quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Caráter de Pureza da Lei – Deuteronômio 22



À medida que continuamos avançando com o estudo da Lei sempre se faz necessária uma parada de reflexão junto ao Calvário, para que não nos desviemos da compreensão de que estamos numa nova dispensação, a da graça, em que apesar de não estarmos desobrigados de um viver segundo as exigências morais da Lei, no entanto não estamos mais debaixo da Lei quanto a sermos obrigados ao cumprimento dos Seus mandamentos civis e cerimoniais.
A dureza do coração somente pode ser corrigida por meio da graça na obra de regeneração e santificação do Espírito, e isto não é uma propriedade da Lei, mas do Evangelho.
Deve ser considerado também que mesmo depois da regeneração, ainda permanece nos filhos de Deus os restos de desejos carnais, que deverão ser mortificados progressivamente pelo Espírito, no processo de santificação de suas vidas, pelo despojamento das obras da carne, para o revestimento das virtudes de Cristo.
Esta é uma parte importante e principal da graça e da verdade que foi revelada em Cristo, e que não estava claramente revelada na Lei de Moisés.
A bênção diferente da Nova Aliança é a de que a lei é escrita nas mentes e corações dos cristãos, e a exigência severa da Lei é relaxada, de modo que os pesos e pecados que ainda assediam tenazmente os cristãos não chega a ser um obstáculo quanto a poder impedir que sejam agradáveis a Deus, porque no Evangelho são convocados a agradá-lo por um caminhar por fé.   
Todavia, não podemos negligenciar o estudo e a meditação da Lei, mas como dissemos anteriormente, não podemos esquecer que não estamos mais debaixo da Lei, e sim da graça.
Se o evangelho abrandou em muito a exigência quanto à aceitação por Deus por conta da justificação que há em Jesus, por outro aumentou o padrão da justiça que deve ser vista nos cristãos, maior do que a dos fariseus e escribas que era baseada na Lei, pois se define o olhar impuro como o ato de adultério mesmo, o ódio a um irmão como o próprio crime de homicídio; ordena-se o amor aos inimigos e a oração pelo bem dos que nos perseguem e amaldiçoam, dentre tantas outras ordenanças, que revelam que o seguir a Cristo exige uma completa transformação interior, no coração, pela operação regeneradora e renovadora do Espírito Santo.
Nós vemos no 22º capítulo de Deuteronômio vários mandamentos, sendo que nos versos 1 a 4 é ordenado que se tratasse o próximo com bondade, particularmente os irmãos israelitas, e eles eram assim tratados por serem todos descendentes de um patriarca comum, a saber, Jacó, cujo nome Deus mudou para Israel.
O sentido mais interior destas leis relativas ao cuidado do patrimônio do próximo revela o caráter de exigência de Deus para as pessoas do Seu povo, quer no Velho, que no Novo Testamento, de que se faça o bem a todos os homens, e especialmente aos domésticos da fé.     
Dos versos 5 a 12 há várias proibições.
Aqui se revela que Deus não se ocupa apenas das grandes coisas, mas também das pequenas, pois a Lei chega à minúcia do cuidado com a preservação das espécies de aves, pela proibição de se tomar a mãe com os seus filhotes (v. 6, 7), e com a segurança das pessoas, pela determinação de se colocar parapeito no terraço das casas (v. 8), e pela imputação de responsabilidade de culpa de quem não o fizesse, no caso de alguém vir a se acidentar em razão da falta da referida proteção preventiva.
A lei referente aos pássaros comprova o que foi dito por Jesus que nem mesmo os pássaros estão esquecidos diante de Deus (Lc 12.6).
Se a mãe fosse retirada do ninho, e deixados os filhotes, estes viriam a morrer, e assim a Lei preservava tanto a mãe quanto os filhotes, porque estes deveriam ser tomados e criados,  e se deveria deixar a mãe livre.        
No verso 5 é determinado que houvesse uma distinção no vestuário masculino e feminino, para que se identificasse claramente a diferença ensinada pela própria natureza quanto ao homem e à mulher.
