quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Josué - cap 16 a 18

JOSUÉ 16

“1 Saiu depois a sorte dos filhos de José, a qual, partindo do Jordão, na altura de Jericó, junto às águas de Jericó ao oriente, se estende pelo deserto que sobe de Jericó através da região montanhosa até Betel;
2 de Betel vai para Luz, e passa ao termo dos arquitas, até Atarote;
3 desce para o ocidente até o termo dos jafletitas, até o termo de Bete-Horom de baixo, e daí até Gezer, indo terminar no mar.
4 Assim receberam a sua herança os filhos de José, Manassés e Efraim.
5 Ora, fica o termo dos filhos de Efraim, segundo as suas famílias, como se segue: para o oriente o termo da sua herança é Atarote-Adar até Bete-Horom de cima;
6 sai este termo para o ocidente junto a Micmetá ao norte e vira para o oriente até Taanate-Siló, margeando-a a leste de Janoa;
7 desce de Janoa a Atarote e a Naarate, toca em Jericó e termina no Jordão:
8 De Tapua estende-se para o ocidente até o ribeiro de Caná, e vai terminar no mar. Esta é a herança da tribo dos filhos de Efraim, segundo as suas famílias,
9 juntamente com as cidades que se separaram para os filhos de Efraim no meio da herança dos filhos de Manassés, todas as cidades e suas aldeias.
10 E não expulsaram aos cananeus que habitavam em Gezer; mas os cananeus ficaram habitando no meio dos efraimitas até o dia de hoje, e tornaram-se servos, sujeitos ao trabalho forçado.” (Js 16.1-10).

Este capítulo e o seguinte se referem à repartição das terras que couberam às tribos de Efraim e Manassés, filhos de José.
Assim como coube a Judá, ser o cabeça das tribos ao Sul, a Efraim caberia ser o cabeça das tribos ao Norte, dando cumprimento à profecia proferida por Jacó pouco antes de morrer.
É destacado neste capítulo que os efraimitas não expulsaram os cananeus que habitavam em Gezer, e que os tornaram seus tributários (v. 10).
Nós vemos aqui o mandado de Deus não tendo sido cumprido, e certamente, isto lhes serviria de laço no futuro, comprometendo a total fidelidade dos israelitas ao Senhor, por não se contaminarem com as práticas idolátricas dos povos de Canaã, e daí ter Deus ordenado o completo extermínio deles.
Tal como sucede com a Igreja de Cristo, que não prevalece completamente sobre as portas do inferno, não porque isto não seja da vontade de Deus e nem por falta de poder para isto, mas pela falta de uma completa fidelidade da Igreja em fazer a Sua vontade.
Muitas das nossas dificuldades não são devidas de modo algum à falta de graça e bondade de Deus para conosco, mas em razão da nossa própria infidelidade em cumprir plenamente a Sua vontade. E isto está ilustrado fartamente na história de Israel.
Aquela era de fato uma Aliança muito diferente da Nova Aliança que temos na dispensação da graça com Cristo, mas podemos aprender em figura muitas realidades espirituais, a partir do modo como Deus se aliançou com Israel no antigo pacto, celebrado com eles pela mediação de Moisés.
Para propósitos preventivos de uma apostasia completa dos israelitas, lhes foi ordenado que não se contaminassem com as práticas idolátricas dos cananeus.
Isto seria completamente impossível, caso os israelitas se aliançassem com eles como nação. Daí Deus ter ordenado que a terra fosse desocupada completamente da presença dos cananeus para que não houvesse o risco de Israel abandonar os mandamentos do Senhor, para se entregar às práticas abomináveis das nações que ocupavam o território de Canaã.
Desta forma, a Antiga Aliança, antes que fosse inaugurada a Nova, pelo sangue de Jesus, tinha que ter este caráter de ministério da morte e da condenação, de modo a se garantir, pelo menos em certa medida, a sujeição dos israelitas à disciplina de Deus.
