assim, agora mesmo, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto.
13 Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.
14 Quem sabe se não se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, uma oferta de manjares e libação para o SENHOR, vosso Deus?
15 Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene.
16 Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento.
17 Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?
18 Então, o SENHOR se mostrou zeloso da sua terra, compadeceu-se do seu povo
19 e, respondendo, lhe disse: Eis que vos envio o cereal, e o vinho, e o óleo, e deles sereis fartos, e vos não entregarei mais ao opróbrio entre as nações.
20 Mas o exército que vem do Norte, eu o removerei para longe de vós, lançá-lo-ei em uma terra seca e deserta; lançarei a sua vanguarda para o mar oriental, e a sua retaguarda, para o mar ocidental; subirá o seu mau cheiro, e subirá a sua podridão; porque agiu poderosamente.
21 Não temas, ó terra, regozija-te e alegra-te, porque o SENHOR faz grandes coisas.
22 Não temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, a figueira e a vide produzirão com vigor.
23 Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no SENHOR, vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva; fará descer, como outrora, a chuva temporã e a serôdia.
24 As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo.
25 Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros.
26 Comereis abundantemente, e vos fartareis, e louvareis o nome do SENHOR, vosso Deus, que se houve maravilhosamente convosco; e o meu povo jamais será envergonhado.
27 Sabereis que estou no meio de Israel e que eu sou o SENHOR, vosso Deus, e não há outro; e o meu povo jamais será envergonhado.
28 E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões;
29 até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.
30 Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça.
31 O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR.
32 E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.” [Joel 2: 1-32]
Santidade
Parte 13
Meus amados, nós estamos fechando esta décima terceira parte do nosso estudo sobre santificação, com a citação de todo o capítulo 15, do evangelho de João, que é introduzido pela comparação que nosso Senhor faz, da relação existente entre Ele e os crentes, como sendo equivalente à da Videira e os ramos.
Ali se destaca que esta relação é vital e indissolúvel, porque o ramo que é frutífero não será arrancado da Videira, senão apenas limpo e podado. Estes ramos que são frutíferos não são mantidos pela medida de sua frutificação, mas por estarem unidos ao caule e à raíz que os sustenta.
Isto é muito confortador, porque se fôssemos preservados pela quantidade e qualidade perfeita dos frutos que déssemos, talvez ninguém permaneceria na videira, porque é notório que sempre estaremos sujeitos e necessitados do trabalho de limpeza, que é efetudado por Deus, conforme Jesus nos ensinou claramente, quando lavou os pés dos discípulos, sobretudo ao que disse a Pedro na ocasião, que “aquele que não permite ser lavado, não tem parte com Ele”.
Todavia, não nos consolamos e achamos paz para a nossa mente e coração, no fato de que podemos ser descuidados com o pecado, porque Jesus sempre nos limpará pela Sua graça.
Evidentemente, não é isto que Ele pretende com Seu ensino sobre a relação da Videira e os ramos; o que ali se destaca é, que todo aquele que pertence a Cristo sempre desejará frutificar, ser limpo e podado.
O crente ama a Deus, a Sua lei, santidade e justiça. Ele odiará toda forma de pecado a que ainda estiver sujeito, ou que venha a praticar eventualmente, forçado ou não por circunstâncias.
Como Pedro, chorará e lamentará profundamente, por ter negado a Jesus. Aqui reside, a principal diferença entre aquele que busca uma forma de viver virtuosa independentemente de Jesus, e aquele que a busca por amor a Ele.
O primeiro, o faz por motivo de sua própria glória, e o segundo, para glorificar e agradar ao Senhor; isto não é algo mecânico, mas instintivo pela nova inclinação que foi gerada em seu coração na conversão. Há uma ligação espiritual de intimidade entre o crente e o Salvador. Eles são pertencentes ao mesmo corpo, do qual Jesus é a cabeça.
Os membros se amam mutuamente e, principalmente a cabeça que os comanda. Nada poderá separá-los. O pecado pode gerar ruídos indesejáveis na relação entre o Senhor e o crente, mas não exterminá-la, porque o amor a Jesus foi derramado no coração do crente, para nunca mais ser arrancado de lá, conforme a promessa feita por Deus, através do profeta:
“38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
39 Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos.
40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.” [Jr 32.38-40]
Amados, como a eleição é o efeito da soberania de Deus, o nosso perdão é o fruto de Sua misericórdia; o nosso conhecimento, um fluxo de Sua sabedoria; a nossa força, uma impressão de Seu poder; então, nossa pureza é um fluxo de Sua santidade.
Toda obra de santificação e sua preservação, nosso Salvador roga para Seus discípulos a Seu Pai, sob este título,
como a fonte apropriada de onde a santidade deveria fluir para a criatura, e como o sol é a fonte apropriada de onde a luz é derivada.
“Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós”.
“Santifica-os
na verdade; a tua palavra é a verdade”.
[Jo
17: 11, 17]
De onde Ele não é apenas chamado Santo, mas o Santo de Israel.
“Eu sou o Senhor, o vosso Santo, o Criador de Israel, o vosso Rei”. [Is 43: 15] - mostrando Sua santidade neles, por uma nova criação, como seu Israel.
Enquanto a retidão da criatura na primeira criação foi o efeito de Sua santidade, então a pureza da criatura, por uma nova criação, é um esboço da mesma perfeição.
Deus é mais chamado o “Santo de Israel”, em Isaías, do que em toda a Escritura; aquele profeta evangélico, erigindo Sião e formando um povo para o Senhor.
Ao enviar Jesus Cristo para satisfazer Sua justiça pela expiação da culpa do pecado, então Ele envia o Espírito Santo para a purificação da imundície do pecado, e para dominar o poder dele - Ele mesmo é a fonte, o Filho é o padrão, e o Espírito Santo, a impressão imediata deste selo de santidade sobre a criatura.
Deus atribui tal valor para esse atributo, que projeta a glória do mesmo na renovação da criatura, mais que a felicidade da criatura; embora o dote necessariamente segue-se ao outro, ainda que um é o principal desígnio, e outro o consequente do primeiro; de onde a salvação é mais frequentemente apresentada nas Escrituras, pela redenção do pecado e santificação da alma, do que pela posse do céu.
De fato, como Deus não poderia criar uma criatura racional sem este atributo, de maneira especial, então Ele não pode restaurar a criatura caída sem esse atributo.
Como na criação de uma criatura racional deve haver santidade para adorná-la, bem como sabedoria para formar o desígnio e poder de efetuar tal santidade; assim, na restauração da criatura; como Deus não podia despertar uma criatura racional profana, então Ele não pode restaurar uma criatura caída, e colocá-la em uma postura para ter prazer nEle, sem comunicar-lhe uma semelhança de Si mesmo.
Como Deus não pode ser abençoado em Si mesmo, sem essa perfeição de pureza, assim também nenhuma criatura pode ser abençoada sem ela - como Deus seria desagradável para Si mesmo sem este atributo, assim a criatura seria desagradável para Deus, sem um selo e uma marca disso sobre sua natureza.
É em razão de tudo isto, que existe a defesa da santidade de Deus em todos os Seus atos, sobre o pecado.
A santidade de Deus não é carregada com qualquer defeito, por ter criado o homem em um estado mutável.
Embora Deus tenha feito o homem justo, mas sendo capaz de buscar “muitas invenções”, como se vê em Eclesiastes, por ser livre para escolher pelo exercício de sua vontade, todavia lhe foi fornecido um poder de agir retamente em sua liberdade de escolha, de modo que se ele obedecesse, a obediência poderia ser ainda mais valiosa; e se ele ofendesse livremente, sua ofensa poderia ser mais indesculpável.
“Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”. [Ec 7: 29]
Além disso, não é discutível que, ainda que sendo espíritos morais e livres, tanto anjos, quanto homens devem ter a marca da mutabilidade, porque são criaturas, como tudo o mais, e somente Deus tem o atributo da imutabilidade, de modo que se pudessem ser criados imutáveis, não seriam criaturas, mas deuses, o que é portanto, impossível.
Uma criatura racional deve ter liberdade de vontade e poder de escolha, de modo que deve ser também, capaz de escolher o errado, e o certo, portanto os anjos eleitos e santos glorificados, embora sejam imutáveis, não é por natureza que são assim, mas pela graça e bom prazer de Deus - pois embora estejam no céu, eles ainda têm em sua natureza um poder remoto de pecar, mas que nunca entrará em ação, porque Deus sempre inclinará suas vontades para amá-Lo, e nunca permitirá que suas vontades se inclinem para qualquer ato mal, conforme poderia ser do próprio desejo deles, pois aprenderam pelo exercício, que é a vontade de Deus o melhor para eles; assim, tendo aprendido a se autonegarem, podem ser governados perfeitamente por Ele, que é o motivo de não mais pecarem.
À luz desta verdade eterna, ninguém poderá se desculpar e se justificar diante de Deus, com o argumento de que lhe era impossível resistir à tentação e evitar a prática do pecado, porque este sempre se mostrou maior do que sua própria vontade. Entretanto, se é uma verdade que o pecado é mais forte do que a vontade do homem, há algo muito mais poderoso do que o pecado, que é a graça de Jesus, a qual está à sua disposição para ser sempre recorrida, de maneira a poder vencer o pecado.
E, quando há esta escolha pela graça, a obediência a Deus é manifestada, Ele é glorificado, e a nossa obediência se torna ainda mais valiosa, pois foi realizada como uma vitória sobre forças oponentes poderosas, que poderiam nos ter derrotado facilmente, caso não fizéssemos esta escolha pela graça para não ceder à tentação.
Assim, toda a nossa santidade será o fruto do exercício continuado, de sempre fazermos uma escolha pela santidade, a qual será na prática, a escolha da busca da graça, a par de toda resistência que possamos sofrer interiormente, ou exteriormente da parte do pecado.
Mas, como isto não pode ser imposto a um ser racional, por força e por violência, senão pela atração do Espírito Santo, pelo autoconsentimento de renúncia à própria vontade, então, tanto anjos quanto homens são trazidos à existência com esta característica da possibilidade da mutabilidade, até que se defina para que lado se permitirão inclinar, se para o bem em Deus, ou se para o mal no pecado.
Embora a vontade de anjos e homens foram criadas mutáveis; assim eram imperfeitos, mas não foram criados como maus, embora eles possam pecar, ainda assim podem não pecar, portanto não eram maus em sua própria natureza.
Logo, segue-se que, embora Deus tenha criado o homem mutável, ainda assim Ele não foi a causa de sua mudança por sua queda.
Os anjos eleitos e os santos glorificados em perfeição no céu comprovam a verdade, de que a mutabilidade pode ser perfeitamente direcionada para o crescimento contínuo em santidade, sem qualquer inclinação para o mal. Aqui reside uma maior glória para o Criador, em Seu poder de manter, por Sua graça, criaturas mutáveis, em eterna santidade sem qualquer mancha de pecado.
Por isso, a santidade de Deus não é prejudicada ao ordenar ao homem uma vez que sabia, que ele não observaria, pois a lei não estava acima de sua força. Se a lei fosse impossível de ser observada, nenhum crime poderia ter sido imputado ao sujeito, a culpa caberia inteiramente ao governador; a não observância do que tinha sido de uma falta de força, e não de uma falta de vontade.
Se Deus tivesse ordenado a Adão que voasse até o sol, quando Ele não tivesse lhe dado asas, Adão poderia ter a vontade de obedecer, mas seu poder seria muito pequeno para realizá-lo.
Mas, a lei que se impunha por uma regra, não tinha nada de impossibilidade, e seria fácil de ser observada, caso o homem permanecesse escolhendo estar debaixo do poder da graça divina.
Agora, aplicando-se tudo isto na prática, torna-se fácil entendermos, porque é visto tão menos vidas santificadas, quanto mais avança a iniquidade no mundo, porque em vez de se fazer escolhas pela graça e a Palavra de Deus, as pessoas se voltam mais para os muitos atrativos do mundo, se deixam influenciar e ser dominadas pelos ditames da sociedade em geral, em vez dos princípios eternos e absolutos divinos.
Quanto mais o meio que nos circunda é ímpio, mais propensos somos a ficar contaminados pela iniquidade, de maneira que bem faremos em nos separar, até mesmo de toda aparência de mal, se pretendemos ser achados santificados.
Se o apóstolo Tiago definiu a verdadeira religião, como aquela que nos torna ligados em comunhão com Deus, por nos guardarmos incontaminados do mundo, quanto mais não se aplica a nós, em que a iniquidade tem se multiplicado em tão grande velocidade em nossos dias?
Quando tantos estão completamente sujos, moralmente falando, é possível sermos tentados a pensar que deve ser tolerável a Deus, o fato de haver alguma sujeira em nós, porém nunca será tolerado por Ele que demanda, que sejamos santos e perfeitos, assim como Ele é santo e perfeito.
Com a ajuda da graça de Jesus, os mandamentos de Deus não são penosos; do primeiro ao último comando, não há nada impossível, nada difícil para a natureza do homem, pois foram todos resumidos em amor a Deus, que seria o prazer do homem, bem como seu dever, se não tivesse, por imprudência, negligenciado os ditames e resoluções de sua própria compreensão.
“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos”, [1 Jo 5: 3]
Quanto prazer tem todo aquele, que por exercício e disciplina continuados obtém vitórias sucessivas sobre o pecado, e vê sendo implantadas cada vez mais em número e grau as graças do Senhor em Sua própria vida!
Como Davi, Paulo, e todos os grandes santos de Deus, amará e achará grande prazer em guardar a lei de Deus.
“1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.
2 Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado;
4 permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
9 Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.
10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço.
11 Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo.
12 O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
13 Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.
14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.
15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.
16 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
17 Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.
19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.
20 Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu Senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.
21 Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou.
22 Se eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas, agora, não têm desculpa do seu pecado.
23 Quem me odeia odeia também a meu Pai.
24 Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez, pecado não teriam; mas, agora, não somente têm eles visto, mas também odiado, tanto a mim como a meu Pai.
25 Isto, porém, é para que se cumpra a palavra escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo.
26 Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim;
27 e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio.” [João 15]
Santidade
Parte 14
Meus amados, nós temos falado muito sobre o que devemos fazer para que estejamos santificados, mas há algo que nunca podemos esquecer, que é a grande e essencial verdade, de que é Jesus que faz infinitamente mais, para que possamos ser santos.
A Bíblia e a história da Igreja estão repletas de exemplos, quanto ao grande poder exercido por Jesus, para a transformação de todo tipo de pecadores e solução de quaisquer problemas que eles possuíam em suas vidas.
Um dos exemplos mais marcantes é o da conversão do endemoninhado gadareno.
Aquele homem vivia entre os sepulcros, e mesmo quando amarrado com correntes de ferro, ele as quebrava, porque havia nele uma legião de demônios terriveis, que o tornavam violento e excessivamente agresssivo.
Ninguém se disporia a crer que haveria algum tipo de cura para tal pessoa, mas Jesus não somente se compadeceu dele, como se dispôs a curá-lo.
Jesus, para testemunho do que seria feito, para os apóstolos e as gerações futuras, perguntou o nome aos demônios, e estes declararam ser legião, porque eram muitos - isto foi para demonstrar a dimensão da libertação que Ele faria, para que nenhum de nós duvide no presente, de que é de fato, Todo-Poderoso para nos libertar, curar, e transformar; enfim, expulsar de nós todo tipo de mal e poder das trevas, para que sejamos curados.
Mas, aquela cura tinha muito mais em vista, porque o que era endemoninhado se tornou missionário em toda a Decápolis, e foi o agente da salvação de muitos outros.
Ora, o que há de lastimável é que muitos que são psicopatas e portadores de enfermidades do espírito, da alma, e do corpo, mesmo tendo consciência de sua condição, e de quem é Jesus, pelo que se dá testemunho dEle nas Escrituras, e pelo que vêm de Suas operações transformadoras na vida de muitos, ainda assim não creem nEle, nem que seja poderoso ou interessado para também transformá-los.
Eles enxergam seus problemas e vícios como sendo muito maiores do que Jesus, e assim trazem grande desonra para o Seu grande nome, e não são curados.
Mas, o que era endemoninhado em Gadara, que não tinha consciência e conhecimento de coisa alguma a respeito de Jesus, não somente creu imediatamente nEle, como se determinou a segui-Lo juntamente com os apóstolos. Vendo sua sincera disposição e sabendo de sua vocação, o Senhor tinha outros planos para ele, que obedeceu ao Seu Mestre, indo para a chamada região das dez cidades, a fim de ser um missionário ali.
Sua vida transformada seria um grande testemunho do poder de Jesus, para curar qualquer tipo de enfermidade ou possessão maligna, e transformar o caráter de um pecador, no de um verdadeiro santo.
Os detalhes das muitas lutas que ele teve que empreender para se santificar, não são relatados nas Escrituras, mas podemos imaginar o quanto deveria ser tentado a descrer, que havia sido realmente transformado, por conta de algum pecado remanescente, como é comum ocorrer com todos os crentes, porém ele permaneceu firme na fé, e não descreu, porque o mesmo poder que o havia transformado no princípio, ainda se manifestava nele, dando-lhe continuadas libertações de todo tipo de laço pecaminoso com que sua própria antiga natureza procurava lhe enredar, bem como de toda tentação externa vinda da parte do mundo e do diabo.
Maior é o que está em nós do que aquele que está no mundo.
Jesus tem todo o poder sobre o diabo, o pecado e o mundo. Ele venceu esta trindade maligna e nos dá testemunho disso, não somente em palavras no Evangelho, como em ações em nossa vida e na de muitos, por séculos sucessivos na história da humanidade.
Daí ser dito que o que vence o mundo é a nossa fé nEle.
Ora, em quem creremos: em nós, nos demais homens, no diabo, nos demônios, ou em Jesus, para que sejamos libertados e abençoados por Deus?
Qual lado escolheremos antes da nossa libertação, se nos é dada esta oportunidade, diferentemente como é o caso de muitos, como foi o do gadareno, que não tinham a capacidade de escolher?
Se temos tido a oportunidade, devemos agarrá-la e expulsar todo tipo de convicção pessoal que tente nos manter do lado das trevas.
Tenhamos a coragem e disposição de caminhar na direção da luz, ainda que sabendo que nossos olhos espirituais arderão um pouco no princípio, com a intensidade da sua claridade, uma vez tendo permanecido tanto tempo na escuridão, que sentirão alguma dificuldade para se abrir, assim como sucede no mundo natural, quando se sai de um lugar escuro para um luminoso.
São abjetos os seres que vivem nas trevas. Não podem ser úteis para os propósitos de Deus de manifestarem, que Ele é a luz do mundo. Saiamos então pela fé, em nada duvidando, sabendo que Aquele que curou o gadareno é poderoso para curar qualquer um.
Leprosos foram limpos. Mortos foram ressucitados. Endemoninhados foram libertos. Lunáticos e psicopatas foram curados, e continua ocorrendo ao longo da história. Por que seria diferente com algum de nós?
Não temos a promessa de Jesus, de que não impedirá ninguém de vir a Ele, e que nunca lançará fora a qualquer que o fizer?
Maldita incredulidade que mantém o homem escravizado, e condenado a um juízo de fogo horrível, quando estava ao seu dispor uma imediata libertação do mal, pelo poder do amoroso Jesus.
Mas, todo aquele que crê, é curado deste mal da incredulidade, e como o gadareno sente-se unido em espírito a Jesus, e passa a amá-Lo mais do que a tudo, e O seguirá obedientemente em tudo o que for determinado por Ele, para a Sua vida; quer nas Escrituras, quer pela instrução diária e pessoal do Espírito Santo.
É por isso que o apóstolo Mateus registrou em seu evangelho, logo e imediatamente após conclusão do Sermão do Monte, no sétimo capítulo, as ações de Jesus para nos mostrar que Ele não veio apenas para nos trazer ensinamentos, mas para efetivamente agir em nós, na transformação de nossas vidas.
Nós temos o registro detalhado das ações de Jesus relativas ao endemoninhado gadareno no oitavo capítulo do evangelho de Lucas, que destacamos a seguir:
“22 Aconteceu que, num daqueles dias, entrou ele num barco em companhia dos seus discípulos e disse-lhes: Passemos para a outra margem do lago; e partiram.
23 Enquanto navegavam, ele adormeceu. E sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar.
24 Chegando-se a ele, despertaram-no dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo! Despertando-se Jesus, repreendeu o vento e a fúria da água. Tudo cessou, e veio a bonança.
25 Então, lhes disse: Onde está a vossa fé? Eles, possuídos de temor e admiração, diziam uns aos outros: Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?
26 Então, rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galileia.
27 Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma, porém vivia nos sepulcros.
28 E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando e dizendo em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
29 Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E, embora procurassem conservá-lo preso com cadeias e grilhões, tudo despedaçava e era impelido pelo demônio para o deserto.
30 Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios.
31 Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo.
32 Ora, andava ali, pastando no monte, uma grande manada de porcos; rogaram-lhe que lhes permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu.
33 Tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do lago, e se afogou.
34 Os porqueiros, vendo o que acontecera, fugiram e foram anunciá-lo na cidade e pelos campos.
35 Então, saiu o povo para ver o que se passara, e foram ter com Jesus. De fato, acharam o homem de quem saíram os demônios, vestido, em perfeito juízo, assentado aos pés de Jesus; e ficaram dominados de terror.
36 E algumas pessoas que tinham presenciado os fatos contaram-lhes também como fora salvo o endemoninhado.
37 Todo o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande medo. E Jesus, tomando de novo o barco, voltou.
38 O homem de quem tinham saído os demônios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo:
39 Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Então, foi ele anunciando por toda a cidade todas as coisas que Jesus lhe tinha feito.’ [Lc 8: 22-39]
Meus amados, quando Jesus foi duramente questionado pelos judeus, que tentavam enredá-lo no crime de quebrar o sábado, Ele disse que era senhor do sábado, e maior do que ele, e que instituiu o sábado para o benefício do homem e glória de Deus, e não o homem para o sábado.
Sendo Deus com o Pai e o Espírito Santo, é também o grande Legislador e Juiz, que além dos termos da Lei dada a Moisés, determinou como lei para Si mesmo usar de misericórdia com os pecadores, perdoar, e esquecer as transgressões daqueles que se arrependessem e nEle cressem para a vida eterna.
Deus sempre salvou por graça e mediante a fé, desde a queda do primeiro homem, e este foi o caso com Abraão e muitos outros, além dos relacionados na galeria da fé do 11º capítulo da epístola aos Hebreus.
A nova aliança que foi prometida à casa de Israel e Judá, conforme se vê em Jeremias 31: 31-34, em Ezequiel 36: 23-26, e outras passagens bíblicas, foi decorrente de terem anulado a aliança da Lei feita pela mediação de Moisés; e, como estavam sempre transgredindo a Lei, Deus nunca se proveria de um povo nos termos daquela aliança de obras, de maneira que a revogou e substituiu por uma nova aliança de graça e fé, em que perdoa a transgressão dos aliançados.
Então, não há outra forma de se tornar filho de Deus e fazer parte do Seu povo, a não ser por meio do sangue da nova aliança que foi derramado por Jesus.