Segundo a vontade de Deus, os homens não devem ser efeminados e as mulheres não devem ser viris.
Nos versos 9 a 11 são proibidas misturas de sementes de vinha (v. 9), numa clara demonstração de intenção de Deus de preservar a peculiaridade de cada espécie, pois numa época em que o homem nada sabia acerca de cruzamento genético, Deus que é o Criador de todas as coisas, antecipou esta informação em Sua Palavra de que o cruzamento de espécies degenera por mutações as espécies originais que Ele criou.
Foi também proibida a mistura de boi com jumento em trabalhos agrícolas e o uso de veste feita com tecido de lã e linho juntamente.
Neste caso não havia nenhum princípio moral a ser preservado senão a prova de uma obediência direta àquilo que Deus tem ordenado, tal como o primeiro casal foi provado no Éden com a proibição de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Daqui se aprende por princípio que a obediência nem sempre deve ter uma razão moral ou lógica para ser praticada.
É um dever acatar sem questionar a tudo que o Senhor tem determinado e parece que era este o fim em vista destes mandamentos dos versos 10 e 11.
Todavia, daí se aprende por ilustração, que Israel deveria se guardar para não se misturar com as práticas abomináveis das nações que habitavam em Canaã.     
O mandamento relativo às franjas do vestuário dos israelitas, é uma repetição de Nm 15.38,39.
Finalmente, nos versos 13 a 30 são descritas as leis relacionadas ao sétimo mandamento, impondo-se restrições e penalidades às cobiças carnais que guerreiam contra a alma.   
Nos versos 13 a 21 é descrito o tratamento que se deveria dar aos casos de denúncia de um homem contra a sua mulher, quanto à alegação de que não era virgem quando se casaram.
No caso de ser uma denúncia falsa o homem deveria ser castigado e além de pagar uma multa de cem siclos de prata, não poderia se divorciar da moça pelo motivo alegado. 
No caso de a denúncia ser verdadeira, a mulher deveria ser morta por apedrejamento. 
No verso 22 há uma repetição da lei de Lev 20.10 sobre homem casado ou solteiro que se deitasse com uma mulher casada, sendo ordenado que ambos deveriam ser mortos.
Nos versos 23 a 27 é descrita a lei destinada a proteger a castidade feminina pela determinação de que fossem mortos o homem e a moça virgem comprometida pelo noivado, que se deitasse com alguém que não fosse o seu noivo, tendo o ato sexual ocorrido numa cidade, onde ela poderia se fosse o caso de desejar evitar a sua consumação, ter gritado por socorro, assim, o silêncio da moça insinuaria consentimento.
Mas no caso de o fato ter ocorrido no campo, em área isolada, sem que se pudesse comprovar que a noiva tivesse ou não sido forçada, somente o homem deveria ser morto, pois seria pressuposto que a moça teria gritado por socorro sem ser ouvida.
Desta forma, a lei divina revela que sofreremos as penas da maldade que tivermos feito e não da maldade que foi feita a nós.     
Mas no caso de virgem não compromissada em noivado, que fosse seduzida, deveria ser pago pelo homem que a havia seduzido, ao pai dela, uma multa de cinquenta siclos de prata, além disso, deveria desposá-la sem que lhe fosse permitido se divorciar da mesma por toda a sua vida (v. 28,29).
Em nenhum caso seria permitido o casamento incestuoso de um homem com qualquer mulher que tivesse sido desposada pelo pai dele, mesmo no caso de viúva.
Subentende-se obviamente que a lei não alude à sua própria mãe, caso em que o seu pecado seria considerado muito mais grave. 
Houve nos dias do apóstolo Paulo um pecado deste tipo praticado por um cristão da Igreja de Corinto, e ele se referiu ao seu pecado nestes termos:
 “Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade, imoralidade que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de haver quem vive com a mulher de seu pai.” (I Cor 5.1). 
Ora, todas estas prescrições, parecem ter o intuito de se preservar a honra que Deus dá à instituição do casamento, criado por Ele próprio.