Eles haviam sido separados pelo Senhor das demais nações da terra para servirem de exemplo ao mundo que o Deus verdadeiro se provê de filhos entre os pecadores.
Que Ele se faz amigo daqueles que escolhe para Si, e que estes se tornam amigos de Deus, por guardarem os Seus mandamentos, agindo de modo diferente de Adão no Éden, que deixou de atender ao mandado de Deus para dar crédito à mentira e engano do diabo. 
Israel era um sinal visível para todo o mundo de que há uma descendência da mulher que é inimiga da descendência da serpente.
Os filhos de Deus estão em oposição aos filhos do diabo, e os filhos do diabo em oposição aos filhos de Deus. E isto será marcado de modo claro e definitivo, na eternidade.
Entretanto, há uma grande sutileza em se conciliar todo o desígnio de Deus na Sua relação com o Seu povo e deste com as demais pessoas que ainda não conhecem ou que não chegarão a conhecer a Deus.
Porque Deus é amor, e estabeleceu um plano desde a eternidade para escolher um povo exclusivamente Seu, dentre os pecadores.
E Ele fez isto estabelecendo primeiro a Antiga Aliança com toda uma nação (Israel), para que, deste ponto de partida, alcançasse com a bênção do evangelho, com a Nova Aliança, todas as nações da terra.
Sem que isto significasse que a bênção de Deus estivesse vedada a qualquer que viesse a se aproximar dEle, desde a criação do homem na terra. Mas, para propósitos previamente definidos, dois pactos foram determinados em Sua presciência, um de vigência temporária (Antiga Aliança) e outro de vigência eterna (Nova Aliança), de modo que, quando estendesse a Sua completa graça, perdão e longanimidade a todos os pecadores, para que aqueles que viessem a se arrepender de seus pecados pudessem ser salvos, sendo reconciliados com Ele, por meio da fé em Jesus, não corresse o risco de que isto fosse entendido como um favor incondicional para com os pecadores, como que se Ele, o Deus santo e justo não se importasse com o pecado.
Por isso marcou com destruição e com fogo o pecado nos exemplos deixados na Antiga Aliança, para que todos os homens, em todos os lugares, saibam, pelas Escrituras, que são o testemunho da verdade, que o único e verdadeiro Deus julgará os pecadores conforme as suas obras, e que portanto, estes bem farão em andar com santo temor e reverência em Sua presença, pois tem determinado um dia de Juízo, conforme demonstrou nos juízos localizados que estabeleceu na Antiga Aliança, e que determinou que fossem registrados na Bíblia para nossa advertência.  
Os juízos do Senhor continuam sendo trazidos sobre o mundo, mesmo na dispensação da graça, como forma de demonstração da Sua justiça, mas também da Sua misericórdia, de modo a servir de sinal que conduza a humanidade ao arrependimento e à fé. 
As catástrofes, os desastres, as guerras, e todas as circunstâncias, que trazem aflições aos homens, são na verdade, chamadas de Deus ao arrependimento. São demonstrações da Sua misericórdia para com os pecadores alertando-lhes que haverá um juízo de condenação eterna caso não se arrependam dos seus pecados.
Todavia, não há maior alerta do que a Palavra do próprio Jesus Cristo, em Seu ministério terreno, ordenando que os homens se arrependam e creiam no evangelho, e que aquele não crê já está condenado. Mas quantos levam esta palavra a sério? Quantos pensam nos horrores de uma condenação eterna, da qual somente a união com Cristo pode nos livrar?
Pela Antiga Aliança, Israel não era apenas chamado por Deus a se distinguir das demais nações, em seus hábitos, especialmente na sua forma de alimentação, que levaria os israelitas a não poderem manter relações sociais com as pessoas que não estivessem aliançadas com Deus, em razão das imposições relativas à forma de alimentação prescrita pela lei, que considerava, cerimonialmente, vários tipos de animais imundos, e cujo consumo era vedado aos israelitas sob a pena de cometerem grave pecado diante de Deus caso viessem a se alimentar deles.
