sábado, 23 de outubro de 2021

Deus Requer Santificação aos Cristãos 8



Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos. Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma.” (Jeremias 32.38-41)

Tão forte foi a influência da filosofia, da psicologia e de outras ciências chamadas sociais de nossos dias, sobre o ensino e prática da igreja cristã, que o genuíno evangelho de Jesus ficou bastante desfigurado, e suas doutrinas essenciais têm sido esquecidas ou mal aplicadas, como a da santificação pelo Espírito Santo.

Onde está o temor devido a Deus por seus filhos, de modo que estejam ligados a Ele sem nunca se apartarem dEle, conforme o desejo e promessa feita pelo Senhor? Isto não deixará de ter a sua aplicação, ainda que no porvir, porque fiel é o que prometeu e poderoso para cumprir, mas quanto se tem visto disso na prática cristã moderna, quanto àqueles que andam no mesmo espírito com o Senhor, em plena conformidade com a Sua vontade?

Jesus definiu claramente que o amamos se guardarmos os Seus mandamentos.

É através da operação da graça de Jesus em nós, pelo poder do Espírito Santo, que a força do pecado é enfraquecida e o seu domínio é destruído; e a nossa luta contra cada pecado para submetê-lo a esta destruição pela graça é o que a Bíblia chama de mortificação das obras do corpo, ou do pecado propriamente dito. Mas, não se deve entender o uso desta palavra mortificação, como sendo a morte completa que leva o pecado à extinção, ou seja, que ele seja aniquilado para nunca mais se levantar contra nós, mas deve ser entendida como sendo a subjugação e enfraquecimento de nossas corrupções; pois embora o ser do pecado permaneça, ainda assim o poder de comando do pecado é retirado e quem passa a reinar no crente que se santifica é a graça. Tanto que a palavra para mortificar no texto original grego não signfica morte por aniquilação, mas por perda de vigor e predomínio. E é isso que sucede a cada pecado que é mortificado pelo crente através do Espírito Santo.

Somente o pecado é aquilo que faz separação entre nós e Deus, e assim, o problema do pecado deve ser resolvido pela sua mortificação contínua, para que possamos permanecer em comunhão com Deus.

A mortificação do pecado é necessária porque a graça não pode viver na nossa alma, a menos que o pecado e a corrupção estejam mortos ali; antes que possa haver a vida da graça, deve haver a morte do pecado; como se vê em Rom. 6.11: “Considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus”. Se as corrupções vivem, a graça não pode viver no nosso coração, de modo que devemos levar o pecado a sério para mortificá-lo, pois sem isto nãopodemos ter uma vida abençoada pela graça, operando em nós alegria, amor e paz.

Como bem se diz que se o pecado não morre, o pecador deve morrer; se Deus não matar os nossos pecados, o pecado mata a nossa alma, ou seja, ele retirará de nós todo o vigor e vitalidade espiritual, e estaremos como mortos, como aqueles que vivem somente na carne. Foi esta a condição referida por Jesus à Igreja de Sardes, no livro de Apocalipse.

Podemos saber que estamos sendo impulsionados pelo Espírito Santo a mortificar os nossos pecados quando somos muito cuidadosos em evitar todas as ocasiões para a prática do pecado. Quando estamos sendo santificados ocupamo-nos desta mortificação não apenas temendo um pecado absoluto, mas também qualquer coisa que possa ser uma provocação ou entrada para um pecado específico.

Depois de muita vigilância e oração para se manter em santidade de vida, isto formará em nós um hábito de santificação que como qualquer outro hábito sempre nos manterá aplicados a este dever de mortificar todo e qualqur pecado.

A mortificação operada pelo Espírito Santo não somente nos levará a evitar o pecado como até mesmo a odiá-lo e a não lhe dar qualquer receptividade, ainda que seja na fase inicial de qualquer tentação pois o Espírito Santo sempre ativará a nossa consciência para identificar o perigo, como também a nos capacitar em graça a vencê-lo.

Mas lembremos sempre que a mortificação do pecado não é um fim em si mesma, e nem responde ao propósito principal de Deus na nossa salvação, pois é somente o meio necessário para que possamos manter a nossa comunhão com Ele. Não se trata de se limpar para nenhum propósito, como por exemplo, viver para nós mesmos e por nossa própria conta, mas é para ser trabalhado ao lado de uma natureza que foi regenerada e que nos tornou coparticipantes da própria natureza divina, de modo que o sirvamos com um coração voluntário e alegre e disposto para toda a obediência à Sua vontade. Em resumo, devemos responder ao fim para o qual fomos criados que é o de sermos perfeitos em santidade, em todo o nosso ser e procedimento. Se fôssemos purificados de nossos pecados e não respondêssemos ao amor de Deus, de nada isso nos aproveitaria, assim como se expressa o apóstolo no texto de I Coríntios 13.



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