quinta-feira, 10 de outubro de 2013

JEREMIAS - cap 36 a 42

JEREMIAS 36

“1 Sucedeu pois no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, que da parte do Senhor veio esta palavra a Jeremias, dizendo:
2 Toma o rolo dum livro, e escreve nele todas as palavras que te hei falado contra Israel, contra Judá e contra todas as nações, desde o dia em que eu te falei, desde os dias de Josias até o dia de hoje.
3 Ouvirão talvez os da casa de Judá todo o mal que eu intento fazer-lhes; para que cada qual se converta do seu mau caminho, a fim de que eu perdoe a sua iniquidade e o seu pecado.
4 Então Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; e escreveu Baruque, no rolo dum livro, enquanto Jeremias lhas ditava, todas as palavras que o Senhor lhe havia falado.
5 E Jeremias deu ordem a Baruque, dizendo: Eu estou impedido; não posso entrar na casa do Senhor.
6 Entra pois tu e, pelo rolo que escreveste enquanto eu ditava, lê as palavras do Senhor aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, no dia de jejum; e também as lerás aos ouvidos de todo o Judá que vem das suas cidades.
7 Pode ser que caia a sua súplica diante do Senhor, e se converta cada um do seu mau caminho; pois grande é a ira e o furor que o Senhor tem manifestado contra este povo.
8 E fez Baruque, filho de Nerias, conforme tudo quanto lhe havia ordenado Jeremias, o profeta, lendo no livro as palavras do Senhor na casa do Senhor.
9 No quinto ano de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, no mês nono, todo o povo em Jerusalém, como também todo o povo que vinha das cidades de Judá a Jerusalém, apregoaram um jejum diante do Senhor.
10 Leu, pois, Baruque no livro as palavras de Jeremias, na casa do Senhor, na câmara de Gemarias, filho de Safã, o escriba, no átrio superior, à entrada da porta nova da casa do Senhor, aos ouvidos de todo o povo.
11 E, ouvindo Micaías, filho de Gemarias, filho de Safã, todas as palavras do Senhor, naquele livro,
12 desceu à casa do rei, à câmara do escriba. E eis que todos os príncipes estavam ali assentados: Elisama, o escriba, e Delaías, filho de Semaías, e Elnatã, filho de Acbor, e Gemarias, filho de Safã, e Zedequias, filho de Hananias, e todos os outros príncipes.
13 E Micaías anunciou-lhes todas as palavras que ouvira, quando Baruque leu o livro aos ouvidos do povo.
14 Então todos os príncipes mandaram Jeúdi, filho de Netanias, filho Selemias, filho de Cuche, a Baruque, para lhe dizer: O rolo que leste aos ouvidos do povo, toma-o na tua mão, e vem. E Baruque, filho de Nerias, tomou o rolo na sua mão, e foi ter com eles.
15 E disseram-lhe: Assenta-te agora, e lê-o aos nossos ouvidos. E Baruque o leu aos ouvidos deles.
16 Ouvindo eles todas aquelas palavras, voltaram-se temerosos uns para os outros, e disseram a Baruque: Sem dúvida alguma temos que anunciar ao rei todas estas palavras.
17 E disseram a Baruque: Declara-nos agora como escreveste todas estas palavras. Ele as ditava?
18 E disse-lhes Baruque: Sim, da sua boca ele me ditava todas estas palavras, e eu com tinta as escrevia no livro.
19 Então disseram os príncipes a Baruque: Vai, esconde-te tu e Jeremias; e ninguém saiba onde estais.
20 E foram ter com o rei ao átrio; mas depositaram o rolo na câmara de Elisama, o escriba, e anunciaram aos ouvidos do rei todas aquelas palavras.
21 Então enviou o rei a Jeúdi para trazer o rolo; e Jeúdi tomou-o da câmara de Elisama, o escriba, e o leu aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os príncipes que estavam em torno do rei.
22 Ora, era o nono mês e o rei estava assentado na casa de inverno, e diante dele estava um braseiro aceso.
23 E havendo Jeúdi lido três ou quatro colunas, o rei as cortava com o canivete do escrivão, e as lançava no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro.
24 E não temeram, nem rasgaram os seus vestidos, nem o rei nem nenhum dos seus servos que ouviram todas aquelas palavras
25 e, posto que Elnatã, Delaías e Gemarias tivessem insistido com o rei que não queimasse o rolo, contudo ele não lhes deu ouvidos.
26 Antes deu ordem o rei a Jerameel, filho do rei, e a Seraías, filho de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruque, o escrivão, e a Jeremias, o profeta; mas o Senhor os escondera.
27 Depois que o rei queimara o rolo com as palavras que Baruque escrevera da boca de Jeremias, veio a Jeremias a palavra do Senhor, dizendo:
28 Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro rolo, que Jeoaquim, rei de Judá, queimou.
29 E a Jeoaquim, rei de Judá, dirás: Assim diz o Senhor: Tu queimaste este rolo, dizendo: Por que escreveste nele anunciando: Certamente virá o rei da Babilônia, e destruirá esta terra e fará cessar nela homens e animais?
30 Portanto assim diz o Senhor acerca de Jeoaquim, rei de Judá: Não terá quem se assente sobre o trono de Davi, e será lançado o seu cadáver ao calor de dia, e à geada de noite.
31 E castiga-lo-ei a ele, e a sua descendência e os seus servos, por causa da sua iniquidade; e trarei sobre ele e sobre os moradores de Jerusalém, e sobre os homens de Judá, todo o mal que tenho pronunciado contra eles, e que não ouviram.
32 Tomou, pois, Jeremias outro rolo, e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele, enquanto Jeremias ditava, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, tinha queimado no fogo; e ainda se lhes acrescentaram muitas palavras semelhantes.”