Assim. A lei cerimonial, quanto às prescrições relativas aos alimentos tinha mais a ver com o propósito de separar os israelitas daqueles que não conheciam a Deus, do que com os alimentos propriamente ditos.
Porém, na Nova Aliança, a visão dada a Pedro em Jope (At 10.9-16), do grande lençol que descia do céu, com toda sorte de animais imundos, e com uma voz que ordenava a Pedro que os matasse e comesse, era revelado que na dispensação da graça, esta barreira havia sido derrubada por Deus, quando, por meio dela foi preparado a vencer a imposição cerimonial da lei e aceitar a se hospedar na casa de um oficial romano, Cornélio, para pregar o evangelho.
Desde a inauguração da Nova Aliança no sangue de Jesus, os que conhecem a Deus têm o encargo de não mais evitarem aqueles que não O conhecem, ao contrário, têm o dever de estar com eles para lhes anunciar o evangelho.
A prática da impureza espiritual dos gentios, para a qual a lei apontava em figura, esta sim, deve ser evitada, mas não eles propriamente. Não devem ser imitados em suas obras, mas devem ser salgados com o sal do evangelho e serem iluminados com a luz de Cristo, que está nos crentes.
A Antiga Aliança proibia a reunião com as próprias pessoas dos gentios, em face do perigo da contaminação espiritual, e desvio da presença de Deus, que havia naquele pacto, em razão da maioria dos israelitas não terem um verdadeiro conhecimento do Senhor, que vem pela conversão através de uma genuína fé nEle.
Assim, este sempre foi um perigo presente na vida de Israel naquele pacto, e foi de fato a razão de terem se desviado não raras vezes, culminando com a deportação deles para o cativeiro.
Mas na Nova Aliança, em que todos os aliançados conhecem verdadeiramente ao Senhor, do menor ao maior deles, já não há mais razão para tal cuidado preventivo.
Ao contrário, a fé cresce quando é compartilhada com aqueles que não conhecem ainda o Senhor, pelo testemunho das Suas virtudes em nós, que se dá aos descrentes.
Assim, desde que Cristo inaugurou uma Nova Aliança, que revogou a Antiga, os que conhecem a Deus têm o encargo de não mais evitarem aqueles que não O conhecem, caso estes resistam a se submeterem aos mandamentos de Deus, ao contrário, têm o dever de estar com eles para lhes anunciar o evangelho.
Na Antiga Aliança os israelitas tinham não apenas o dever de não se associarem aos gentios, como também receberam o encargo de exterminar muitos deles nos dias de Moisés e Josué, e depois nos dias dos juízes e reis de Israel, como foi o caso dos amalequitas e outros. A Lei determinava que se amasse o estrangeiro (gentio) que consentisse em habitar com os israelitas se submetendo ao modo de vida determinado para eles, quer quanto à circuncisão, quer quanto tudo o mais que fosse determinado pela Lei.
Em síntese, um gentio deveria viver como um judeu para ser aceito e considerado como parte do povo de Deus. Mas na Nova Aliança, nenhum gentio é mais obrigado a viver como um judeu, porque Jesus destruiu a barreira de separação que havia na Antiga Aliança.
“Portanto, lembrai-vos que outrora vós, gentios na carne, chamados incircuncisão. Por aqueles  que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade; e, vindo, ele evangelizou paz a vós que estáveis longe, e paz aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.” (Ef 2.11-18).
Se Cristo derrubou a barreira de separação é porque esta barreira existia não imposta pela vontade do homem, mas pela vontade do próprio Deus, ao ter separado Israel das demais nações, até que Cristo viesse e inaugurasse a Nova Aliança, pela qual a barreira imposta pela Antiga foi derrubada, de modo que todos, em todos os lugares, pudessem ter acesso a Deus em um mesmo Espírito.
