quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PROVÉRBIOS 15



Provérbios 15




Silvio Dutra




Mar/2016






 
  A474
            Alves, Silvio Dutra
                  Provérbios 15./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
                  2016.
                  61p.; 14,8x21cm

                 1. Teologia. 2. Salomão. 3. Estudo Bíblico.
             I. Título.
                                                        
                                                                             CDD 230.223




Introdução

Nunca é demais lembrar, que as citações proverbiais que temos interpretado, e que são sacadas das Escrituras, não consistem em ditos populares, ainda que sapienciais, nos quais o foco é a inteligência e conhecimento do próprio homem, sem o concurso da graça divina.
Tal não é o caso do livro de Provérbios, que sendo produzido por inspiração de Deus, registra pensamentos, atitudes e comportamentos que só podem ser adquiridos através da ação transformadora da graça de Deus em nossos corações.
Assim, ao usar o termo “tolo” ou “insensato”,  o sujeito ao qual se aplica esta adjetivação é sempre aquele que se desvia de fazer a vontade de Deus; e, o uso da palavra sábio indica não propriamente aquele que adquiriu e faz bom uso de conhecimentos de coisas seculares, senão aquele que conhece a vontade revelada de Deus nas Escrituras e a pratica.
Todavia, para um comportamento honesto, não basta o conhecimento dos mandamentos morais da Escritura, pois além de poderem ser esquecidos, podem não produzir o efeito de temor suficiente no coração que não leve a transgredir o mandamento. Por isso, somos chamados à conversão do nosso coração; a recebermos um coração de carne, no lugar do coração de pedra.
Deus sabe muito bem que, enquanto o homem não se converter por um real conhecimento pessoal e íntimo da pessoa de Jesus Cristo, não haverá em seu coração o verdadeiro temor e horror pelo pecado, como o amor à justiça e à santidade.
Uma vez convertido o coração, este necessita de renovações continuas por um caminhar diário no Espírito Santo, senão, de modo contrário, as paixões carnais que guerreiam contra a alma voltarão a prevalecer.
Vemos, por conseguinte que o caminho apontado nos provérbios não é um caminho que pode ser trilhado, quando estas verdades não são levadas em consideração.
A índole pecaminosa da natureza humana está naturalmente voltada para a desonestidade e trapaça, e seus efeitos são vistos tanto em empresas privadas, quanto em agências governamentais, e até mesmo em escolas, lares e instituições religiosas.
As instituições não são mais racionais do que as pessoas que as compõem, quando o assunto em pauta se refere à oportunidade de se obter vantagens, ainda que por meio ilícitos, e isto é equilibrado apenas pela possibilidade real das penas que podem ser sofridas, caso a trapaça venha a conhecimento público.
Conselheiros financeiros aconselham a jovens, até mesmo em universidades, que o caminho mais rápido para o enriquecimento é o uso da prática desonesta, trapaceira e enganosa.
O mundo é um palco em que se multiplicam os exemplos daqueles que pretendendo enriquecer, caminham pelas estradas da prática ilícita.
Até mesmo no meio médico, tratamentos e cirurgias desnecessários são feitos com o simples fim de se auferir vantagem financeira.
A Bíblia vê, portanto tudo isso como um fato consumado, como uma realidade ligada à natureza humana, e não há qualquer rubor ou surpresa no escritor bíblico ao narrar esta condição caída da raça humana no pecado.
Nem tenta, como alguns fazem no mundo, estabelecer simpósios, estudos, penas e recompensas para, pelo menos, minimizar a prática da desonestidade nos negócios, em todas as áreas que possam ser consideradas, pois sabe que este é um mal para o qual não há cura por meio de expedientes humanos, nem mesmo pelo simples conhecimento da letra da Palavra de Deus, mas por uma real conversão do coração, transformando-se o homem de pecador inimigo e rebelde contra a vontade de Deus, em santo, que ame e pratique sua vontade, não por obrigação, mas por uma nova disposição e hábitos implantados em sua nova natureza.













Provérbios 15

1 A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.
Por vezes sem conta ouvi da boca de minha esposa este provérbio, em conjunto com aquele que diz que “no muito falar não falta transgressão”.
A razão para isto é óbvia, e não necessita ser citada. Só posso dizer que há muito tempo não ouço mais tais citações, que me vinham em forma de advertência nas horas em que, mesmo em alegada defesa da justiça e da verdade, procedia de forma exaltada além da que era  necessária.
Onde houver a palavra dura, dificilmente haverá paz na casa, pois de fato ela dá ocasião à manifestação da ira, especialmente naqueles que são sujeitados ao discurso áspero.
O conteúdo pode até ser justo e verdadeiro, mas se o tom é incorreto, não será de muito proveito agir de tal forma.
A lei da física que a toda ação corresponde uma reação de mesma intensidade; em sentido contrário é aplicável também ao mundo espiritual, pois paciência chama por paciência, paz chama por paz, brandura chama por brandura, e ira chama por ira.
Assim como a temperatura de um corpo é trocada com outro de temperatura diferente, buscando-se o equilíbrio térmico; de igual forma, o que estiver mais aquecido há de esquentar o que estiver menos quente.
Uma palavra pode ser até enérgica, mas se é proferida quando há brandura no coração, ela tende a ser bem recepcionada pelos ouvintes, sem produzir qualquer tipo de reação iracunda.
Importa, portanto aprender de Deus, a mansidão, a gentiliza, a moderação, o domínio-próprio, a longanimidade, de modo que nossas palavras duras sejam transformadas em palavras brandas, que brotam de um coração pacificado pelo Espírito Santo.
Que usemos sempre a força do argumento divino, e não o argumento da força de nossa natureza carnal.