Baruque era o amanuense de Jeremias, ou seja, quem escrevia no rolo todas as profecias que lhes eram dadas pelo Senhor.
A pedido do Senhor a Jeremias, Baruque leu no templo de Jerusalém, na presença dos escribas que ali trabalhavam, bem como de todos que ali se encontravam, todas as profecias que Jeremias havia recebido desde os dias do rei Josias, e que Baruque havia escrito no rolo, que lera na presença dos judeus que iam ao templo, porque o Senhor tinha em vista produzir arrependimento neles, para que fossem poupados dos juízos que estavam sendo pronunciados por ele, e que se encontravam registrados no rolo que fora redigido por Baruque.
Os escribas temeram em princípio ao ouvirem aquelas palavras e pediram a Baruque que lhes entregasse o rolo e que procurasse um abrigo juntamente com Jeremias para estarem em segurança, porque não sabiam qual seria a reação do rei e dos príncipes contra eles, ao ouvirem tais palavras.
Quando o rolo foi entregue na mão do rei, ele se indignou antes mesmo de ter completado a leitura da sua terceira coluna, e não somente o cortou como o lançou num braseiro para ser queimado, não atendendo ao pedido de alguns dos seus servos, que insistiram com ele para que não o fizesse. 
Isto me traz à mente e ao coração o pensamento que não poucos ministros do evangelho e outros servos do Senhor, têm em relação à Palavra do Senhor a mesma atitude do rei Jeoaquim. Eles não a temem. Eles a desprezam. Eles não levam em conta os juízos ali pronunciados contra o pecado e não se arrependem de suas más obras. E o pior de tudo, eles fazem como fizera o rei, porque ainda que sejam admoestados por servos mais prudentes do que eles, não somente desconsideram suas repreensões, como dão um passo mais além, cortando a Palavra do Senhor de suas vidas, e a consideram como algo desprezível próprio para ser destruído pelo fogo.
Todavia, como é possível acabar com uma Palavra que jamais passará, mesmo quando passarem os céus e a terra? Eles a desprezam e a desconsideram para a própria ruína deles, porque em vez de se fazer favorável àqueles que havia ordenado a leitura da Sua Palavra, o Senhor erigiu um tribunal para condená-los, porque desprezar a Sua Palavra é o mesmo que desprezá-lo. Eles não se arrependeram, e portanto, o Senhor não se arrependeria de trazer sobre eles todo o mal que havia profetizado.
Como a Palavra do Senhor não pode ser destruída, foi dado ordem a Baruque que reescrevesse noutro rolo, tudo o que havia escrito no que fora queimado.
E quanto ao rei Jeoaquim, não lhe seria permitido ter um descendente que se assentasse no trono de Judá, e seria morto pelos babilônios e o seu cadáver ficaria exposto na rua, sem receber a honra de um funeral digno, e assim ele seria castigado, e não somente ele como a sua descendência e os seus servos por causa da sua iniquidade, que havia culminado com esta última gota que havia completado a medida da sua iniquidade, a saber, a do sacrilégio que ele havia praticado.  




JEREMIAS 37

“1 E Zedequias, filho de Josias, a quem Nabucodonosor, rei de Babilônia, constituiu rei na terra de Judá, reinou em lugar de Conias, filho de Jeoaquim.
2 Mas nem ele, nem os seus servos, nem o povo da terra escutaram as palavras do Senhor que este falou por intermédio de Jeremias o profeta.
3 Contudo mandou o rei Zedequias a Jeucal filho de Selemias, e a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, ao profeta Jeremias, para lhe dizerem: Roga agora por nós ao Senhor nosso Deus,
4 Ora, Jeremias entrava e saía entre o povo; pois ainda não o tinham encerrado na prisão.
5 E o exército de Faraó saíra do Egito; quando, pois, os caldeus que estavam sitiando Jerusalém, ouviram esta notícia, retiraram-se de Jerusalém.
6 Então veio a Jeremias, o profeta, a palavra do Senhor, dizendo:
7 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Assim direis ao rei de Judá, que vos enviou a mim, para me consultar: Eis que o exército de Faraó, que saiu em vosso socorro, voltará para a sua terra no Egito.
8 E voltarão os caldeus, e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a queimarão a fogo.
9 Assim diz o Senhor: Não vos enganeis a vós mesmos, dizendo: Sem dúvida os caldeus se retirarão de nós; pois não se retirarão.
10 Porque ainda que derrotásseis a todo o exército dos caldeus que peleja contra vós, e entre eles só ficassem homens feridos, contudo se levantariam, cada um na sua tenda, e queimariam a fogo esta cidade.
11 Ora, quando se retirou de Jerusalém o exército dos caldeus, por causa do exército de faraó,
12 saiu Jeremias de Jerusalém, a fim de ir à terra de Benjamim, para receber ali a sua parte no meio do povo.
13 E quando ele estava à porta de Benjamim, achava-se ali um capitão da guarda, cujo nome era Jurias, filho de Selemias, filho de Hananias, o qual prendeu a Jeremias, o profeta, dizendo: Tu estás desertando para os caldeus.
14 E Jeremias disse: Isso é falso, não estou desertando para os caldeus. Mas ele não lhe deu ouvidos, de modo que prendeu a Jeremias e o levou aos príncipes.
15 E os príncipes ficaram muito irados contra Jeremias, de sorte que o açoitaram e o meteram no cárcere, na casa de Jônatas, o escrivão, porquanto a tinham transformado em cárcere.
16 Tendo Jeremias entrado nas celas do calabouço, e havendo ficado ali muitos dias,
17 o rei Zedequias mandou soltá-lo e lhe perguntou em sua casa, em segredo: Há alguma palavra da parte do Senhor? Respondeu Jeremias: Há. E acrescentou: Na mão do rei de Babilônia serás entregue.
18 Disse mais Jeremias ao rei Zedequias: Em que tenho pecado contra ti, e contra os teus servos, e contra este povo, para que me pusésseis na prisão?
19 Onde estão agora os vossos profetas que vos profetizavam, dizendo: O rei de Babilônia não virá contra vós nem contra esta terra?
20 Ora, pois, ouve agora, ó rei, meu senhor: seja aceita agora a minha súplica diante de ti; não me faças tornar à casa de Jônatas, o escriba, para que eu não venha a morrer ali.
21 Então ordenou o rei Zedequias que pusessem a Jeremias no átrio da guarda; e deram-lhe um bolo de pão cada dia, da rua dos padeiros, até que se gastou todo o pão da cidade. Assim ficou Jeremias no átrio da guarda.”