Deus não seria mais o Deus de uma só nação, segundo a descendência natural e carnal de um homem, a saber Jacó, cujo nome foi mudado para Israel, mas o Deus de uma nação formada por pessoas que se convertessem a Ele pela pregação do evangelho em todas as nações da terra.    
A Antiga Aliança era também um ministério de morte e de condenação, e revelou especialmente nisto, o seu caráter, mas a Nova Aliança não é mais um ministério de morte e condenação, mas de reconciliação, do Espírito, de justiça (II Cor 3.7-9), e os que conhecem a Deus têm o encargo de suportar os danos e ofensas, com a mesma plena longanimidade e misericórdia da qual foram também alvo da Sua parte.
“suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também.” (Col 3.13)
A palavra “comum” usada em At 10.14, 28, 11.8, 9, no episódio da visão que Pedro teve do grande lençol que descia à terra, tem o sentido de cerimonialmente impróprio para ser usado na presença de Deus, e a palavra “imundo”, akátartos, usada nos mesmos textos citados de Atos refere-se à impureza espiritual como se depreende de seu uso abundante nos evangelhos em relação aos espíritos imundos (Mt 10.1; 12.43; Mc 1.23, 26, 29 etc), e nos textos de I Cor 7.14; II Cor 6.17 e Ef 5.5 nos quais lemos:
“Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.” (I Cor 7.14)
“Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei;” (II Cor 6.17). Este texto se refere à prática de idolatria pelos crentes em imitação das obras más dos incrédulos. A separação em foco então diz respeito não às pessoas dos incrédulos, mas às suas más obras, que como já nos referimos, estas sim devem ser evitadas pelos crentes.
“Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.” (Ef 5.5).
O texto de I Cor 5.9-11 é bastante claro quanto a não estar com a impureza dos incrédulos, e não propriamente com os incrédulos:
“9 Já por carta vos escrevi que não vos comunicásseis com os que se prostituem; 10 com isso não me referia à comunicação em geral com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.11 Mas agora vos escrevo que não vos comuniqueis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem sequer comais.”.
É interessante observar o sentido em que a palavra “comum”, koinós, é também usada em Mc 7.2, Rm 14.14 e Hb 10.29, em que vemos o seu significado de estar impuro cerimonialmente diante de Deus:
“e repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras (koinós), isto é, por lavar.” (Mc 7.2). A condenação dos fariseus em relação aos discípulos de Jesus não era de caráter higiênico, mas religioso.
“Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nada é de si mesmo imundo (koinós) a não ser para aquele que assim o considera; para esse é imundo (koinós).” (Rm 14.14). A referência aqui diz respeito também à impureza cerimonial diante de Deus, em razão de se consumir determinados alimentos ou em razão de qualquer outra classificação de impuro atribuída a qualquer ser natural criado por Deus, que era imposto, principalmente na Antiga Aliança, mas em Cristo, na Nova Aliança, todas as prescrições cerimoniais da Antiga Aliança foram revogadas, e muito mais, qualquer nova definição de coisas limpas e imundas diante de Deus, para serem usadas ou consumidas, não tem qualquer consistência, porque nada há criado por Deus que deva ser considerado imundo desde que foi inaugurada a Nova Aliança, no sangue de Jesus.
E finalmente, no texto de Hb 10.29 nós lemos o seguinte:
“de quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano (koinós) o sangue do pacto, com que foi santificado, e ultrajar ao Espírito da graça?” (Hb 10.29) 
O sangue de Jesus e a Sua pessoa e obra, não podem ser considerados de modo nenhum como impróprios para agradar a Deus, pois é exatamente por eles que temos a remissão dos nossos pecados.