2 A língua dos sábios destila o conhecimento; porém a boca dos tolos derrama a estultícia.
“Do que está cheio o coração a boca fala” - palavras de Jesus Cristo.
Se de sabedoria divina, falará do conhecimento das coisas espirituais e celestiais. Se de estultícia, falará daquilo que é próprio aos tolos.
Se a árvore for feita boa, o fruto será bom. Mas se permanece sendo um espinheiro, nada pode ser esperado além de espinhos.
O homem é uma árvore que foi feita má pelo pecado, cujo fruto não pode ser, portanto bom. Mas, pela regeneração, por ser enxertado na Videira verdadeira que é Jesus Cristo poderá produzir o fruto de justiça, segundo a natureza da Videira na qual foi enxertado.





3 Os olhos do Senhor estão em todo lugar, vigiando os maus e os bons.
É um grande engano pensar que Deus não se importa com os maus pensamentos e ações dos ímpios. Este provérbio, ao lado de outras passagens bíblicas comprova a falsidade desta forma de pensar.
De outra forma, como julgará o mundo, cada palavra ociosa, se não as mantivesse em registro?
Ele tudo vê e conhece por Sua onisciência, até mesmo o pensamento do homem antes que se expresse por palavras em sua boca.
Certo homem vinha caminhando ao lado de seu filho ainda menino, quando observou que para o lado de dentro de uma propriedade e próximo de seu muro havia um mamoeiro com alguns mamões amadurecidos. Olhando ao redor e percebendo que não havia ninguém na propriedade, colocou seu filho sobre o muro e pediu-lhe que agisse apressadamente, enquanto ninguém estava vendo o furto. Ao estender sua mão para pegar um dos mamões o menino gritou: “Ah pai!!!” Este indagou-lhe: “o que foi garoto? Ao que respondeu prontamente: “Deus está vendo!” Recolhendo sua mão vazia, ambos seguiram seu caminho refletindo sobre a verdade do fato havido.
Esta estória me foi contada por um presbítero idoso, como um fato real que havia chegado ao seu conhecimento, quanto ao que havia sucedido com um dos membros de sua Igreja.
Deveríamos levar em conta, em tudo o que fazemos, que nada está fora do alcance da observação de Deus, o que deveria ser um forte motivo para refrearmos nossas ações, quando debaixo de alguma tentação específica.
Se Deus vê e pesa os nossos atos pecaminosos para efeito de juízo, muito mais ele vigia os nossos atos de justiça, para nos abençoar e galardoar. Nunca devemos então, ficar desestimulados em praticar o bem, porque ainda que não sejamos recompensados e vistos pelos homens, é certo que somos vistos e recompensados por Deus.
  





4 Uma língua saudável é árvore de vida; mas a língua perversa derruba o espírito.
Uma boa língua é cura – por curar as consciências feridas ao confortá-las; por curar o pecado de almas enfermas; por trazer paz, a partes em conflito.
A conversação de um santo é sempre edificante, e traz a paz de Deus à alma dos ouvintes; porque as palavras que profere são espírito e vida, conforme as tem aprendido em Jesus.
Já a língua que perverte os caminhos e preceitos de Deus, mesmo quando fala de coisas suaves e agradáveis, o resultado é sempre o de abater o espirito daqueles a quem se dirige, pois os afasta de Deus e da sua verdade.
O espírito não pode estar de fato, de pé na presença de Deus, a não ser que seja alimentado pelas palavras de vida, e de verdade reveladas na Bíblia.
O Espírito do homem foi criado para se alimentar de toda palavra que procede da boca de Deus, e é somente isto o que o alimenta.
Recreações, conquistas materiais e sentimentais podem animar a alma temporariamente, mas jamais podem levantar um espírito que esteja caído, necessitando ser renovado pelo poder do Espírito Santo, e purificado do pecado.