Este capitulo retoma a narrativa do capitulo 34, no qual nós vimos que os babilônios estavam retrocedendo do cerco à cidade de Jerusalém, e neste presente capitulo nós vemos o motivo disto: os egípcios, possivelmente por terem recebido um pedido de socorro de Zedequias para livrá-los do cerco dos babilônios, à custa de lhes dar grandes riquezas, estavam subindo na direção de Jerusalém.
Como Jeremias pretendia se dirigir à sua terra na tribo de Benjamin, quando estava para deixar a cidade de Jerusalém, um capitão da guarda o prendeu sob a falsa acusação que estava desertando para o lado dos babilônios, e levou o profeta à presença dos príncipes, e estes ficaram muito irados contra Jeremias e o açoitaram e prenderam na casa do escrivão chamado Jônatas, que eles tinham transformado em prisão, e Jeremias ficou por muitos dias encerrado num calabouço.     
Empolgado com a notícia de que os babilônios estavam se retirando o rei Zedequias mandou chamar a Jeremias para lhe perguntar em segredo se havia alguma palavra da parte do Senhor confirmando a derrota dos babilônios para os egípcios.
Todavia, para sua decepção, o profeta lhe disse que ele seria entregue na mão do rei de Babilônia, e protestou contra a sua prisão injusta por parte do rei e dos seus servos, e lhe pediu que não o fizesse retornar à prisão na casa de Jônatas porque viria a morrer ali, de modo que Zedequias ordenou que o pusessem no átrio da guarda e que lhe dessem um bolo de pão diariamente, mas chegou o dia em que já não havia mais pão na cidade por causa do cerco dos babilônios. Mas Jeremias permaneceu preso no átrio da guarda, por ordem do rei.    
E o Senhor fizera com que os egípcios retornassem para a sua terra, de modo que os babilônios voltaram a apertar o sítio que vinham fazendo contra Jerusalém.