Devemos pois ter o devido cuidado ao estudarmos a Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, nas partes relativas ao Antigo Pacto, porque ali encontramos muitas figuras de realidades que se cumpriram em Cristo, e muitos preceitos que foram revogados e alterados por Cristo com a instituição da Nova Aliança, que revogou a Antiga, de modo que não pratiquemos na dispensação da graça aquelas coisas e atitudes que eram determinadas e aceitas por Deus no Antigo Pacto, mas que de modo algum podem ser aceitas nesta nova dispensação, em que novas diretrizes foram dadas para substituírem muitas das diretrizes antigas, como por exemplo a lei do olho por olho, dente por dente; o ofício sacerdotal com a apresentação de animais em sacrifício; as guerras santas ordenadas por Deus para extermínio de povos idólatras etc.
A Nova Aliança não é ministério de morte, mas de vida. Isto é, os ministros de Deus estão encarregados de levar a vida de Cristo aos homens, e não a condenação e a morte.
Isto fica agora exclusivamente nas mãos de Deus, e a Igreja de Cristo não é mais a espada de Deus, como Israel foi no mundo antigo para exercer juízos de Deus sobre o mundo de ímpios.
Deus é o Juiz exclusivo do que se refere a tirar ou não a vida de qualquer pessoa, de modo que não deseja nenhuma cooperação da Igreja neste sentido, ao contrário, foi vedado à Igreja na presente dispensação toda e qualquer forma de juízo, e daí Cristo ter determinado que o crente a ninguém deve julgar neste sentido, porque o juízo sobre vida ou morte está agora exclusivamente nas mãos de Deus.
À Igreja cabe pregar o evangelho, e aqueles nos quais Cristo será cheiro de morte para a morte e não aroma de vida para a vida, é assunto que se encontra fora da alçada da Igreja, e que está totalmente nas mãos do Grande e único Juiz.
O dever do qual a Igreja está incumbida é o de levar a mensagem de salvação e se empenhar muito para a salvação de alguns, porque Jesus, na dispensação da graça, se empenha não em condenar os pecadores, mas salvá-los.


JOSUÉ 17

“1 Também coube sorte à tribo de Manassés, porquanto era o primogênito de José. Quanto a Maquir, o primogênito de Manassés, pai de Gileade, porquanto era homem de guerra, obtivera Gileade e Basã.
2 Também os outros filhos de Manassés tiveram a sua parte, segundo as suas famílias, a saber: os filhos de Abiezer, os filhos de Heleque, os filhos de Asriel, os filhos de Siquém, os filhos de Hefer, e os filhos de Semida. Esses são os filhos de Manassés, filho de José, segundo as suas famílias.
3 Zelofeade, porém, filho de Hefer, filho de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, não teve filhos, mas só filhas; e estes são os nomes de suas filhas: Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza.
4 Estas, pois, se apresentaram diante de Eleazar, o sacerdote, e diante de Josué, filho de Num, e diante dos príncipes, dizendo: O Senhor ordenou a Moisés que se nos desse herança no meio de nossos irmãos. Pelo que se lhes deu herança no meio dos irmãos de seu pai, conforme a ordem do Senhor.
5 E couberam a Manassés dez quinhões, afora a terra de Gileade e Basã, que está além do Jordão;
6 porque as filhas de Manassés possuíram herança entre os filhos dele; e a terra de Gileade coube aos outros filhos de Manassés.
7 Ora, o termo de Manassés vai desde Aser até Micmetá, que está defronte de Siquém; e estende-se pela direita até os moradores de En-Tapua.
8 A terra de Tapua ficou pertencendo a Manassés; porém Tapua, junto ao termo de Manassés, pertencia aos filhos de Efraim .
9 Então desce este termo ao ribeiro de Caná; a Efraim couberam as cidades ao sul do ribeiro no meio das cidades de Manassés; o termo de Manassés está ao norte do ribeiro, e vai até o mar.
10 Ao sul a terra é de Efraim, e ao norte de Manassés, sendo o mar o seu termo. Estendem-se ao norte até Aser, e ao oriente até Issacar
11 Porque em Issacar e em Aser couberam a Manassés Bete-Seã e suas vilas, Ibleão e suas vilas, os habitantes de Dor e suas vilas, os habitantes de En-Dor e suas vilas, os habitantes de Taanaque e suas vilas, e os habitantes de Megido e suas vilas, com os seus três outeiros.
