À
medida que continuamos avançando com o estudo da Lei sempre se faz necessária
uma parada de reflexão junto ao Calvário, para que não nos desviemos da
compreensão de que estamos numa nova dispensação, a da graça, em que apesar de
não estarmos desobrigados de um viver segundo as exigências morais da Lei, no
entanto não estamos mais debaixo da Lei quanto a sermos obrigados ao
cumprimento dos Seus mandamentos civis e cerimoniais.
A
dureza do coração somente pode ser corrigida por meio da graça na obra de
regeneração e santificação do Espírito, e isto não é uma propriedade da Lei,
mas do Evangelho.
Deve
ser considerado também que mesmo depois da regeneração, ainda permanece nos
filhos de Deus os restos de desejos carnais, que deverão ser mortificados
progressivamente pelo Espírito, no processo de santificação de suas vidas, pelo
despojamento das obras da carne, para o revestimento das virtudes de Cristo.
Esta
é uma parte importante e principal da graça e da verdade que foi revelada em
Cristo, e que não estava claramente revelada na Lei de Moisés.
A
bênção diferente da Nova Aliança é a de que a lei é escrita nas mentes e
corações dos cristãos, e a exigência
severa da Lei é relaxada, de modo que os pesos e pecados que ainda assediam
tenazmente os cristãos não chega a ser um
obstáculo quanto a poder impedir que sejam agradáveis a
Deus, porque no Evangelho são convocados a agradá-lo por um caminhar por
fé.
Todavia, não
podemos negligenciar o estudo e a meditação da Lei, mas como dissemos
anteriormente, não podemos esquecer que não estamos mais debaixo da Lei, e sim
da graça.
Se o
evangelho abrandou em muito a exigência quanto à aceitação por Deus por conta
da justificação que há em Jesus, por outro aumentou o padrão da justiça que
deve ser vista nos cristãos, maior do que a dos
fariseus e escribas que era baseada na Lei, pois se define o olhar impuro como
o ato de adultério mesmo, o ódio a um irmão como o próprio crime de homicídio;
ordena-se o amor aos inimigos e a oração pelo bem dos que nos perseguem e
amaldiçoam, dentre tantas outras ordenanças,
que revelam que o seguir a Cristo exige uma completa transformação interior, no
coração, pela operação regeneradora e renovadora do Espírito Santo.
Nós
vemos no 22º capítulo de Deuteronômio vários mandamentos, sendo
que nos versos 1 a 4 é ordenado que se tratasse o próximo com bondade,
particularmente os irmãos israelitas, e eles eram assim tratados por serem
todos descendentes de um patriarca comum, a saber, Jacó, cujo nome Deus mudou
para Israel.
O
sentido mais interior destas leis relativas ao cuidado do patrimônio do próximo
revela o caráter de exigência de Deus para as pessoas do Seu
povo, quer no Velho, que no Novo Testamento, de que se faça o bem a todos os
homens, e especialmente aos domésticos da fé.
Dos
versos 5 a 12 há várias proibições.
Aqui
se revela que Deus não se ocupa apenas das grandes coisas, mas também das
pequenas, pois a Lei chega à minúcia do cuidado com a preservação das espécies
de aves, pela proibição de se tomar a mãe com os seus filhotes (v. 6, 7), e com
a segurança das pessoas, pela determinação de se colocar parapeito no terraço
das casas (v. 8), e pela imputação de responsabilidade de
culpa de quem não o fizesse, no caso de alguém vir a se acidentar em razão da
falta da referida proteção preventiva.
A lei
referente aos pássaros comprova o que foi dito por Jesus que nem mesmo os
pássaros estão esquecidos diante de Deus (Lc 12.6).
Se a
mãe fosse retirada do ninho, e deixados os filhotes, estes viriam a morrer, e
assim a Lei preservava tanto a mãe quanto os filhotes, porque estes deveriam
ser tomados e criados, e se deveria
deixar a mãe livre.
No
verso 5 é determinado que houvesse uma distinção no vestuário masculino e
feminino, para que se identificasse claramente a diferença ensinada pela
própria natureza quanto ao homem e à mulher.
Segundo
a vontade de Deus, os homens não devem ser efeminados e as mulheres
não devem ser viris.