JEREMIAS 38

“1 Ouviram, pois, Sefatias, filho de Matã, e Gedalias, filho de Pasur, e Jeucal, filho de Selemias, e Pasur, filho de Malquias, as palavras que anunciava Jeremias a todo o povo, dizendo:
2 Assim diz o Senhor: O que ficar nesta cidade morrerá à espada, de fome e de peste; mas o que sair para os caldeus viverá; pois a sua vida lhe será por despojo, e vivera.
3 Assim diz o Senhor: Esta cidade infalivelmente será entregue na mão do exército do rei de Babilônia, e ele a tomará.
4 E disseram os príncipes ao rei: Morra este homem, visto que ele assim enfraquece as mãos dos homens de guerra que restam nesta cidade, e as mãos de todo o povo, dizendo-lhes tais palavras; porque este homem não busca a paz para este povo, porem o seu mal.
5 E disse o rei Zedequias: Eis que ele está na vossa mão; porque não é o rei que possa coisa alguma contra vós.
6 Então tomaram a Jeremias, e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; e desceram Jeremias com cordas; mas na cisterna não havia água, senão lama, e atolou-se Jeremias na lama.
7 Quando Ebede-Meleque, o etíope, um eunuco que então estava na casa do rei, ouviu que tinham metido Jeremias na cisterna, o rei estava assentado à porta de Benjamim.
8 Saiu, pois, Ebede-Meleque da casa do rei, e falou ao rei, dizendo:
9 ó rei, senhor meu, estes homens fizeram mal em tudo quanto fizeram a Jeremias, o profeta, lançando-o na cisterna; de certo morrerá no lugar onde se acha, por causa da fome, pois não há mais pão na cidade.
10 Deu ordem, então, o rei a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Toma contigo daqui três homens, e tira Jeremias, o profeta, da cisterna, antes que morra.
11 Assim Ebede-Meleque tomou consigo os homens, e entrou na casa do rei, debaixo da tesouraria, e tomou dali uns trapos velhos e rotos, e roupas velhas, e desceu-os a Jeremias na cisterna por meio de cordas.
12 E disse Ebede-Meleque, o etíope, a Jeremias: Põe agora estes trapos velhos e rotos, debaixo dos teus sovacos, entre os braços e as cordas. E Jeremias assim o fez.
13 E tiraram Jeremias com as cordas, e o alçaram da cisterna; e ficou Jeremias no átrio da guarda.
14 Então mandou o rei Zedequias e fez vir à sua presença Jeremias, o profeta, à terceira entrada do templo do Senhor; e disse o rei a Jeremias: Vou perguntar-te uma coisa; não me encubras nada.
15 E disse Jeremias a Zedequias: Se eu te declarar, acaso não me matarás? E se eu te aconselhar, não me ouvirás.
16 Então jurou o rei Zedequias a Jeremias, em segredo, dizendo: Vive o Senhor, que nos fez esta alma, que não te matarei nem te entregarei na mão destes homens que procuram a tua morte.
17 Então Jeremias disse a Zedequias: Assim diz o Senhor, Deus dos exércitos, Deus de Israel: Se te renderes aos príncipes do rei de Babilônia, será poupada a tua vida, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua casa.
18 Mas, se não saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então será entregue esta cidade na mão dos caldeus, e eles a queimarão a fogo, e tu não escaparás da sua mão.
19 E disse o rei Zedequias a Jeremias: Receio-me dos judeus que se passaram para os caldeus, que seja entregue na mão deles, e escarneçam de mim.
20 Jeremias, porém, disse: Não te entregarão. Ouve, peço-te, a voz do Senhor, conforme a qual eu te falo; e bem te irá, e poupar-se-á a tua vida.
21 Mas, se tu recusares sair, esta é a palavra que me mostrou o Senhor:
22 Eis que todas as mulheres que ficaram na casa do rei de Judá serão levadas aos príncipes do rei de Babilônia, e elas mesmas dirão: Os teus pacificadores te incitaram e prevaleceram contra ti; e agora que se atolaram os teus pés na lama, voltaram atrás.
23 Todas as tuas mulheres e os teus filhos serão levados para fora aos caldeus; e tu não escaparás da sua mão, mas pela mão do rei de Babilônia serás preso, e esta cidade será queimada a fogo.
24 Então disse Zedequias a Jeremias: Ninguém saiba estas palavras, e não morrerás.
25 Se os príncipes ouvirem que falei contigo, e vierem ter contigo e te disserem: Declara-nos agora o que disseste ao rei e o que o rei te disse; não no-lo encubras, e não te mataremos;
26 então lhes dirás: Eu lancei a minha súplica diante do rei, que não me fizesse tornar à casa de Jônatas, para morrer ali.
27 Então vieram todos os príncipes a Jeremias, e o interrogaram; e ele lhes respondeu conforme todas as palavras que o rei lhe havia ordenado; assim cessaram de falar com ele, pois a coisa não foi percebida.
28 E ficou Jeremias no átrio da guarda, até o dia em que Jerusalém foi tomada.”

Jeremias estava preso no átrio da guarda mas não deixou de proclamar as palavras do Senhor contra Jerusalém.
Isto fez com que os principais sacerdotes ficassem irados com ele, e se dirigiram ao rei pedindo que o matassem, e o rei covardemente, disse que não era da sua alçada tal decisão, senão dos próprios sacerdotes, porque segundo ele o assunto era de interesse religioso.
Então eles pegaram o profeta e o colocaram num poço em cujo fundo não havia água senão somente lama, na qual o profeta ficou atolado e sem comida e água para beber, de modo que deviam pensar com isto justificar uma possível morte acidental, porque diriam ao povo que Jeremias havia caído no poço, e que ali viera a morrer, e com isso, deveriam pensar também, que não seriam culpados do sangue de Jeremias diante de Deus, porque afinal, não tiraram diretamente a sua vida, mas o deixaram numa condição na qual certamente viria a morrer.
A que ponto chega o endurecimento e a perversidade do coração do homem.
E para vergonha dos judeus, e confirmar a impiedade deles, não foi nenhum judeu que intercedeu em favor de Jeremias junto ao rei, para que não morresse, mas um etíope de nome Ebede-Meleque.
A seu pedido, o rei consentiu em tirar Jeremias do poço, mas o manteve preso no átrio da guarda. 
O orgulhoso rei Zedequias, que estava endurecido tal qual faraó no passado, e que se recusava a se render a Nabucodonosor, para poupar não somente a si mesmo como todo o povo do sofrimento que estavam enfrentando por causa do sítio dos babilônios, fez com que Jeremias viesse à sua presença, à terceira entrada do templo, porque temia ser visto pelos seus servos, e lhe disse que desejava fazer-lhe uma pergunta e que não deixasse de lhe dizer a verdade.
Como o Senhor sabia o que estava no pensamento do rei, e o revelou ao Seu profeta, Jeremias lhe disse que temia passar-lhe a revelação porque ele o mataria, e caso o aconselhasse, sabia que ele não o ouviria. 
Então o rei jurou a Jeremias em segredo que não o mataria e nem o entregaria na mão dos príncipes para ser morto.
Jeremias falou então ao rei, as seguintes palavras:

“17 Então Jeremias disse a Zedequias: Assim diz o Senhor, Deus dos exércitos, Deus de Israel: Se te renderes aos príncipes do rei de Babilônia, será poupada a tua vida, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua casa.
18 Mas, se não saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então será entregue esta cidade na mão dos caldeus, e eles a queimarão a fogo, e tu não escaparás da sua mão.”

