quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Lamentações 2


“1 Como cobriu o Senhor de nuvens na sua ira a filha de Sião! derrubou do céu à terra a glória de Israel, e no dia da sua ira não se lembrou do escabelo de seus pés.
2 Devorou o Senhor sem piedade todas as moradas de Jacó; derrubou no seu furor as fortalezas da filha de Judá; abateu-as até a terra. Tratou como profanos o reino e os seus príncipes.
3 No furor da sua ira cortou toda a força de Israel; retirou para trás a sua destra de diante do inimigo; e ardeu contra Jacó, como labareda de fogo que tudo consome em redor.
4 Armou o seu arco como inimigo, firmou a sua destra como adversário, e matou todo o que era formoso aos olhos; derramou a sua indignação como fogo na tenda da filha de Sião.
5 Tornou-se o Senhor como inimigo; devorou a Israel, devorou todos os seus palácios, destruiu as suas fortalezas, e multiplicou na filha de Judá o pranto e a lamentação.
6 E arrancou a sua cabana com violência, como se fosse a de uma horta; destruiu o seu lugar de assembléia; o Senhor entregou ao esquecimento em Sião a assembléia solene e o sábado; e na indignação da sua ira rejeitou com desprezo o rei e o sacerdote.
7 Desprezou o Senhor o seu altar, detestou o seu santuário; entregou na mão do inimigo os muros dos seus palácios; deram-se gritos na casa do Senhor, como em dia de reunião solene.
8 Resolveu o Senhor destruir o muro da filha de Sião; estendeu o cordel, não reteve a sua mão de fazer estragos; fez gemer o antemuro e o muro; eles juntamente se enfraquecem.
9 Sepultadas na terra estão as suas portas; ele destruiu e despedaçou os ferrolhos dela; o seu rei e os seus príncipes estão entre as nações; não há lei; também os seus profetas não recebem visão alguma da parte do Senhor.
10 Estão sentados no chão os anciãos da filha de Sião, e ficam calados; lançaram pó sobre as suas cabeças; cingiram sacos; as virgens de Jerusalém abaixaram as suas cabeças até o chão.
11 Já se consumiram os meus olhos com lágrimas, turbada está a minha alma, o meu coração se derrama de tristeza por causa do quebrantamento da filha do meu povo; porquanto desfalecem os meninos e as crianças de peito pelas ruas da cidade.
12 Ao desfalecerem, como feridos, pelas ruas da cidade, ao exalarem as suas almas no regaço de suas mães, perguntam a elas: Onde está o trigo e o vinho?
13 Que testemunho te darei, a que te compararei, ó filha de Jerusalém? A quem te assemelharei, para te consolar, ó virgem filha de Sião? pois grande como o mar é a tua ferida; quem te poderá curar?
14 Os teus profetas viram para ti visões falsas e insensatas; e não manifestaram a tua iniqüidade, para te desviarem do cativeiro; mas viram para ti profecias vãs e coisas que te levaram ao exílio.
15 Todos os que passam pelo caminho batem palmas contra ti; eles assobiam e meneiam a cabeça sobre a filha de Jerusalém, dizendo: E esta a cidade que denominavam a perfeição da formosura, o gozo da terra toda?
16 Todos os teus inimigos abrem as suas bocas contra ti, assobiam, e rangem os dentes; dizem: Devoramo-la; certamente este e o dia que esperávamos; achamo-lo, vimo-lo.
17 Fez o Senhor o que intentou; cumpriu a sua palavra, que ordenou desde os dias da antigüidade; derrubou, e não se apiedou; fez que o inimigo se alegrasse por tua causa, exaltou o poder dos teus adversários.
18 Clama ao Senhor, ó filha de Sião; corram as tuas lágrimas, como um ribeiro, de dia e de noite; não te dês repouso, nem descansem os teus olhos.
19 Levanta-te, clama de noite no princípio das vigias; derrama o teu coração como águas diante do Senhor! Levanta a ele as tuas mãos, pela vida de teus filhinhos, que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas.
20 Vê, ó Senhor, e considera a quem assim tens tratado! Acaso comerão as mulheres o fruto de si mesmas, as crianças que trazem nos braços? ou matar-se-á no santuário do Senhor o sacerdote e o profeta?
21 Jazem por terra nas ruas o moço e o velho; as minhas virgens e os meus jovens vieram a cair à espada; tu os mataste no dia da tua ira; trucidaste-os sem misericórdia.
22 Convocaste de toda a parte os meus terrores, como no dia de assembléia solene; não houve no dia da ira do Senhor quem escapasse ou ficasse; aqueles que eu trouxe nas mãos e criei, o meu inimigo os consumiu.”

