“Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.” (I João 3.9)
“Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” (Tg 1.21-25)
“Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.” (I Pedro 1.22,23)
A obra de santidade, em seu início, é como uma semente lançada à terra - a saber, a semente de Deus, pela qual nascemos de novo. E sabemos como a semente que é lançada na terra cresce e aumenta. Se cultivada e nutrida, sua natureza é criar raízes e brotar, dando frutos. Então dá-se o mesmo com o princípio da graça e santidade. É pequeno no início, mas sendo recebido em corações bons e honestos - feitos assim pelo Espírito de Deus, e nutridos e cuidados - cria raízes e produz frutos. E ambos - o primeiro plantio e o aumento dele - são igualmente de Deus por seu Espírito. "Aquele que começa esta boa obra também a completa até o dia de Jesus Cristo”, Fp 1.6. E ele faz isso de duas maneiras:
Primeiro. Aumentando e fortalecendo aquelas graças de santidade que temos recebido e temos nos empenhado em exercer. Existem algumas graças cujo exercício não depende de nenhuma ocasião externa; mas em seu exercício real, elas são absolutamente necessárias ao mínimo grau da vida de Deus: tais são a fé e o amor. Nenhum homem vive ou pode viver para Deus, exceto no exercício dessas duas graças. Quaisquer que sejam os deveres que os homens possam desempenhar para com Deus, se não forem animados por fé e amor, então eles não pertencem a essa vida espiritual pela qual nós vivemos para Deus. E essas graças são capazes de graus e, portanto, são capazes de aumentar. Pois assim lemos expressamente sobre pouca fé, Mat 14.31 e grande fé, Mat 8.10, fé fraca, Rom 14.1 e fé forte, Rom 4.20. Ambas são fé verdadeira e elas são o mesmo em sua substância, mas diferem em graus. Então também há amor fervoroso, 1 Ped 4.8 e amor que é comparativamente frio, Mat 24.12. Essas graças, portanto, na realização da obra de santificação, são gradualmente aumentadas. Então os discípulos pediram ao nosso Salvador para aumentar sua fé, Lucas 17.5 - isto é, para aumentar sua luz, confirmá-la em seu assentimento, multiplicar seus atos e torná-la forte contra agressões, para que possa funcionar com mais eficácia nos difíceis deveres de obediência. Eles tinham uma consideração especial por isso, como é evidente a partir do contexto, pois oraram por este aumento de fé por ocasião de nosso Salvador recomendar-lhes a frequentemente perdoarem seus irmãos ofensores - é um dever que não é nada fácil, nem agradável para nossa carne e sangue. E o apóstolo ora pelos efésios, para que sejam “arraigados e alicerçados no amor”, Ef 3.17. E também pelos filipenses: “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção.” Fp 1.9. Ou seja, que pelo aumento e fortalecimento de seu amor, eles pudessem ser mais estabelecidos em todos os deveres de amar. Porque essas graças da fé e do amor são as fontes e o espírito de nossa santidade, está em seu aumento em nós para que a obra de santificação seja realizada. E isso é feito pelo Espírito Santo de várias maneiras:
Primeiro, estimulando essas graças a atos frequentes. Frequência de atos naturalmente aumenta e fortalece os hábitos dos quais procedem; e esses hábitos espirituais de fé e amor são, além disso, designados por Deus. Eles crescem e prosperam, em e por seus exercícios, Os 6.3. A falta deste exercício é o principal meio de sua decadência. E existem duas maneiras pelas quais o Espírito Santo excita as graças da fé e do amor para atos frequentes:
(1.) Ele faz isso por meio de suas ordenanças de adoração, especialmente pela pregação da palavra. Ao nos propor a Deus em Cristo, as promessas da aliança, e outros objetos próprios de nossa fé e amor, essas graças são atraídas para seu exercício. Esta é uma das principais vantagens que temos ao atender à dispensação da pregação da palavra da maneira devida - ou seja, apresentando à nossa mente aquelas verdades espirituais que são o objeto de nossa fé, e por apresentar às nossas afeições aquelas boas coisas espirituais que são objeto de nosso amor, ambas as graças são levadas para o exercício real frequente. Nós estamos muito enganados se supormos que não temos nenhum benefício com a Palavra além do que retemos em nossas memórias, mesmo que devamos trabalhar para isso. Além disso, nossa principal vantagem reside na excitação que é dada à nossa fé e amor por ela, em seu exercício adequado. Essas graças são mantidas vivas por isso; porque sem pregar, elas se deteriorariam e murchariam. Nisto, o Espírito Santo "toma as coisas de Cristo e as mostra a nós", João 16.14,15. Ele as representa para nós na pregação da Palavra como objetos de nossa fé e amor, e assim ele traz à lembrança as coisas faladas por Cristo, João 14.26. Ou seja, na dispensação da Palavra, o Espírito nos lembra das palavras graciosas e verdades de Cristo, propondo-as à nossa fé e amor. E nisso reside o segredo de lucrar e prosperar de crentes sob a pregação do evangelho. Por este meio, muitos milhares de atos de fé e amor são prolongados e pelo que essas graças são exercidas e fortalecidas; e consequentemente a santidade é aumentada. E a palavra, por atos de fé sendo misturada com ela, como em Hb 4.2, aumenta a santidade por sua incorporação.
Como a nossa fé se move quando lemos passagens da Palavra como as seguintes?
“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mateus 16.24-26)
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.33)
“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim.” (Mateus 10.37,38)
“Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” (Mateus 6.31-34)
“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Romanos 12.9-21)
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