Apesar de ter percebido que a palavra que Jeremias lhe dera era a verdade, Zedequias, que não era um homem de fé, mas um ímpio, não poderia confiar que seria poupado por Deus, e nem pelos homens, porque julgava que os judeus que haviam passado para o lado dos babilônios aproveitariam a oportunidade para se vingarem dele. 
Nem mesmo sob a palavra afiançada pelo profeta de que eles não lançariam mão dele, o rei confiou que sua vida seria poupada bem como a cidade, caso eles se rendessem, porque não tinha fé que grande é a misericórdia de Deus, apesar de que eles merecessem somente a destruição por toda a maldade que haviam praticado.
E Jeremias ainda acrescentou quais seriam as consequências de o rei não dar ouvido ao que lhe havia falado da parte do Senhor, conforme estão descritas nos versos 22 e 23: 

“22 Eis que todas as mulheres que ficaram na casa do rei de Judá serão levadas aos príncipes do rei de Babilônia, e elas mesmas dirão: Os teus pacificadores te incitaram e prevaleceram contra ti; e agora que se atolaram os teus pés na lama, voltaram atrás.
23 Todas as tuas mulheres e os teus filhos serão levados para fora aos caldeus; e tu não escaparás da sua mão, mas pela mão do rei de Babilônia serás preso, e esta cidade será queimada a fogo.”

Como Zedequias não se disporia a se render, então pediu a Jeremias que não dissesse aos principais sacerdotes as terríveis consequências que viriam sobre eles, de modo que não intentassem contra a vida do profeta.
Zedequias não fizera tal pedido a Jeremias por motivo de piedade ou por ter misericórdia do profeta, mas porque não queria que soubessem que quando o mal lhes sobreviesse, que ele, o rei, poderia ter evitado tudo aquilo, caso se rendesse aos babilônios, coisa que ele estava determinado a não fazer de modo algum.   
Então quando os príncipes vieram ter com Jeremias ele lhes encobriu o que havia conversado com o rei, e lhes disse que havia suplicado ao rei que não o lançasse na prisão da casa de Jônatas para que ali não morresse, conforme o próprio rei  havia aconselhado ao profeta que o fizesse. 



JEREMIAS 39

“1 No ano nono de Zedequias, rei de Judá, no décimo mês, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, e todo o seu exército contra Jerusalém, e a cercaram.
2 No ano undécimo de Zedequias, no quarto mês, aos nove do mês, fez-se uma brecha na cidade.
3 E entraram todos os príncipes do rei de Babilônia, e sentaram-se na porta do meio, os quais eram Nergal-Sarezer, Sangar-Nebo, Sarsequim, Rabe-Sáris Nergal Sarezer, Rabe-Maque, juntamente, com todo o resto dos príncipes do rei de Babilônia
4 E sucedeu que, vendo-os Zedequias, rei de Judá, e todos os homens de guerra, fugiram, saindo da cidade de noite pelo caminho do jardim do rei, pela porta entre os dois muros; e seguiram pelo caminho da Arabá.
5 Mas o exército dos caldeus os perseguiu; e eles alcançaram a Zedequias nas campinas de Jericó; e, prendendo-o, levaram-no a Nabucodonosor rei de Babilônia, a Ribla, na terra de Hamate; e o rei o sentenciou.
6 E o rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias em Ribla, à sua vista; também matou o rei de Babilônia a todos os nobres de Judá.
7 Cegou os olhos a Zedequias, e o atou com cadeias de bronze, para levá-lo a Babilônia.
8 Os caldeus incendiaram a casa do rei e as casas do povo, e derribaram os muros de Jerusalém.
9 Então, ao resto do povo, que ficara na cidade, aos desertores que se tinham passado para ele e ao resto do povo que havia ficado, levou-os Nebuzaradão, capitão da guarda, para Babilônia.
10 Mas aos pobres dentre o povo, que não tinham nada, Nebuzaradão, capitão da guarda, deixou-os ficar na terra de Judá; e ao mesmo tempo lhes deu vinhas e campos.
11 Ora Nabucodonosor, rei de Babilônia, havia ordenado acerca de Jeremias, a Nebuzaradão, capitão dos da guarda, dizendo:
12 Toma-o, e trata-o bem, e não lhe faças mal algum; mas como ele te disser, assim procederás para com ele.
13 Pelo que Nebuzaradão, capitão da guarda, Nebusazbã, Rabe-Sáris, Nergal-Sarezer, Rabe-Maeue, e todos os príncipes do rei de Babilônia
14 mandaram retirar Jeremias do átrio da guarda, e o entregaram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, para que o levasse para casa; assim ele habitou entre o povo.
15 Ora, a palavra do Senhor viera a Jeremias, estando ele ainda encarcerado no átrio da guarda, dizendo:
16 Vai, e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que eu cumprirei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e se cumprirão diante de ti naquele dia.
17 A ti, porém, eu livrarei naquele dia, diz o Senhor, e não serás entregue na mão dos homens a quem temes.
18 Pois certamente te salvarei, e não cairás à espada, mas a tua vida terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.”