Sem fé em Jesus não há perdão, nenhuma salvação, nenhum céu.
Concluímos portanto, que Deus não está obrigado a ser legalista, nos termos crus e frios da aplicação das cominações e ameaças da Lei de Moisés, pois tem intervindo também com graça em favor dos que se arrependem e têm fé. Ele não revoga e não remove a Lei, mas como Juiz decide o modo de aplicar tudo o que é determinado por Ele, através da mesma.
O que se aprende daí, é que a par de não ter revogado a Lei e os profetas, na condição de Jesus ser também o autor da Lei e o senhor dos profetas, tinha o direito legítimo, que é muito maior do que o legal, de usar de misericórdia na aplicação da Lei, e não agir de modo legalista friamente, aplicando imediatamente as sentenças condenatórias da lei a seus transgressores.
Havia um grande motivo justo para agir dessa maneira, pois no Calvário carregaria sobre Si todos os nossos pecados, e pagaria o preço do castigo previsto para os mesmos, sofrendo em nosso lugar.
Tinha portanto, o direito de perdoar e usar de misericórdia para com quem quiser.
Ninguém pode impugná-Lo nesse direito justo e legítimo que Ele possui.
Daí sermos convidados e incentivados a nos aproximarmos dEle com inteira confiança, na certeza de que seremos recebidos e atendidos.
Glórias ao Seu santo nome.
Amém.
Santidade
Parte 15
Meus amados, bendito seja para sempre o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem instruído continuamente pelo Espírito Santo quanto à verdade da Sua Palavra.
Quão difícil, ou até mesmo impossível seria para nós obter um correto entendimento relativo à verdade da Palavra, ainda que fôssemos diligentes em seu estudo, caso nos faltasse esta iluminação e instrução do Espírito Santo para nos ensiná-la.
Se nos faltasse esta iluminação e instrução, quando pegássemos um texto fora do seu contexto, poderíamos até mesmo correr o grande risco de usá-lo para o nosso próprio prejuízo, e o de muitos que estivessem sob a nossa influência.
Veja, por exemplo, o caso que é muito comum, quanto à incorreta aplicação da verdade que somos salvos pela graça de Jesus.
Quanto se ouve da parte de muitos, que uma vez que a salvação é pela graça, não importa o modo como vivam, pois estão seguros e certos quanto ao grande amor que Deus por eles, que sempre os aprovará e aceitará na comunhão dos santos, uma vez que já foram lavados pelo sangue de Jesus.
Há muita verdade em tudo isso, mas um erro fatal no que diz respeito a pensarem que Deus está agradado deles, porque os vê sempre através do sangue de Jesus. Se eles permanecem como filhos que serão sempre amados, e não serão lançados fora, caso sejam de fato filhos, é uma verdade; mas também é outra verdade, que não ficarão sem serem repreendidos e disciplinados por Deus, até mesmo com correções dolorosas, por conta do mau comportamento deles.
As páginas do Novo Testamento estão repletas de passagens que registram estas correções dolorosas.
Veja o caso de Ananias e Safira; dos crentes rebeldes que estavam sendo enfermados e mortos pelo Senhor na Igreja de Corinto; a expulsão da comunhão dos santos do crente incestuoso daquela igreja; as duras repreensões e, até mesmo ameça de morte física dirigidas por Jesus, a crentes que viviam de modo pecaminoso nas igrejas citadas no livro de Apocalipse.
E, os exemplos se multiplicam, confirmando que Jesus sujeita à disciplina da aliança a todos quantos tem recebido como filhos, conforme se vê em Mateus 18.
Ali, Ele revela que o amor e a comunhão devem ser mantidos entre os santos, o que só pode ser feito mediante um andar na verdade - caso alguém tenha sido o alvo do pecado praticado por outro crente, deve confrontá-lo para que se arrependa e retorne à comunhão; caso este se recuse, outros crentes que estiverem andando de modo fiel devem ser inteirados do caso, no intuito de conduzir o faltoso ao arrependimento; e caso este se negue a corrigir seu procedimento deve ser excluído da comunhão dos santos.
Nisto se cumpre o que Jesus disse, que o que for ligado na terra terá sido ligado no céu. E de quem os crentes fiéis perdoarem os pecados, estes serão perdoados, assim como não serão aqueles que forem retidos.
“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus”. [Mt 18: 18]
“Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos”. [Jo 20: 23]
Tudo isso faz parte de um viver santificado, pois se revela pelo zelo em se manter a verdade e o amor de Jesus entre os santos.
Jesus salva pela graça, mas tem lei para Seu povo.
Na verdade, Ele veio a este mundo para vindicar, e resgatar a santidade e autoridade da Lei de Deus.
E, não se pense que esta vindicação ficou limitada a nosso Senhor e restringida a Ele, pois a santidade será continuamente vindicada por Deus em todos os que se aproximarem dEle, assim como afirma na Sua Palavra. E Ele o fará através da determinação e execução de juízos a serem aplicados, ainda que não o sejam automaticamente, pois é longânimo.
Além
disso, é pelo exercício da santidade no cumprimento da Lei, que Ele
põe à prova todos os Seus filhos.
Por
exemplo, se pretende ensinar-lhes a paciência, o perdão e a
longanimidade, permitirá que sejam ofendidos e prejudicados por
outros, para que conheçam o quanto dependem da Sua graça para poder
suportá-los em amor, e não procurando retribuir a ofensa ou
prejuízo sofrido. Somente agindo assim, pode ser dito deles que são
imitadores de Deus como filhos amados.
Meus amados, a lei era adequada à força do homem, e à melhoria e perfeição de sua natureza; a cujo respeito, o apóstolo chama de "boa" quando se refere ao homem, bem como "santa", quando se refere a Deus.
“Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”. [Rm. 7: 12]
Agora, desde que Deus criou o homem, como uma criatura capaz de ser governada por lei, e uma criatura racional dotada de entendimento e vontade, não para ser governada de acordo com sua natureza, sem lei; seria coerente à sabedoria de Deus, dar lei ao homem sabendo de antemão, que ele viria transgredi-la, se tornando miserável?
Teria sido agradável à sabedoria de Deus considerar, apenas a este estado futuro, e não ao estado atual da criatura; e deixá-la sem lei, porque Ele sabia que seria violada?
Deus deveria deixar de agir como um sábio governador, porque viu que o homem deixaria de agir como um sujeito obediente futuramente?
Todavia, ao fixar a Lei, dando mandamentos ao próprio Adão desde o princípio da criação, quando tudo era perfeito, o Senhor tinha o propósito de ensinar ao homem, que a permanência do mesmo em perfeição dependeria totalmente de sua obediência à vontade do Senhor - esta vontade estava refletida nos Seus mandamentos.
O homem foi criado livre, mas dentro da esfera de ser perfeitamente obediente à vontade de Deus, pois sem a Sua graça, jamais seria capaz de permanecer incontaminado pelo pecado, e jamais acharia a expressão máxima da sua liberdade em poder escolher o bem, em vez de qualquer mal.
E como já vimos antes, seria impossível para o pecador amar e perdoar perfeitamente o seu próximo sem este auxílio da graça, sobretudo quando é duramente injuriado e prejudicado com dolo.
Deus é uma fonte límpida e perfeita, e o homem, como um fluxo dessa fonte, deve também jorrar águas límpidas e perfeitas.
Sem estar ligado à fonte jamais poderá fazê-lo, de modo que é ingênua a ideia de se alcançar a perfeição, ainda que estando separado da graça de Deus.
Assim, a lei que nos ordena buscar a perfeição absoluta é um princípio, que é emanado da própria natureza santa de Deus. Ela não poderia ser diferente disso, porque Deus é imutavelmente perfeito em Sua natureza.
Um magistrado justo deveria abster-se de fazer leis justas e boas, porque prevê, seja pelas disposições de seus súditos, ou por algumas circunstâncias que irão intervir; que multidões deles se inclinarão a violar essas leis, e cairão sob a penalidade delas?
Nenhuma culpa pode estar sobre aquele magistrado que se importa com a regra da justiça, e o dever necessário de seu governo, já que ele não é a causa daqueles afetos turbulentos dos homens, que previu sabiamente que se levantariam contra seus justos decretos.
É verdade; Deus tem sido graciosamente satisfeito em mitigar a severidade e rigor da lei, pela entrada do evangelho - ainda que, onde os homens recusam os termos do evangelho, eles continuam sob a condenação da lei, e são justamente culpados da violação dele, embora não tenham força para observá-lo.
Algumas coisas na lei, que são intrinsecamente boas em sua própria natureza, são indispensáveis, e é repugnante para a natureza de Deus, não comandá-las.
Se Ele não fosse o guardião de Sua lei indispensável, Ele seria a causa e o reconhecimento da iniquidade das criaturas.
Tampouco os homens têm razão para acusar a Deus, de ser a causa de seu pecado, por não revogar Sua lei para gratificar sua impotência, porque seria profano se o fizesse.
Deus não deve perder Sua pureza, porque o homem perdeu a sua, e rejeitou o direito da Sua soberania, porque o homem rejeitou seu poder de obediência.
A presciência de Deus, de que Sua lei não seria observada, não Lhe atribui qualquer culpa, pois ao criar seres morais com liberdade de escolha, Ele previu e conheceu tanto aqueles que escolheriam a graça, quanto aqueles que escolheriam viver no pecado, sob o domínio do diabo para sempre.
Foi conhecido por Ele desde a eternidade, que Adão cairia, que os homens fariam tais e tais ações, que Judas trairia nosso Salvador, mas também, que haveria muitos santos como Abraão, Moisés, Davi e tantos outros que O amariam e obedeceriam.
Assim, a santidade de Deus não é prejudicada pela decretação da rejeição eterna de alguns homens, como também não é prejudicada por Sua vontade secreta, de deixar o pecado entrar no mundo.
Deus nunca quis o pecado, por Sua vontade preceptiva; nunca foi fundado ou produzido por qualquer palavra dEle, como a criação foi.
Ele nunca disse:
Haja pecado debaixo do céu, como disse, "Haja água debaixo do céu."
Nem Ele o fará, infundindo qualquer hábito dEle, ou agitando as inclinações para isso.
“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”. [Tg 1: 13]
Nem Ele o fará por Sua vontade de aprovação; é detestável para Ele, e nunca pode ser de outra forma; Ele não pode aprová-lo antes, ou depois da comissão.
O pecado consiste basicamente em oposição à vontade de Deus, portanto não tem qualquer afinidade com ela.
A vontade de Deus não é de forma alguma concorrente com o pecado.
Este ato de permissão da entrada do pecado no mundo, não é uma mera e nua permissão, tendo Ele uma certeza de que a criação viria a ficar sujeita ao pecado.
O modo de Deus lidar com o pecado do homem, se manifesta em função da realização dos Seus decretos, para a glória da Sua graça na missão e paixão de seu Filho, baseado nesta entrada do pecado.
O pecado não apenas entrou no mundo por Adão, mas tem estado nele por séculos; e, através do modo como Deus tem lidado com o pecado, tem revelado o quanto o detesta, e que o fim do pecado é ser destruído juntamente com aqueles que o praticam deliberadamente, e não buscam a cura deste mal em Cristo, de forma que será um aprendizado eterno, tanto para os santos quanto para os anjos do céu - e, o inferno ficará para sempre como o testemunho e monumento eterno, de qual é o fim de todos aqueles que não amam a santidade, mas o pecado.
Haverá um contraste indelével entre o que é vida, e o que é morte; entre o que é bem e o que é mal; entre o que é divino e o que é satânico; entre trevas e luz - e nada disso poderia ter sido gravado de forma tão permanente, senão por esta luta constante que ainda se desenvolve no mundo, desde a sua criação entre a santidade e o pecado.
Este também é um dos motivos para que a criação fosse feita visível por Deus, deste outro lado do céu, onde há este conflito com o pecado, de forma que possa ser visto seus efeitos prejudiciais e danosos, em adultérios, fornicações, roubos, assassinatos, em dissensões, discussões, iras, abusos, e em tudo o mais em que pode ser testemunhado visivelmente, o que não poderia ser feito em um mundo somente habitado por espíritos invisíveis.
Em todas as formas de relacionamento dos homens com as demais criaturas pode haver a oportunidade, tanto para a prática do bem quanto a do mal, e nisto há muito ensino, para que se grave indelevelmente quão mau é o pecado, e quão boa é a santidade.
“1 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, e todos os dias guardarás os seus preceitos, os seus estatutos, os seus juízos e os seus mandamentos.
2 Considerai hoje (não falo com os vossos filhos que não conheceram, nem viram a disciplina do SENHOR, vosso Deus), considerai a grandeza do SENHOR, a sua poderosa mão e o seu braço estendido;
3 e também os seus sinais, as suas obras, que fez no meio do Egito a Faraó, rei do Egito, e a toda a sua terra;
4 e o que fez ao exército do Egito, aos seus cavalos e aos seus carros, fazendo passar sobre eles as águas do mar Vermelho, quando vos perseguiam, e como o SENHOR os destruiu até ao dia de hoje;
5 e o que fez no deserto, até que chegastes a este lugar;
6 e ainda o que fez a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, filho de Rúben; como a terra abriu a boca e os tragou e bem assim a sua família, suas tendas e tudo o que os seguia, no meio de todo o Israel;
7 porquanto os vossos olhos são os que viram todas as grandes obras que fez o SENHOR.
8 Guardai, pois, todos os mandamentos que hoje vos ordeno, para que sejais fortes, e entreis, e possuais a terra para onde vos dirigis;
9 para que prolongueis os dias na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a vossos pais e à sua descendência, terra que mana leite e mel.
10 Porque a terra que passais a possuir não é como a terra do Egito, donde saístes, em que semeáveis a vossa semente e, com o pé, a regáveis como a uma horta;
11 mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;
12 terra de que cuida o SENHOR, vosso Deus; os olhos do SENHOR, vosso Deus, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.
13 Se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar o SENHOR, vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma,
14 darei as chuvas da vossa terra a seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais o vosso cereal, e o vosso vinho, e o vosso azeite.
15 Darei erva no vosso campo aos vossos gados, e comereis e vos fartareis.
16 Guardai-vos não suceda que o vosso coração se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos prostreis perante eles;
17 que a ira do SENHOR se acenda contra vós outros, e feche ele os céus, e não haja chuva, e a terra não dê a sua messe, e cedo sejais eliminados da boa terra que o SENHOR vos dá.
18 Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos.
19 Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantando-vos.
20 Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas,
21 para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a vossos pais, e sejam tão numerosos como os dias do céu acima da terra.
22 Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os guardardes, amando o SENHOR, vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes,
23 o SENHOR desapossará todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.
24 Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, desde o deserto, desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será vosso.
25 Ninguém vos poderá resistir; o SENHOR, vosso Deus, porá sobre toda terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito.
26 Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição:
27 a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno;
28 a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.
29 Quando, porém, o SENHOR, teu Deus, te introduzir na terra a que vais para possuí-la, então, pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim e a maldição sobre o monte Ebal.
30 Porventura, não estão eles além do Jordão, na direção do pôr-do-sol, na terra dos cananeus, que habitam na Arabá, defronte de Gilgal, junto aos carvalhais de Moré?
31 Pois ides passar o Jordão para entrardes e possuirdes a terra que vos dá o SENHOR, vosso Deus; possuí-la-eis e nela habitareis.
32 Tende, pois, cuidado em cumprir todos os estatutos e os juízos que eu, hoje, vos prescrevo.” [Dt 11]
Santidade
Parte 16
Meus amados, nós já comentamos anteriormente que Deus nos colocou neste mundo antes de irmos para o céu, para que fôssemos santificados e para ser formado em nós um caráter sólido, justo e amoroso que nos torne adequados à vida celestial e divina.
Isto posto, deveríamos refletir seriamente sobre esta inclinação moderna para se empenhar na busca de coisas que estejam relacionadas à produção de emoções fortes, entusiasmo e empolgação, como se fosse este o grande sentido da vida.
Mas para todos os que foram regenerados e santificados por Jesus, fica cada vez mais claro que esta busca citada não somente prejudica a santificação que é fundada na aplicação da verdade divina às nossas vidas, como também leva-nos a distorcer a própria verdade, uma vez que é sabido que as emoções de euforia e entusiamo são produzidas somente por coisas que sejam agradáveis ao homem carnal, como músicas excitantes, promessas proféticas de obtenção das coisas deste mundo que despertam a cobiça, etc. Assim, a grande verdade de que há o pecado e juízos de Deus relativos a ele, fica de fora da consideração daqueles que buscam emoções arrebatadoras, e assim a verdade é colocada também para fora de suas vidas, e com ela, a possibilidade de serem santificados.
Amados, quantas vezes ouvimos ser dito que, o que importa é aproveitar esta vida que temos, porque não haverá outra depois da morte, pois, segundo dizem: “morreu acabou”.
Mas, se assim fosse quanto aos homens que são seres morais, dotados de consciência do que é certo e o que é errado; e mais do que isto, consciência de sua própria existência, de que caminham para a morte física; que significado haveria em ter recebido tal consciência da parte de Deus, para que tendo vivido depois de um determinado período de tempo, a existência dessa consciência fosse aniquilada na morte, e não apenas ela, mas tudo o que se refira ao próprio ser como um todo?
Por que se importar com um viver responsável na busca do que é certo, se no final tudo será extinto para sempre?
E neste caso, se assim fosse na realidade, que importância teria em Deus ter dotado o homem de consciência, se não viesse a lhe cobrar uma prestação de contas seja neste mundo, ou em uma existência futura depois da morte do corpo?
Então, como diziam os epicuristas: “comamos e bebamos que amanhã morreremos.” - como se tudo o que importasse de fato, fosse apenas beber e comer.
É certo, conforme somos ensinados pela própria natureza e pelas Escrituras, que tudo o que levaremos conosco na morte será apenas o nosso caráter santificado, e isto, se de fato o obtivemos enquanto vivíamos aqui embaixo.
Daí ser dito, que sem santificação ninguém verá o Senhor, pois esta é uma das razões principais, de ser exigido santificação de todo aquele que pretender alcançar a bem-aventurança, não somente neste mundo, como também no vindouro.
Bens materiais ficarão aqui embaixo, realizações naturais de toda sorte também. Nada levaremos conosco, nem mesmo o nosso próprio corpo.
O que haveria, então no espírito que o recomendasse a ser aceito no seio da intimidade com Deus, senão o ter sido moldado em santidade, conforme nele forjada pelo Espírito Santo, mediante aplicação da Palavra de Deus?
Quantos possuem isto? Quantos o alcançaram e têm para si mesmos a evidência da confirmação da sua eleição, e vocação em Cristo Jesus?
Quem não nascer de novo do Espírito, jamais poderá ser santificado, porque a santificação sempre seguirá a regeneração; por isso Jesus disse a Nicodemos, e diz também a nós na Palavra que, se alguém não nascer de novo não poderá entrar no reino de Deus.
Ouvi um ator dizer em uma entrevista, que ele não cria na existência de Deus, mas sim na do diabo, porque é fácil ter a evidência de que há um governo maligno no mundo, por tudo o que ocorre de mau nele, e assim, segundo ele, só pode haver um autor poderoso por detrás de tudo isso que acontece, a saber, o diabo.
Outros dizem, que se Deus existisse realmente, Ele não teria permitido sequer a entrada do pecado no mundo, e tudo seria uma perfeição absoluta de justiça, amor, paz, bem e bondade.
Então, se nos debruçássemos sobre este assunto com o intuito de desvendar: como é que se pode conciliar a idéia de um Criador santo, amoroso, bom e justo, com a de haver tanta impureza, ódio, maldade e injustiça em seres que foram criados por Ele, para serem à Sua imagem e semelhança?
Ele não nos deixou sem respostas quanto a isto, e podemos achá-las em várias passagens da Bíblia.
Quanto à permissão da entrada do pecado no mundo por Deus, no início da criação, deve ser considerado:
1. Que não é uma permissão moral, uma liberdade de tolerância dada por qualquer lei, para cometer pecado com impunidade.
2. Mas, essa permissão de Deus, no caso do pecado, não é mais do que o não impedir uma ação pecaminosa, que poderia ter evitado.
Deus tem determinado não atuar na restrição do pecado, mesmo nos ímpios, pelo Espírito Santo, nos últimos dias, quando estiver próxima a vinda de Jesus, do mesmo modo que Ele fez nos dias de Noé, que antecederam o dilúvio.
Esta é uma das principais causas de se ver a iniquidade se multiplicando no tempo do fim, como a ficar marcado para todos os homens, que à medida que eles se afastam de Jesus e da prática do evangelho, conforme se vê nesta grande apostasia no mundo atual, mas se aprende que é de fato, pela interposição da graça pelo Espírito Santo, que o pecado é detido, e não por qualquer outro poder.
“3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição,
4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.
5 Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?
6 E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.
7 Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém;
8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.
9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira,
10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.
11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira,
12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.” [2 Ts 2: 3-12]
Então, não é tanto uma ação de Deus, como uma suspensão de Sua influência, que poderia ter impedido um ato maligno, e uma tolerância para restringir as faculdades do homem do pecado; é, propriamente, não exercer a eficácia que pode mudar os conselhos que são tomados, e impedir a ação pretendida, como quando um homem vê outro pronto para cair, e pode preservá-lo de cair alcançando sua mão, mas permite que ele caia, isto é, ele impede que o outro não caia.
Mas, observe o mundo real, especialmente o atual, em que tantas relações complexas são empreendidas por toda a humanidade no mundo. Não podemos resumi-lo e entendê-lo com base em simples princípios filosóficos - somente Deus conhece perfeitamente quais são as intervenções necessárias e em que tempo, para que Seu conselho eterno, de ter um povo exclusivamente santo habitando a Terra, seja consumado.
Assim como Satanás não foi impedido de tentar Pedro para negar Jesus, pela permissão que lhe foi dada para fazê-lo por Deus Pai; de igual modo lhe foi permitido que tentasse Eva no jardim do Éden.
Certamente, Deus colocou limites às ações do diabo, assim como fizera no caso de Jó, e como sempre costuma fazer na provação dos crentes, quando permite que Satanás lhes tente.
Mas, em tudo isso há lições e propósitos importantíssimos, para serem aprendidos e colocados em prática por nós, sobretudo quanto ao modo que importa vivermos pela fé.
Adão deveria ter corrido para Deus, quando se sentiu fraco e propenso a cair na tentação, a fim de receber graça e força para resistir.
O mesmo pode ser dito de Pedro, que caiu por confiar na própria capacidade para permanecer fiel a Jesus.
E, de um modo geral, esta é a grande lição a ser aprendida, pois mesmo quando permite que caiamos na tentação, Deus estará nos curando da confiança em nós mesmos, e da autojustiça, de modo que entendamos que somente podemos prevalecer e viver na atmosfera vitoriosa do Reino dos Céus, quando dependemos inteiramente da Sua graça, e confiamos somente em Cristo para nos capacitar a vencer o mal.
Se a graça estiver operando em nós, ficamos de pé, mas em caso contrário, caímos.
Quanto mais próximo de Deus, pela comunhão em espirito com Ele, mais fortes ficamos por Sua graça, para poder resistir e vencer o pecado.
