Neste salmo de autoria de Moisés, se declara a eternidade de Deus,
de forma que pode ser o refúgio de todas as gerações.
Sendo Ele eterno e infinito, a vida do homem, na terra, aos olhos
do Senhor é menos que um sopro, porque para Ele mil anos são como um único dia.
E dentre os homens em geral, mesmo os mais vigorosos, não é comum se ultrapassar oitenta anos de
idade, e quando se alcança esta idade, já se encontram enfadados e cansados.
Moisés chama portanto, a todos os homens a ponderarem esta
verdade, para não consumirem os seus dias na terra de maneira não sábia, e que
não seja, por conseguinte, segundo a vontade de Deus.
Os anos de existência do homem na terra foram abreviados por Ele,
em razão do pecado.
Moisés conheceu bem de perto o que é o atributo da ira de Deus
contra o pecado, quando teve que peregrinar com uma geração de israelitas
incrédulos e rebeldes, por quarenta anos no deserto, e vendo não raras vezes, a
ira do Senhor se acendendo contra os pecados deles.
Ele havia entendido que o homem não pode, de si mesmo, agradar a
Deus se Ele não lhe manifestar o Seu favor e graça, para que seja ensinado a contar (considerar
devidamente) os seus dias, de modo a alcançar um coração sábio.
Mas sem o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria, ninguém
poderá ser ensinado sobre qual seja o caminho em que deve andar, porque isto é
feito pela iluminação do Espírito, e não somente através da vontade divina
revelada escrita, conforme esta havia sido passada a Moisés através dos
mandamentos e de outras formas de revelação do Senhor.
Se Deus não dispuser o coração do homem para que possa conhecê-lO, todo o seu conhecimento
teológico será em vão, porque Deus não é um conceito, mas uma pessoa viva.
Por isso Moisés lhe rogava que se manifestasse ao Seu povo, e que
tivesse misericórdia deles, saciando-os com a Sua benignidade, para que seus
corações fossem movidos com louvores de júbilo, por todos os dias de suas
vidas.
Moisés orou para que o número de anos em que haviam sido afligidos
suportando a adversidade, debaixo da ira do Senhor, fosse o mesmo com o qual
Ele alegrasse os seus corações, manifestando as Suas obras e glória aos Seus
filhos.
E finalmente, orou pedindo que o Senhor derramasse sobre eles a
Sua graça e confirmasse as obras das suas mãos.
“Senhor,
tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.
Antes que
os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a
eternidade, tu és Deus.
Tu
reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens.
Pois mil
anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigília da
noite.
Tu os
arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de
madrugada; de madrugada, viceja e
floresce; à tarde, murcha e seca.
Pois
somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor, conturbados.
Diante de
ti puseste as nossas iniquidades e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados
ocultos.
Pois
todos os nossos dias se passam na tua ira; acabam-se os nossos anos como um
breve pensamento.
Os dias
da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso,
o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós
voamos.
Quem
conhece o poder da tua ira?
E a tua
cólera, segundo o temor que te é devido?
Ensina-nos
a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.
Volta-te,
SENHOR!
Até
quando?
Tem
compaixão dos teus servos.
Sacia-nos
de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos
todos os nossos dias.
Alegra-nos
por tantos dias quantos nos tens afligido, por tantos anos quantos suportamos a
adversidade.
Aos teus
servos apareçam as tuas obras, e a seus filhos, a tua glória.
Seja
sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; confirma sobre nós as obras das nossas
mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos.”
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