Este capítulo nos dá conta que depois de dezoito meses de sítio, Jerusalém caiu finalmente no domínio dos babilônios. 
Somente as pessoas muito pobres que nada possuíam foram deixadas em Judá, que receberam de Babilônia vinhas e campos, sendo todos os demais levados em cativeiro.
O rei Zedequias e todos os seus guerreiros   tentaram fugir à noite, quando os babilônios tomaram Jerusalém, mas foram alcançados pelo exército babilônico nas campinas de Jericó, e levaram Zedequias à presença de Nabucodonosor, que se encontrava na terra de Hamate, tendo o rei de Babilônia matado os filhos de Zedequias à sua vista, e todos os nobres de Judá, e também cegou os olhos de Zedequias, e o conduziu como um troféu da sua conquista, para Babilônia, atando-o em cadeias de bronze.
O palácio de Zedequias foi incendiado pelos babilônios, bem como as residências de Jerusalém, e derrubaram os muros da cidade, que Neemias reconstruiria cerca de cem anos depois.
O próprio rei Nabucodonosor deu ordens a respeito de Jeremias, para que fosse livrado da prisão do pátio da guarda, na qual fora colocado por Zedequias, e que o tratassem com humanidade, e que lhe fizessem conforme tudo o que fosse do seu desejo.
Inicialmente, Jeremias foi deixado aos cuidados de Gedalias, um dos opositores de Zedequias, que  havia se juntado a Babilônia, e que agora estava sendo colocado pelo rei Nabucodonosor como governador do que restara em Judá.  
Quando Jeremias ainda se encontrava preso no átrio da guarda, o Senhor lhe dera uma boa palavra relativa a Ebede-Meleque, o etíope que havia enfrentado os príncipes e o rei, para apelar em favor de Jeremias quando havia sido colocado num poço para ser morto.
Deus lhe confortou dizendo que não temesse o que ainda viria suceder a Jerusalém, e que estava ocorrendo agora, porque não o entregaria na mão dos babilônios, porque o Senhor o salvaria, e não morreria à espada, porque havia confiado nEle, quando expôs sua vida a risco de morte para defender o profeta Jeremias.  
Todos os que lutam pela causa da justiça haverão de ser poupados da morte eterna, e serão protegidos pelo Senhor, enquanto viverem neste mundo, e nada lhes sucederá sem a Sua permissão, porque se agrada dos justos, e os Seus olhos estão sobre eles para lhes fazer o bem.




JEREMIAS 40

“1 A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, depois que Nebuzaradão, capitão da guarda, o deixara ir de Ramá, quando o havia tomado, estando ele atado com cadeias no meio de todos os do cativeiro de Jerusalém e de Judá, que estavam sendo levados cativos para Babilônia.
2 Ora o capitão da guarda levou Jeremias, e lhe disse: O Senhor teu Deus pronunciou este mal contra este lugar;
3 e o Senhor o trouxe, e fez como havia dito; porque pecastes contra o Senhor, e não obedecestes à sua voz, portanto vos sucedeu tudo isto.
4 Agora pois, eis que te solto hoje das cadeias que estão sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se não te apraz vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha, toda a terra está diante de ti; para onde te parecer bem e conveniente ir, para ali vai.
5 Se assim quiseres, volta a Gedalias, filho de Aicão filho de Safã e a quem o rei de Babilônia constituiu governador das cidades de Judá, e habita com ele no meio do povo; ou vai para qualquer outra parte que te aprouver ir. E deu-lhe o capitão da guarda sustento para o caminho, e um presente, e o deixou ir.
6 Assim veio Jeremias a Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá, e habitou com ele no meio do povo que havia ficado na terra.
7 Ouvindo pois todos os chefes das forças que estavam no campo, eles e os seus homens, que o rei de Babilônia havia constituído a Gedalias, filho de Aicão, governador da terra, e que lhe havia confiado homens, mulheres e crianças, os mais pobres da terra, que não foram levados cativos para Babilônia,
8 vieram ter com Gedalias, a Mizpá; e eram: Ismael, filho de Netanias, e Joanã e Jônatas, filhos de Careá, e Seraías, filho de Tanumete, e os filhos de Efai, o netofatita, e Jezanias, filho do maacatita, eles e os seus homens.
9 E jurou Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, eles e pôs seus homens, dizendo: Não temais servir aos caldeus; habitai na terra, e servi o rei de Babilônia, e bem vos irá.
10 Quanto a mim, eis que habito em Mizpá, para vos representar diante dos caldeus que vierem a nós; vós, porém, colhei o vinho e os frutos de verão, e o azeite, e metei-os nos vossos vasos, e habitai nas vossas cidades, que tomastes.
11 Do mesmo modo, quando todos os judeus que estavam em Moabe, e entre os filhos de Amom, e em Edom, e os que havia em todos os países, ouviram que o rei de Babilônia havia deixado um resto em Judá, e que havia posto sobre eles a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã;
12 voltaram, então, todos os judeus de todos os lugares para onde foram arrojados, e vieram para a terra de Judá, a Gedalias, a Mizpá, e colheram vinho e frutos do verão com muita abundância.
13 Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam no campo vieram ter com Gedalias, a Mizpá,
14 e disseram-lhe: Sabes que Baalis, rei dos filhos de Amom, enviou a Ismael, filho de Netanias, para te tirar a vida? Mas não lhes deu crédito Gedalias, filho de Aicão.
15 Todavia Joanã, filho de Careá, falou a Gedalias em segredo, em Mizpá, dizendo: Deixa, peço-te, que eu vá e mate a Ismael, filho de Netanias, sem que ninguém o saiba. Por que razão te tiraria ele a vida, de modo que fossem dispersos todos os judeus que se têm congregado a ti, e perecesse o resto de Judá?
16 Mas disse Gedalias, filho de Aicão, a Joanã, filho de Careá: Não faças tal coisa; pois falas falsamente contra Ismael.”