Por isso o autor de Hebreus diz que Deus julgará os adúlteros e os fornicários que não honrarem o matrimômio, demonstrando com isto, que havia aprendido isto por princípio do que havia lido nestes e em outros mandamentos da Lei de Moisés.




“1 Se vires extraviado o boi ou a ovelha de teu irmão, não te desviarás deles; sem falta os reconduzirás a teu irmão.
2 E se teu irmão não estiver perto de ti ou não o conheceres, leva-los-ás para tua casa e ficarão contigo até que teu irmão os venha procurar; então lhes restituirás.
3 Assim farás também com o seu jumento, bem como com as suas vestes, e com toda coisa que teu irmão tiver perdido e tu achares; não te poderás desviar deles.
4 Se vires o jumento ou o boi de teu irmão caídos no caminho, não te desviarás deles; sem falta o ajudarás a levantá-los.
5 Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher, porque qualquer que faz isto é abominação ao Senhor teu Deus.
6 Se encontrares pelo caminho, numa árvore ou no chão, um ninho de ave com passarinhos ou ovos, e a mãe posta sobre os passarinhos, ou sobre os ovos, não temerás a mãe com os filhotes;
7 sem falta deixarás ir a mãe, porém os filhotes poderás tomar; para que te vá bem, e para que prolongues os teus dias.
8 Quando edificares uma casa nova, farás no terraço um parapeito, para que não tragas sangue sobre a tua casa, se alguém dali cair.
9 Não semearás a tua vinha de duas espécies de semente, para que não fique sagrado todo o produto, tanto da semente que semeares como do fruto da vinha.
10 Não lavrarás com boi e jumento juntamente.
11 Não te vestirás de estofo misturado, de lã e linho juntamente.
12 Porás franjas nos quatro cantos da tua manta, com que te cobrires.
13 Se um homem tomar uma mulher por esposa, e, tendo coabitado com ela, vier a desprezá-la,
14 e lhe atribuir coisas escandalosas, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher e, quando me cheguei a ela, não achei nela os sinais da virgindade;
15 então o pai e a mãe da moça tomarão os sinais da virgindade da moça, e os levarão aos anciãos da cidade, à porta;
16 e o pai da moça dirá aos anciãos: Eu dei minha filha por mulher a este homem, e agora ele a despreza,
17 e eis que lhe atribuiu coisas escandalosas, dizendo: Não achei na tua filha os sinais da virgindade; porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. E eles estenderão a roupa diante dos anciãos da cidade.
18 Então os anciãos daquela cidade, tomando o homem, o castigarão,
19 e, multando-o em cem siclos de prata, os darão ao pai da moça, porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. Ela ficará sendo sua mulher, e ele por todos os seus dias não poderá repudiá-la.
20 Se, porém, esta acusação for confirmada, não se achando na moça os sinais da virgindade,
21 levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão até que morra; porque fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai. Assim exterminarás o mal do meio de ti.
22 Se um homem for encontrado deitado com mulher que tenha marido, morrerão ambos, o homem que se tiver deitado com a mulher, e a mulher. Assim exterminarás o mal de Israel.
23 Se houver moça virgem desposada e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela,
24 trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis até que morram: a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo. Assim exterminarás o mal do meio de ti.
25 Mas se for no campo que o homem achar a moça que é desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ela, morrerá somente o homem que se deitou com ela;
26 porém, à moça não farás nada. Não há na moça pecado digno de morte; porque, como no caso de um homem que se levanta contra o seu próximo e lhe tira a vida, assim é este caso;
27 pois ele a achou no campo; a moça desposada gritou, mas não houve quem a livrasse. em juízo, entre sangue
28 Se um homem achar uma moça virgem não desposada e, pegando nela, deitar-se com ela, e forem apanhados,
29 o homem que se deitou com a moça dará ao pai dela cinquenta siclos de prata, e porquanto a humilhou, ela ficará sendo sua mulher; não a poderá repudiar por todos os seus dias.
30 Nenhum homem tomará a mulher de seu pai, e não levantará a cobertura de seu pai.“ (Dt 22.1-30).

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