“Esperei
confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei
por socorro. Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama;
colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos. E me pôs nos lábios um
novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas,
temerão e confiarão no SENHOR.
Bem-aventurado o homem que põe no SENHOR a sua confiança e não pende
para os arrogantes, nem para os afeiçoados à mentira. São muitas, SENHOR, Deus
meu, as maravilhas que tens operado e também os teus desígnios para conosco;
ninguém há que se possa igualar contigo. Eu quisera anunciá-los e deles falar,
mas são mais do que se pode contar.
Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos
e ofertas pelo pecado não requeres.
Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu
respeito; agrada-me fazer a tua vontade,
ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei. Proclamei as boas novas de
justiça na grande congregação; jamais cerrei os lábios, tu o sabes,
SENHOR. Não ocultei no coração a tua
justiça; proclamei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande
congregação a tua graça e a tua verdade. Não retenhas de mim, SENHOR, as tuas
misericórdias; guardem-me sempre a tua graça e a tua verdade. Não têm conta os
males que me cercam; as minhas iniquidades me alcançaram, tantas, que me
impedem a vista; são mais numerosas que os cabelos de minha cabeça, e o coração
me desfalece. Praza-te, SENHOR, em livrar-me; dá-te pressa, ó SENHOR, em
socorrer-me. Sejam à uma envergonhados e
cobertos de vexame os que me demandam a vida; tornem atrás e cubram-se de
ignomínia os que se comprazem no meu mal. Sofram perturbação por causa da sua
ignomínia os que dizem: Bem-feito! Bem-feito! Folguem e em ti se rejubilem
todos os que te buscam; os que amam a tua salvação digam sempre: O SENHOR seja
magnificado! Eu sou pobre e necessitado, porém o Senhor cuida de mim; tu és o
meu amparo e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus meu!”
Comentário:
Davi era tipo de Jesus não somente quanto
ao Seu governo justo, como também por ser um rei justo que se desviava do mal.
Guardadas as devidas proporções, o reino de Davi era um tipo do reino de Cristo,
que não é deste mundo.
Como o reino do Senhor não
vem com aparência visível, porque é eminentemente espiritual em nossos
corações, então, aqueles que andam por
vista e não por fé, jamais verão tal reino, e não poderão compreender as realidades
e virtudes espirituais que o compõem, que são, no entanto, a coisa mais real e
imutável para aqueles que são participantes do reino, porque sabem que tudo o
mais passará, mas as realidades para as quais as palavras de Cristo apontam,
jamais passarão.
Por isso Davi podia ter tal
convicção em relação às coisas futuras, pertencentes ao reino do Senhor, porque
estas lhes eram reveladas por Deus ao seu espírito.
Por isso dispunha seu
coração a se inclinar sempre para as coisas de Deus, para a justiça, para a
pureza, para a bondade, para a santidade, porque bem sabia que não é para o
Senhor que pende a confiança dos arrogantes e afeiçoados à mentira.
E ao se referir a estas
coisas estava pensando na maldade extrema que está apegada ao coração dos perversos,
e que por fim será a própria espada que os destruirá no dia do grande Juízo de
Deus.
Tão identificado estava em
figura o reinado de Davi com o de Cristo, pelo desígnio de Deus, que lhe foi
dado ter uma revelação específica neste salmo, como em outros, acerca da total
devoção de Jesus ao Pai, para fazer a Sua vontade, quanto a reinar sobre o Seu
povo, tal como Davi fizera em seus dias:
Isto demonstra
então claramente que esta questão de ser um rei segundo o coração de Deus, tal
como Davi e Jesus, não é devida a meras atitudes externas que expressem
decisões justas, mas ter a lei de Deus escrita no próprio coração, e se agradar
em fazer a Sua vontade, para proclamar as boas novas da salvação, que é
mediante a justificação pela graça, mediante a fé, à grande congregação dos
justos, ou seja, daqueles que crerão na pregação destas boas novas para que
sejam salvos.
Jesus não tinha
pecado, mas Davi estava sujeito ao pecado e não escondeu este fato em seus
salmos, mas ele tinha por alvo o mesmo alvo de Cristo, que era o de glorificar
o nome de Deus, pelo seu testemunho de boas obras de justiça diante dos homens,
e por isso levava tão a sério os seus pecados, porque não deixava que criassem
raízes e se alastrassem, antes mortificava a todos eles, orando insistentemente
ao Senhor que fizesse nele tal trabalho de purificação, para que o Seu nome
fosse magnificado, pelo testemunho de sua própria vida santificada por Deus,
diante de todos os homens.
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