Ao que se humilha, ou seja, que reconhece que depende inteiramente dEle para ter a vitória, Ele concede mais graça. Assim, não foi para pouco ou nenhum propósito que Paulo ordenou a Timóteo, para se fortificar na graça que está em Jesus.
Devemos estar fortalecidos no Senhor Jesus e na força do Seu poder, para que possamos cumprir o mandamento de sermos santos, assim como Ele é santo.
Não será achado no velho homem, em nossa natureza terrena, qualquer força para resistir ao pecado; ao contrário, se não nos despojarmos disto, o pecado reinará na carne, e a vida santificada que devemos ter no Espírito não será vista em nós.
Não podemos, portanto supor que Deus deveria permitir o pecado, senão por algum grande e glorioso fim; especialmente para que Sua graça, misericórdia e amor demonstrados na obra de salvação por Cristo trouxesse grande glória ao Seu nome, e aprendizado de nossa parte, do quanto Jesus é precioso, vital e necessário para nós, para que tenhamos vida eterna, e aquela santidade para a qual fomos criados.
Sua misericórdia não poderia aparecer sem a entrada do pecado, porque o objeto da misericórdia é uma criatura miserável, porém o homem não poderia ser miserável, caso permanecesse inocente.
O reino do pecado abriu uma porta para o reino e triunfo da graça.
“a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”. [Rm 5: 1]
Assim, a graça reina através da justiça para a vida eterna; sem ela, as entranhas de misericórdia nunca soariam, e a música arrebatadora da graça divina nunca poderia ter sido ouvida pela criatura.
Há essa necessidade completa, não somente da graça para nos perdoar, como também para nos purificar e aperfeiçoar na santidade; uma vez que no pecado, não se deve contar apenas as ações como pecaminosas, mas também as intenções da mente e do coração.
“12 Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma,
13 para guardares os mandamentos do SENHOR e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem?
14 Eis que os céus e os céus dos céus são do SENHOR, teu Deus, a terra e tudo o que nela há.
15 Tão-somente o SENHOR se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê.
16 Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz.
17 Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos Senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno;
18 que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes.
19 Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito.
20 Ao SENHOR, teu Deus, temerás; a ele servirás, a ele te chegarás e, pelo seu nome, jurarás.
21 Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e temíveis coisas que os teus olhos têm visto.
22 Com setenta almas, teus pais desceram ao Egito; e, agora, o SENHOR, teu Deus, te pôs como as estrelas dos céus em multidão.” [Dt 10: 12-22]
Santidade
Parte 17
Meus amados, nós vimos na parte anterior deste nosso estudo sobre santificação, que Deus é glorificado através da manifestação do Seu perdão, amor, e misericórdia na restauração de pecadores. Nisto, devemos considerar não apenas o Seu propósito de ser glorificado, mas também o socorro e bênção que recebemos, pela citada manifestação do poder do Salvador e Redentor, nos visitando em todas as nossas necessidades, especialmente nas tribulações que experimentamos.
Alguém se encontrava sem esperança e em grande aflição por conta de alguma tribulação, em que outros poderiam estar envolvidos e dando causa à mesma. Nada poderia ser feito; o sentimento de mágoa, tristeza e amargura invadiram o coração, e estes foram incentivados ou dimensiados pelos espíritos das trevas.
Nenhuma solução à vista, nem qualquer auxílio humano deste mundo seria eficaz para isso. Quando tudo caminhava para um “tudo acabado”, Jesus manifestou o poder da Sua graça, dando uma nova visão e disposição ao coração enfraquecido, enchendo-o não somente de esperança, mas de alegria e paz.
As densas trevas foram dissipadas e raiou a luz do amor de Deus no coração.
Perdão foi liberado. Paciência, longanimidade e misericórdia foram manifestadas, e a alma que se achava presa em correntes de desespero, foi levada a um lugar espiritual elevado, onde reina a mais absoluta tranquilidade e confiança.
Então, não se pode amarrar a santificação a fórmulas que devem ser aplicadas, para se obter o poder e a bênção de Deus, porque Ele é muito glorificado quando os manifesta inesperadamente, quando já dávamos tudo como perdido.
A vida cristã é composta por muitos desses momentos, que experimentamos ao longo da nossa caminhada na fé. Deus é quem nos santifica e nos preenche com bons sentimentos. Todo bem procede do alto, do Pai das luzes, e seremos testemunhas desta verdade em nossa própria experiência prática.
Louvado seja o Seu santo nome, para sempre!
Assim, nas considerações que temos feito, sobretudo quanto à Lei de Deus e o pecado, todas estas coisas que acabamos de citar devem ser pesadas, para que não venhamos a nos afastar do farol do Evangelho, que sempre nos aponta para a graça de Jesus Cristo, para perdoar e curar pecadores.
Todavia irmãos, nunca devemos baratear a malignidade do pecado e suas consequências mortais, pois alguns consideram impropriamente que o pecado é apenas o ato consumado, sem levar em conta que também as omissões são pecaminosas, e a própria Palavra define que deixar de fazer o bem que deveríamos praticar, é tanto pecado quanto o ato de fazer o mal.
Além disso, nosso Senhor definiu como adultério, o mero ato de se cobiçar uma mulher no coração; e o assassinato, não apenas como o crime consumado, mas o ódio por alguém no coração. Temos então, também a vontade pecaminosa, além do ato pecaminoso.
Jesus definiu como pecado, tudo aquilo que procede do coração e que seja contrário à santidade de Deus.
“17 Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e, depois, é lançado em lugar escuso?
18 Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem.
19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.
20 São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos não o contamina.” [Mt 15: 17-20]
“9 tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas,
10 impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina,”
[I Tm 1: 9,10]
Por isso, ninguém pode ser justificado pelas obras da Lei, porque não há quem de si mesmo possa atender a todas as demandas da lei santa, justa, boa e espiritual de Deus.
É somente pela graça concedida, por meio da fé em Jesus, que podemos ser santificados tanto no corpo, quanto na alma e no espírito, para vivermos de modo que seja agradável a Deus.
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.
[I Ts 5: 23]
A Lei nos aponta qual seja a vontade de Deus, e nos convence do nosso pecado e fraqueza para obedecer perfeitamente aos Seus mandamentos, de maneira que somos chamados por este conhecimento da Lei, a correr para Jesus, a fim de obter a salvação e o poder da graça que é capaz de nos santificar.
Foi por causa do pecado, que Deus destruiu o mundo antigo pelo dilúvio nos dias de Noé, e pela mesma razão o mundo que hoje existe está reservado para o juízo futuro de Deus. Se a causa da destruição pelo juízo é pela falta de santidade, então os que são preservados devem ser achados em santidade de vida, conforme ordenado pelo apóstolo:
9 Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.
10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas.
11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,
12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão.
13 Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.
14 Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis,” [2 Pe 3: 9-14]
Agora, em meio a Seus juízos exercidos sobre a terra, e antes do grande juízo final que será estabelecido no fim dos tempos, Deus tem agido com grande misericórdia e longanimidade, retardando o dia do juízo sobre muitas vidas, exatamente para o propósito de dar-lhes a oportunidade do arrependimento que conduz à salvação.
Neste particular, o próprio pecado se tornou, pela Sua sabedoria e poder, um meio de obter maior gratidão e amor por parte dos que são salvos, pois quanto mais eles tivessem sido pecadores, maior a sua gratidão e amor, conforme Jesus expressou em relação à mulher que Ele salvou na casa do fariseu Simão, e da qual disse que muito O amou, porque foi muito perdoada, e que isto era uma regra para todos os demais.
Os servos mais úteis no serviço de Cristo foram encontrados entre os maiores pecadores, porque depois de terem permanecido tanto tempo sob os grilhões do diabo, vieram com todas as suas forças para os pés do Senhor apresentando-se para servi-Lo incondicionalmente.
Este foi um dos motivos de Deus ter chamado Paulo, para ser apóstolo, depois de ter perseguido a Igreja, pois quando se converteu se transformou no apóstolo que mais trabalhou para a causa do evangelho.
Assim, Deus é poderoso para transformar maldições em bênçãos, bem como para tirar o bem do mal - de modo que erram no julgamento, aqueles que pensam que quando o homem pecou no princípio da criação, que o plano de Deus sofreu um estrago, sendo arruinado, de maneira que teria sido melhor que Ele começasse tudo de novo, pela destruição da criação original.
Todavia, o plano de Deus era exatamente o de produzir uma criação espiritual; uma nova criação, a partir daquela criação que havia sido corrompida pelo pecado, e por esta corrupção traria muitos propósitos santos e bons à realização, conforme é demonstrado abundantemente nas Escrituras, e a parte dos quais já nos referimos anteriormente como, por exemplo, os de manifestar e tornar conhecidos os Seus atributos, especialmente os de longanimidade, paciência, bondade, benignidade, misericórdia, justiça, ira, juízo, etc.
Nenhum destes poderia ter sido exibido, caso a criação do homem não fosse feita do modo que Ele planejou, e a entrada do pecado por meio de tentação, pela inclusão de toda a sua descendência nele, para que pudesse aplicar o plano de redenção, de maneira que pudesse usar de misericórdia, para com todos os que Lhe aprouvesse usar de misericórdia.
O próprio Satanás e os demônios, em muito agravariam sua culpa e manifestariam em seu ódio a Deus e à humanidade, que os juízos que Deus trará sobre eles são justos e santos.
Na verdade eles já estão julgados, porque a excessiva malignidade deles foi exibida a todos, quando Deus os despojou na cruz.
De modo que nestas coisas, quem ousaria se apresentar para ser o conselheiro de Deus, dizendo-lhe o que convinha ou não fazer, em relação à criação desde que o pecado entrou no mundo?
Quem poderia ter planejado algo tão maravilhoso, sábio, eterno e santo, senão o Deus onisciente, onipotente e onipresente?
Ele planejou e determinou ter muitos filhos santos, semelhantes a Jesus Cristo, e os tem tido - aproxima-se o tempo em que o número dos eleitos santificados estará totalmente completado, antes da volta de Jesus.
Da sementeira que ficou sujeita à corrupção, Deus está trazendo à luz a incorruptibilidade, e a vida natural dará lugar à espiritual e eterna.
1 Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais;
2 por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão.
3 Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,
4 e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
5 E apareceu a Cefas e, depois, aos doze.
6 Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem.
7 Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos
8 e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo.
9 Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus.
10 Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.
11 Portanto, seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim crestes.
12 Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?
13 E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou.
14 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé;
15 e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam.
16 Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
17 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
18 E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram.
19 Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.
20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.
21 Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.
22 Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.
23 Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda.
24 E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder.
25 Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.
26 O último inimigo a ser destruído é a morte.
27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou.
28 Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
29 Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se, absolutamente, os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?
30 E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora?
31 Dia após dia, morro! Eu o protesto, irmãos, pela glória que tenho em vós outros, em Cristo Jesus, nosso Senhor.
32 Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos.
33 Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.
34 Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; isto digo para vergonha vossa.
35 Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm?
36 Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer;
37 e, quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente.
38 Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado.
39 Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra, a dos animais, outra, a das aves, e outra, a dos peixes.
40 Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres.
41 Uma é a glória do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor.
42 Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.
43 Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder.
44 Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.
45 Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.
46 Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual.
47 O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.
48 Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais.
49 E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial.
50 Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.
51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos,
52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
53 Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.
54 E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.
55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão. [1 Co 15]
Santidade
Parte 18
“15 Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
16 porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.
17 Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” (I João 2.15-17)
“4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tiago 4.4)
Meus amados, por que o amor ao mundo atrapalha e até mesmo impede a nossa santificação?
O apóstolo João nos aponta a causa nas seguintes palavras:
“porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.”
E logo a seguir, ele revela a insensatez e loucura de se amar o mundo, pois afirma que o mundo passa assim como a sua concupiscência, e que somente aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
Então, não amar o mundo é apenas uma parte do nosso interesse na santificação, porque isto deve ser evitado para que possamos fazer aquilo que é positivo, a saber, estarmos em comunhão santa, íntima e amorosa com Deus, crescendo na fé e na graça.
Desta forma, como já temos demonstrado pelas Escrituras, a santificação é absolutamente essencial para que se atenda o referido propósito e não deve ser negligenciada conforme é o costume de muitos crentes, especialmente em nossos dias, em que o mundo oferece tantos atrativos.
Amados, alguém poderá indagar: Por que a santificação é um processo, e não algo instantâneo como a justificação e a regeneração?
Se Deus tem todo o poder, por que motivo não nos santifica completamente no momento mesmo em que nos convertemos a Jesus?
Por que somos submetidos a um processo progressivo longo, para que sejamos santificados?
Estas e muitas outras perguntas de igual teor podem estar sendo levantadas, sem que seja considerado ao mesmo tempo, que a santificação é um trabalho de duplo sentido; primeiro remove o que é relativo ao velho homem, e em seguida implanta o que diz respeito à nova criatura.
Não se trata portanto, como alguns pensam, em simples processo de aprendizagem progressivo de coisas novas, como o que sucede, por exemplo, no campo das coisas naturais, pois é sabido que não se pode aprender a escrever sem que antes se aprenda o alfabeto, e nenhum músico poderá tocar pela partitura, sem que antes aprenda os símbolos musicais que ela contém.
No campo espiritual ocorre o mesmo, porque não podemos avançar para um grau mais elevado de santificação, sem que tenhamos aprendido antes, os primeiros rudimentos relativos à fé.
O autor da epístola aos Hebreus se queixa da negligência dos crentes aos quais escrevera, que implicou a incapacidade para entenderem as coisas mais profundas da fé evangélica.
A esse respeito o apóstolo Pedro nos ordena, a acrescentarmos graça sobre graça e fé sobre fé, como convém ser feito pelos crentes, para que cumpram o propósito de Deus para suas vidas.
“5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;
7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
8 Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” [2 Pe 1: 5-8]
O plano de Deus sempre foi o de criar um novo céu e uma nova terra em que habita a justiça, e para isto haveria necessidade que o presente estado de coisas fosse dissolvido para sempre, para a recepção desta nova ordem planejada pelo Senhor, desde antes da fundação do mundo. A isto o apóstolo Pedro se refere também, na sua segunda epístola, revelando que o progresso no aumento das virtudes no crente, tem a ver com sua adaptação a este novo estado de coisas inabaláveis, que substituirão as que são abaláveis.
“27 Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que não são abaladas permaneçam.
28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor;
29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.” [Hb 12: 27-29]
A par de todo o ensino e advertências bíblicas sobre a natureza passageira das coisas visíveis, é exatamente nelas que a maior parte da humanidade coloca suas expectativas e seus propósitos, quanto à significância do valor da vida. Isto não somente impede a conversão de muitos, como também a santificação de muitos que se convertem a Cristo, porque não têm o reino de Deus e a Sua justiça como prioridade absoluta para eles, e buscam juntar riquezas na terra e não no céu.
No entanto, a salvação é justamente para nos livrar do apego à criatura, para uma devoção completa ao Criador. Não há eleição pela graça, para um melhor desfrute do que é natural, mas para nos habilitar à vida espiritual verdadeira e santa que nos torna ajustados para o céu.
Então, por juízos e correções aflitivos, Deus procura nos desmamar deste mundo e de uma perspectiva mundana, para vivermos de modo digno da nossa eleição.
Não é aqui o nosso lugar de descanso, e não é aqui que temos uma habitação permanente, pois aguardamos aquela que há de se manifestar com a volta de Jesus.
Amados, portanto seremos sábios em dar a devida consideração à realidade, de que há em nossa época uma forte onda de dissolução varrendo o mundo inteiro, e que se não estivermos devidamente vigilantes e firmados na graça de Jesus, podemos ser carregados pela referida onda para longe da presença de Deus e, por conseguinte, ficarmos também sujeitos aos Seus santos e justos juízos.
Ainda recentemente ouvi de um líder evangélico, que estamos vivendo em dias maravilhosos e devemos abrir nossos olhos para enxergarmos somente as muitas coisas boas que estão ocorrendo, principalmente na Igreja.
Ora, ou ele está correto no que afirma, ou Jesus e toda a Palavra de Deus são mentirosos em afirmar, que os últimos dias seriam difíceis e trabalhosos, e haveria grande iniquidade em todo o mundo, com o esfriamento do amor, como também, com grande apostasia e surgimento de grandes blasfemadores, falsos profetas, e mestres.
A realidade prática e o noticiário diário comprovam, que a verdade está com a Bíblia e não com o que tal líder evangélico e muitos outros estão afirmando, tentando ignorar a verdade e a realidade - sabe o Senhor, para quais fins, ou motivos que os levam a agir de tal forma.
É verdade, que no meio de todo este caos, Deus continua operando na transformação e santificação de pecadores, porém tem sido feito com grandes oposição do reino do inferno, que os que têm crido em Cristo terão que enfrentar no mundo presente.
Assim, temos ao lado dos juízos divinos de dissolvição das coisas que são relativas ao pecado, ao diabo e ao mundo, a reconstrução de vidas, em que a muitos tem sido concedido pelo Senhor receberem um coração de carne, no lugar do de pedra.
Estes que estão sendo reconstruídos, a partir da conversão, através do processo da santificação, devem vigiar, orar, meditar, e praticar a Palavra, para que possam fazer progresso em vez de recuarem na fé.
Mais do que nunca, as palavras do apóstolo devem ser atendidas:
“Visto que todas estas coisas hão de ser assim desfeitas, que deveis ser tais como os que em vivem santo procedimento e piedade?” [2 Pe 3: ].
Não é certo o que se entende por “todas estas coisas”, seja todas as coisas do mundo, os céus e a terra, e tudo o que neles há; ou seja, “todas as coisas”, os céus e a terra, de uma igreja apostatada, como era a igreja dos judeus, aproximando-se naquela época de uma ardente destruição.
E como eles a sofreram de fato, conforme a profecia de Jesus, que ali não ficaria pedra sobre pedra.
Eles haviam rejeitado o Senhor e Sua verdade, e cerca de 40 anos depois da Sua morte e ressurreição, Jerusalém foi destruída pelos romanos, e os judeus dispersados por todo o mundo.
O que sucedeu a eles é um aviso para nós, mas é certo que todas as coisas do mundo são suscetíveis a uma dissolução destrutiva - nossas coisas, as coisas de outros homens, as coisas da nação e as coisas das famílias, tanto quanto estão neste mundo, estão sujeitas a uma dissolução destrutiva.
E, tenho certeza que na aproximação das grandes e destrutivas dissoluções é altamente necessário, que todos os professantes do evangelho sejam testemunhos vivos de santidade e piedade, ou seguramente não escaparão da pressão e do mal dessa dissolução destrutiva.
Esta é a lei que passou sobre todas as coisas, desde a entrada do pecado. Todas as alterações tendem à dissolução, e todas as coisas neste mundo são colocadas em um curso de mudança.
As coisas mudam a cada dia, e o final de toda essa alteração é a dissolução. Nossas relações devem ser todas dissolvidas. Há uma dissolução à porta entre vocês e suas propriedades, entre vocês e suas esposas, entre vocês e seus filhos.
É uma dissolução destrutiva, que está à porta de todos nós, e todos os dias nos leva em direção a ela, mas por outro lado há uma reunião construtiva do Espírito Santo de todas as coisas em uma consistência em Cristo Jesus.
“de
fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas
as coisas, tanto as do céu como as da terra;
[Ef
1: 10]
Deus reconciliou a todos, e ajuntou todos como primícias do todo, em uma só cabeça, isto é, em Cristo.
O que é recolhido nEle nunca muda, nem é suscetível a qualquer dissolução. Permaneçamos sempre no Senhor e na Sua Palavra, para que não sejamos atingidos pela citada dissolução destrutiva, no que se refere à segurança eterna da nossa alma, uma vez que tudo o mais passará.
O que quer que seja recolhido em Cristo, ainda que seja muito pequeno; se todo o mundo se propuser a dissolvê-lo, eles nunca poderão fazê-lo - não, nem os portões do inferno, e o que quer que não seja recolhido em Cristo, se todo o mundo se unir para preservá-lo, nunca o fará, ele chegará à sua dissolução como se vê no Salmo;
“Vacilem a terra e todos os seus moradores, ainda assim eu firmarei as suas colunas”. [75: 3]
São as palavras de Cristo: “Vacilem a terra e todos os seus moradores, ainda assim eu firmarei as suas colunas.”
“Deve haver uma marca”, diz ele, “posta sobre isso, para sua dissolução”.
Eles não têm nada em si mesmos para lhes dar uma consistência ou estabilidade.
A conclusão a partir daí, é que há muita loucura e insensatez em todos os homens, para se orgulharem de qualquer herói aqui embaixo, como nas próximas palavras: “Eu disse aos tolos: não negociem de maneira imprudente; e aos ímpios, não toquem a buzina, não levantem o seu chifre no alto, não falem com um pescoço erguido.”
Todo orgulho e euforia das coisas aqui embaixo é mera loucura, e por falta de consideração de que em seu princípio eles são todos dissolúveis, nada existe a não ser ao que Cristo dá uma coluna.
Você pode ver a lei disso, em Romanos;
“Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou.”
“Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.” [Rm 8: 20, 22]
A “criatura”, isto é, a “criação inteira”, pela entrada do pecado é trazida a este estado e condição, e está "sujeita à vaidade" - "Vaidade", isto é, às mudanças e alterações, que resultarão em uma dissolução destrutiva.
Ela geme por libertação. Tudo o que você vê no mundo da ordem, do poder; todos eles são esforços na criação para se libertar desse estado de vaidade, e se preservar tanto quanto possível da dissolução - eles são apenas esforços vãos, pois há uma dissolução que espera por eles. Certamente, algumas coisas serão excluídas desta dissolução - ela pode alcançar nossas pequenas preocupações, mas os céus e a terra permanecerão firmes; não há perigo dessas partes mais nobres e gloriosas da criação...
Porque na verdade, se não houvesse, ainda que o nosso interesse estivesse sujeito a elas, não ficaríamos muito preocupados, pois há um fim também para elas: Salmo 102: 25,26,
“Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos”.
“Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa os mudarás, e serão mudados.”
O que ele concluirá daí?
"Portanto, eles devem permanecer?”
É completamente diferente;
“Eles perecerão, mas tu permaneces”, são as próximas palavras;
“sim, todos eles envelhecerão como uma veste; como roupa os mudarás, e serão mudados.”
Um homem teria pensado daquele grande prefácio:
“Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos”, [Sl 102: 25]
A conclusão certamente teria sido: “Então eles devem permanecer”.
Não, diz o salmista; "Eles perecerão".
Só Deus perseverará, e somente um interesse especial em Deus permanecerá. Vá do céu e da terra para seus habitantes; os habitantes da terra... veja qual é seu estado e condição;
“Uma voz diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória, como a flor da erva”;
“seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do SENHOR. Na verdade, o povo é erva”;
“seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.” [Is 40: 6-8]
Tudo é grama. Afirma-se duas vezes que tudo é erva, e é duas vezes afirmado que tudo se desvanece. Pode ser verde e florescer por um pouco de tempo, mas o vento passará sobre ele e fará com que tudo seque.