Nós comentaremos este capítulo em conexão com o capítulo seguinte, porque consiste na continuação da narrativa deste.



JEREMIAS 41

“1 Sucedeu, porém, no mês sétimo, que veio Ismael, filho de Netanias, filho de Elisama, de sangue real, e um dos nobres do rei, e dez homens com ele, a Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá; e eles comeram pão juntos ali em Mizpá.
2 E levantou-se Ismael, filho de Netanias, com os dez homens que estavam com ele, e feriram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, à espada, matando assim aquele que o rei de Babilônia havia posto por governador sobre a terra.
3 Matou também Ismael a todos os judeus que estavam com Gedalias, em Mizpá, como também aos soldados caldeus que se achavam ali.
4 Sucedeu pois no dia seguinte, depois que ele matara a Gedalias, sem ninguém o saber,
5 que vieram de Siquém, de Siló e de Samaria, oitenta homens, com a barba rapada, e os vestidos rasgados e tendo as carnes retalhadas, trazendo nas mãos ofertas de cereais e incenso, para os levarem à casa do Senhor.
6 E, saindo-lhes ao encontro Ismael, filho de Netanias, desde Mizpá, ia chorando; e sucedeu que, encontrando-os, lhes disse: Vinde a Gedalias, filho de Aicão.
7 Chegando eles, porém, até o meio da cidade, Ismael, filho de Netanias, e os homens que estavam com ele mataram-nos e os lançaram num poço.
8 Mas entre eles se acharam dez homens que disseram a Ismael: Não nos mates a nós, porque temos escondidos no campo depósitos de trigo, cevada, azeite e mel. E ele por isso os deixou, e não os matou entre seus irmãos.
9 E o poço em que Ismael lançou todos os cadáveres dos homens que matara por causa de Gedalias é o mesmo que fez o rei Asa, por causa de Baasa, rei de Israel; foi esse mesmo que Ismael, filho de Netanias, encheu de mortos.
10 E Ismael levou cativo a todo o resto do povo que estava em Mizpá: as filhas do rei, e todo o povo que ficara em Mizpá, que Nebuzaradão, capitão da guarda, havia confiado a Gedalias, filho de Aicão; e levou-os cativos Ismael, filho de Netanias, e se foi para passar aos filhos de Amom.
11 Ouvindo, porém, Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam com ele, todo o mal que havia feito Ismael, filho de Netanias,
12 tomaram todos os seus homens e foram pelejar contra Ismael, filho de Netanias; e o acharam ao pé das grandes águas que há em Gibeão.
13 E todo o povo que estava com Ismael se alegrou quando viu a Joanã, filho de Careá, e a todos os chefes das forças, que vinham com ele.
14 E todo o povo que Ismael levara cativo de Mizpá virou as costas, e voltou, e foi para Joanã, filho de Careá.
15 Mas Ismael, filho de Netanias, com oito homens, escapou de Joanã e se foi para os filhos de Amom.
16 Então Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam com ele, tomaram a todo o resto do povo que Ismael, filho de Netanias, tinha levado cativo de Mizpá, depois que matara Gedalias, filho de Aicão, a saber, aos soldados, as mulheres, aos meninos e aos eunucos, que Joanã havia recobrado de Gibeão,
17 e partiram, indo habitar em Gerute-Quimã, que está perto de Belém, para dali entrarem no Egito,
18 por causa dos caldeus; pois os temiam, por ter Ismael, filho de Netanias, matado a Gedalias, filho de Aicão, a quem o rei de Babilônia tinha posto por governador sobre a terra.”

Nós vemos neste e no capitulo anterior, os amonitas buscando mais uma vez o mal para os judeus, porque o rei de Amon, preparou uma insurreição contra Babilônia, comissionando a um certo Ismael, para matar a Gedalias, a quem o rei de Babilônia havia nomeado governador sobre os pobres que haviam sido deixados em Judá. 
Além de matar Gedalias, Ismael matou a guarnição de babilônios que havia sido deixada em Judá, como também oitenta homens que viam pagar seus votos no que havia sobrado do templo em Jerusalém, tendo deixado escapar apenas a dez deles, porque lhe disseram que sabiam onde havia uma reserva de comida escondida. 
Muita gente havia se juntado a Gedalias, sendo na maior parte judeus que haviam fugido para várias partes fora de Judá, por temerem a invasão dos babilônios.
Um comandante de tropas judaicas, chamado Joanã, veio no encalço de Ismael, e quando aqueles que haviam sido sequestrados por Ismael viram Joanã se aproximando deles, abandonaram Ismael e passaram para o lado de Joanã, tendo apenas oito homens seguido juntamente com Ismael para a terra dos amonitas.
Temendo o que os babilônios poderiam lhes fazer por causa da morte de Gedalias, ainda que não tivessem tomado parte em tal insurreição, Joanã estacionou na altura do caminho para Belém, pensando em buscar refúgio com aqueles que com ele se encontravam, no Egito.      