Nos
versos 9 a 11 são proibidas misturas de sementes de vinha (v. 9), numa clara
demonstração de intenção de Deus de preservar a peculiaridade de cada espécie,
pois numa época em que o homem nada sabia acerca de cruzamento genético, Deus
que é o Criador de todas as coisas, antecipou esta informação em Sua Palavra de
que o cruzamento de espécies degenera por mutações as espécies originais que
Ele criou.
Foi
também proibida a mistura de boi com jumento em trabalhos agrícolas e o uso de
veste feita com tecido de lã e linho juntamente.
Neste
caso não havia nenhum princípio moral a ser preservado senão a prova de uma
obediência direta àquilo que Deus tem ordenado, tal como o primeiro casal foi
provado no Éden com a proibição de comer do fruto da árvore do conhecimento do
bem e do mal.
Daqui
se aprende por princípio que a obediência nem sempre deve ter uma razão moral
ou lógica para ser praticada.
É um
dever acatar sem questionar a tudo que o Senhor tem determinado e parece que
era este o fim em vista destes mandamentos dos versos 10 e 11.
Todavia,
daí se aprende por ilustração, que Israel deveria se guardar para não se
misturar com as práticas abomináveis das nações que habitavam em Canaã.
O
mandamento relativo às franjas do vestuário dos israelitas, é uma repetição de
Nm 15.38,39.
Finalmente,
nos versos 13 a 30 são descritas as leis relacionadas ao sétimo mandamento,
impondo-se restrições e penalidades às cobiças carnais que guerreiam contra a
alma.
Nos
versos 13 a 21 é descrito o tratamento que se deveria dar aos casos de denúncia
de um homem contra a sua mulher, quanto à alegação de que não era virgem quando
se casaram.
No
caso de ser uma denúncia falsa o homem deveria ser castigado e além de pagar
uma multa de cem siclos de prata, não poderia se divorciar da moça pelo motivo
alegado.
No
caso de a denúncia ser verdadeira, a mulher deveria ser morta por
apedrejamento.
No
verso 22 há uma repetição da lei de Lev 20.10 sobre homem casado ou solteiro
que se deitasse com uma mulher casada, sendo ordenado que ambos deveriam ser
mortos.
Nos
versos 23 a 27 é descrita a lei destinada a proteger a castidade feminina pela
determinação de que fossem mortos o homem e a moça virgem comprometida pelo
noivado, que se deitasse com alguém que não fosse o seu noivo, tendo o ato
sexual ocorrido numa cidade, onde ela poderia se fosse o caso de desejar evitar
a sua consumação, ter gritado por socorro, assim, o silêncio da moça insinuaria
consentimento.
Mas
no caso de o fato ter ocorrido no campo, em área isolada, sem que se pudesse
comprovar que a noiva tivesse ou não sido forçada, somente o homem deveria ser
morto, pois seria pressuposto que a moça teria gritado por socorro sem ser
ouvida.
Desta
forma, a lei divina revela que sofreremos as penas da maldade que tivermos
feito e não da maldade que foi feita a nós.
Mas
no caso de virgem não compromissada em noivado, que fosse seduzida, deveria ser
pago pelo homem que a havia seduzido, ao pai dela, uma multa de cinquenta
siclos de prata, além disso, deveria desposá-la sem que lhe fosse permitido se divorciar
da mesma por toda a sua vida (v. 28,29).
Em
nenhum caso seria permitido o casamento incestuoso de um homem com qualquer
mulher que tivesse sido desposada pelo pai dele, mesmo no caso de viúva.
Subentende-se
obviamente que a lei não alude à sua própria mãe, caso em que o seu pecado
seria considerado muito mais grave.
Houve
nos dias do apóstolo Paulo um pecado deste tipo praticado por um cristão da
Igreja de Corinto, e ele se referiu ao seu pecado nestes termos:
“Geralmente se ouve que há entre vós
imoralidade, imoralidade que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de haver
quem vive com a mulher de seu pai.” (I Cor 5.1).
Ora,
todas estas prescrições, parecem ter o intuito de se preservar a honra que Deus
dá à instituição do casamento, criado por Ele próprio.
Por
isso o autor de Hebreus diz que Deus julgará os adúlteros e os fornicários que
não honrarem o matrimômio, demonstrando com isto, que havia aprendido isto por
princípio do que havia lido nestes e em outros mandamentos da Lei de Moisés.