“Toda carne”, todos os homens vivos; todos os seus poderes, todas as suas honras, todas as suas riquezas, toda a sua beleza, toda a sua glória, toda a sua sabedoria, todos os seus dons e posses, tudo é "carne" e tudo é "erva", e todos sujeitos a uma dissolução destrutiva que fica à porta.
“Ah, mas as coisas no mundo podem entrar em tal combinação, como para que possam ser preservadas de qualquer perigo, de tal dissolução?”
Não.
“assim diz o Senhor Deus: Tira o diadema e remove a coroa; o que é já não será o mesmo; será exaltado o humilde e abatido o soberbo”.
“Ruína! Ruína! A ruínas a reduzirei, e ela já não será, até que venha aquele a quem ela pertence de direito; a ele a darei.” [Ez 21: 26,27]
"Eu vou arruinar isso", diz Deus. "Mas os homens vão montá-lo de novo."
"Eu vou remover de novo", diz Deus, "perfeitamente o derrubarei.”
“Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que não são abaladas permaneçam.”
[Hb 12: 27]
Está embrulhado nesta palavra.
Deus, ao lidar com essas coisas, colocou uma vez mais sobre elas, o que é um sinal de que elas devem chegar a uma dissolução - significa que são coisas agitadas e móveis e devem desaparecer.
Lembre-se de que Deus disse a respeito de tudo, exceto das coisas inabaláveis do reino de Cristo:
"Mais uma vez", e elas terão um fim.
As nações vêm a ser quebradas e dissolvidas por diferenças entre si. Se houvesse apenas um bom consentimento e concordância, as coisas durariam o suficiente, pelo menos até o dia do julgamento.
Os homens, antes do dilúvio estavam de acordo que não deveriam destruir o mundo, mas Deus destruiu o mundo que Ele fez.
Eles concordaram tão bem, que não destruiriam o mundo com suas próprias mãos, mas Deus tinha um meio de levar o mundo a uma dissolução destrutiva.
Alguém diz:
"Mas onde um império é poderoso e forte, onde há força e poder, não precisamos temer dissolução lá."
Ora, o que aconteceu com aquela imagem de Nabucodonosor que era como ferro, e foi quebrada totalmente em pedaços?
O que aconteceu com o Império Romano, que assolou o mundo?
Foi levado a uma dissolução destrutiva; trazido ao pó que se dispersa diante do vento.
O Senhor dissolveu todas as suas próprias instituições, todo aquele glorioso culto que Ele instituiu e designou sob a lei. Vamos ver nosso interesse aqui, e que uso podemos fazer dele.
Verdadeiramente, que se todas as nossas próprias coisas, e todas as coisas que estamos preocupados neste mundo; nossa vida, nossas famílias, nossos prazeres, nosso interesse em coisas públicas - se todos são suscetíveis a tal dissolução destrutiva que espera por eles a cada momento, certamente é nossa sabedoria cuidar de um interesse nAquele que é imutável, e em coisas imutáveis.
Dois dos lugares que mencionei antes, nos dão essa direção.
O salmista fala primeiro de sua condição.
“Ele me abateu a força no caminho e me abreviou os dias”.
“Dizia eu: Deus meu, não me leves na metade de minha vida; tu, cujos anos se estendem por todas as gerações.”
[Sl 102: 23, 24]
Ele tinha apreensões de sua própria fragilidade e mortalidade, no meio de seus dias, e estava pronto para afundar e falhar.
Ele olhou para a criação:
“Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa os mudarás, e serão mudados”. [Sl 102: 26]
Mas isto o levou a refletir, como diz no versículo seguinte.
“Tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamias terão fim”.
“Os filhos dos teus servos habitarão seguros, e diante de ti se estabelecerá a sua descendência.” [Sl 102: 27, 28]
Numa apreensão da condição mutável de si mesmo e em todas as coisas em que estava preocupado, ele se conduz a um interesse na imutabilidade de Deus.
Não há nada firme, estável, imutável, senão o próprio Deus: “Mas tu és o mesmo”.
Não há mais nada igual; nós não somos os mesmos no momento seguinte como no momento anterior; nada é o mesmo, mas somente Deus: “Tu és o mesmo”.
Que vantagem se seguirá?
No meio de todas estas mudanças;
”Os filhos dos teus servos habitarão seguros, e diante de ti se estabelecerá a sua descendência”. [Sl 102: 28]
Onde há um interesse no Deus imutável, no meio de todas as mudanças para as quais somos suscetíveis, lá há estabilidade e continuidade eterna para nós e nossa semente.
Em outro lugar também dá a mesma direção:
“seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade, o povo é erva”;
“seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.” [Iss 40: 7, 8]
O que faremos então?
“a palavra do Senhor, porém, permanece para sempre”, [1Pe 1: 25]
Assim, é como o apóstolo Pedro explica,
“A palavra do evangelho que é pregada a você”.
Nesta condição de desvanecimento de todas as coisas, se você buscar estabilidade, deve ser na estabilidade da palavra de Deus, que permanece para sempre - isso contém tudo o que venho falando a você, que há uma dissolução destrutiva que espera por tudo, exceto somente o reino e o evangelho de Jesus Cristo.
Que o Senhor nos impeça de precisar da repreensão que o salmista usa para alguns aqui:
“Eu disse aos tolos; não negocie de maneira imprudente.”
Mas, pode haver algo mais tolo para nós do que colocar nossos corações e mentes naquilo que Deus nos disse que é erva?
Suas propriedades, sua sabedoria, suas esposas e filhos são erva; todos eles murcham, decaem e morrem.
Vocês mesmos são erva:
“Certamente”, diz ele, “o povo é erva”.
Não sejamos tão insensatos a ponto de colocar nossos corações naquelas coisas que estão murchando e decaindo; não nos deixemos enganar.
Não temos segurança em nada, quando voltamos às nossas moradas, senão uma coisa: “a palavra de nosso Deus permanecerá para sempre”.
Esposas, filhos, e maridos podem estar mortos, nossas casas podem ser incendiadas e consumidas. Há somente a palavra de Deus, que permanece para sempre; as promessas de Deus não fracassam; tudo o mais é sujeito à dissolução.
Os homens estão aptos a ter artifícios estranhos para se satisfazerem em outras coisas, como afirma o Salmo 49:
“1 Povos todos, escutai isto; dai ouvidos, moradores todos da terra,
2 tanto plebeus como os de fina estirpe, todos juntamente, ricos e pobres.
3 Os meus lábios falarão sabedoria, e o meu coração terá pensamentos judiciosos.
4 Inclinarei os ouvidos a uma parábola, decifrarei o meu enigma ao som da harpa.
5 Por que hei de eu temer nos dias da tribulação, quando me salteia a iniquidade dos que me perseguem,
6 dos que confiam nos seus bens e na sua muita riqueza se gloriam?
7 Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate
8 (Pois a redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre.),
9 para que continue a viver perpetuamente e não veja a cova;
10 porquanto vê-se morrerem os sábios e perecerem tanto o estulto como o inepto, os quais deixam a outros as suas riquezas.
11 O seu pensamento íntimo é que as suas casas serão perpétuas e, as suas moradas, para todas as gerações; chegam a dar seu próprio nome às suas terras.
12 Todavia, o homem não permanece em sua ostentação; é, antes, como os animais, que perecem.
13 Tal proceder é estultícia deles; assim mesmo os seus seguidores aplaudem o que eles dizem.
14 Como ovelhas são postos na sepultura; a morte é o seu pastor; eles descem diretamente para a cova, onde a sua formosura se consome; a sepultura é o lugar em que habitam.
15 Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si.
16 Não temas, quando alguém se enriquecer, quando avultar a glória de sua casa;
17 pois, em morrendo, nada levará consigo, a sua glória não o acompanhará.
18 Ainda que durante a vida ele se tenha lisonjeado, e ainda que o louvem quando faz o bem a si mesmo,
19 irá ter com a geração de seus pais, os quais já não verão a luz.
20 O homem, revestido de honrarias, mas sem entendimento, é, antes, como os animais, que perecem.”
Santidade
Parte 19
Irmãos, esta pandemia atual nos tem dado ocasião para muitos aprendizados, especialmente este, de que tudo neste mundo está sujeito à dissolução, exceto a Palavra de Deus e tudo o que se refira ao reino de Cristo.
A própria reunião em templos, que muitos consideravam o fim em si mesmo da vida cristã, foi colocado à prova pela necessidade do isolamento social imposto pela pandemia. Quantos não aprenderam disso, que a vida com Deus e da Igreja não é necessariamente a reunião em templos?
Deus deixou de abençoar e de guardar Seus filhos, quando não mais puderam se reunir presencial e corporalmente?
A comunhão entre os crentes não se revelou de caráter eminentemente espiritual e não físico?
Deus não se revelou onipresente, mesmo naquilo que foi consequente da pandemia?
Os puritanos, quando foram expulsos de seus templos, perceberam que Deus continuou a mantê-los firmes na sua bênção e graça, mesmo nos rincões distantes e rurais em que tiveram que residir naqueles dias de perseguição.
Somente o Senhor e a Sua Palavra permanecem quando tudo o mais se encontra sujeito à dissolução.
Tudo isto que tem ocorrido no mundo tem servido para remover a máscara de hipocrisia da face de muitos que são exploradores do que se chama impropriamente de profissionalismo da fé, em que ao estilo dos fariseus do passado, um sorriso e uma recepção calorosa sempre está aberta para todas as pessoas, independentemente do modo pecaminoso como vivam, conquanto lhes retribuam de volta uma boa acolhida. Se alguém se levanta para lhes remover a máscara da hipocrisia, como fizera nosso Senhor Jesus Cristo, logo se vê neles o lobo que existe por detrás daquela bela capa de ovelha.
Assim, Deus nunca encarregou qualquer ministro do evangelho para agir de tal forma profissional acolhedora, antes exige de todos eles que condenem o pecado, que sustentem a verdade e a justiça, porque não há verdadeiro amor se não for precedido por ambas.
Tanto é assim, que tudo foi condenado a uma dissolução completa, desde que o primeiro homem pecou, porque foi advertido claramente pelo Senhor que o resultado do pecado seria a morte.
Bem-aventurados são aqueles que chegam a aprender e entender, assim como o apóstolo Paulo, que não é nas coisas deste mundo que devem concentrar os seus objetivos principais, mas somente naquelas que são relativas ao reino de Deus, uma vez que tudo o que há nesta criação será dissolvido para dar lugar à nova criação. Este foi o intento de Deus desde o princípio, a saber: primeiro o natural e depois o espiritual. Primeiro o terreno e depois o celestial.
“44 Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.
45 Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.
46 Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual.
47 O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.
48 Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais.
49 E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial.”
[I Co 15: 44-49]
Seus olhos já foram abertos pela instrução do Espírito Santo para conhecer esta verdade?
Caso positivo, bem-aventurado és, pois seu coração estará sempre no Senhor e no seu reino, e não nas coisas abaláveis e passageiras do mundo.
Os homens dos quais o salmista fala no Salmo 49, se refere a homens, ainda que sábios, morrendo; assim como o tolo e a pessoa bruta perecem e deixam sua riqueza para os outros.
Eles têm convicções que, quanto a às suas pessoas, todo seu interesse pelas coisas presentes está apenas perecendo, pois eles veem que os sábios e os tolos morrem todos; não há homem que não morra, seja ele de qual condição for.
Mas, eles têm artifícios para se assegurarem de outra maneira, e isto os subjuga; eles não ousam falar uma palavra em que haja uma felicidade a ser obtida naquelas coisas externas e terrenas. Mas, o pensamento deles é que suas casas continuarão para sempre e suas moradas para todas as gerações; eles chamam suas terras por seus próprios nomes.
“O seu pensamento íntimo é que as suas casas serão perpétuas e, as suas moradas, para todas as gerações; chegam a dar seu próprio nome às suas terras”. [Sl 49: 11]
Embora eles não possam continuar essas coisas para si mesmos, ainda assim as continuarão em sua posteridade: “minha posteridade gozará de geração em geração, de toda a minha riqueza e tudo pelo que tenho trabalhado, acumulado e preservado”.
E se eu morrer, vendo que todos devem morrer; o sábio e o tolo igualmente, mas a posteridade das gerações futuras gozará disso. ”Esse é o seu“ pensamento interior ”; é com isso que eles se aliviam contra as convicções abertas que têm de todas as coisas aqui, que são incertas e não valem a configuração da mente nelas.
Que julgamento faz o Espírito Santo, no versículo 17?
“pois, em morrendo, nada levará consigo, a sua glória não o acompanhará”. [Sl 49: 17]
Pobre homem! Ele está pouco preocupado com tudo o que vem depois dele, porque quando morrer não levará nada consigo; a sua glória não descerá após ele.
O significado é este; ele não tem nenhuma preocupação em tudo o que está acima do solo, pois se pudesse levar suas riquezas e sua glória com ele, seria alguma coisa, mas quanto a tudo o que deixa para trás, ele não está mais preocupado com isso, do que qualquer homem comum que vive sobre a face da terra:
“irá ter com a geração de seus pais, os quais já não verão a luz”. [Sl 49: 20]
Isso deve nos ensinar, e seria uma boa lição se pudéssemos aprender hoje, para assegurar um interesse em coisas imutáveis sobre o qual você não precisa ser cuidadoso ou solícito, como você é sobre todas as coisas que gosta.
Eu sei que você é assim; não negue. Nenhum de vocês é tão negligente, descuidado e estúpido, mas pode ter uma perspectiva de tais dissoluções se aproximando, que devem torná-lo solícito sobre todos os seus prazeres.
Portanto, é melhor colocarmos toda a nossa preocupação naquelas coisas que não podem ser abaladas ou movidas; que nunca são suscetíveis a uma dissolução destrutiva.
"A palavra do nosso Deus permanecerá para sempre"; as coisas do reino de Cristo são inabaláveis.
A misericórdia, que vem de uma aliança eterna com seus filhos e sua semente será uma salvação abençoada. Embora “todas estas coisas sejam dissolvidas”, Deus é “o mesmo”.
Quando da abordagem de uma dissolução destrutiva, é exigido de todos os professantes, que tenham sinais de santidade.
"Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade?", [Pedro 3: 11]
Eu considero aqui, uma dissolução destrutiva que se aproxima, não para ser aquela que atende a todos os nossos projetos sobre a conta comum, mas no relato dos juízos de Deus que estão no mundo, que vêm sobre os povos e nações. E eu falaria de duas coisas:
1. Quais são as evidências da abordagem de uma dissolução destrutiva;
2. Quais são as razões daí, para sinalizar santidade e piedade.
Primeiro, quais são os sinais e símbolos de uma dissolução próxima?
Primeiro, há um em geral que nunca falha, quero dizer, que não temos nenhum exemplo nas Escrituras, de que Deus alguma vez trouxe destruição a qualquer lugar ou pessoas, onde isso não aconteceu antes - e se podemos nos libertar disso, podemos nos libertar do medo de uma dissolução próxima, e isto é segurança.
A regra de todos os grandes julgamentos destrutivos é estabelecida em;
“Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão.” [1 Ts 5: 3]
Você nunca leu sobre qualquer pessoa ou lugar destruído com julgamentos, que eles se converteram, mas é notado antes de sua abordagem, que estavam seguros, embora não entendamos corretamente essa segurança.
Não há segurança, mas uma mulher pode tê-la com uma criança, que ainda pode se surpreender com a hora do parto.
Não é todo pensamento e apreensão de perigo, toda conjectura, toda conversa sobre isto, que libertará os homens de estarem em tal segurança, como abre a porta para grandes julgamentos e destruições.
As coisas são tão evidentes, às vezes, que os homens não podem senão pensar, a menos que um milagre interponha juízos; mas ainda assim eles veem “como o parto por uma mulher grávida”.
Portanto, existem três ou quatro coisas em que esta segurança consiste:
1. Consiste numa intenção sincera e geral nas ocasiões e tentações da vida.
Quando uma nação é dividida nesses dois tipos; que alguns são extraordinariamente atentos às ocasiões da vida, e alguns complacentes com as tentações da vida, essa nação está sob segurança carnal universal. Foi assim antes do dilúvio.
Nosso Salvador nos fala de alguns deles;
“Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca”, [Mt 24: 38]
Eles estavam sinceramente atentos às ocasiões da vida, e alguns foram entregues a uma conformidade com as tentações da vida.
De fartura, embriaguez, e violência, a terra estava cheia. Vamos agora pensar e falar o que nós quisermos; se uma nação pode ser achada nestas duas partes; uma parte mais intencional nas ocasiões desta vida, e a outra mais complacente com as tentações da vida, o pecado, e maldade - essa nação se sente segura.
2. Quando, diante de uma perspectiva do perigo de se aproximarem de dissoluções destrutivas, os homens por quaisquer outras preparações ou disposições não buscam o remédio adequado e ajuda, há segurança.
Em Isaías 22 há uma grande e terrível visão, a respeito de uma dissolução destrutiva que vem sobre Jerusalém:
“1 Sentença contra o vale da Visão. Que tens agora, que todo o teu povo sobe aos telhados?
2 Tu, cidade que estavas cheia de aclamações, cidade estrepitosa, cidade alegre! Os teus mortos não foram mortos à espada, nem morreram na guerra.
3 Todos os teus príncipes fogem à uma e são presos sem que se use o arco; todos os teus que foram encontrados foram presos, sem embargo de já estarem longe na fuga.
4 Portanto, digo: desviai de mim a vista e chorarei amargamente; não insistais por causa da ruína da filha do meu povo.
5 Porque dia de alvoroço, de atropelamento e confusão é este da parte do Senhor, o SENHOR dos Exércitos, no vale da Visão: um derribar de muros e clamor que vai até aos montes.
6 Porque Elão tomou a aljava e vem com carros e cavaleiros; e Quir descobre os escudos.
7 Os teus mais formosos vales se enchem de carros, e os cavaleiros se põem em ordem às portas.
8 Tira-se a proteção de Judá. Naquele dia, olharás para as armas da Casa do Bosque.
9 Notareis as brechas da Cidade de Davi, por serem muitas, e ajuntareis as águas do açude inferior.
10 Também contareis as casas de Jerusalém e delas derribareis, para fortalecer os muros.
11 Fareis também um reservatório entre os dois muros para as águas do açude velho, mas não cogitais de olhar para cima, para aquele que suscitou essas calamidades, nem considerais naquele que há muito as formou.
12 O Senhor, o SENHOR dos Exércitos, vos convida naquele dia para chorar, prantear, rapar a cabeça e cingir o cilício.
13 Porém é só gozo e alegria que se veem; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho e se diz: Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.
14 Mas o SENHOR dos Exércitos se declara aos meus ouvidos, dizendo: Certamente, esta maldade não será perdoada, até que morrais, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos.
15 Assim diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos: Anda, vai ter com esse administrador, com Sebna, o mordomo, e pergunta-lhe:
16 Que é que tens aqui? Ou a quem tens tu aqui, para que abrisses aqui uma sepultura, lavrando em lugar alto a tua sepultura, cinzelando na rocha a tua própria morada?
17 Eis que como homem forte o SENHOR te arrojará violentamente; agarrar-te-á com firmeza,
18 enrolar-te-á num invólucro e te fará rolar como uma bola para terra espaçosa; ali morrerás, e ali acabarão os carros da tua glória, ó tu, vergonha da casa do teu Senhor.
19 Eu te lançarei fora do teu posto, e serás derribado da tua posição.
20 Naquele dia, chamarei a meu servo Eliaquim, filho de Hilquias,
21 vesti-lo-ei da tua túnica, cingi-lo-ei com a tua faixa e lhe entregarei nas mãos o teu poder, e ele será como pai para os moradores de Jerusalém e para a casa de Judá.
22 Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém fechará, fechará, e ninguém abrirá.
23 Fincá-lo-ei como estaca em lugar firme, e ele será como um trono de honra para a casa de seu pai.
24 Nele, pendurarão toda a responsabilidade da casa de seu pai, a prole e os descendentes, todos os utensílios menores, desde as taças até as garrafas.
25 Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, a estaca que fora fincada em lugar firme será tirada, será arrancada e cairá, e a carga que nela estava se desprenderá, porque o SENHOR o disse.” [Is 22]
“Tu,
cidade que estavas cheia de aclamações, cidade estrepitosa, cidade
alegre! Os teus mortos não foram mortos à espada, nem morreram na
guerra”.
[
Is 22: 2 ]
O dia vem:
“Porque dia de alvoroço, de atropelamento e confusão é este da parte do Senhor, o Senhor dos Exércitos, no vale da Visão: um derribar de muros e clamor que vai até aos montes.” [Is 22: 5]
E nos versículos 8-11, ele lhe diz que provisão foi feita para evitar essa destruição e desolação que estava vindo sobre eles:
“8 Tira-se a proteção de Judá. Naquele dia, olharás para as armas da Casa do Bosque”.
“9 Notareis as brechas da Cidade de Davi, por serem muitas, e ajuntareis as águas do açude inferior”.
“10 Também contareis as casas de Jerusalém e delas derribareis, para fortalecer os muros”.
“11 Fareis também um reservatório entre os dois muros para as águas do açude velho, mas não cogitais de olhar para cima, para aquele que suscitou essas calamidades, nem considerais naquele que há muito as formou”.
[Is 22: 8-11]
Aqueles que, certamente não eram um povo seguro, essas dores, foram de todo esse encargo e fizeram toda essa provisão, para evitar que a destruição viesse sobre eles.
Há pessoas no mundo que podem ver a destruição à porta, e não fazem nenhuma preparação para mantê-la longe delas, mas essas pessoas estavam seguras; e a razão é dada: “... mas não cogitais de olhar para cima, para aquele que suscitou essas calamidades, nem considerais naquele que há muito as formou.” [Is 22: 11]
Eles tinham respeito a outras coisas para dar-lhes alívio, e não a Deus, que somente deveria ter sido olhado para tal.
Nós não somos governantes ou governadores de nações, mas pobres pessoas privadas. Vamos examinar nossos corações, quanto a que provisão estamos mais aptos a fazer contra uma dissolução destrutiva.
Não temos esperanças e reservas para que possamos escapar?
Desta forma podemos fazer isso; pode vir aqui e não lá?
Este é um sinal de segurança.
3. Um povo é se sente seguro, quando os avisos de Deus entre eles são desprezados.
Estou convencido de que, tal é a bondade e ternura de Deus para com a humanidade; e tampouco se deleita em causar tristes juízos sobre eles, sua ruína e destruição.
Ele jamais destruiu a nação mais ímpia e idólatra; aqueles que nada sabiam dEle, e agora de Cristo - mas lhes deu alguns avisos providenciais, que poderiam fazê-los olhar para eles e considerar onde estavam; isto é visto na história.
Ele lidou assim, com todos os pagãos de antigamente. Não houve grande destruição sobre qualquer nação, que não tivesse advertências providenciais antes.
Quando esses avisos são desprezados, essas pessoas estão seguras; como em Isaías 26: 11;
“SENHOR, a tua mão está levantada, mas nem por isso a
veem; porém verão o teu zelo pelo povo e se
envergonharão; e o teu furor, por causa dos teus adversários, que os consuma.”
O levantar da mão é um aviso de que há um golpe pronto para acontecer. É exatamente isto, que está sendo feito com esta pandemia do coronavirus.
