Pouco
antes de sua morte, assim como Jacó fizera em relação aos seus filhos, que
viriam a compor as tribos de Israel, Moisés também abençoou profeticamente a
cada uma das tribos.
Ele
os abençoou como homem de Deus (v. 1), como o mediador da aliança que Deus
fizera com eles, como o profeta que lhes falou acerca da vontade de Deus
segundo aquela aliança.
Moisés
introduz a sua bênção descrevendo os aparecimentos gloriosos de Deus a eles, lhes dando
a lei, e a glória divina iluminou não somente o Sinai, mas até mesmo os seus
raios refletiram sobre os montes de Seir e Parã que estavam a certa distância
do Sinai.
A lei
é chamada de lei de fogo, porque foi dada a eles do meio do fogo, e porque
opera como fogo queimando as consciências pecaminosas, com
o fogo da revelação da santidade de Deus (v. 2).
O
Espírito Santo desceu em Pentecoste com a aparência de línguas de fogo, porque
o evangelho é também uma lei de fogo, porque queima e destrói o
pecado nos nossos corações.
A Lei
foi dada aos israelitas como uma lei de fogo, mas não para a destruição deles,
senão para o seu benefício, porque é dito logo em seguida que Deus ama o seu
povo e que todos os seus santos estão na sua mão, e que se colocam aos Seus pés
para receberem dEle as Suas palavras (v.3).
Isto
denota então que a Lei foi dada por amor e para que eles vivessem no amor de
Deus, que tão ternamente os havia colocado sob a proteção e o cuidado da Sua
mão, e os achegou carinhosamente aos seus pés, assim como um pai achega os seus
filhos a si.
Todos
os santos do Senhor estão firmemente seguros na Sua mão:
“eu
lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha
mão. Meu Pai, que, mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las
da mão de meu Pai.” (Jo 10.28,29).
Jesus
revelou o caráter deste amor de Deus pela nação de Israel quando proferiu
acerca deles as seguintes palavras:
“Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! Quantas
vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos
debaixo das asas, e não o quiseste!” (Mt 23.37).
A Lei
foi então um dom da graça divina para o seu povo.
Esta
Palavra nos foi dada para o nosso bem, para nos conduzir das trevas para a luz.
Para
nos ensinar a necessidade que temos da graça de Jesus.
Para
nos ensinar quão justo, santo e amoroso é o nosso Deus.
A Lei
é então uma herança para a congregação de Jacó (v. 4), isto é, para o Israel de
Deus de todas as épocas.
E,
todo aquele que tem a Palavra de Cristo habitando nele tem uma rica herança que
o acompanhará por toda a eternidade.
A
partir do verso 6 as bênçãos são iniciadas com a tribo de Rúben, da qual foi
dito:
“Viva
Rúben, e não morra; e não sejam poucos os seus homens.”
Esta
tribo havia ocupado uma parte do território da Transjordânia e suas mulheres,
filhos e gado ficariam aguardando pelos homens de guerra desta tribo enquanto
eles fossem lutar com seus irmãos em Canaã, do outro lado do rio Jordão.
A
bênção profética é então consoladora para todos daquela tribo, porque afirma
que Rúben viverá e não morreria como tribo, e não seriam poucos os seus
homens.
A
bênção de Judá vem logo em seguida à de Rúben (v. 7):
“Ouve,
ó Senhor, a voz de Judá e introduze-o no meio do seu povo; com as suas mãos
pelejou por si; sê tu o seu auxílio contra os seus inimigos.”
Deus
ouviria as orações de Judá e lutaria por eles, auxiliando-os contra os seus
inimigos, sobre os quais lhes daria vitória.
E, ao
dizer “introduze-o no meio do seu povo”, o que isto parece
indicar é o que ocorreu: Judá viria a ser o centro das tribos de Israel,
especialmente no sentido espiritual, porque o tabernáculo e o templo ficariam
no seu território e seria para lá que todas as tribos rumariam anualmente para
celebrar as festividades prescritas pela Lei.
Nos
versos 8 a 11 nós temos a bênção da tribo de Levi.
O
Senhor era a herança desta tribo, e dela seriam todos os sacerdotes,
descendentes de Arão.