“1 Se
vires extraviado o boi ou a ovelha de teu irmão, não te desviarás deles; sem
falta os reconduzirás a teu irmão.
2 E
se teu irmão não estiver perto de ti ou não o conheceres, leva-los-ás para tua
casa e ficarão contigo até que teu irmão os venha procurar; então lhes
restituirás.
3
Assim farás também com o seu jumento, bem como com as suas vestes, e com toda
coisa que teu irmão tiver perdido e tu achares; não te poderás desviar deles.
4 Se
vires o jumento ou o boi de teu irmão caídos no caminho, não te desviarás
deles; sem falta o ajudarás a levantá-los.
5 Não
haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher,
porque qualquer que faz isto é abominação ao Senhor teu Deus.
6 Se
encontrares pelo caminho, numa árvore ou no chão, um ninho de ave com
passarinhos ou ovos, e a mãe posta sobre os passarinhos, ou sobre os ovos, não
temerás a mãe com os filhotes;
7 sem
falta deixarás ir a mãe, porém os filhotes poderás tomar; para que te vá bem, e
para que prolongues os teus dias.
8
Quando edificares uma casa nova, farás no terraço um parapeito, para que não
tragas sangue sobre a tua casa, se alguém dali cair.
9 Não
semearás a tua vinha de duas espécies de semente, para que não fique sagrado
todo o produto, tanto da semente que semeares como do fruto da vinha.
10
Não lavrarás com boi e jumento juntamente.
11
Não te vestirás de estofo misturado, de lã e linho juntamente.
12
Porás franjas nos quatro cantos da tua manta, com que te cobrires.
13 Se
um homem tomar uma mulher por esposa, e, tendo coabitado com ela, vier a
desprezá-la,
14 e
lhe atribuir coisas escandalosas, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Tomei
esta mulher e, quando me cheguei a ela, não achei nela os sinais da virgindade;
15
então o pai e a mãe da moça tomarão os sinais da virgindade da moça, e os
levarão aos anciãos da cidade, à porta;
16 e
o pai da moça dirá aos anciãos: Eu dei minha filha por mulher a este homem, e
agora ele a despreza,
17 e
eis que lhe atribuiu coisas escandalosas, dizendo: Não achei na tua filha os
sinais da virgindade; porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. E
eles estenderão a roupa diante dos anciãos da cidade.
18
Então os anciãos daquela cidade, tomando o homem, o castigarão,
19 e,
multando-o em cem siclos de prata, os darão ao pai da moça, porquanto divulgou
má fama sobre uma virgem de Israel. Ela ficará sendo sua mulher, e ele por
todos os seus dias não poderá repudiá-la.
20
Se, porém, esta acusação for confirmada, não se achando na moça os sinais da
virgindade,
21
levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a
apedrejarão até que morra; porque fez loucura em Israel, prostituindo-se na
casa de seu pai. Assim exterminarás o mal do meio de ti.
22 Se
um homem for encontrado deitado com mulher que tenha marido, morrerão ambos, o
homem que se tiver deitado com a mulher, e a mulher. Assim exterminarás o mal
de Israel.
23 Se
houver moça virgem desposada e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela,
24
trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis até que morram: a moça,
porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu
próximo. Assim exterminarás o mal do meio de ti.
25
Mas se for no campo que o homem achar a moça que é desposada, e o homem a
forçar, e se deitar com ela, morrerá somente o homem que se deitou com ela;
26
porém, à moça não farás nada. Não há na moça pecado digno de morte; porque,
como no caso de um homem que se levanta contra o seu próximo e lhe tira a vida,
assim é este caso;
27
pois ele a achou no campo; a moça desposada gritou, mas não houve quem a
livrasse. em juízo, entre sangue
28 Se
um homem achar uma moça virgem não desposada e, pegando nela, deitar-se com
ela, e forem apanhados,
29 o
homem que se deitou com a moça dará ao pai dela cinquenta
siclos de prata, e porquanto a humilhou, ela ficará sendo sua mulher; não a
poderá repudiar por todos os seus dias.
30
Nenhum homem tomará a mulher de seu pai, e não levantará a cobertura de seu
pai.“ (Dt 22.1-30).
Nenhum comentário:
Postar um comentário