JEREMIAS 42

“1 Então chegaram todos os chefes das forças, e Joanã, filho de Careá, e Jezanias, filho de Hosaías, e todo o povo, desde o menor até o maior,
2 e disseram a Jeremias, o profeta: Seja aceita, pedimos-te, a nossa súplica diante de ti, e roga ao Senhor teu Deus, por nós e por todo este resto; porque de muitos restamos somente uns poucos, assim como nos veem os teus olhos;
3 para que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer.
4 Respondeu-lhes Jeremias o profeta: Eu vos tenho ouvido; eis que orarei ao Senhor vosso Deus conforme as vossas palavras; e o que o Senhor vos responder, eu vo-lo declararei; não vos ocultarei nada.
5 Então eles disseram a Jeremias: Seja o Senhor entre nós testemunha verdadeira e fiel, se assim não fizermos conforme toda a palavra com que te enviar a nós o Senhor teu Deus.
6 Seja ela boa, ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus, a quem te enviamos, obedeceremos, para que nos suceda bem, obedecendo à voz do Senhor nosso Deus.
7 Ao fim de dez dias veio a palavra do Senhor a Jeremias.
8 Então chamou a Joanã, filho de Careá, e a todos os chefes das forças que havia com ele, e a todo o povo, desde o menor até o maior,
9 e lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel, a quem me enviastes para apresentar a vossa súplica diante dele:
10 Se de boa mente habitardes nesta terra, então vos edificarei, e não vos derrubarei; e vos plantarei, e não vos arrancarei; porque estou arrependido do mal que vos tenho feito.
11 Não temais o rei de Babilônia, a quem vós temeis; não o temais, diz o Senhor; pois eu sou convosco, para vos salvar e para vos livrar da sua mão.
12 E vos concederei misericórdia, para que ele tenha misericórdia de vós, e vos faça habitar na vossa terra.
13 Mas se vós disserdes: Não habitaremos nesta terra; não obedecendo à voz do Senhor vosso Deus,
14 e dizendo: Não; antes iremos para a terra do Egito, onde não veremos guerra, nem ouviremos o som de trombeta, nem teremos fome de pão, e ali habitaremos;
15 nesse caso ouvi a palavra do Senhor, ó resto de Judá: Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Se vós de todo vos propuserdes a entrar no Egito, e entrardes para lá peregrinar,
16 então a espada que vós temeis vos alcançará ali na terra do Egito, e a fome que vós receais vos seguirá de perto mesmo no Egito, e ali morrereis.
17 Assim sucederá a todos os homens que se propuserem a entrar no Egito, a fim de lá peregrinarem: morrerão à espada, de fome, e de peste; e deles não haverá quem reste ou escape do mal que eu trarei sobre eles.
18 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Como se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os habitantes de Jerusalém, assim se derramará a minha indignação sobre vós, quando entrardes no Egito. Sereis um espetáculo de execração, e de espanto, e de maldição, e de opróbrio; e não vereis mais este lugar.
19 Falou o Senhor acerca de vós, ó resto de Judá: Não entreis no Egito. Tende por certo que hoje vos tenho avisado.
20 Porque vós vos enganastes a vós mesmos; pois me enviastes ao Senhor vosso Deus, dizendo: Roga por nós ao Senhor nosso Deus, e conforme tudo o que disser o Senhor Deus nosso, declara-no-lo assim, e o faremos.
21 E vo-lo tenho declarado hoje, mas não destes ouvidos à voz do Senhor vosso Deus em coisa alguma pela qual ele me enviou a vos.
22 Agora pois sabei por certo que morrereis à espada, de fome e de peste no mesmo lugar onde desejais ir para lá peregrinardes.”
Joanã e os que com ele se achavam pediram a Jeremias que consultasse a Deus por eles, para saber o que deveriam fazer, e que tudo o que o Senhor dissesse a Jeremias eles fariam.
Somente depois de passados dez dias que a palavra do Senhor veio a Jeremias, e lhes dissera para que não descessem ao Egito para que não fossem destruídos, mas que permanecessem em Judá, porque lhes faria bem, e também faria com que achassem misericórdia junto ao rei de Babilônia (uma vez que eles estavam inocentes no negócio da morte de Gedalias).
Todavia, caso não lhe dessem ouvidos e fossem para o Egito, não somente morreriam à espada, mas todo que pensasse lograr permanecer lá com vida, seria alcançado pelo juízo do próprio Senhor que o mataria pela peste. 

Conhecendo o que já estava determinado no coração deles, Jeremias lhes disse que apesar de terem dito que tudo o que ele lhes falasse da parte do Senhor eles fariam, na verdade estavam mentindo, e então poderiam estar certos de que morreriam à espada, de fome e de peste no lugar mesmo para onde desejavam peregrinar.     

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