12 Contudo os filhos de Manassés não puderam expulsar os habitantes daquelas cidades, porquanto os cananeus persistiram em habitar naquela terra.
13 Mas quando os filhos de Israel se tornaram fortes, sujeitaram os cananeus a trabalhos forçados, porém não os expulsaram de todo.
14 Então os filhos de José falaram a Josué, dizendo: Por que me deste por herança apenas uma sorte e um quinhão, sendo eu um povo numeroso, porquanto o Senhor até aqui me tem abençoado?
15 Respondeu-lhes Josué: Se és povo numeroso, sobe ao bosque, e corta para ti lugar ali na terra dos perizeus e dos refains, desde que a região montanhosa de Efraim te é estreita demais.
16 Tornaram os filhos de José: A região montanhosa não nos bastaria; além disso todos os cananeus que habitam na terra do vale têm carros de ferro, tanto os de Bete-Seã e das suas vilas, como os que estão no vale de Jizreel.
17 Então Josué falou a casa de José, isto é, a Efraim e a Manassés, dizendo: Povo numeroso és tu, e tens grande força; não terás uma sorte apenas;
18 porém a região montanhosa será tua; ainda que é bosque, cortá-lo-ás, e as suas extremidades serão tuas; porque expulsarás os cananeus, não obstante terem eles carros de ferro e serem fortes:” (Js 17.1-18).

As muralhas de Jericó caíram pelo poder de Deus. Nações poderosas em Canaã foram subjugadas, mas a corrompida e má natureza terrena sempre se levanta e se manifesta em incredulidade, impedindo as ações de Deus na plenitude em que elas poderiam e deveriam ser manifestadas em nós, por seguirmos o pendor do Espírito, em vez do pendor da carne.
E também Manassés não expulsou de todo os cananeus, e tiveram que se fortalecer com a força natural do homem, em razão da sua incredulidade, para subjugarem os povos que não puderam expulsar, senão torná-los seus tributários.
A sua incredulidade está revelada em suas palavras a Josué alegando que não poderiam expulsar os cananeus porque tinham carros de ferro (v. 16), mas a resposta de fé que receberam da parte de Josué foi a de que apesar dos cananeus serem fortes e terem carros de ferro, Manassés poderia expulsá-los quando ocupassem o território que lhes coube mediante sorte (v. 17). 
É interessante observar que esta afirmação dos manassitas foi resultante da proposta que Josué lhes fez de alargarem as suas fronteiras, dando prosseguimento às conquistas destas regiões fortificadas.
Josué lhes propôs isto exatamente em razão de terem reclamado que sendo uma tribo numerosa receberam um quinhão pequeno como herança.
A incredulidade sempre deseja aquilo que somente a fé poderá obter. E a incredulidade será sempre um obstáculo para a tomada da posse pela fé, daquilo que nos foi prometido por Deus.  
Convém lembrar que metade da tribo de Manassés já havia recebido herança do outro lado do Jordão, nos dias de Moisés, e era a outra metade daquela tribo que estava reclamando agora de estar recebendo um território pequeno em Canaã.
Somando este território ao do outro lado do Jordão, a herança de Manassés não era de modo algum pequena, e assim, a reclamação da parte daquela tribo era injusta.
Eles demonstraram que não tinham fé e confiança em Deus, de modo que fossem honrados por Ele com o recebimento de uma porção maior.
Há um princípio espiritual no reino de Deus de se colocar no muito a quem é fiel no pouco.
Eles queriam receber muito sem serem fiéis no pouco que deveriam fazer.
Faltava-lhes a fé e a determinação de um Calebe, que escolheu exatamente a cidade mais difícil de ser conquistada, na qual havia gigantes.
Eles queriam um inimigo fraco para combater e expulsar.