É um aviso da parte de Deus, quanto a juízos maiores que sobrevirão ao mundo, caso não haja arrependimento. E, pelo que conhecemos pelas Escrituras, tal arrependimento não ocorrerá, pelo menos não em termos mundiais.
E muitos outros julgamentos menores são apenas Deus, levantando Sua mão. Embora sejam sinais em si mesmos, ainda assim, comparativamente ao que se segue, são apenas o levantar de Sua mão; apenas avisos.
“SENHOR”, diz ele, “quando a tua mão for levantada, eles não veem, mas verão”.
“Eles não veem, mas verão”; como assim?
"Eles não verão enquanto a tua mão estiver erguida; mas verão quando a tua mão descer.”
Enquanto sob advertências, eles não verão, mas quando os avisos são executados, eles verão. Pode ser que não vejamos na peste, fogo, espada, mas quando vem outra coisa, então muitos verão.
Quando eles verão?
"Eles verão quando" o fogo de teus inimigos os devorará." "Fogo de teus inimigos", isto é, pode ser o fogo com o qual Deus destruirá seus inimigos.
Pode ser que seja, quando a ira ígnea de um povo que é inimigo de Deus, seja, pelo justo julgamento de Deus, exposto sobre eles.
Com o passar do tempo, se Deus tem uma nação no mundo que é mais um inimigo para Ele do que qualquer outra nação do mundo, Ele fará uso dessa nação para a execução de juízos corretivos ou destrutivos sobre os outros.
Nenhuma nação sob o céu estava em tal inimizade para com Deus, quanto os babilônios estavam. Como eles primeiro começaram uma apostasia aberta de Deus, e mantiveram uma oposição idólatra a Ele todos os seus dias, é conhecido.
No entanto, Deus usaria os babilônios; às vezes uma nação, pelo ateísmo, idolatria e perseguição amaldiçoada, pode ser encontrada para ser o instrumento de Deus, a fim de punir os outros antes que eles próprios sejam totalmente destruídos. A mão de Deus foi levantada nestas nações.
É bom, que o melhor de todos nós tenha sido abalado em nossa segurança pelas advertências de Deus.
Na verdade irmãos, não parece ser assim, mas há segurança suficiente para deixar entrar uma dissolução destruidora sobre nós.
4. A coisa mais elevada em que esta segurança age é escarnecendo das advertências dadas, pela Palavra de Deus. “tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões”. [2 Pe 3: 3]
Os últimos dias das igrejas serão preenchidos com esse tipo de pessoas; e deve suceder assim.
Nos últimos dias de qualquer igreja, que tenha tido alguma boa reputação de vida, e tenha sido útil, haverá entre eles uma espécie de homens que serão escarnecedores.
“Vocês podem conhecê-los” diz o apóstolo:
“Por isso, eles andam atrás dos desejos dos seus corações”.
Eles não têm regra, senão suas luxúrias, e se entregam totalmente a elas.
“Bem, mas do que eles zombam?”
Ele diz a você no versículo 4:
“... Onde está a promessa de sua vinda?...”
Dizem eles.
"Que promessa de sua vinda?"
Por que, na verdade, os pobres cristãos perseguidos tinham deixado que soubessem, que Cristo viria e se vingaria deles por toda a crueldade e perseguição, mas o tempo é adiado, e eles prosperam, andando atrás de suas concupiscências, e por fim caem em escárnio:
“Onde está a promessa de Sua vinda?”
- porque foi tal vinda como Deus veio, quando Ele destruiu o mundo antigo com uma inundação.
“Mas zombem de você enquanto quiserem”, é dito que “uma destruição ardente virá sobre eles.”
Quando as principais pessoas forem escarnecedoras da vinda prometida de Cristo, para visitar Seu povo e se vingar de seus adversários, essa é a altura de segurança carnal. Onde alguns estão atentos às ocasiões da vida, e alguns são entregues às tentações da vida; onde, em uma apreensão de se aproximar de julgamentos, nosso alívio não é de Deus, e somente em Deus; onde as advertências de Deus em Sua providência não são observadas, e os avisos de Deus em Sua palavra são desprezados; há um povo seguro, se Deus nos instruiu corretamente de Sua Palavra.
Por que um povo está assim seguro?
Pois, como eu lhe disse antes, Deus não traz destruição ordinariamente a ninguém, a não ser a um povo seguro. Uma razão é tirada de Deus e outra razão é tirada do diabo.
1. Deus entrega os homens à segurança, de modo que os endurece no juízo.
Deus agora determinou sua destruição, mas Ele fará em seu próprio tempo, maneira e ocasião.
Mas, este trabalho não pode ser desviado? E será realizado? Deus disse: "Eu vou cuidar disso"; Isaías 6: 9-11:
“9 Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais”.
“10 Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo”.
“11 Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada.”
Deus os traz agora, sob segurança judicialmente. Não são pregadores, não são os homens que trovejam do céu, não são juízos repentinos, pobreza, miséria, aflições, medos; nada despertará agora tal povo.
"Torna
insensível o coração deste povo, endurece-lhe os
ouvidos”...
"Quanto
tempo?"
"Até que a terra esteja totalmente desolada. Mas a hora ainda não chegou, devo esperar um pouco mais para tentar exercitar a fé, a paciência e a obediência de Meu povo; e muitas outras coisas que tenho que fazer, mas este povo não escapará”, diz ele.
"Mas se este julgamento e o outro julgamento passarem, eles escaparão."
"Não", diz Deus; “Eu farei seu coração endurecido, e seus ouvidos pesados, para que não ouçam, nem entendam, até que a terra se torne deserta.”
Um homem que não é completamente estúpido não pode, às vezes, admirar e ficar maravilhado de onde é que a humanidade deveria ser tão segura, quando os julgamentos os cercam.
Se a palavra de Deus for verdadeira, e quaisquer sinais da ira e desagrado de Deus devem ser notados, de onde os homens estão tão indiferentes, a ponto de não dar ouvidos a eles?
A razão é dada, em Isaías 6: 10-12:
“10 Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.
11 Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada,
12 e o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.”
Santidade
Parte 20
Meus amados, à medida que avançamos em nosso estudo sobre a santificação, nós percebemos mais e mais que não é uma verdadeira, ou pelo menos uma santificação completa, aquela que se apresenta como uma forma de expressão de amor e recepção a todos, sob o argumento de que Jesus os ama e não pensa senão somente em salvá-los, conforme expressou em seu ministério terreno que não veio condenar os pecadores, mas salvá-los.
Todavia, é necessário conciliar o Jesus Salvador e Redentor, com o que é o Senhor, Juiz e Legislador, pois se através da fé que é expressa no Evangelho, tem de fato salvado a pessoas de qualquer condição, no entanto mantém sob condenação e juízo a todos os que não creem nEle.
Quando disse a João e a Tiago, que não sabiam de que espírito eram, quando sugeriram que fosse pedido fogo do céu para consumir os samaritanos, pois não veio condenar o mundo, mas salvá-lo; nós temos aqui a afirmação do Seu ministério de Redentor e Salvador, mas Ele também disse o seguinte, na condição de Senhor, Juiz e Legislador:
“11 Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus”.
“12 Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mateus 8.11,12)
Em muitas outras passagens da Bíblia, nós vemos o próprio Senhor Jesus Cristo afirmando os juízos terríveis que Ele trará sobre todos aqueles que se mantiverem em oposição a Ele e ao evangelho.
Ora, isso deve servir para ponderarmos sobre o modo como devemos conduzir a nossa própria santificação, uma vez que, embora nos seja vedado julgarmos a outros na condição de Juiz, Senhor e Legislador, que é exclusiva de Jesus, devemos, contudo ser criteriosos em nosso procedimento, sobretudo no relacionamento com aqueles que se opõem a Deus, pois não somos chamados a ser crédulos, e a estender a destra de companhia e comunhão àqueles que andam desordenadamente.
Embora devamos ser longânimos e pacientes para com todos, isto não significa que podemos participar dos mesmos pecados que eles praticam continuadamente.
Meus amados, nós estamos sendo testemunhas de uma época, em que uma dissolução destrutiva assoladora está vindo sobre o mundo inteiro, procedente da parte de Deus, em razão da grande segurança carnal que cresceu na Terra, e que está sendo vista e manifestada especialmente na divisão entre conservadores e progressistas (socialistas), em que estes últimos assumiram, ainda que não completamente o domínio político, todavia lograram alcançar o domínio cultural, financeiro, educacional e mental, contaminando a sociedade de modo avassalador e sem chances de retorno aos padrões morais do passado, em que prevalecia a influência judaico-cristã, moldada nos valores da Bíblia.
Nunca, Deus, o evangelho e a igreja foram atacados, ridicularizados e perseguidos tão abertamente como em nossos dias. O mundo socialista está em festa pela aparente vitória, que pensam ter alcançado sobre Jesus Cristo.
Deu enviou juízos, mas eles lograram permanecer em vida, e assim pensam que venceram o próprio Deus, ou que afinal Ele sequer exista.
A ciência os salvou e continuará salvando. Assim como a razão foi a deusa da época da Revolução Francesa, agora é a ciência a nova deusa em que a sociedade é conclamada a colocar toda a sua esperança.
Ninguém se dá conta de que depois da morte vem o juízo, e que afinal todos morrerão, e muito poucos conseguirão ultrapassar a barreira dos cem anos de idade, e ainda assim tudo lhes será enfado e canseira, e falta de vigor, sendo tudo bem diferente da época em que eram jovens.
A ciência lhes dará vida eterna e livramento do juízo condenatório de Deus, em razão do pecado?
Não. Mas eles permanecerão seguros, ainda que lhes sobrevenham as dez pragas do Egito. Faraó e os egípcios, à medida que permaneciam vivos, e as pragas avançavam, estranhamente sentiam-se mais seguros de ter vencido a Deus, em vez de O temerem e se arrependerem.
O mesmo está ocorrendo agora em todo o mundo. A mão de Deus se levantou para começar a julgar o pecado, e isto até mesmo, a partir de Sua própria casa, mas poucos estão vendo esta mão levantada que está pronta para descer e dar o golpe final.
Então permanecem seguros, a par de todas as suas transgressões, porque permaneceram vivos, apesar de tudo o que estava ocorrendo em forma de juízos no mundo.
Satanás tem uma grande mão na segurança carnal que é operada nos homens, e os torna sujeitos aos juízos de Deus. Ele é um prognosticador muito astuto - tem grandes apreensões de que os julgamentos se aproximam de um povo, pois ele que foi um assassino desde o começo, se deleita em nada além de sangue e destruição.
Ele nada mais teme do que os julgamentos que deveriam ser desviados de um povo; quando vê os merecidos julgamentos se aproximando, ele sabe que tem apenas uma maneira de tirar todas as intervenções que possam impedi-los. O que é isso?
Ele os torna seguros. Ele agora irá trabalhar mais com suas tentações, com todos os tipos de pessoas do que em qualquer outra época do mundo; este é o seu dia, a hora e o poder das trevas, agora, para testar sua habilidade e ver o que pode fazer.
Se ele conseguir manter as pessoas seguras, os julgamentos se seguirão. Ele se deleita em sangue, como sendo um assassino desde o princípio; e aquele que não o vê trabalhando no mundo, de maneira muito eminente nestes dias até este fim e propósito, trabalhando nos homens, por suas concupiscências, por ocasiões e tentações de vida todos os dias, para continuá-los em sua segurança carnal.
Acho que é preciso pouca observação. Esse é o primeiro sinal de uma dissolução que se aproxima, com a qual tenho falado em grande parte, porque é o que as Escrituras tanto falam e nos orientam mais a considerar, a saber, uma segurança geral.
Não é exatamente isto que estamos observando em nossos próprios dias, em que tantos se mostram seguros, embora haja um sinal potente do juízo divino, com tantos morrendo nesta pandemia?
Eles continuam em festejos e comemorando, apesar de tantos lares enlutados. Eles estão seguros que nada lhes acontecerá, senão somente aos outros.
Em segundo lugar, outro sinal de uma dissolução que se aproxima é uma corrupção universal da vida, em todos os tipos de pessoas.
O Espírito Santo nos diz que, antes da vinda do dilúvio;
“Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra”,
[Gn 6: 12]
O caminho da carne não é muito bom em qualquer momento, eu quero dizer, o caminho dos homens; mas quando eles chegam como estavam, por consentimento geral, todos eles, para corromper o seu caminho, é abrir caminho para a entrada de um dilúvio. Tal estado e condição são descritos pelo profeta.
“1 Porque eis que o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, tira de Jerusalém e de Judá o sustento e o apoio, todo sustento de pão e todo sustento de água;
2 o valente, o guerreiro e o juiz; o profeta, o adivinho e o ancião;
3 o capitão de cinquenta, o respeitável, o conselheiro, o hábil entre os artífices e o encantador perito.
4 Dar-lhes-ei meninos por príncipes, e crianças governarão sobre eles.
5 Entre o povo, oprimem uns aos outros, cada um, ao seu próximo; o menino se atreverá contra o ancião, e o vil, contra o nobre.” [Is 3: 1-5]
Há uma confusão geral e corrupção da vida e das maneiras. O profeta descreve qual era seu estado e condição perante Deus, que traria aqueles juízos destrutivos sobre toda a nação, como depois disso Ele o fez.
Terceiro, quando a corrupção universal da vida é adicionada à perseguição da igreja, é outro sinal de uma dissolução destrutiva que se aproxima.
Nosso Salvador nos diz;
“Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e pestes e terremotos em vários lugares”.
“porém tudo isto é o princípio das dores”.
“Então serão atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome.” [Mt 24: 7-9]
Todos estes são o princípio dos sofrimentos, e vos entregarão para serdes afligidos, e vos matarão.
Um homem pensaria, que eles tinham algo mais a fazer em tal dia, quando nação se levantar contra nação, reino contra reino, e houver pestes, fomes, e terremotos.
Um homem pensaria que poderia fazer alguma coisa para evitar tal situação. Não! Pois está escrito:
“Então vos entregarão para serdes afligidos e vos matarão.”
Qual é a razão disso?
Para que possa haver outro sintoma de aproximação da desolação, descrito em Mateus 23: 34-36:
“34 Por isso, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis e crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de cidade em cidade;
35 para que sobre vós recaia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar.
36 Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre a presente geração.”
Eu poderia citar muitos outros sinais; como apostasia visível, o amor de muitos sendo esfriando; Deus, de maneira eminente, chamando a Si mesmo para repousar com muitos de Seus servos, afastando-os do mal que viria, mas já disse o suficiente sobre essa parte.
Em segundo lugar vou falar algumas palavras, do por que em tais dissoluções que se aproximam, todos os professantes devem ser visivelmente santos e piedosos.
Eu devo citar, apenas uma ou duas coisas:
. Primeiro, porque em toda dissolução, especialmente onde o evangelho foi proferido, há uma vinda peculiar de Jesus Cristo na Sua vinda; quer O vejamos ou não.
“Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor”. [Tg 5: 7]
Como poderia aquela geração, a quem ele escreveu mil e seiscentos anos atrás, “ser paciente até a vinda do Senhor”, que ainda não chegou?
Essa não é a vinda do Senhor referida por Tiago, mas a Sua vinda para a destruição dos judeus impenitentes, perseguidores, e obstinados que estavam na ocasião, assolando a igreja:
"Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor"...
[Tg 5: 7]
Quando será isso?
Por que, diz ele, versículo 8,
“... pois a vinda do Senhor próxima”.
Será em poucos anos: Versículo 9:
“... Eis que o juiz está às portas”.
Esta foi a vinda de Cristo no grande e terrível julgamento em que Ele executou a vingança sobre Seus teimosos adversários, como havia dito antes;
“Aqueles meus inimigos, que não querem que eu reine sobre eles, tragam-nos aqui, e os matem diante de mim.”
Em cada sinal de dissolução e julgamento há uma vinda de Cristo; e toda vinda de Cristo será um dia de grande provação.
“1 Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos”.
“2 Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá subsistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros”.
“3 Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor justas ofertas.” [Ml 3: 1-3]
Seu estado era então com eles, quanto à pessoa de Cristo, tanto quanto é agora com muitos, como para outras aparições de Cristo.
“O Senhor, a quem vós buscais, virá de repente, o mensageiro da aliança o qual desejais”. Ml 3: 1
Ele virá de repente.
"O que poderia ser mais bem vindo? O que mais desejável? Não desejamos nada neste mundo, senão que Ele possa vir!”
Mas, quem poderá permanecer no dia de Sua vinda?” - disse Ele.
As pessoas não faziam nada, além de proclamar que o Messias viria; e quando veio, provou ser sua completa ruína e destruição. É uma grande coisa ter Cristo vindo.
Nós não sabemos o que acontecerá quando Cristo vier.
É uma grande coisa estar diante de Cristo, quando Ele vem. E, irmão, o que você acha que Cristo espera de nós, quando vier?
É uma coisa tola, como o salmista mostra, quando os homens estão na expectativa de uma dissolução, estando envolvidos em negócios sobre assuntos terrenos (quero dizer, além do que o dever requer), de modo a não estarem preparados para isso, mas é uma coisa perversa, quando nessa dissolução Cristo vem, e os homens não estão preparados para Sua vinda.
Há Cristo nisso. Não há dissolução que nos atenda, em nossas pessoas e relações no mundo, em que Cristo não esteja nela.
Cristo vem nela; e como estamos preparados para receber este grande convidado que vem?
Na verdade, receio que, em relação a muitos que serão maravilhosamente surpreendidos na vinda do Senhor, quando Ele vier, que será trevas para eles, e não luz.
Cristo não vem para satisfazer os desejos dos homens; Ele não vem exaltá-los no mundo, nem satisfazê-los em seus desejos sobre seus adversários - Ele vem para nos tornar mais santos, mais humildes, mais mortificados e desmamados do mundo; e se não estamos tão preparados para isso, não estamos preparados para a vinda de Cristo.
Oh, qual deveria ser a condição de nossos corações se vivêssemos sob essa apreensão, que Cristo, o glorioso, santo, estava vindo a nós todos os dias!
. Em segundo lugar; para que Ele veio?
Ora, todo esse tempo de dissolução é um dia menor de julgamento. Pensei em ter mostrado a você, como Cristo em tal período executará o julgamento.
Existem duas partes do julgamento que Cristo executará; um é em vingança contra Seus adversários; o outro é em julgamento sobre o Seu povo.
O apóstolo coloca os dois juntos.
“Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo”. [Hb 10: 30]
O primeiro lugar é tirado de Deuteronômio 32: 35, e o último lugar é retirado do Salmo 1: 4.
Em primeiro lugar, Deus fala eminentemente de seus obstinados adversários, de seus inimigos:
“A vingança me pertence”, diz Ele, “eu retribuirei”.
E no último lugar, Ele fala diretamente de Seus santos, de Seu próprio povo.
"Pois o Senhor julga a seu povo...", como podemos ver no [Salmo 135: 14]
Por que nosso apóstolo coloca esses dois juntos; coisas de natureza tão maravilhosamente diferentes - “A vingança me pertence” e “O Senhor julgará seu povo”?
A razão é que, embora essas obras sejam maravilhosamente distantes e discrepantes uma da outra, ainda assim Cristo as faz sempre ao mesmo tempo.
Quando se vinga de Seus adversários, Ele julga Seu povo. Ele julga a profissão de muitos e acabará com ela.
Ele julga os abortos dos outros e os reprova.
Ele vem como um espírito de julgamento em todas essas provações. Ninguém se engane; sempre que Cristo vem para se vingar dos inimigos do Seu povo, Ele também o julga.
Somos maravilhosamente aptos a ter pensamentos agradáveis, para que, quando o Senhor vier em juízo sobre o mundo, os professantes estejam ocultos e escapem.
Não, diz Ele: "A vingança me pertence, eu retribuirei"; e ainda: "O Senhor julgará seu povo".
Que tipo de pessoas, então devemos ser?
Se Cristo vier nos julgar, para fazer um julgamento na Sua profissão de ourives, Ele entrará em uma igreja e descartará os falsos professantes.
Nenhum de nós já viu tal dia de julgamento - como Deus, por Sua providência, já descartou muitos; Ele fará isso mais e mais, bem como descobrirá professantes hipócritas, trará suas obras ocultas das trevas, e reprovará os outros por seu mundanismo e improbidade sob o evangelho.
Como?
Pode ser consumindo-os, em tudo o que eles têm neste mundo, trazendo-os para grande pobreza e angústia. Ele os julgará nessas coisas.
"Você amou o mundo e não terá nada que tenha deixado no mundo".
Não espere que o dia do Senhor seja todo iluminado; há nitidez até mesmo para os seus na vinda de Cristo, quando virá com uma dissolução destrutiva.
É bom, portanto estar nos preparando antecipadamente para o acolhimento dEle, e considerando que tipo de pessoas devemos ser em todo santo trato e piedade, vendo Cristo vir assim e nos chamar.
Santidade
Parte 21
Meus amados, pela graça que nos foi concedida pelo Senhor Jesus Cristo, e mediante a ajuda do Espírito Santo, pudemos chegar até este ponto da nossa exposição sobre o assunto da santificação.
Nós enfatizamos em alguns dos capítulos anteriores, como a Lei de Deus e Seus juízos evidenciam a pureza e perfeição da Sua santidade, ao lado da obra de redenção que Jesus realizou em nosso favor.
Nós vimos que estarmos santificados é muito mais do que, simplesmente afirmarmos em palavras, que temos crido em Jesus, pois se requer que demonstremos na experiência prática da nossa vida um procedimento inteiramente piedoso e santo.
Nosso grande esforço então tem consistido principalmente, em demonstrar o que significa ser piedoso e santo, conforme o próprio Deus requer de todos os Seus filhos.
Ele nunca ficará satisfeito com uma mera aparência de santidade e piedade neles, pois o que se requer é o poder de ambas, e não apenas civilidade no trato, em que é possível se imitar a cordialidade e amabilidade que sempre as acompanham.
Isto deve ser algo trabalhado de dentro para fora, e forjado em nossa nova natureza renascida pelo Espírito Santo, pois ninguém pode produzi-lo, senão o próprio poder de Deus, apesar de ser necessário que nos exercitemos continuadamente na piedade, que é para tudo proveitosa, conforme dizer do apóstolo Paulo.
De modo que, ao afirmar no texto de Hebreus 12.14, de que sem santificação ninguém verá o Senhor, ele o introduz com as palavras, que devemos nos empenhar para segui-la, juntamente com a paz.
Sabedor de tantas instruções e advertências que haviam sido dadas pelo próprio Cristo, para que Seus discípulos estivessem devidamente preparados para recebê-Lo por ocasião da Sua volta como, por exemplo, as que encontramos nas Parábolas dos Talentos e das Dez Virgens, o autor de Hebreus não tinha então, qualquer dúvida sobre a referida necessidade de santificação, para que os crentes pudessem ver o Senhor na citada ocasião.
Ora, na avaliação que fizermos desta matéria não podemos esquecer, de que temos o exemplo do ladrão que morreu na cruz, ao lado de Jesus, e pôde ver a face de Deus no paraíso, sem que tivesse tido tempo para receber qualquer medida adicional de santificação, além da que acompanha a conversão (novo nascimento do Espírito Santo), que certamente ele recebeu, quando ouviu dos lábios do Senhor, que estaria com Ele ainda naquele dia no paraíso.
