“E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.” (Filipenses 1.9-11)
Alguém poderá pensar que a santificação do crente neste mundo seja algo dispensável, uma vez que está determinado por Deus que todos serão perfeitamente santificados por Ele no céu.
Quem assim pensa pode até mesmo estar sob uma falsa convicção de que seja de fato um crente, uma vez que a habitação do Espírito Santo naqueles que são realmente de Cristo, sempre os moverá à santificação de suas vidas, porque a graça que neles opera possui em si mesma esse princípio vital para crescimento espiritual, assim como há este princípio em toda vida natural, quer nos homens quer nas plantas. Ou seja, tudo o que é vivo deve crescer por este princípio de vida. E isso se aplica também e principalmente à santidade.
Considere-se também, que se um crente é tão negligente a tal ponto, ele está agindo em prejuízo próprio para ser desprovido de toda a glorificação futura juntamente com Cristo, e principalmente negando a Deus a glorificação que ele requer de todos os seus filhos, por meio da santificação da vida deles. Estes que assim pensam frustram completamente o propósito de Deus para todos os seus filhos, e a oração de Paulo em favor da igreja, como expressada em seus termos no texto de nossa abertura, não faz qualquer impacto em suas vidas desobedientes ao propósito divino.
Quem está interessado em que Deus seja glorificado em Cristo, pelo testemunho de sua vida neste mundo, há de estar interessado objetivamente em se santificar mais e mais, em prol daquilo que Deus determinou para a sua utilidade para o corpo de Cristo, que é a igreja. E isto, não de forma servil ou por obrigação, mas por amor, impulsionado pelo amor de Cristo que nos constrange, e pelo amor de Deus que é derramado pelo Espírito Santo nos corações daqueles que são de Jesus.
O apóstolo orava em favor da igreja para que este aumento em crescimento no amor fosse promovido por Deus em todos os crentes. E isso é dever de cada um que pertence a Jesus, a saber, de pedir em oração que lhe faça crescer na graça e no amor a Ele e aos irmãos, para a glória de Deus, e sobretudo naquele dia em que todos compareceremos perante Ele no Tribunal de Cristo para prestarmos contas de nossas obras, e o Pai seja glorificado no Filho por tudo aquilo que Jesus operou em nós e através de nós pelo Seu poder.
Assim, não é por puro desejo, pensamento ou ligeira consideração dessas coisas que elas serão efetivamente realizadas em nós e por nós, uma vez que se exige de nós grande esforço para não somente mortificarmos os nossos pecados, como sermos sensíveis â ação do Espírito Santo na nossa transformação progressiva em santidade.
Deus ordena aos crentes que se santifiquem, e o modo de fazê-lo é por seguir a santificação (Heb 12.14), ou seja, que ela seja perseguida, buscada, e isso deve ser feito continuamente porque a santificação é um processo de várias etapas em que graças são acrescidas sobre outras graças durante a nossa jornada terrena.
Aqui então temos o primeiro e grande obstáculo para a santificação, uma vez que não é algo que se obtém por acaso, aleatoriamente, ou por simples desejo de ser santificado. Há necessidade de que essas coisas (graças) que devem ser seguidas na santificação, sejam antes conhecidas para que possam ser buscadas e recebidas do Espírito, mas como são de natureza espiritual, somente quem for espiritual poderá discerní-las pelo Espírito Santo. Vemos assim que o crente carnal não poderá ser santificado enquanto permanecer com sua mentalidade mundana e carnal, e agindo como se fosse apenas homem natural. Os apóstolos se defrontaram com esta dificuldade, como foi o caso dos crentes coríntios, os gálatas, os hebreus, os colossenses, dentre outros, e isto sempre esteve e estará presente na igreja aqui embaixo, conforme se viu na sua história e no agravamento desse quadro, conforme admoestações e repreensões dirigidas aos crentes por Jesus nas cartas do livro de Apocalipse.
Então, para se vencer a carnalidade há necessidade de arrependimento, consagração a Deus e diligência em se submeter à disciplina de se exercitar principalmente, na oração e meditação da Palavra. Aí, então abre-se a porta para o progresso em santificação, que como dissemos antes, deverá ser seguida continuamente.
De grande ajuda será recorrer ao ensino dos pastores aprovados, porque Deus instituiu o ministério deles para ensinar a Sua Palavra e vontade à igreja, para que os crentes possam ser santificados na Palavra verdadeira, pois somente ela pode realizar este trabalho. Nisto somos gratos aos pastores puritanos, que tendo morrido ainda falam, pois não há quem melhor possa nos ensinar sobre estas coisas celestiais, espirituais e divinas que devemos conhecer para sabermos o que é ser santificado, e assim sermos de fato.
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