Tal é o desejo de muitos crentes que nem sequer existisse o diabo, de modo que não ficassem sujeitos a tantas tentações e perseguições.
Mas o grande fato é que é justamente pelas oposições de nossos inimigos que a nossa fé, paciência, amor, perseverança e demais virtudes são provadas e amadurecidas.
Não há fortalecimento de fé se esta não triunfa nas batalhas.
Há uma casta que não se expulsa senão pelo jejum e oração.
Uma fé aperfeiçoada e forte no Senhor a expulsará. Mas de modo nenhuma uma fé fraca o fará. Isto nos chama por conseguinte à necessidade de consagração total a Deus para que possamos triunfar sobre aqueles inimigos espirituais que tentam nos manter na escravidão ao pecado, da qual fomos libertados por Cristo.
O Senhor expediu a ordem de soltura, mas cabe a nós sair com os nossos pés da prisão, confiando que de fato Ele subjugou os nossos inimigos espirituais e conquistou a liberdade da qual podemos desfrutar em plenitude, pela fé nEle.
Problemas, grandes dificuldades, são portanto desafios propostos por Deus à nossa fé. A fé nos dará um coração renovado e um espírito inabalável. Uma mente não conturbada pelas ameaças do inimigo. Os gigantes que Calebe enfrentou tinham faces de leões, mas a grande força deles não foi capaz de impedir que ficassem com mentes fracas e perturbadas diante da grande fé demonstrada por Calebe.
Assim, não é a força física do homem que o sustenta no dia da dificuldade, mas a firmeza do seu espírito e o estado seguro da sua mente, que são recebidos como uma graça da parte de Deus, para aqueles que têm fé nEle, e assim fazem proezas, ainda que fracos, onde os gigantes batem em retirada atemorizados.
Jesus diz repetidas vezes ao Seu povo para que não tema. O crente não necessita ser vencido pelos seus temores porque Ele pode todas as coisas nAquele que o fortalece. Não é a suficiência do crente que conta, mas a suficiência que ele recebe de Deus.        
Do verso 7 ao 13 é descrita a herança que coube à meia tribo de Manassés em Canaã. No início do capítulo é descrita a herança que coube à outra meia tribo do outro lado do Jordão.


JOSUÉ 18

“1 Ora, toda a congregação dos filhos de Israel, havendo conquistado a terra, se reuniu em Siló, e ali armou a tenda da revelação.
2 E dentre os filhos de Israel restavam sete tribos que ainda não tinham repartido a sua herança.
3 Disse, pois, Josué aos filhos de Israel: Até quando sereis remissos em entrardes para possuir a terra que o Senhor Deus de vossos pais vos deu?
4 Designai vós a três homens de cada tribo, e eu os enviarei; e eles sairão a percorrer a terra, e a demarcarão segundo as suas heranças, e voltarão a ter comigo.
5 Reparti-la-ão em sete partes; Judá ficará no seu termo da banda do sul; e a casa de José ficará no seu termo da banda do norte.
6 Sim, vós demarcareis a terra em sete partes, e me trareis a mim a sua descrição; eu vos lançarei as sortes aqui perante o Senhor nosso Deus.
7 Porquanto os levitas não têm parte no meio de vós, porque o sacerdócio do Senhor é a sua herança; e Gade, Rúben e a meia tribo de Manassés já receberam a sua herança além do Jordão para o oriente, a qual lhes deu Moisés, servo do Senhor.
8 Então aqueles homens se aprontaram para saírem; e Josué deu ordem a esses que iam demarcar a terra, dizendo: Ide, percorrei a terra, e demarcai-a; então vinde ter comigo; e aqui em Siló vos lançarei as sortes perante o Senhor.
9 Foram, pois, aqueles homens e, passando pela terra, a demarcaram em sete partes segundo as suas cidades, descrevendo-a num livro; e voltaram a Josué, ao arraial em Siló.
10 Então Josué lhes lançou as sortes em Siló, perante o Senhor; e ali repartiu Josué a terra entre os filhos de Israel, conforme as suas divisões.