Muito bem, outro ponto também a ser considerado é que Deus é poderoso o bastante, para renovar e reconciliar conSigo mesmo, a qualquer crente que tenha andado desviado da Sua presença; e isto não exclui o momento da volta de Jesus.
Agora, temos que ter a devida prudência em nossas afirmações, porque a Parábola das Dez Virgens assegura que não houve tempo hábil para as cinco virgens insensatas serem renovadas, de modo que não subiram com o Senhor juntamente com as demais cinco virgens prudentes.
A conclusão a que chegamos é a de que não somos chamados a especular com isto, nem tampouco nos descuidarmos do nosso dever de vigiar, orar e perseverar diariamente, confirmando cada vez mais a nossa eleição pela prática da Palavra de Deus, para a santificação do Espírito Santo.
Como dissemos antes, devemos recorrer ao próprio texto bíblico, e analisar cuidadosamente as passagens que tratam do assunto da santificação, para que sejamos devidamente esclarecidos pelo menos, sobre o que seja estar santificado, e o que é necessário fazer para que o possamos obter.
O que é ver a Deus?
Das várias passagens bíblicas que discorrem sobre este assunto, destaca-se a citação de Jesus no Sermão do Monte, quando disse diretamente, que são os puros de coração que verão a Deus.
A par do verbo estar no tempo futuro, a citação se aplica também ao presente, pois é notório que só podemos ter comunhão com o Senhor quando estamos santificados.
Não pensemos que ver a Deus equivale a uma contemplação com nossos olhos de carne, uma vez que Deus é espírito invisível aos nossos olhos, de modo que a visão aqui referida é de caráter espiritual, indicando um maior conhecimento da pessoa de Deus e da Sua vontade, como sucedeu com o patriarca Jó, que pôde declarar que passou a ver a Deus depois de tudo o que sofreu, e não somente mais ouvir falar acerca dEle.
É digno de nota também que, quando Moisés manifestou o desejo de ver a glória do Senhor, em vez de lhe ter sido concedido uma visão contemplativa, foi-lhe dada a declaração pelo próprio Deus, acerca do Seu caráter divino, em ser longânimo, misericordioso e justo.
Disto tudo se depreende então, que este ver a Deus equivale a ser admitido à Sua presença, a se privar do Seu favor e companhia; e a condição necessária para tal é declarada como sendo a nossa santificação, como no dizer do Senhor - a purificação do nosso coração.
E o que é Estar Santificado?
O pecador é transformado em santo, quando nasce de novo do Espírito Santo - na sua conversão ele é santificado, ao ser transformado em uma nova criatura.
Ele recebe um novo coração, uma nova natureza; a natureza divina, e assim tem acesso à santidade que o faz aceitável a Deus.
Esta é a razão pela qual o apóstolo Paulo se refere aos cristãos em todas as suas epístolas, chamando-os de santos, apesar de que muitos deles eram ainda carnais, como, por exemplo, parte dos cristãos coríntios [1 Cor 1: 2; 6: 11; 14:33;
2 Cor 1: 1; 13: 12; Ef 1: 1; 2: 19; Fp 1: 1; Cl 1: 2; Jd 3] que eram santos, separados para Deus, apesar de não serem ainda cristãos espirituais.
Entretanto, aquele que foi santificado pelo Espírito é chamado a prosseguir nesta santificação, através de um processo que não deve cessar ao longo de toda a sua vida, pelo qual obterá graus cada vez maiores de crescimento na graça e no conhecimento pessoal e íntimo de Jesus.
[Jo 17: 17,19; Ef 4: 12; 1 Tes 5: 23; Ap 22: 11]
Este processo consiste basicamente, no despojamento das obras da carne (natureza terrena), e do revestimento das virtudes de Cristo.
O texto de Hebreus 12: 14 diz;
“segui a paz com todos e a santificação” – ambas as coisas; tanto a paz quanto a santificação devem ser seguidas de forma prática.
Se a santificação tivesse sido obtida em sua forma plena e final na regeneração (novo nascimento), não haveria necessidade de se mandar segui-la; ordenança que não se aplica à justificação, por ter sido obtida de uma vez para sempre, na conversão.
Santificação é conformidade à vontade de Deus, e obediência aos mandamentos do Senhor. Isto é o trabalho do Espírito na alma, pelo qual o homem é feito semelhante a Deus, tornando-se participante da natureza divina, sendo livrado da corrupção que há no mundo através da cobiça.
Não é dito em Heb 12: 14 “perfeição de santificação”, mas “santificação”.
A santificação é algo que cresce. Ela pode ser na alma como o grão de mostarda, e ainda não estar desenvolvida, ou pode ser uma vontade e um desejo no coração, um suspiro, uma aspiração.
Com as águas do Espírito de Deus, ela crescerá como o grão de mostarda, até se tornar uma árvore.
A santificação no coração regenerado é como criança, não está madura – está perfeita em todas as suas partes, mas não perfeita no seu desenvolvimento.
Uma criança é um ser perfeito, mas não quanto ao desenvolvimento que ainda terá, até ser uma pessoa madura.
Por conseguinte, quando nós achamos muitas imperfeições e muitas falhas em nós mesmos, não devemos concluir que significa que não temos interesse na graça de Deus.
A santificação requer que o coração esteja em Deus, e pulse de amor por Ele.
“Sem santificação ninguém verá o Senhor”.
Isto quer dizer, nenhum homem pode ter comunhão com Deus nesta vida, e na vida por vir, sem santidade.
“Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” [Amós 3: 3]
Santificação é uma palavra que significa mais do que purificação, porque inclui mais do que a ideia de sermos limpos; inclui também a necessidade de estarmos adornados com todas as virtudes de Cristo.
“E a favor deles eu me santifico a mim mesmo...”
Estas são palavras que foram proferidas por Jesus. [Jo 17: 19]
No caso do Senhor não pode significar purificação do pecado, porque Ele não tinha pecado.
A santificação do Senhor Jesus era Sua consagração ao completo propósito divino, Sua absorção na vontade do Pai.
Assim, nossa própria santificação, também significa a nossa consagração à vontade de Deus, além da nossa purificação, já que somos pecadores.
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade”.
[João 17: 17]
Ninguém pode santificar uma alma, mas somente o Todo Poderoso Deus, o grande Pai dos espíritos. Somente Aquele que nos fez, pode nos fazer santos.
A regeneração é onde a santificação começa, e é totalmente o trabalho do Espírito de Deus.
Cada pensamento sobre santidade, e cada desejo posterior por pureza, vêm somente do Senhor, porque nós, por natureza, somos inclinados ao pecado.
Assim, que a última vitória sobre o pecado em nós, e sermos feitos perfeitamente como nosso Senhor, deve ser inteiramente o trabalho do Senhor Deus, que faz novas todas as coisas, desde que não temos nenhum poder para realizar tão grande trabalho em nós mesmos.
Isto é uma criação.
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”. [Tg 1: 18]
Nós podemos criar esta nova vida?
Isto é uma ressurreição.
Nós podemos levantar da morte, pelo nosso próprio poder?
Nossa natureza degenerada (terrena) pode estar rumando em direção à putrefação, mas não pode jamais retornar à pureza ou à perfeição por si mesma; por isto está sentenciada à morte, pela nossa identificação com a crucificação de Jesus, e assim temos recebido uma nova natureza de Deus pela fé, que está realizando em nosso espírito um trabalho de santificação - isto é de Deus, e de Deus somente.
Veja então, que grande coisa é a santificação, e como é necessário para isto, que o nosso Senhor orasse ao seu Pai: “Santifica-os na verdade”.
Todavia, somente a verdade não santifica o homem.
Ele pode permanecer num credo ortodoxo, mas se isto não tocar o nosso coração e influenciar nosso caráter; qual é o valor da nossa ortodoxia?
Não é a doutrina que, de si mesma, nos santifica, mas o Pai santifica usando a doutrina como meio.
A verdade é o elemento em que devemos viver, para sermos santos.
A falsidade (mentira) conduz ao pecado; a verdade conduz à santidade, mas há o espírito mentiroso, e há também o Espírito da verdade, e por estes o erro e a verdade são usados como meios para se atingir o fim, respectivamente.
A verdade deve ser aplicada com poder espiritual à mente, à consciência, ao coração, senão o homem pode receber a verdade, e ainda permanecer na injustiça.
Eu creio que isto é a coroação do trabalho de Deus no homem, que Seu povo seja perfeitamente livre do mal.
Ele os escolheu para que sejam Seu povo particular, zeloso de boas obras.
Ele os redimiu para que fossem livres de toda a iniquidade, e purificados.
Ele os chamou efetivamente para uma elevada e santa vocação, a saber, para a verdadeira santidade.
Todo o trabalho do Espírito de Deus na nova natureza tem em mira a purificação, a consagração, e o aperfeiçoamento de todos aqueles que Deus, em amor, tomou para Si.
Tudo o que nos sucede na caminhada para o céu tem o propósito de nos preparar para o fim último da nossa jornada.
Nosso caminho através do deserto tem por objetivo nos provar, para que possamos conhecer quem realmente somos, para que nossos males possam ser descobertos, e nos arrependermos, e assim, para que nos apresentemos a Deus, no fim, sem máculas, diante do Seu trono.
Nós estamos sendo educados pelos céus, para o encontro na assembleia dos perfeitos.
Ainda não se manifestou o que seremos, mas seremos como Ele, porque O veremos assim como Ele é.
Nós estamos sendo levantados, através de um duro combate de longa vigilância e paciente espera; estamos sendo levantados em santidade.
Estas tribulações que trilham o nosso trigo e lançam a palha para longe, estas aflições que consomem nossas escórias, e tornam nosso ouro mais puro têm um objetivo glorioso em vista.
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. [Rm 8: 28]
E, o resultado esperado de tudo isso será a apresentação dos escolhidos a Deus, não tendo mancha ou ruga ou qualquer coisa semelhante.
Não devemos pensar, que a santificação ocorre instantaneamente, quando se ouve um pregador sincero - este não é o trabalho de um momento, de alguns dias, ou da habilidade humana, mas é o próprio Deus que deve trabalhar em nós.
Devemos, antes de tudo, ter a habitação do Espírito Santo.
É pela fé em Cristo, que se é renascido pelo Espírito.
É também, pela mesma fé, que somos santificados, assim como temos crido para o seu perdão e justificação.
Santidade
Parte 22
Meus amados, não é coisa fácil estar santificado na medida da maturidade que nos é ordenada para ser alcançada.
De muitos modos isto pode ser comprovado na realidade prática, especialmente nestes dias difíceis e trabalhosos em que temos vivido, nos quais nos sentimos como Ló, em Sodoma e Gomorra, do qual é dito que afligia a sua alma todos os dias, em face da iniquidade dos habitantes daquelas cidades.
Mas, nem mesmo Ló esteve sujeito aos grandes ataques que os justos sofrem da parte dos ímpios nestes últimos dias, pois muito do que é usado como instrumento por eles para a prática da injustiça, sequer existia naqueles dias e por muitos séculos depois, até que se chegou a este ponto quase insuportável para uma vida santa e justa, em um mundo em que a iniquidade se multiplica a cada dia que passa, seja em forma real ou virtual.
Mas, ainda assim o mandamento permanece, e deve permanecer, porque sem que haja em nós uma disposição de tudo vencer, jamais poderemos ser achados santificados, pelo cumprimento de tudo que nos é ordenado.
Nunca a outra face teve que ser tão oferecida aos que nos agridem, e nunca antes a paciência na tribulação e o bom ânimo na aflição foram tão necessários, para permanecermos no amor e em paz.
Quantas vezes somos chamados a exercitar o perdão, em relação aos que nos têm ofendido.
Até mesmo o mandamento para orarmos com a porta do quarto fechada, para não sermos interrompidos em nossa oração a Deus, deve achar o momento oportuno para fazê-lo, porque o alarido das ruas penetra em nossos lares continuamente, em um mundo que está entregue à luxúria e lascívia.
Aparelhos potentes de som fazem estremecer com músicas forjadas no inferno a estrutura de nossas almas, e nos impedem até mesmo de articular um pensamento que seja em boa ordem.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós, e nos revista da Sua graça, até que cumpramos nossa jornada de peregrinos neste mundo estranho e ímpio em que vivemos, apesar de não pertencermos a ele.
Vemos assim que a obra de santificação não é brincadeira de criança, mas algo que é produzido na fornalha da aflição, para que sejamos provados até que ponto estamos cumprindo ou não os mandamentos de Deus, em meio a todas as tribulações que temos que suportar com paciência.
Jesus disse em João 17:
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.”
Observem como Deus tem juntado a verdade e a santificação.
Tem havido uma tendência recentemente, para se dividir a verdade da doutrina; e a verdade do preceito.
Nenhuma vida santa será produzida em nós, por crermos na falsidade.
A santificação em seu caráter visível vem da edificação em fé no interior do coração, ou de outra forma, é uma mera casca.
Boas obras são frutos da verdadeira fé, e a verdadeira fé é uma sincera crença na verdade. Cada verdade conduz à santificação, cada erro de doutrina, direta ou indiretamente conduz ao pecado.
E, não estamos falando de mero conhecimento intelectual, mas de conhecimento espiritual, por experiência pessoal, na implantação das virtudes de Cristo em nossa nova natureza, recebida pela fé nEle (longanimidade, amor, benignidade, paciência, domínio próprio, alegria, etc.)
Por isso, somente o ensino que é segundo a Palavra de Deus revelada, nos santificará. A Palavra de Deus é viva, e demonstrará se estamos santificados ou não, por vermos as realidades afirmadas por ela, implantadas e manifestadas em nossas vidas - por isso se diz, que a santificação é operada pela Palavra.
A matemática é uma verdade, mas ninguém é santificado por ela.
O erro pode soprar sobre você, ou mesmo levá-lo a pensar que está santificado, porém há uma grande e séria diferença entre ostentar santificação e estar santificado de fato; uma grave diferença entre se sentir mais purificado que outros, e estar sendo realmente aceito por Deus.
A verdade nunca é a sua opinião, nem a minha; sua mensagem, nem minha. Jesus disse, “a tua Palavra é a verdade” - o que santifica os homens não é apenas a verdade, mas a verdade que está revelada na Palavra de Deus.
É uma bênção, que toda a verdade que é necessária para nos santificar esteja revelada na Palavra de Deus, tanto que não temos que gastar nossas energias tentando descobrir a verdade, mas podemos, para nosso maior proveito, usar a verdade revelada nas Escrituras.
Não haverá mais revelações da verdade; não são mais necessárias - e não pensemos que esta prática da Palavra consiste apenas, em se cumprir os mandamentos morais, pois é muito mais do que isso, uma vez que, o que se tem em mira é a nossa transformação à semelhança de Jesus; então, mais do que obedecer ao preceito, temos na Palavra a direção de como seremos em nosso caráter, mente, coração e espírito quando andarmos no Espírito, em comunhão com Cristo.
O cânon está fixado e completo; por isso se diz, que nada deve ser retirado ou acrescentado à Palavra, sob a pena de lhe serem acrescentadas as pragas descritas em Ap 22:18,19.
O Senhor nunca reescreveu ou reeditou Sua Palavra, e certamente nunca o fará, porque ela é verdade que permanece para sempre.
Nosso ensino pode estar cheio de erros, mas o Espírito não erra. A fé foi entregue de uma vez por todas aos santos.
A Escritura sozinha é a verdade absoluta e eterna. É por isso, que nos é ordenado, que a Palavra de Deus habite ricamente em nosso coração, e para tanto, será necessário que a leiamos e meditemos nela dia e noite.
É pela leitura e meditação das Escrituras que se chega ao conhecimento do caráter de Deus, e a termos temor e tremor em nossa caminhada diante dEle e da Sua justiça.
Quando a verdade for totalmente usada, ela destruirá o pecado diariamente, nutrirá a graça, inspirará nobres desejos, e produzirá ações santas em nós.
Agora, ninguém espere ter uma verdadeira santificação sem isto.
Santidade
Parte 23
Meus amados, nós falamos no capítulo anterior, sobre a dificuldade de se estar santificado em nossos dias, em que a iniquidade se tem multiplicado em toda a face da Terra.
Alguém poderia pensar então, pela forma como ali nos expressamos que traçamos uma linha divisória entre pessoas que são inerentemente boas, e outras que são inerentemente más.
Todavia, todos chegam a este mundo estando destituídos da glória de Deus, em razão de que não há sequer um único justo, que o seja de si mesmo.
Todos somos pecadores, andávamos nas trevas e sob o governo do diabo, antes que fôssemos libertados por Jesus Cristo. E, muito mais que isso, estávamos também mortos espiritualmente em delitos e em pecados, e em nada seria venturosa a nossa partida deste mundo pela morte física, pois o que nos aguardava era morte e condenação eternas ao fogo do inferno.
Quem se gloriará então, diante de Deus, por conta de sua própria justiça e bondade?
Aliás, que possua de si mesmo, justiça, bondade, santidade e verdade, de modo que dele possa se dizer, que é perfeito diante de Deus e completamente agradável a Ele, por seus próprios méritos?
Quem ousaria levantar o braço e dizer: “Sou eu”?
Creio que ninguém em sã consciência jamais o faria.
Então, em que devemos nos gloriar, senão somente no próprio Cristo, na Sua cruz, e em nossas próprias fraquezas?
Havia e certamente ainda há pelo chamado pecado residente, que habita no velho homem do qual estamos nos despojando diariamente pela mortificação operada pela cruz, transgressões suficientes em cada um de nós, para encher um oceano.
Ai de nós se não fosse pelo sangue que Jesus derramou na cruz! Ainda teríamos permanecido debaixo de uma culpa, que é eterna e sem possibilidade de expiação, senão somente pelo Senhor da glória, o qual se tornou da parte de Deus para nós, não somente a nossa santificação, como também a nossa justiça, redenção, e sabedoria, conforme se afirma em I Co 1: 30.
Jesus é a nossa santificação.
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, [I Co 1: 30]
Quando Deus diz “sede santos por que eu sou santo”, o que está em foco é uma convocação direta a ser imitado.
Jesus é o nosso exemplo de vida que devemos seguir, se desejamos de fato, ser santificados.
E mais do que exemplo, a Sua própria vida em nós é o que nos santifica, de modo que não pode haver qualquer santificação verdadeira, aparte da comunhão real e vital com Ele.
Por isso, há várias convocações diretas na Palavra neste sentido em [ Mt 10:25], [Fp 2: 5], [I Co 11: 1], [Ef 5: 1], [I Ts 1: 6]; [I Pe 2: 21], [Jo 2: 6], [4: 17], entre outras.
A imitação de Cristo está embutida na ordenança bíblica, que manda nos revestirmos de Cristo, ou do novo homem, o que é a mesma coisa [Rm 13:14], [Ef 4: 24], [Cl 3: 10].
Cabe ressaltar, que na regeneração já ocorreu um revestimento do novo homem, e um despojamento do velho homem, mas tanto uma coisa quanto outra (revestimento e despojamento) devem prosseguir na santificação.
Quando encontramos na Palavra de Deus, citações ao fato de já termos sido lavados, santificados, revestidos do novo homem e despojados do velho; a referência se aplica no caso, à REGENERAÇÃO (novo nascimento), mas quando há uma exortação no sentido de se prosseguir com o trabalho de purificação da alma, de despojamento da carne, mortificação da natureza terrena, e revestimento de Cristo ou do novo homem; a referência então, se aplica ao processo da SANTIFICAÇÃO, que deve prosseguir por toda a vida, até que sejamos recebidos na glória.
A santificação consiste basicamente, na ordenança;
“mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”.
[Rm 13: 14]
E, para revestir-se externamente de Cristo é necessário primeiro, conhecê-Lo interiormente. Jesus deve ser recebido no coração por fé, antes de poder se manifestar na vida, pela santidade.
Para que a luz apareça e ilumine é preciso, primeiro acender a lâmpada. É assim, que a luz do cristão brilha no mundo; pelo testemunho de sua própria vida, e pelas virtudes visíveis de Cristo, que se manifestam na mesma.
Esta luz pode brilhar mais em uns, do que em outros, conforme o nível de sua consagração, e consequentemente, da sua santificação.
Assim, o exterior e visível deve ser precedido e inspirado pelo interior e invisível, para que o mundo não possa negar que somos filhos da luz, e do dia.
“porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas”.
“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação”; [I Ts 5: 5,8]
Não basta que Cristo seja o alimento que sustém o homem interior, é também necessário que seja o vestido que cobre o homem exterior, e deve ser visto pelo mundo, através do seu testemunho.
O cristão deve estar vestido de Cristo em todo o tempo; e estar de tal maneira vestido do Senhor, que se confunda com Ele.
Na conversão, quando é regenerado pelo Espírito, esta exortação é cumprida num sentido parcial, pois o cristão se reveste de Cristo como um manto de justiça.
A justiça de Cristo que é imputada ao cristão na justificação, passa a ser dele, porque Cristo agora lhe pertence, e ele a Cristo.
Embora injusto por natureza, o cristão passa a ser justo, mas a ordenança de Rom 13: 14 não se refere à justificação, porém à santificação - entretanto, o ato de se revestir de Cristo só pode ser cumprido por aqueles que já foram justificados e regenerados.
Devemos nos revestir de Cristo continuamente, para que a santidade de Cristo seja reproduzida em nossa conduta diária.
Se é a Cristo que devemos ir para obter o perdão e a justificação, não devemos ir a outro para obter a santificação. [I Co 1: 30]
Havendo começado com Jesus, devemos seguir com Ele até o fim.
Devemos andar no mundo como Cristo andava.
Uma pergunta deve acompanhar o cristão em todas as áreas de atividades e situações de sua vida:
“O que faria Jesus em meu lugar?”
Sua ação deve ser norteada pela resposta a tal pergunta, pois é pela vida de Jesus, que devemos modelar a nossa.
O motivo ativo e potente, que nos encoraja a imitar Jesus como nosso modelo é a santificação da nossa alma.
Acheguemo-nos ao Senhor, e Ele nos dará o vigor que nos falta - sem a graça que está em Cristo Jesus, não é possível ter a verdadeira santidade.
O próprio Moisés, e todos os que agradaram a Deus na dispensação da lei foram assistidos e fortificados pela graça, que também operou mediante a fé.
A fonte da verdadeira santidade está em;
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim, da graça”. [Rm 6: 14]
Todos os que agradam a Deus, não são os que se deixam constranger pela força dos Seus mandamentos, como quem serve a um rude patrão, mas os que O servem como filhos, que estimam e amam a seu Pai.
A motivação do cristão deve repousar na gratidão pela graça e redenção de Jesus, que lhe trouxe a salvação.
Não é no Sinai que deve buscar o estímulo à sua santidade, mas no Calvário.
Inflamado de amor pelo Salvador que morreu por ele, será sua felicidade estar pronto para viver ou morrer, para trabalhar ou sofrer pelo seu Senhor.
O desejo de ser louvado e o temor de ser censurado, não são motivos para a santidade, são indignos de quem pertence a Cristo.