No capítulo anterior o profeta descreveu a dor, o gemido, a aflição, a vergonha e o clamor de Judá pela destruição e pelo cativeiro que lhe sobrevieram como um juízo da parte de Deus, por causa dos seus pecados, e é a mesma nota triste que nós encontramos neste segundo capítulo, que justifica o título deste livro, a saber, Lamentações.  
Aqui se descreve principalmente o quanto Deus estava irado com o Seu próprio povo, por causa das transgressões deles. A antiga comunhão, e alegria que tivera neles, se transformou na triste manifestação da Sua ira em relação a eles.
De igual modo, podemos ver como acontece com igrejas que haviam desfrutado no passado da gloriosa presença do Senhor em seu meio, operando sobretudo alegria nos corações dos crentes, conforme lhes era concedido pela Sua graça, não a alegria carnal que é comum de se ver em muitas igrejas, mas a alegria que é fruto do Espírito, e tudo o mais que expressasse espiritualmente o resultado da comunhão do Senhor com o Seu povo.
Repentinamente, depois de um processo de andar contrário à vontade de Deus e dos Seus mandamentos, sequer se encontra nestas igrejas o antigo aroma da Sua santa presença, senão apenas ritos e cerimônias externas, desprovidas da unção do Espírito Santo.
Trocaram um viver na piedade, pela busca de glória terrena e mundana, e o resultado é sempre este, tal como havia sucedido aos judeus no passado.   
O Senhor ordenou que fossem destruídos os palácios, os muros da cidade de Jerusalém e o seu próprio templo, e declarou que as visões falsas e insensatas dos profetas de Israel não manifestaram a iniqüidade dos judeus, para que eles fossem desviados do cativeiro, ao contrário, viram para eles profecias vãs e coisas que os levaram ao exílio (v. 14).
Não podemos, aprendendo do exemplo deles, tolerar os falsos profetas vestidos em peles de ovelhas em nossas igrejas, e dar-lhes ouvido, em suas pregações que não nos desviam de nossos pecados, e que por fim, nos tornam sujeitos aos juízos de Deus, tanto quanto podemos aprender do exemplo do que sucedera a Israel no passado.   
Por muitos anos, até mesmo séculos, o pecado de Jerusalém não havia sido manifestado e visitado de maneira tão assombrosa, a ponto de ter se tornado visível a todos os seus inimigos, e de igual modo, quando Laodicéia for vomitada da boca do Senhor, se tornará num objeto de espanto para todos aqueles que se admiravam da sua antiga glória e poder. Igrejas suntuosas, cheias de si mesmas, de orgulho espiritual, e vazas da presença do Senhor, que habita com os que são pobres de espírito, e contritos de coração. Muitos se espantarão à vista destas coisas, cujo fim se apressa por vir, e ficarão desolados com a grande vergonha que sentirão por aqueles que julgavam ser e ter o que não eram e não tinham, conforme Jesus expressa diretamente em Apo 3.16,17:

“16 Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.
17 Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;”   

Estes crentes infiéis de Laodicéia, têm sido chamados ao arrependimento, pelo Senhor, em face da Sua grande longanimidade e misericórdia, mas o Seu juízo começa pela Sua própria casa, de modo que não o suspenderá em face da falta de arrependimento deles.
Em vez de se gloriarem em si mesmos, e em suas falsas graças, deveriam seguir o conselho dado pelo profeta a Jerusalém, em seus dias de cativeiro:

“18 Clama ao Senhor, ó filha de Sião; corram as tuas lágrimas, como um ribeiro, de dia e de noite; não te dês repouso, nem descansem os teus olhos.
19 Levanta-te, clama de noite no princípio das vigias; derrama o teu coração como águas diante do Senhor!...”

Deus tem permitido, ao longo de toda a história da Igreja, que grandes perseguições venham sobre muitos crentes, em razão da fidelidade deles, para testemunho às nações, quanto mais não permitirá que aflições venham sobre aqueles que não andam em verdadeira piedade perante Ele?

Este livro de Lamentações, não foi escrito portanto, para que nós lamentemos apenas o que sobreveio aos judeus, mas para que cuidemos para não cair no mesmo erro deles.   

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