Desde que Adão se escondeu atrás de uma árvore no Éden, com medo
de Deus, e quando este veio ao Seu encontro para lhe oferecer redenção e
perdão, também trouxe, por causa do pecado, maldições sobre a serpente, o
homem, a mulher e a terra.
Esta seria a condição de se viver neste mundo desde então, como
por exemplo a de o homem comer o seu pão como suor do rosto, apesar de se ter
esta possibilidade de redenção do pecado, por causa do amor e misericórdia de
Deus.
Davi era uma pessoa redimida e especial para o Senhor, mas teve
que compartilhar muitas das misérias a que estão sujeitos todos os homens, por
causa do pecado original.
Por isso nós o vemos neste Salmo bendizendo ao Senhor com todo o
seu ser, e ordenando à própria alma que nunca se esquecesse de um só dos Seus benefícios.
Davi sabia que não eram suas boas obras e própria justiça que
perdoavam as suas iniquidades, mas o próprio Deus.
Como também era Ele que sarava todas as usas enfermidades, e que
livrava a sua vida da morte, e a coroava de graça e misericórdia, fartando de
bens a sua velhice, de maneira que era renovado em mocidade tal como a águia.
É o Senhor que faz justiça e julga a todos os oprimidos, porque
julga todas as suas causas e até mesmo atos de suas vidas, que na grande
maioria, jamais serão julgados pelos magistrados da terra, e não é comum, que
pessoas necessitadas sejam julgadas com justiça e misericórdia por muitos deles.
Todavia, não há verdadeiro e perfeito juiz humano, senão somente o
Senhor.
Nós podemos contemplar a perfeição da Sua Lei, conforme a revelou
a Moisés, para ser dada aos filhos de Israel.
Deus é cheio de misericórdia e longânimo, ou seja, tardio em se
irar, e grandemente benigno.
Davi podia falar destas virtudes de Deus por tê-las experimentado
abundantemente em sua própria vida.
Além disso, ele tivera a experiência de que o Senhor não repreende
perpetuamente, e nem conserva para sempre a sua ira, porque se mostra perdoador
e consolador para todo aquele que se arrepende.
Deus não trata conosco segundo os nossos pecados e nem nos
retribui segundo as nossas iniquidades, caso contrário não nos deixaria viver
tantos anos na terra, e logo executaria um juízo de condenação sobre nós,
porque a Sua justiça não pode tolerar um só pecado, no entanto, Ele equilibra a
justiça com a misericórdia e o Seu grande amor, bondade e longanimidade.
Especialmente aqueles que O têm são beneficiados por tal
misericórdia que é elevada, tal o como o céu está acima da terra, porque é do
alto que ela nos vem, do Seu trono de graça.
Por isso pode afastar as nossas transgressões de nós, tal como o
Oriente está distante do Ocidente.
A compaixão que ele tem por nós é maior do que a de um pai por
seus filhos, porque conhece perfeitamente a nossa estrutura, e sabe que somos
pó.
Que não temos em nós mesmos o poder de vencer e resistir ao mal.
E que dependemos inteiramente dEle e da Sua graça para poder
vencê-lo.
Somos responsabilizados portanto, por Ele, quanto ao pecado, por
não buscarmos tal auxílio e socorro que estão disponíveis nEle para todo
pecador.
Esta é portanto a base da condenação: a rejeição da Sua graça, o
ato de se voltar as costas para Ele, e tentar se esconder atrás de alguma
coisa, tal como Adão no passado, para não irmos a Jesus Cristo para termos vida,
assim como os escribas e fariseus haviam feito nos dias do Seu ministério
terreno, escondendo-se atrás da descendência de Abraão, e até mesmo das
próprias Escrituras, afirmando que já conheciam a Deus porque conheciam os
mandamentos, quando na verdade nunca estiveram de fato na Sua presença, porque
sempre haviam rejeitado a Sua própria pessoa e graça, para serem perdoados e
salvos, e continuavam confiando na própria justiça pessoal deles (Jo 5.40).
Eis porque a incredulidade, a rejeição da misericórdia e graça de
Deus serão a grande base da condenação futura, porque Deus sabe que o homem não
tem o poder de si mesmo para viver a vida celestial e divina para a qual ele
foi criado.
Esta inabilidade e impotência do homem estão bem reveladas em
estar Deus demonstrando qual tem sido a consequência do pecado, relativamente à
morte.
Os anos de vida do homem na terra foram abreviados drasticamente.
E mesmo tendo permitido que se vivesse até cerca de 900 anos no
mundo antigo, à medida que a iniquidade foi se multiplicando na terra o tempo
de existência foi sendo progressivamente reduzido para ser um sinal para o
homem de que ele é impotente por si mesmo para ter vida abundante, por causa do
pecado, e ser-lhe-á possível recuperar tal vida somente pela via da redenção em
Jesus Cristo.
Então se o homem alcança a misericórdia de Deus para a salvação,
ele viverá eternamente porque a misericórdia divina dura de eternidade a
eternidade, isto é, ela sempre será renovada garantindo a eternidade da nossa
redenção e salvação.
Estas bênçãos espirituais e eternas nos são garantidas desde o céu,
onde está estabelecido o trono do Senhor, e do qual manifesta o seu reino, que
domina sobre tudo.
Motivo pelo qual devem Lhe
bendizer os seus anjos valorosos em poder, e que executam as suas ordens e
obedecem à Sua Palavra, a saber, os anjos eleitos.
Todos os exércitos do Senhor, tanto os celestiais, quanto os da
terra, especialmente os seus ministros, que fazem a Sua vontade, devem
bendizê-lo.
Na verdade, tudo o que foi criado deve bendizer ao Senhor, porque
Ele tudo criou para o louvor da glória da Sua graça.
“Bendize,
ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome.
Bendize,
ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios.
Ele é
quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades;
quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; quem farta
de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.
O SENHOR
faz justiça e julga a todos os oprimidos. Manifestou os seus caminhos a Moisés
e os seus feitos aos filhos de Israel.
O SENHOR
é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno.
Não
repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira.
Não nos
trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades.
Pois
quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para
com os que o temem.
Quanto
dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.
Como um
pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem.
Pois ele
conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.
Quanto ao
homem, os seus dias são como a relva; como a flor do campo, assim ele floresce;
pois, soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí em diante, o seu
lugar.
Mas a
misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a
sua justiça, sobre os filhos dos filhos,
para com os que guardam a sua aliança e para com os que se lembram dos
seus preceitos e os cumprem.
Nos céus,
estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo.
Bendizei
ao SENHOR, todos os seus anjos, valorosos em poder, que executais as suas
ordens e lhe obedeceis à palavra.
Bendizei
ao SENHOR, todos os seus exércitos, vós, ministros seus, que fazeis a sua
vontade.
Bendizei
ao SENHOR, vós, todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio.
Bendize,
ó minha alma, ao SENHOR.”
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