O servo do Senhor não pode se fazer servo dos homens, agindo como que para agradar a homens.
Antes, a glória do seu Mestre é sua paixão, e tudo o mais é sem importância.
Dizer “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” é o mesmo que dizer, “revesti-vos da perfeição”.
Assim, o cristão deve se revestir das virtudes que fazem parte do caráter de Jesus; não de parte destas virtudes, mas de todas elas.
Não é somente Sua humildade ou doçura, ou amor, ou zelo o que devemos imitar, mas a Sua completa santidade.
A nossa comunhão com Cristo deve ser tão íntima, que Sua personalidade possa ser reproduzida em nós.
A nossa vontade deve ser conformada à dEle.
É a vontade de Deus que sejamos cada vez mais semelhantes a Jesus.
“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. [Rm 8: 29]
Santidade
Parte 24
Lendo o texto de Cl 3: 12-14 vemos que Paulo está descrevendo o traje do cristão.
As vestes que ali são descritas devem ser usadas permanentemente; nenhuma delas deve ser deixada de lado, todas devem ser vestidas - não apenas no domingo, mas durante todos os dias da semana.
As primeiras vestes citadas são a misericórdia e a bondade.
Somos tão misericordiosos, benignos, ternos e compassivos com nossos semelhantes como é o próprio Cristo?
Pela santificação obtivemos este traje, e estamos com ele vestidos?
Esforçamo-nos para alcançá-lo?
Se não, a nossa alegada santidade está em parte, nua. Longe de nós a presunção da igreja de Laodiceia, que lhe custou a reprimenda;
“pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”. [Ap 3: 17]
Em seguida são citadas como parte do vestuário de Cristo, a mansidão e a humildade.
Jesus não oprime nem tiraniza a ninguém; Ele sempre foi humilde, manso e cheio de graça, sendo o Mestre de todos, e o Senhor dos senhores.
Somos arrogantes e duros de coração por natureza; é somente pelo trabalho de quebrantamento do Espírito Santo, que deixamos de sê-lo.
Há também os vestidos da longanimidade e da paciência, no trato com os semelhantes. Há cristãos que, se não fazem tudo a seu gosto, logo se encolerizam; são egoístas, obstinados, iracundos, suscetíveis, não se sujeitam à disciplina do Espírito Santo, nem à autoridade da Palavra de Deus.
A verdade que servem é a própria, engendrada por sua imaginação e sentimentos carnais. Estas vestes da velha natureza devem ser trocadas pelas vestes de Jesus, da longanimidade (tardio em se irar), e da paciência.
Devemos ser pacientes, ainda quando tenhamos sido vítimas de grandes injustiças; mais vale sofrer, do que devolver mal por mal. [Rm 12: 17-21, [I Pe 2: 19-23; 4:12-14]
O apóstolo segue dizendo:
“Perdoai-vos mutuamente...”.
Não é evidente que tal ensino não é da terra, mas que nos veio do céu?
Tratemos, pois de colocá-lo em ação; vesti-vos do Espírito de Cristo e sua língua não soltará palavras tão amargas, vesti-vos do Seu amor, e seu coração não abrigará sentimentos tão ásperos.
Que sua alma se encha da Sua santidade, e de boa vontade perdoará; não sete, mas setenta vezes sete.
Agora, o cinturão que mantém em seu lugar cada peça deste vestuário espiritual é:
“Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição”. [Cl 3: 14]
Este cinturão é divino: o amor.
Tudo o que temos feito tem muito pouco valor, se nossas animosidades não têm sido sepultadas com o velho homem.
Ainda que tenhamos muitos defeitos, que não nos falte o amor pelo Senhor e, por nossos semelhantes.
E finalmente:
“a paz de Deus governe os seus corações e sejam agradecidos”.
A gratidão deve ser achada entre os discípulos de Jesus. Bem-aventurada a alma que está em plena possessão de si mesma; sempre tranquila e descansada.
Se desejamos ser semelhantes a Jesus devemos estar vestidos da Sua paz.
Uma pessoa santa, além das virtudes destacadas em Cl 3: 12-14, também possui submissão, domínio próprio, auto negação, amor fraternal por seus irmãos em Cristo, pureza de coração, temor de Deus, fidelidade em todos os deveres e relacionamentos, e todas as demais virtudes que caracterizam o cristão fiel, segundo o que está revelado na Bíblia.
Apesar de estarmos revestidos de Jesus, ainda temos necessidade de lutar contra a carne;
“mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.”
[Rm 13: 14]
Não devemos ser indulgentes com a carne, nem desculpá-la. Nunca digamos:
“Cristo me tem perdoado, porque tenho mau gênio, e não posso livrar-me dele”.
Nunca justifiquemos aquilo que em nós, não se encontra na natureza de Cristo.
Alguém pode dizer: “Sou muito alegre por natureza, e assim, um pouco de prazer mundano me é necessário”.
Jogo perigoso é este!
Está fazendo o que a Palavra proíbe; está adulando a carne para satisfazer seus desejos. Cuidado!
Não se deve dar trégua ao pecado, nem por um dia, uma hora, um minuto, um segundo.
Nossa obediência deve ser sem interrupção.
Não devemos consentir que a carne levante a cabeça, pois não se pode saber, até onde é capaz de nos arrastar.
A carne é voraz e nunca se sacia; não devemos lhe dar nem ainda as migalhas que caem da mesa.
Revesti-vos do Senhor Jesus, e já não haverá lugar para as concupiscências da carne - o pecado está, onde Cristo não está.
Qual é o vestido de casamento, que nos fará dignos de ir ao encontro de Cristo e participar do Seu triunfo?
É o próprio Cristo.
Se aqui neste mundo, Ele é meu adorno e minha formosura, posso estar seguro de que Ele será minha glória durante a eternidade.
A carne é tão ardilosa, que os próprios mandamentos de Deus que nos são dados para vida, ela os utiliza para reviver o pecado.
“E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte”. [Rm 7: 10]
A carne gosta do que é proibido.
“Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri”. [Rm 7: 9]
“Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo próprio mandamento nos engana e mata. [Rm 7: 11]
Diante de um inimigo tão ardiloso, que ainda opera na natureza terrena do cristão, toda vigilância e cuidado são poucos.
Santidade
Parte 25
Nunca podemos dizer que a santificação chega ao amadurecimento e perfeição total, ou que todas as virtudes citadas até aqui, especialmente as de Cl 3: 12-14, sejam achadas em total florescimento e força, para que possamos dizer que a pessoa é santa.
Não, longe disto.
A santificação é sempre um trabalho progressivo, e consoante a concessão da graça do evangelho, que trabalha muito mais com a nossa consagração a Deus e à Sua Palavra, do que com a nossa perfeição presente, quanto aos nossos pensamentos, motivações, sentimentos e ações.
As virtudes ou graças de algumas pessoas são como plantas em germinação, em outras, como plantas crescidas, e ainda em outras como plantas maduras com frutos.
Mas todas elas tiveram um começo.
Nós nunca devemos desprezar “o dia dos humildes começos”. [Zc 4: 10]
E, a santificação neste mundo, no melhor dos santos, é um trabalho imperfeito.
Spurgeon disse:
A história dos maiores santos que já viveram contém muitos “poréns”, “todavias” e “emboras”.
O ouro nunca será sem algumas escórias, e nós nunca brilharemos sem algumas nuvens, até que alcancemos a Jerusalém celestial.
Os homens e mulheres mais santificados têm tido muitas manchas e defeitos, quando comparados com o padrão elevado e santo da Palavra de Deus - suas vidas estão continuamente em guerra com o pecado, e o diabo; e algumas vezes, vocês os verão não submetendo o Inimigo e a carne, mas sendo submetidos.
Assim, não é pelo tanto que ainda haja de imperfeições e fraquezas em nós, que estaremos impedindo ou desacelerando o processo de santificação, mas o quanto não nos arrependemos do nosso procedimento contrário à vontade de Deus.
Enquanto tivermos o temor do Senhor e da Sua Palavra, enquanto confessarmos os nossos pecados, e nos arrependermos de nossas más obras, buscando andar do modo que Deus aprova, sempre haverá esperança para o nosso caso, quanto a fazermos progresso em santificação.
Afinal, a carne está sempre lutando contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, e “todos nós tropeçamos em muitas coisas” (Tg 3.2; Gál 5.17).
Mas todo verdadeiro cristão, renascido do Espírito, perseguirá o alvo da santificação.
E, corajosa e confiantemente eu digo, que a verdadeira santificação é uma grande realidade - ela é algo que pode ser visto nos homens, mulheres, e mesmo em crianças; e que pode ser sentido por todos ao seu redor.
Eu sei que o caminho pode ir, de um ponto a outro, ter muitas curvas e deformações - e a pessoa pode ser verdadeiramente santa, mas ainda ser rodeada por muitas fraquezas.
O ouro não é menos ouro, porque está misturado com alguma liga metálica; nem a luz é menos luz, porque é fraca e turva; nem a graça é menos graça, porque é jovem e fraca.
Ma,s depois de todas estas considerações eu não posso dizer, que uma pessoa mereça ser chamada “santificada”, que deliberadamente se permite continuar habitualmente nos seus pecados, e que não se sente envergonhada por causa deles.
Eu não ousaria chamar de “santo”, quem faz um hábito deliberado negligenciar os deveres conhecidos, e pratica aquilo que sabe que Deus tem claramente proibido em Sua Palavra.
John Owen se expressou muito bem quanto a isto:
“Eu não entendo como um homem pode ser um cristão verdadeiro, sem que seu pecado não lhe seja a maior aflição, tristeza e problema”.
Estamos Santificados?
J. C. Riley nos faz esta pergunta em um de seus memoráveis sermões.
Esta é a pergunta de maior importância para as nossas almas.
Se a Bíblia é a verdade, e é certo que é; a menos que nós sejamos santificados, não seremos salvos.
Há três coisas que, de acordo com a Bíblia são absolutamente necessárias à salvação de cada homem e mulher.
Estas três coisas são a justificação, a regeneração, e a santificação. Aquele em quem falte alguma destas três coisas, não poderá ir para o céu quando morrer.
Onde, então está o dano em perguntar, “estamos santificados?”.
Estranhas doutrinas têm se levantado ultimamente, sobre todo o assunto da santificação.
Alguns parecem confundi-la com a justificação; outros a fragmentam em nada, sob o pretenso zelo pela livre graça; outros levantam um erro, de uma santificação padrão diante dos seus olhos, e falham ao tentar alcançá-la em suas vidas, através de repetidas mudanças de igreja a igreja, na vã esperança que acharão o que eles desejam.
Num dia como este, o calmo exame da pergunta em título, pode ser de grande utilidade para nossas almas.
Quanto maior a santificação, maior a consciência espiritual de que se estava morto, separado da vida de Deus, e da comunhão com Ele, porque o oposto disto, ou seja, vida e comunhão crescem, à medida que a santificação aumenta em graus.
Muitos se iludem por sentimentos, dizendo que sentem algo lhes dizendo no seu interior, que são salvos.
Apesar de o Espírito Santo testificar com nosso espírito que fomos salvos, não se pode ter por seguro que toda voz ouvida no coração seja do Espírito, porque a carne ou o Inimigo poderão nos enganar.
Então, essa testificação do Espírito Santo aumenta em graus, naqueles que se santificam; e é especialmente pela constatação pessoal do aumento das Suas graças transformadoras em nós, que podemos ter a plena certeza que somos de fato, de Cristo (pelo aumento da longanimidade, do amor aos irmãos e a Deus, da benignidade, paciência, etc.)
O Espírito nunca permanece adormecido e ocioso na alma; Ele sempre faz Sua presença conhecida, pelo fruto que produz no coração, no caráter, e na vida.
“O fruto do Espírito”, diz Paulo, “é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio,” (Gl 5: 22,23).
Quando estas coisas são encontradas, há o Espírito; quando estas coisas não existem, os homens estão mortos diante de Deus.
O Espírito é comparado ao vento, pois como o vento, Ele não pode ser visto pelos nossos olhos de carne, mas assim como nós conhecemos o efeito que o vento produz nas ondas, nas árvores, na fumaça, assim nós podemos saber que o Espírito está no homem, pelos efeitos que Ele produz em sua conduta.
É possível supor que nós temos o Espírito, se também “andarmos no Espírito” [Gl 5: 25], produzindo o fruto que é consequente dessa santa união.
Assim, os que são realmente “guiados pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus.” [Rm 8: 14]
A santificação, ainda é uma coisa que sempre será vista, assim como a Grande Cabeça da Igreja, de quem procede e não pode ser escondida.
Cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. [Lc 6: 44]
Uma pessoa verdadeiramente santificada pode ser tão vestida de humildade, que pode ver em si mesma, nada além de fraquezas e defeitos.
Como Moisés, quando veio ao monte, ele pode não ter tido consciência que sua face brilhava; e como os justos na importante parábola das ovelhas e dos bodes, que não podiam ver que tinham feito algo para seu Mestre, quando o fizeram a outros. [Mt 25: 37]
Mas, ainda que não vejam isto em si mesmos, outros sempre verão neles um tom, um caráter, e uma forma de vida não vista em outros homens.
A luz pode ser muito turva, mas se houver somente uma centelha num quarto escuro, ela será vista.
A vida pode estar muito débil, mas se houver pulsação, ainda que fraca, isto será percebido. É exatamente o mesmo que ocorre com o homem santificado; sua santificação será algo sentido e visto, embora ele mesmo não possa compreender.
Um santo em quem nada pode ser visto, a não ser mundanismo ou pecado, é um tipo de monstro não reconhecido pela Bíblia.
A santificação, ainda, é algo pela qual cada cristão é responsável.
Cada homem na terra é responsável diante de Deus, e todos os perdidos estarão mudos e sem desculpas no último dia.
Cada homem tem poder para “perder sua própria alma” [Mt 16: 26].
Deus tem dado aos cristãos graça, um novo coração, e uma nova natureza, de modo que tem negado a eles toda a desculpa, caso não vivam para o Seu louvor.
Este é um ponto que é muito esquecido.
Um homem que professa ser um verdadeiro cristão, enquanto se assenta ainda, contente com um grau de santificação muito baixo (se de fato ele tem alguma), e friamente diz que ele “nada pode fazer quanto a isto”, é de fato, uma visão muito lamentável, de um homem muito ignorante.
Contra esta ilusão deixem-nos vigiar e estar em guarda.
Se o Salvador de pecadores nos der uma graça renovadora, e nos chamar pelo Seu Espírito, nós podemos estar certos que Ele espera que usemos a nossa graça, e não venhamos a dormir como os demais.
É o esquecimento disto a causa de muitos cristãos entristecerem o Espírito Santo, e se tornarem inúteis.
A santificação, ainda é algo que permite o crescimento e o progresso.
Um homem pode escalar um degrau após outro em santidade, e ser mais santificado num período de sua vida, do que em outro.
Mais perdoado e mais justificado do que era quando creu no princípio, ele não pode ser, embora possa sentir isto com mais intensidade - mais santificado ele certamente pode ser, porque cada graça em seu novo caráter pode ser fortalecida, ampliada e aprofundada.
Este é o significado evidente da última oração de nosso Senhor por Seus discípulos, quando usou as palavras, “santifica-os” [Jo 17: 17], e Paulo orou pelos tessalonicenses “o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo”. [I Ts 5: 23]
Em ambos os casos, a expressão claramente implica a possibilidade de aumento da santificação, enquanto que uma expressão paralela, como “justifica-os”, nunca é encontrada uma só vez nas Escrituras aplicada aos cristãos, porque eles não podem ser mais justificados do que já estão.
A justificação é recebida de uma vez para sempre na conversão, portanto não é um processo.
Já a santificação é um processo que dura toda a vida.
A ideia de uma “santificação imputada” numa experiência de poder em avivamento do Espírito, não tem respaldo bíblico, contraria a verdade da Palavra e da própria experiência prática, porque não existe uma santificação completa que se receba de uma vez para sempre, em determinado momento da vida.
O que pode ocorrer é um renovo espiritual, que desperte a santidade que estava adormecida, mas esta necessitará ser sempre mantida, renovada, e aumentada.
A ordem de Cristo em Apocalipse é que, o que é santo, santifique-se mais ainda - isto denota a necessidade de exercício espiritual, disciplina, esforço, vigilância constante, perseverança e diligência.
Há necessidade de formação progressiva de um hábito de santidade na vida, em todas as suas áreas.
Se há um ponto em que os santos mais consagrados a Deus concordam é este; que eles veem mais, conhecem mais, sentem mais, fazem mais, se arrependem mais, e creem mais, à medida que avançam na vida espiritual, em proporção à intimidade da sua caminhada com Deus.
Em resumo, eles crescem na graça, como Pedro exorta os cristãos a fazerem [II Pe 3: 18], e progridem cada vez mais, conforme as palavras de Paulo em [I Ts 4: 1]
A santificação, ainda, é algo que depende grandemente do diligente uso dos meios das Escrituras.
Quando eu falo “meios”, me refiro à leitura da Bíblia, à sua prática na vida, à presença regular à adoração pública, a regular escuta da Palavra de Deus, a constância na oração, e a regular recepção da Ceia do Senhor.
Eu não posso achar qualquer exemplo de algum santo eminente, que sempre tenha negligenciado tais coisas.
Elas são apontadas como canais, através dos quais o Espírito Santo conduz novos suprimentos da graça à alma, e fortalece a obra que Ele tem começado no homem interior (nova criatura, nova natureza).
Deixem os homens chamarem isto, de deveres legalistas - que o façam se lhes agrada, mas eu nunca recuarei em declarar minha crença, de que não há ganhos espirituais sem esforço ou sofrimento. Eu seria como um agricultor que espera prosperar em seu negócio, se contentando em semear seu campo e nunca cuidar dele até a colheita.
Assim é o cristão que espera alcançar muita santidade, mas nunca foi diligente na leitura da sua Bíblia, em suas orações, e no uso do dia do Senhor, para a adoração e serviço.
Apesar de tudo que já foi dito anteriormente, ainda há espaço para refletirmos sobre o motivo pelo qual, não se pode ver a Deus sem santificação.
Creio que o principal motivo decorre do fato, de Deus ser santo, da Sua própria santidade que demanda de todo ser moral e espiritual que seja também santo, para que possa participar da Sua natureza divina.
Por isso, Jesus, sendo Deus se fez homem, para que nós também pudéssemos participar da Sua natureza essencial.
Há um dito que afirma, que “arara voa no bando de araras e não no de urubus”.
É a indicação da natureza que temos, que nos torna participantes da unidade com nossos semelhantes; então é somente pela santidade, que podemos ser tornados semelhantes a Deus.
Não se exige de nós a Sua Onipotência, Sua Onipresença, Sua Onisciência divina, mas com certeza, é exigido de nós que sejamos santos, assim como Ele é santo.
É nisto que consiste a nossa semelhança com Deus, a propósito, para a qual fomos projetados desde o princípio da criação.
Santidade
Parte 26
Meus amados, nós vemos a santidade de Deus sendo declarada nos Seus juízos sobre Israel em várias passagens da Escritura, das quais destacamos o sétimo capítulo do livro do profeta Ezequiel:
“1 Veio ainda a palavra do SENHOR a mim, dizendo:
2 Ó tu, filho do homem, assim diz o SENHOR Deus acerca da terra de Israel: Haverá fim! O fim vem sobre os quatro cantos da terra.
3 Agora, vem o fim sobre ti; enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei segundo os teus caminhos, e farei cair sobre ti todas as tuas abominações.
4 Os meus olhos não te pouparão, nem terei piedade, mas porei sobre ti os teus caminhos, e as tuas abominações estarão no meio de ti. Sabereis que eu sou o SENHOR.
5 Assim diz o SENHOR Deus: Mal após mal, eis que vêm.
6 Haverá fim, vem o fim, despertou-se contra ti;
7 vem a tua sentença, ó habitante da terra. Vem o tempo; é chegado o dia da turbação, e não da alegria, sobre os montes.
8 Agora, em breve, derramarei o meu furor sobre ti, cumprirei a minha ira contra ti, julgar-te-ei segundo os teus caminhos e porei sobre ti todas as tuas abominações.
9 Os meus olhos não te pouparão, nem terei piedade; segundo os teus caminhos, assim te castigarei, e as tuas abominações estarão no meio de ti. Sabereis que eu, o SENHOR, é que firo.
10 Eis o dia, eis que vem; brotou a tua sentença, já floresceu a vara, reverdeceu a soberba.
11 Levantou-se a violência para servir de vara perversa; nada restará deles, nem da sua riqueza, nem dos seus rumores, nem da sua glória.
12 Vem o tempo, é chegado o dia; o que compra não se alegre, e o que vende não se entristeça; porque a ira ardente está sobre toda a multidão deles.
13 Porque o que vende não tornará a possuir aquilo que vendeu, por mais que viva; porque a profecia contra a multidão não voltará atrás; ninguém fortalece a sua vida com a sua própria iniquidade.
14 Tocaram a trombeta e prepararam tudo, mas não há quem vá à peleja, porque toda a minha ira ardente está sobre toda a multidão deles.
15 Fora está a espada; dentro, a peste e a fome; o que está no campo morre à espada, e o que está na cidade, a fome e a peste o consomem.
16 Se alguns deles, fugindo, escaparem, estarão pelos montes, como pombas dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua iniquidade.
17 Todas as mãos se tornarão débeis, e todos os joelhos, em água.
18 Cingir-se-ão de pano de saco, e o horror os cobrirá; em todo rosto haverá vergonha, e calva, em toda a cabeça.
19 A sua prata lançarão pelas ruas, e o seu ouro lhes será como sujeira; nem a sua prata, nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do SENHOR; eles não saciarão a sua fome, nem lhes encherão o estômago, porque isto lhes foi o tropeço para cair em iniquidade.
20 De tais preciosas joias fizeram seu objeto de soberba e fabricaram suas abomináveis imagens e seus ídolos detestáveis;
21 portanto, eu fiz que isso lhes fosse por sujeira e o entregarei nas mãos dos estrangeiros, por presa, e aos perversos da terra, por despojo; eles o profanarão.
22 Desviarei deles o rosto, e profanarão o meu recesso; nele, entrarão profanadores e o saquearão.
23 Faze cadeia, porque a terra está cheia de crimes de sangue, e a cidade, cheia de violência.
24 Farei vir os piores de entre as nações, que possuirão as suas casas; farei cessar a arrogância dos valentes, e os seus lugares santos serão profanados.
25 Vem a destruição; eles buscarão paz, mas não há nenhuma.
26 Virá miséria sobre miséria, e se levantará rumor sobre rumor; buscarão visões de profetas; mas do sacerdote perecerá a lei, e dos anciãos, o conselho.
27 O rei se lamentará, e o príncipe se vestirá de horror, e as mãos do povo da terra tremerão de medo; segundo o seu caminho, lhes farei e, com os seus próprios juízos, os julgarei; e saberão que eu sou o SENHOR.”
Esta é uma das partes das muitas ameaças de juízos feitas por Deus através do profeta Ezequiel, enquanto ele se encontrava cativo em Babilônia com Daniel e muitos outros nobres que para lá haviam sido levados por Nabucodonozor na primeira leva de cativos, e que os muitos que haviam permanecido na terra de Israel pensavam que seria a única.