Cabia
a ela os serviços do tabernáculo, e ensinar a Lei a Israel (v. 10).
O
zelo deles por Deus é lembrado, pois ficaram do lado de Moisés quando os
israelitas fabricaram o bezerro de ouro (v. 9),
quando executaram os líderes daquela adoração ao bezerro, sem
considerar laços de família e de amizade, por causa do zelo do Senhor,
guardando a Sua Palavra e a aliança.
Moisés
orou para que o Senhor aceitasse as obras das mãos dos levitas (v. 10) e que os
fizesse prosperar contra aqueles que se levantassem contra eles na obra que
faziam para Deus, e que prevalecessem sobre eles, de modo que nunca mais se
levantassem.
A
causa dos levitas era a causa de Deus e Deus evidentemente lutaria pela sua
própria causa.
Os
ministros do evangelho não devem temer em fazer a obra de Deus e especialmente
no que concerne ao ensino e pregação da Sua Palavra, porque Deus mesmo lutará
por eles, e vencerá todos os seus opositores.
No
verso 12 é descrita a bênção da tribo de Benjamim.
Ele é
chamada de amado do Senhor e dele se diz que habitaria seguro junto de Deus,
e o Senhor o guardaria todo o dia, e que habitaria entre os seus ombros.
Esta
profecia teve um cumprimento especial quando a tribo de Benjamin foi a única
que aderiu à tribo de Judá, quando as demais tribos
apostataram nos dias do rei Jeroboão, quando Israel foi dividido em Reino do
Norte e Reino do Sul.
Nos
versos 13 a 17 é descrita a bênção de José, que englobava as tribos de Efraim e
Manassés (v. 17 b), seus descendentes.
A
fidelidade de José a Deus fez não somente que ele fosse distinguido pelo Senhor
entre seus irmãos (v. 16), como garantiu a bênção de Deus para os
seus descendentes, por amor dele e da sua fidelidade.
Assim
como os descendentes de Davi foram abençoados por causa do amor de Deus a ele,
em face da fidelidade que ele demonstrou durante toda a sua vida.
Isto
é um incentivo para aqueles que temem ao Senhor e andam nos seus caminhos,
porque não somente eles têm a promessa de serem abençoados como Deus tem
prometido usar de misericórdia com a descendência deles:
“Saberás,
pois, que o Senhor teu Deus é que é Deus, o Deus fiel, que guarda o pacto e a
misericórdia, até mil gerações, aos que o amam e guardam os seus mandamentos;”
(Dt 7.9).
Não é
por acaso que grandes ministérios são observados ao longo da história da
Igreja, dentro de famílias cujos patriarcas serviram fielmente a Deus.
Deus
marca a vida dos seus servos fiéis nas gerações subsequentes,
especialmente dentro da sua descendência, como prova da fidelidade deles.
Deste
modo, é destacado que as bênçãos da tribo de Efraim e Manassés lhes estavam
sendo destinadas por causa da fidelidade de José.
Eles
teriam grande abundância (v. 13 a 16) e poder bélico (v. 17).
As
bênçãos de Zebulom e de Issacar são proferidas em conjunto porque ambos eram
filhos de Jacó com Lia, e porque os lotes deles em Canaã ficariam próximos:
“De
Zebulom disse: Zebulom, alegra-te nas tuas saídas; e tu, Issacar, nas tuas
tendas”.
“Eles
chamarão os povos ao monte; ali oferecerão sacrifícios de justiça, porque
chuparão a abundância dos mares e os tesouros escondidos da areia.” (v. 18 e
19).
Zebulom
se alegraria nas suas saídas porque era um porto de navios, e Deus lhes faria
prosperar em suas viagens em comércio marítimo.
E
Issacar tem motivo para se alegrar em suas tendas porque eles prosperariam em
seus trabalhos na terra.
Deus
em sua Providência vocaciona e dá dons aos homens, e até mesmo a nações.
Era
para o bem de Israel que os homens de Zebulom seriam comerciantes, e os de
Issacar fazendeiros.
Nos
versos 20 e 21 é citada a bênção da tribo de Gade.
Esta
era uma das tribos que estava assentada na Transjordânia, juntamente com a
tribo de Rúben e metade da tribo de Manassés.
