Provavelmente Davi ainda se encontrava
debaixo das perseguições de Saul, quando escreveu este salmo.
Como não havia ainda assumido o reinado,
é também provável que Saul tenha subornado os juízes de Israel para
pronunciarem uma sentença formal contra Davi, sob a acusação de ser um traidor
de Israel.
Então Davi indaga a estes juízes se o
que eles estavam afirmando era verdadeiramente justiça.
Era uma prática comum por vários séculos
entre os juízes de Israel darem sentenças por suborno, e oprimirem os pobres
para favorecerem os ricos e poderosos.
No entanto, não foi para isto que haviam
sido colocados na magistratura.
Eles haviam ali sido colocados para
julgarem segundo os retos mandamentos da Lei do Senhor.
Àqueles que cabia exercerem juízo e
justiça, não somente transgrediam suas atribuições, como engendravam iniquidades
no seu íntimo, e distribuíam sentenças de violência na terra de Israel através
das suas mãos.
Eles eram como serpentes peçonhentas,
surdos como a víbora aos clamores da justiça, para os quais haviam tapado seus
ouvidos, por conveniência, agradando a si mesmos e aos poderosos, para que
nunca fossem afastados da posição de regalia em que se encontravam.
Tão corrompidos estavam em sua função,
que Davi orou ao Senhor para que lhes quebrasse os dentes em suas bocas e que
lhes arrancasse os queixos, que desse sumiço neles, e que as flechas de
injustiça que eles lançavam sobre muitos ficassem embotadas e não lhes
produzisse qualquer dano.
Que o Senhor manifestasse contra eles a
força do Seu braço e que fossem arrebatados da terra como por um redemoinho, e
com isso o justo veria que há recompensa para ele, porque há um Deus que julga
com justiça, mesmo quando os juízes da terra prevaricam.
Não é lícito sequer pensarmos que é bom
que venham males para que Deus possa manifestar o seu conforto, justiça e
misericórdia, a um mundo cheio de injustiças e todo tipo de pecados.
Todavia, sabemos que do mal, o Senhor
sabe tirar o bem, especialmente pelo fato de possibilitar aos que são justos, o
aprendizado de amarem e desejarem muito a justiça, tal como ocorria no coração
de Davi, por verem e experimentarem quão coisa terrível e dolorosa é a
injustiça.
Este amor pela justiça nos remete
imediatamente a Jesus Cristo, que é Rei justo, e que sempre julga com justiça
perfeita a todos os homens.
E isto será revelado em plenitude quando
for instalado o grande tribunal de Deus, naquele Dia que já tem determinado e
escolhido, para dar a cada um conforme as suas obras, sejam boas ou más.
Há pelo menos Um que governa com
justiça, e que por fim há de se levantar sobre toda a terra.
Confortemo-nos nesta esperança, de que o
mal, e nem o bem ficarão sem a justa retribuição.
Para quem praticou o bem glória eterna.
Para quem praticou o mal, vergonha e
horror eternos.
“Falais verdadeiramente justiça, ó juízes?
Julgais com retidão os filhos dos homens?
Longe disso; antes, no íntimo engendrais iniquidades
e distribuís na terra a violência de vossas mãos.
Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e
já se desencaminham, proferindo mentiras.
Têm peçonha semelhante à peçonha da serpente; são
como a víbora surda, que tapa os ouvidos,
para não ouvir a voz dos encantadores, do mais fascinante em
encantamentos.
Ó Deus, quebra-lhes os dentes na boca; arranca,
SENHOR, os queixais aos leõezinhos.
Desapareçam como águas que se escoam; ao dispararem
flechas, fiquem elas embotadas.
Sejam como a lesma, que passa diluindo-se; como o
aborto de mulher, não vejam nunca o sol.
Como espinheiros, antes que vossas panelas sintam
deles o calor, tanto os verdes como os que estão em brasa serão arrebatados
como por um redemoinho.
Alegrar-se-á o justo quando vir a vingança; banhará
os pés no sangue do ímpio.
Então, se dirá: Na verdade, há recompensa para o
justo; há um Deus, com efeito, que julga na terra.”
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