Então ele os advertiu de que juízos maiores estavam por vir em razão da iniquidade deles, e que isto seria feito pelas mãos de povos cujas transgressões superavam as que eles praticavam.
Isto serviria de sinal que o Deus justo e santo havia realmente virado o seu rosto da sua nação eleita, por viverem eles contrariamente à sua vontade.
O caráter do Senhor permanece o mesmo, e nesta dispensação da graça em que tem sido longânimo até mesmo com muitos pecadores perversos, Ele os manterá debaixo da condenação eterna, caso não se arrependam e se convertam de seus maus caminhos, por meio da fé em Jesus.
Nas palavras do apóstolo Pedro, Deus começa o seu juízo pela sua própria casa. E isto foi manifestado várias vezes na história da nação eleita de Israel.
E o que há para ser aprendido e praticado pela Igreja de Jesus a partir dessa verdade?
Pelo menos deve ser observado que tudo o que foi escrito foi para advertir os crentes a não incorrerem no mesmo erro daqueles que haviam vivido no passado, de modo a não ficarem sujeitos a correções dolorosas que lhe sobrevirão da parte do próprio Deus, caso vivam de modo ímpio.
Outra consideração importante é a de que não se deve dar guarida a qualquer tipo de pecado, porque sempre odiará o pecado e sujeitará a juízos os que viverem na sua prática deliberadamente.
A par de sempre ter existido um grande número de crentes que apesar de estarem santificados, são ainda bebês na fé, conforme Paulo chamava alguns crentes de Corinto, pois em razão da ignorância deles fazem coisas inconvenientes como chocarrices e outros procedimentos contrários à sobriedade e seriedade que Deus requer de todos os Seus filhos, mas não o fazem com dolo ou intenção de contrariarem ao Senhor, mas em razão de suas novas naturezas não terem sido ainda amadurecidas o suficiente para viverem de modo inteiramente aprovado.
Daí a importância do estudo, meditação e prática constante da Palavra da verdade, conforme se acha registrada na Bíblia, para que através dela, possam crescer espiritualmente em santificação.
Paulo diz que não teria conhecido que a cobiça é pecaminosa caso não tivesse sido registrado na Lei: “Não cobiçarás.” E do mesmo modo, foi nas Lei de Deus que Ele veio a conhecer tudo aquilo que é pecado e que portanto deve ser mortificado por nós.
A título de recordação, citaremos algumas coisas que podem não somente atrapalhar o nosso crescimento em santificação, e até mesmo paralisá-la ou extingui-la.
Se somos apegados e dados a uma prática continuada de alguma dessas coisas que são pecaminosas, é uma evidência para nós de que não estamos santificados, ou que ainda somos bebês na fé, pois caso fôssemos amadurecidos na santificação não somente as abominaríamos, como as expulsaríamos da nossa vida por meio da graça de Jesus.
A tentação já não nos atingirá tão facilmente como no princípio, quando não estávamos santificados, pois agora resistimos a todas elas e se porventura venhamos a falhar em alguma ocasião, logo nos disporemos a cumprir a segunda parte da petição final da oração modelar, pois recorreremos a Deus para sermos livrados do mal que conseguiu nos abater temporariamente.
Se foi ódio, seremos livrados, e retornaremos ao espírito de perdão e de amor.
Se foi cobiça, logo retornaremos ao espírito de renúncia.
E assim, aplicaremos a oração e a vigilância a tudo o mais que possa tentar nos afastar de uma comunhão santa com Deus.
Mas, passemos à relação das coisas que devem, dentre muitas outras, serem evitadas e abandonadas por nós:
ansiedade |
mentira |
furto e roubo |
inveja |
adultério |
assassinato |
orgulho vão |
ciúme |
crueldade |
sensualidade |
avareza |
cobiça |
blasfêmias |
palavras torpes |
extorsão |
ódio |
corrupção |
pornografia |
indiscrição |
rancor |
mexerico |
glutonaria |
insolência |
vícios |
infidelidade |
deslealdade |
irreverência |
idolatria |
zombaria |
desobediência |
rebeldia |
arrogância |
desrespeito |
contendas |
preguiça |
iras |
porfias |
|
|
|
Quantas destas coisas não são passadas por alto, pelas leis dos homens, e até mesmo aprovadas por eles?
Mas, Deus condenará a todo aquele que permanecer aprisionado às mesmas, por não ter sido libertado do pecado, por Jesus.
Santidade
Parte 27
Meus amados, em dias de juízo divino, como os nossos, é comum que muitos pensem que Deus não mais faz o bem a quem quer que seja, uma vez que é bem nítida a forma como permite que a iniquidade se multiplique, especialmente a da corrupção, da violência e da impureza, mas Ele sempre continuará sendo a fonte de todo bem, e não deixará de ser amor, verdade, justiça e paz, a par do que sucede na Terra, pois, em tais dias de juízo, em que está prestes a introduzir no mundo uma nova dispensação e estado de coisas, em que se veja mais a prática da verdade e da justiça, do que anteriormente, assim como foi o caso, por exemplo nos dias de Noé, sempre permite, pela remoção temporária das restrições que estavam sendo impostas à prática desenfreada do pecado, pelo Espírito Santo, é comum que se revele qual é a inclinação natural da humanidade quando são retiradas as referidas restrições.
É somente por isto que o diabo terá a liberdade de agir muito mais até o ponto de impor um governo ímpio sobre o mundo como o do Anticristo.
Então, precisamos conhecer mais e o mais o verdadeiro caráter santo, justo e amoroso de Deus, para que não nos encontremos, caso sejamos seus verdadeiros filhos, confusos como os demais ou duvidosos em relação à bondade divina.
Necessitamos ver o Senhor conforme Ele é apresentado a nós nas Escrituras, pois no exercício do juízo, nunca deixa de ser misericordioso ou longânimo, pois são atributos ligados essencialmente à sua natureza divina.
Deus nunca muda. O que pode mudar é o modo pelo qual o enxergamos.
Daí a importância de se conhecer na prática o que seja de fato ver a Deus.
Em quais sentidos, não verão a Deus aqueles que não estiverem santificados, conforme se afirma em Hebreus 12.14?
O que significa ver a Deus?
Antes de tudo devemos fixar bem a noção, de que não se trata necessariamente de uma visão, como a que temos com nossos olhos naturais, porque estes não são capazes de enxergar, senão apenas o exterior. Ainda que fôssemos dotados da capacidade de enxergar o interior das coisas, com visão do tipo de raio-x, ainda assim seria muito difícil aprofundar esta visão e ver as partes mais íntimas da matéria, até ao nível da sua composição atômica.
Além disso, há também, mesmo no mundo natural, todas as forças atuantes que são invisíveis, como as de gravidade, eletromagnéticas, radiações, etc.
Concluímos que não passa de um desejo pueril, o de se contentar em apenas ver a Deus de modo natural, conforme foi expressado por um dos apóstolos de Jesus, que foi levemente repreendido por Ele, ao dizer-lhe que quem Lhe viu, já havia visto a Deus.
Certamente, ao dizer isto não estava se referindo à sua forma física externa, mas o seu caráter, santidade, atributos e procedimento.
A este respeito Paulo declara expressamente, que se houve um conhecimento de Jesus em carne, já não é mais conhecido deste modo, pois importa que seja conhecido em espírito e em verdade.
É desse modo que se deve olhar a Deus, para que sejamos salvos, conforme somos comandados por Ele a fazê-lo: “Olhai para mim e sede salvos todos os confins da terra.”
O autor de Hebreus nos ordena, pelo Espírito, a nos empenharmos na carreira da fé, olhando para Jesus - este olhar é muito mais do que simplesmente contemplar, examinar, observar, mas, sobretudo entender, experimentar, apreender, obedecer, seguir, imitar.
Trata-se de um conhecimento de experiência pessoal, de intimidade de comunhão, de coparticipação de natureza, de assimilação do caráter divino, e não meramente nocional ou intelectual.
É um conhecimento de Deus, através da vivência de experiências com Ele, no aprendizado em meio às batalhas diárias que temos que travar, assim como o patriarca Jó vivenciara, e veio a expressar o avanço que fizera no conhecimento do Senhor, passando de um simples ouvir dizer a respeito dEle, para uma constatação de quem Ele é de fato, por uma revelação direta feita ao nosso espírito, estado este em comunhão com Ele.
É nisto que consiste o avançar na santificação, de um grau para outro maior, e isto sucessivamente, de fé em fé e de glória em glória.
Quanto mais o Senhor revela a Si mesmo e a Sua vontade a nós, por meio da nossa transformação pessoal à semelhança do Seu caráter, então podemos conhecer que estamos avançando na santificação, que nos permite ver mais e mais a Deus.
Deus é espírito e deve ser conhecido em espírito.
Deus é amor e deve ser conhecido em amor.
Deus é longânimo e deve ser conhecido em longanimidade. Deus é misericordioso e deve ser conhecido no exercício da misericórdia.
Deus é justo e deve ser conhecido na prática da justiça.
E assim, em relação a todos os Seus atributos, exceto os de onisciência, onipresença e onipotência, os quais Lhe são exclusivos.
Quanto mais purificados do pecado, quanto mais santificados, mais veremos a Deus em espírito, no que se refere a este conhecimento pessoal, e compreensão da Sua vontade.
É isto o que se observa nas seguintes passagens bíblicas entre outras:
Mt 5: 8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
Lc 3: 6 e toda carne verá a salvação de Deus.
Jo 3: 36 Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.
Jo 11: 40 Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?
At 26: 16 Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda.
Rm 15: 21 antes, como está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não tiveram notícia dele, e compreendê-lo os que nada tinham ouvido a seu respeito.
Hb 12: 14 Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.
1Jo 3: 2 Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.
Mt 13: 17 Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não ouviram.
Lc 8: 10 Respondeu-lhes Jesus: A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; aos demais, fala-se por parábolas, para que, vendo, não vejam; e, ouvindo, não entendam.
Jo 9: 39 Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos.
Jo 9: 41 Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.
Santidade
Parte 28
Meus amados, não poderíamos deixar de dedicar um capítulo à parte, para discorrer sobre a fé, sem a qual é impossível se agradar a Deus.
Alguém indagará; por que Jesus não veio para morrer na cruz no início da criação, imediatamente após o homem ter pecado?
Por que foi necessário esperar cerca de quatro mil anos desde a queda, até que Ele se manifestasse em carne ao mundo?
Antes de qualquer consideração que viermos a fazer sobre este assunto, devemos ter claramente diante de nós, que os benefícios da morte e ressurreição de Jesus não se limitariam, apenas aos que viessem a viver depois da Sua manifestação no ministério terreno, mas também se estenderia a todos os que viveram nos dias do próprio Adão, e em todo o período do Velho Testamento.
Aquele sacrifício expiatório que Ele faria por nós, era líquido e certo aos olhos de Deus e não poderia falhar, porque seria impossível que isto ocorresse, na condição de ser Jesus, também Deus, com o Pai e o Espírito Santo.
Então, Deus planejou em Seu decreto eterno que atuaria em relação à humanidade, por dispensações que deveriam se seguir umas às outras, para o cumprimento dos Seus propósitos fixados por Ele, desde antes da fundação do mundo.
Sabendo que o homem viria a pecar, e que a isto se seguiria uma grosseira incredulidade e idolatria por parte da humanidade, Deus planejou formar uma nação (Israel), que manteria o testemunho da Sua vontade e Lei no mundo, revelando que há somente um Deus santo, justo e verdadeiro, o qual é Espírito invisível, sendo Ele o criador de todas as coisas; e que demanda de todo homem, que seja santo, assim como Ele é santo, e justo como Ele é justo, segundo os termos do que é em Sua própria pessoa divina.
Além disso, pelo testemunho das Escrituras que seriam dadas a esta nação, que viveria no meio de todas as demais nações pagãs, Ele revelaria o quanto tem aversão ao pecado, mas providenciou um meio para a redenção e perdão do pecador, através de um sacrifício que seria oferecido por Seu Filho Unigênito, o qual era tipificado em todos os sacrifícios de animais que foram por Ele exigidos, desde os dias de Adão, para que o pecador pudesse ser aceito por Ele - isto deveria ser feito, não sem arrependimento e fé nEle, com a devida contrição de espírito por causa do pecado.
O essencial nisto tudo é, que não era propriamente por aqueles sacrifícios de animais que o pecado e a culpa eram expiados, mas pelo de Jesus, o qual era tipificado por eles. Foi pela promessa de lhes prover de um Redentor, que eles eram perdoados e aceitos por Deus - não por seus próprios méritos ou justiça própria, que a propósito não mais possuíam, desde que o primeiro homem pecou.
A justiça do Redentor seria imputada aos que cressem, e neles implantada pela regeneração e santificação.
Desviar os olhos do Redentor para qualquer outro, seria fatal para a obtenção da vida com Deus, pois em nenhum outro se pode achar a salvação.
Foi disto que o autor de Hebreus se queixou com os judeus destinatários originais de sua epístola, pois estavam colocando a confiança deles em anjos, em Moisés, nas práticas cerimoniais da Lei, e não estavam vivendo por meio da fé em Cristo.
Com isto davam provas de que estavam vivendo em incredulidade, porque não há fé verdadeira, quando ela não se apoia unicamente em Jesus, porque Ele não é somente o autor, como é também o consumador da fé.
Em nenhum outro nome será encontrada a salvação.
Foi Ele que se apresentou a Abraão, à nação de Israel como pedra viva, que os seguia no deserto; a Josué, como sendo o Príncipe dos exércitos do Senhor; à mãe de Sansão; a Daniel e a muitos outros, mesmo nos dias do Antigo Testamento.
Na promessa da Sua vinda para encarnar e morrer na cruz estava incluída a certeza da sua realização, e desta forma, tudo o que foi feito por Ele desde o princípio, para o benefício da humanidade, foi feito como uma antecipação jurídica daquele ato abençoado que faria em seu favor.
Todavia, ainda que agisse com graça no próprio período da dispensação da Lei, o Senhor, para Sua glória, reservaria as grandes manifestações do Seu poder libertador em todas as nações, somente a partir da inauguração da Nova Aliança com Sua morte e ressurreição, porque o Espírito Santo, conforme a promessa de Deus aos profetas seria derramado em todas as nações da Terra, para a obra da promulgação do Evangelho, que ocorreu de fato, e tem continuado neste cerca de dois mil anos, desde então.
Nosso Senhor veio para cumprir a promessa na plenitude do tempo, ou seja, quando o mundo estava maduro para Sua recepção, e grandemente necessitado dela.
A língua grega havia sido espalhada pelo mundo nos dias de Alexandre Magno, o que estava nos conselhos divinos para a pregação do Evangelho, que foi escrito na citada língua.
O mundo antigo que era completamente inseguro para os viajantes, passou a contar nos dias do Novo Testamento, com a chamada Pax Romana, pela qual eram destacadas legiões para estabelecer a ordem e a segurança em todos os recantos dominados pelo Império Romano; o que viria facilitar o trabalho de missionários em todas as partes do mundo conhecido de então.
Assim, não havia argumento ou evidência que pudesse justificar a fé em qualquer outro Deus, senão no único e verdadeiro; e que o caminho de acesso a Ele era devido desde o princípio, por causa do trabalho realizado por Jesus Cristo - de modo que o próprio Jesus afirma, que sem Ele ninguém pode vir a Deus Pai, e que aquele que não O honra, não honra também o Pai.
Ora, se foi por incredulidade que a geração de israelitas que saiu com Moisés do Egisto, não pôde entrar em Canaã, pela mesma incredulidade, muitos não podem entrar na Canaã celestial - uma vez que foi revelado claramente que esta fé, para que tenhamos vida eterna, deve estar direcionada para Jesus, então toda incredulidade que conduz à morte, se resume em falta de confiança em Jesus, e na Sua Palavra.
Sem Jesus não há justificação, regeneração, e por conseguinte santificação, que sempre se segue às duas primeiras.
E, sem santificação ninguém verá o Senhor - mas, quem abre a porta para tudo isto é a fé em Jesus, pois sem fé, a porta para o céu permanecerá fechada para o pecador.
É somente a mão da fé que a abre, e o poder que a abre é a graça de Jesus.
Os que creram nos dias do Velho Testamento, e não souberam dos grandes avivamentos promovidos por Deus na Terra, desde o dia de Pentecostes, poderão se levantar no dia do Juízo para protestar contra todos aqueles que tiveram o privilégio de terem vivido nestes dias, e ainda assim, não creram em Deus e na Sua Palavra, pois eles, os do passado, contra tudo o que tiveram que lutar, mantiveram a fé, e por meio dela receberam o testemunho da parte de Deus, de terem Lhe agradado.
“1 Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.
2 Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.
3 Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.
4 Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala.
5 Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus.
6 De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
7 Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé.
8 Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia.
9 Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa;
10 porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador.
11 Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa.
12 Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar.
13 Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra.
14 Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria.
15 E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar.
16 Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.
17 Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas,
18 a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua descendência;
19 porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou.
20 Pela fé, igualmente Isaque abençoou a Jacó e a Esaú, acerca de coisas que ainda estavam para vir.
21 Pela fé, Jacó, quando estava para morrer, abençoou cada um dos filhos de José e, apoiado sobre a extremidade do seu bordão, adorou.
22 Pela fé, José, próximo do seu fim, fez menção do êxodo dos filhos de Israel, bem como deu ordens quanto aos seus próprios ossos.
23 Pela fé, Moisés, apenas nascido, foi ocultado por seus pais, durante três meses, porque viram que a criança era formosa; também não ficaram amedrontados pelo decreto do rei.
24 Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
25 preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado;
26 porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.
27 Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.
28 Pela fé, celebrou a Páscoa e o derramamento do sangue, para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas.
29 Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca; tentando-o os egípcios, foram tragados de todo.
30 Pela fé, ruíram as muralhas de Jericó, depois de rodeadas por sete dias.
31 Pela fé, Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu com paz aos espias.
32 E que mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas,
33 os quais, por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões,
34 extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros.
35 Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição;
36 outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões.
37 Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados
38 (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra.
39 Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa,
40 por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.” (Hebreus 11)
Santidade
Parte 29
Meus amados, é afirmado expressamente na Palavra de Deus, que o justo viverá pela fé.
Disso se depreende que a justiça que nos abre a porta para a vida eterna é obtida somente por meio da fé.
Sabemos pelas Escrituras e pela experiência prática, que esta justiça é o próprio Senhor Jesus Cristo vivendo em nós, seja para a nossa justificação, regeneração, santificação e glorificação.
É somente por se unir a Ele, pela fé, que se pode obter tudo o que se refere à nossa salvação eterna.
Grande é a obra de expiação e redenção que Ele realizou em nosso favor.
Grande é o exercício do seu sacerdócio, pelo qual somos tornados aceitáveis a Deus.
Grande é a obra da santificação que é realizada por Ele, através da operação do Espírito Santo.
Enfim, somente Ele poderia realizar uma obra de tal evergadura que não é somente grande, mas infinita e eterna.
Quando então, alguém se volta para uma heresia como a que existia na Igreja dos colossenses, em que Jesus estava sendo deixado de lado, em prol da busca de uma religiosidade que se baseava em se guardar dias considerados santos, em se promover a observância de jejuns e abstinência de determinados tipos de alimentos para uma maior purificação, e toda sorte de práticas ascéticas com o fim de se vencer a sensualidade, tal pessoa se coloca debaixo da reprimenda apostólica, conforme eles ficaram no passado, uma vez que, se estas coisas têm algum valor em si mesmas, todavia não são eficazes para se combater a sensualidade, a qual só pode ser vencida mediante uma íntima comunhão com Jesus, de quem receberemos a graça que será suficiente, para não somente remover a prática do pecado, como também atuar na sua raiz, removendo o próprio desejo de praticá-lo.
Uma vez que esta comunhão íntima seja rompida, o resultado é que as tentações, sejam elas interiores ou exteriores, voltarão a exercer grande influência sobre nós, e seremos achados em uma luta contra um inimigo poderoso, que é o pecado, munidos apenas com o aparato carnal da nossa própria vontade.
É pelo Espírito Santo, por uma andar nEle, que as obras da carne são vencidas, conforme se vê em Gálatas 5.
É por um andar constante no Espírito, que vamos sendo cada vez mais amadurecidos em santificação, na obtenção daquele estado bom de alma em que Jesus passa a ser o nosso tudo, e o mundo e as atrações da carne, não apenas um grande nada, mas também um grande incômodo.
Observe como o apóstolo se dirigiu aos crentes colossenses quanto a isto:
“1 Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram face a face”;
“2 para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo”,
“3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos”.
“4 Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes”.
“5 Pois, embora ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo”.
“6 Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele”,
“7 nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças”.
“8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo”;
“9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade”.
“10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade”.
“11 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo”,
“12 tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos”.
“13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos”;
“14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz”;
“15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”.
“16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados”,
“17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”.
“18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal”,
“19 e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus”.
“20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças”:
“21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro”,
“22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem”.
“23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.” [Cl 2]
Veja como em suas palavras, o apóstolo mostra que Jesus é tudo no assunto da santificação, e que tudo o mais é uma grande inutilidade.
Não se pense que, ao falar assim de Jesus, que ele considerava que era apenas necessário, que alguém se colocasse ao lado do Senhor como seu admirador, apoiador do Seu ensino, e tudo o mais que se resumisse em mero esforço para fins religosos externos, mas o que se pretendia é que os crentes tivessem suas mentes e consciências despertadas para a verdade, de que a vida cristã demanda um andar diário em comunhão espiritual com Jesus, pelo carregar da cruz e negação do ego carnal.
É por uma vivência diária com Jesus e Sua palavra, que o crente vai sendo tornado cada vez mais parecido com Ele.
Jesus deve ser efetivamente o seu tudo, ou o crente nada será para Ele.
Jesus é o Senhor, o Salvador, o Rei, o Mestre, o Redentor, o Sumosacerdote, o Advogado, o Pai, o Irmão, o Amigo, o Pastor, o Caminho, a Verdade, a Vida, a Justiça, a Sabedoria, a Expiação, a Santificação e tudo o mais que o crente necessita para que seja aceitável a Deus.
É nEle que deve ser achado totalmente o nosso coração, nossos desejos, e aspirações, em verdadeira obediência, submissão e amor; porém ninguém julgue que esta liberdade que temos no Senhor, se destina a fazermos tudo o que seja da nossa própria vontade, pois é, sobretudo liberdade do pecado, do diabo e do mundo.
Até mesmo a aparência do mal deve ser evitada e repelida pelo crente, o qual deve ser sóbrio e moderado no uso de todas as coisas.
Até o próprio ato de se alimentar deve ser para glória de Deus, de modo a não se escandalizar outras pessoas com nossos possíveis maus hábitos.
Hábitos nocivos devem ser substituídos por um procedimento santo habitual.
Foi para a liberdade que Jesus nos chamou, mas estejamos certos de que fomos libertados do pecado para sermos servos aprovados por Deus, e isto só pode ser alcançado por um viver de modo justo e santo diante dEle e dos homens.
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