11 E surgiu a sorte da tribo dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias, e coube-lhe o território da sua sorte entre os filhos de Judá e os filhos de José.
12 O seu termo ao norte, partindo do Jordão, vai até a saliência ao norte de Jericó e, subindo pela região montanhosa para o ocidente, chega até o deserto de Bete-Áven;
13 dali passa até Luz, ao lado de Luz (que é Betel) para o sul; e desce a Atarote-Adar, junto ao monte que está ao sul de Bete-Horom de baixo;
14 e vai este termo virando, pelo lado ocidental, para o sul desde o monte que está defronte de Bete-Horom; e chega a Quiriate-Baal (que é Quiriate-Jearim), cidade dos filhos de Judá. Esta é a sua fronteira ocidental.
15 A sua fronteira meridional começa desde a extremidade de Quiriate-Jearim, e dali se estende até Efrom, até a fonte das águas de Neftoa;
16 desce à extremidade do monte que está fronteiro ao vale de Ben-Hinom, que está no vale dos refains, para o norte; também desce ao vale de Hinom da banda dos jebuseus para o sul; e desce ainda até En-Rogel;
17 passando para o norte, chega a En-Semes, e dali sai a Gelilote, que está defronte da subida de Adumim; desce à pedra de Boã, filho de Rúben;
18 segue para o norte, margeando a Arabá, e desce ainda até a Arabá;
19 segue dali para o norte, ladeando Bete-Hogla; e os seus extremos chegam à baía setentrional do Mar Salgado, na extremidade meridional do Jordão. Esse é o termo do sul.
20 E o Jordão é o seu termo oriental. Essa é a herança dos filhos de Benjamim, pelos seus termos ao redor, segundo as suas famílias.
21 Ora, as cidades da tribo dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias, são: Jericó, Bete-Hogla, Emeque-Queziz,
22 Bete-Arabá, Zemaraim, Betel,
23 Avim, Pará, Ofra,
24 Quefar-Ha-Amonai. Ofni e Gaba; doze cidades e as suas aldeias.
25 Gibeão, Ramá, Beerote,
26 Mizpe, Cefira, Moza,
27 Requem, Irpeel, Tarala,
28 Zela, Elefe e Jebus (esta é Jerusalém), Gibeá e Quiriate; catorze cidades e as suas aldeias. Essa é a herança dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias.” (Js 18.1-28).

Este capítulo é introduzido com a informação de que o tabernáculo havia sido instalado em Siló, uma das cidades da tribo de Efraim.
Deste modo, eles haviam levantado acampamento de Gilgal, onde se encontravam desde que atravessaram o Jordão para conquistarem Canaã.
A escolha deste lugar foi certamente determinada por Deus, conforme se infere de Dt 12.11, e o motivo da escolha, provavelmente se deveu ao fato de Siló estar situada no coração do país, próximo de Jerusalém, onde viria a ser instalado o tabernáculo, depois de Siló, e onde seria construído posteriormente o templo, para substituir o tabernáculo. 
Josué repreendeu os israelitas em face da indolência deles em darem prosseguimento à conquista e posse da terra.
Ainda faltava repartir herança por sete tribos, mas a indolência deles não somente estava dificultando a tarefa, como dando ocasião a que os cananeus se reorganizassem e se fortificassem.
 Josué e a providência de Deus não aguardaram pela iniciativa deles, e então Josué determinou que fossem designados três homens de cada tribo para percorrem Canaã e mapearem os territórios que deveriam ser ocupados, para que fossem distribuídos por sortes às sete tribos restantes, que em face da respectiva herança previamente designada, deveriam se dirigir para lá e ocuparem a terra efetivamente.    

Com a conclusão do trabalho de mapeamento, a sorte foi lançada em Siló por Josué, e a parte que coube a Benjamim é descrita nos versos 11 a 28 deste capítulo.  

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