Eles
seriam aumentados em número e eles tirariam a força dos seus inimigos (como
leoa que devora o braço) e a autoridade política deles (a coroa da cabeça).
É
dito que eles se proveram da primeira parte (v. 21) e isto se refere ao fato de
terem sido a primeira tribo a ter território designado para ser ocupado, antes
mesmo da tribo de Rúben e Manassés que herdariam juntamente com eles na Transjordânia
(Nm 32.2).
No
verso 22 é citada a bênção de Dã:
“Dã é
leãozinho, que salta de Basã.”
Dã é
comparado em coragem a um leão.
A
bênção de Naftali é citada no verso 23:
“ó
Naftali, saciado de favores, e farto da bênção do Senhor, possui o lago e o sul.”
Naftali
está satisfeito com os favores e a bênção do Senhor.
A
satisfação da alma traz verdadeira alegria ao coração.
Os
que estão satisfeitos em toda e qualquer situação têm o favor e a bênção de
Deus.
Nos
versos 24 e 25 é descrita a bênção de Aser:
“Bendito
seja Aser dentre os filhos de Israel; seja o favorecido de seus irmãos; e
mergulhe em azeite o seu pé; de ferro e de bronze sejam os teus ferrolhos; e
como os teus dias, assim seja a tua força.”
Aser
era agora uma tribo numerosa (Nm 26.47). Eles teriam a estima das demais
tribos. E, tal seria a abundância de azeite em suas terras que eles não
ungiriam somente a cabeça mas também os pés.
Eles
teriam cidades fortificadas por portas com ferrolhos de ferro e de bronze, e
eles receberiam força e longevidade da parte do Senhor.
Concluindo
as bênçãos, Moisés se dirige a todo o Israel, chamando-o pelo seu nome
simbólico hebraico de Jesurum, que como vimos significa alguém próspero e
justo, e exaltou a Deus dizendo que não há semelhante a Ele, que cavalga sobre
o céu na Sua majestade nas mais altas nuvens para ajudar o Seu povo (v. 26).
As
demais nações adoravam a falsos deuses que não tinham por propósito ajudá-las e
nem mesmo poderiam fazê-lo, porque toda falsa adoração é inspirada por
demônios, e estes não têm qualquer outra ação e propósito que não sejam
voltados para o mal.
O
Deus Altíssimo, apesar de toda Sua Majestade, onipotência e santidade, é o Deus
que se deixa achar pelo Seu povo e tem comunhão com ele, quando este anda em
retidão e santidade.
Moisés
lhes disse que o Deus eterno era a morada de Israel, e os carregava em Seus
braços eternos, arrojando os inimigos de Israel, ordenando-lhes que os
destruíssem (v. 27).
A
destruição dos cananeus pelos israelitas prefigurava a destruição final de
todos os pecadores que são inimigos de Deus.
O
pecado será destruído por Deus no Juízo Final, aonde quer que ele se encontre.
É
dever de todo cristão cooperar com o trabalho do
Espírito Santo e da graça de Jesus em destruir o pecado em si mesmo e na Igreja
do Senhor.
Esta
destruição de tão grande inimigo é determinada pelo próprio Deus ao Seu povo.
Nisto
se inclui toda tentação maligna proveniente dos espíritos das trevas.
O
capitão da nossa salvação expulsou o inimigo diante de nós quando ele venceu o
mundo e expôs os principados e potestades ao desprezo na cruz; e nos tem
comandado agora: "Destrua-os; procure a vitória, e você dividirá o
espólio."
A par de todos os protestos da Lei contra a
futura apostasia de Israel, é dito o que se lê no final deste capitulo:
“Israel
pois habitará seguro, a fonte de Jacó a sós, na terra de grão e de mosto; e o
seu céu gotejará o orvalho. Feliz és tu, ó Israel! quem é semelhante a ti? um
povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade;
pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas
alturas.“ ( v. 28 e 29).
“1
Esta é a bênção com que Moisés, homem de Deus, abençoou os filhos de Israel
antes da sua morte.
2
Disse ele: O Senhor veio do Sinai, e de Seir raiou sobre nós; resplandeceu
desde o monte Parã, e veio das miríades de santos; à sua direita havia para
eles o fogo da lei.
3 Na
verdade ama o seu povo; todos os seus santos estão na sua mão; postos serão no
meio, entre os teus pés, e cada um receberá das tuas palavras.
4
Moisés nos prescreveu uma lei, uma herança para a assembleia de
Jacó.
5 E
tornou-se rei em Jesurum, quando se congregaram os cabeças do povo juntamente
com as tribos de Israel.
6
Viva Rúben, e não morra; e não sejam poucos os seus homens.
7 E
isto é o que disse de Judá: Ouve, ó Senhor, a voz de Judá e introduze-o no meio
do seu povo; com as suas mãos pelejou por si; sê tu o seu auxílio contra os
seus inimigos.
8 De
Levi disse: Sejam teu Tumim e teu Urim para o teu homem santo, que provaste em
Massá, com quem contendeste junto às águas de Meribá;
9
aquele que disse de seu pai e de sua mãe: Nunca os vi, e não reconheceu a seus
irmãos, e não conheceu a seus filhos; pois esses levitas guardaram a tua
palavra e observaram o teu pacto.
10
Ensinarão os teus preceitos a Jacó, e a tua lei a Israel; chegarão incenso ao
seu nariz, e porão holocausto sobre o teu altar.
11
Abençoa o seu poder, ó Senhor, e aceita a obra das suas mãos; fere os lombos
dos que se levantam contra ele e o odeiam, para que nunca mais se levantem.
12 De
Benjamim disse: O amado do Senhor habitará seguro junto a ele; e o Senhor o
cercará o dia todo, e ele habitará entre os seus ombros.
13 De
José disse: Abençoada pelo Senhor seja a sua terra, com os mais excelentes dons
do céu, com o orvalho, e com as águas do abismo que jaz abaixo;
14
com os excelentes frutos do sol, e com os excelentes produtos dos meses;
15
com as coisas mais excelentes dos montes antigos, e com as coisas excelentes
dos outeiros eternos;
16
com as coisas excelentes da terra, e com a sua plenitude, e com a benevolência
daquele que habitava na sarça; venha tudo isso sobre a cabeça de José, sobre o
alto da cabeça daquele que é príncipe entre seus irmãos.
17
Eis o seu novilho primogênito; ele tem majestade; e os seus chifres são chifres
de boi selvagem; com eles rechaçará todos os povos, sim, todas as extremidades
da terra. Tais são as miríades de Efraim, e tais são os milhares de Manassés.
18 De
Zebulom disse: Zebulom, alegra-te nas tuas saídas; e tu, Issacar, nas tuas
tendas.
19
Eles chamarão os povos ao monte; ali oferecerão sacrifícios de justiça, porque
chuparão a abundância dos mares e os tesouros escondidos da areia.
20 De
Gade disse: Bendito aquele que faz dilatar a Gade; habita como a leoa, e
despedaça o braço, e o alto da cabeça.
21
Ele se proveu da primeira parte, porquanto ali estava reservada a porção do
legislador; pelo que veio com os chefes do povo, executou a justiça do Senhor e
os seus juízos para com Israel.
22 De
Dã disse: Dã é cachorro de leão, que salta de Basã.
23 De
Naftali disse: ó Naftali, saciado de favores, e farto da bênção do Senhor,
possui o lago e o sul.
24 De
Aser disse: Bendito seja Aser dentre os filhos de Israel; seja o favorecido de
seus irmãos; e mergulhe em azeite o seu pé;
25 de
ferro e de bronze sejam os teus ferrolhos; e como os teus dias, assim seja a
tua força.
26
Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus, que cavalga sobre o céu para a tua
ajuda, e na sua majestade sobre as mais altas nuvens.
27 O
Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos; ele lançou
o inimigo de diante de ti e disse: Destrói-o.
28
Israel pois habitará seguro, a fonte de Jacó a sós, na terra de grão e de
mosto; e o seu céu gotejará o orvalho.
29
Feliz és tu, ó Israel! quem é semelhante a ti? um povo salvo pelo Senhor, o
escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; pelo que os teus inimigos
te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.“ (Dt 33.1-29).
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