5 O insensato despreza a correção de seu pai; mas o que atende à admoestação alcança a prudência.
Temos uma memória fraca para reter as verdades espirituais, por isso o método de Deus em Sua Palavra é repetir o que é essencial para ser atendido e praticado por nós, como, por exemplo o que se nos diz neste provérbio quanto à importância de atender à correção e à admoestação, de modo que venhamos a alcançar corações prudentes.
Muitos pais crentes abdicam do dever de ensinarem a Palavra de Deus a seus filhos, e a cobrarem um comportamento compatível com aquilo que lhes é ensinado, e com isto estão causando um grande mal para si mesmos, sobretudo para seus filhos quando vê-los desviados dos caminhos do Senhor ao chegarem à idade adulta.
Assim, como os pastores negligentes terão que responder em juízo perante o Senhor, pelo mal que causaram às suas ovelhas, por não conduzi-las pelo caminho da disciplina da aliança que todo crente tem com Jesus; de igual modo, os pais negligentes também responderão pela desleixo na educação cristã de seus filhos.
Todavia, tanto num caso como noutro, isto não deve ser feito pelo simples temor do juízo futuro, mas por amor ao Senhor, aos filhos e às ovelhas do seu rebanho, pois não somente é digno disto, como não há mais  honrada missão do que esta da qual nos incumbiu, de sermos formadores de pessoas que também o amem tanto, quanto nós.













6 Na casa do justo há um grande tesouro; mas nos lucros do ímpio há perturbação.
Há uma aflição proferida pela boca de Deus, no livro do profeta Habacuque pela qual diz: “Ai daquele que ajunta em sua casa para si, bens mal adquiridos.’
O “Ai” é declarado, em razão do terrível juízo que terão que enfrentar todos os que agem de tal maneira.
“Miserável homem que sou” – todos deveriam dizer, porque há em todo homem esta tendência pecaminosa, para não proceder de maneira honesta em todo o tempo e em todas as circunstâncias.
E ainda: “Quem me livrará do corpo desta morte?”
Há somente uma resposta para esta pergunta: Jesus Cristo, que se ofereceu como propiciação para cobertura de todos os nossos pecados, para que tendo nos convertido a ele, em vez de sermos servos do pecado, possamos ser servos da justiça.
Fora de Cristo e da comunhão com ele, somos cegos para a verdade de que Deus abomina o ganho desonesto, e interpõe um juízo correspondente a isto.
Fora de Cristo não temos o poder de sermos inteiramente honestos, em todas as coisas e em todo o tempo, de modo que ainda que venhamos eventualmente a falhar nisto, podemos obter seu perdão pela confissão, pelo arrependimento, pela restituição e reparação que forem devidas.
O grande tesouro que há, portanto na casa do justo é a bênção e aprovação do próprio Cristo.
Mas, nos lucros dos ímpios há grande perturbação e inquietação, pois sempre teme ser apanhado pela justiça dos homens, ainda que não tema a de Deus, que certamente há de vir sobre ele naquele dia de acerto de contas.
Quem procede impiamente, também abre as portas de sua casa e sua vida para a operação de demônios que protestam posse e autoridade sobre suas vidas, por praticarem as mesmas obras que eles.





7 Os lábios dos sábios difundem conhecimento; mas não o faz o coração dos tolos.
Como a boca fala aquilo do que o coração está cheio, como poderia a boca dos tolos falar coisas relativas ao conhecimento de Deus e Sua vontade, uma vez que ambos não habitam no seu coração?
Mesmo quando os tolos leem a Bíblia, os seus preceitos não penetram seus corações, e não chegam a entender o significado das verdades espirituais que leem.
Alguém disse certa ocasião, que podemos colocar um cavalo numa biblioteca e falar do conhecimento em seus ouvidos, e nem por isso ele se tornará sábio, porque sua natureza equina não permite que alcance tal tipo de conhecimento. De igual forma nós, quando permanecemos apenas dotados de nossa natureza terrena pecaminosa, não podemos compreender através dela, as coisas profundas relativas a Deus. 
Por isso Jesus disse a Nicodemos, que caso ele não nascesse de novo da água e do Espírito Santo, não poderia de modo algum compreender as coisas do reino de Deus, ainda que fosse, como era de fato, um diligente estudioso das Escrituras, pela sua condição de líder religioso que era em Israel.
Temos que receber do alto, a fonte de água viva pelo Espírito Santo, para que dela possam fluir as palavras de sabedoria divina às quais o provérbio se refere.













8 O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor; mas a oração dos retos lhe é agradável.
Há uma ideia errônea em voga, de que Deus aceita qualquer oração, oferta, ou sacrifício de nossa parte, desde que seja feito com sinceridade. A noção é errônea, porque não é isto que o próprio Deus ensina nas Escrituras.
Havia um desejo sincero em Caim, em apresentar sua oferta a Deus, a ponto de desejar até mesmo ser elogiado por seu ato, só que a oferta que ele apresentou não era a que Deus exigia, e certamente suas mãos estavam sujas pelo pecado da inveja, que o levaria pouco tempo depois a assassinar seu irmão Abel.
Quantos se aproximam do ofertório a Deus com o coração cheio de queixas e falta de perdão, pelo seu próximo?
Jesus declarou, que Deus não atenta para este tipo de oferta, sem que antes o ofertante entre em reconciliação com aquele que se encontra em contenda.
Os exemplos de ofertas apresentadas pelos motivos errados, estando erradas em sua própria natureza se multiplicam na Bíblia e em toda a história da Igreja, pois não se leva em conta que são uma abominação para o Senhor, que exige retidão de coração para que sejam aceitos, tanto nós quanto a nossa oferta.













9 O caminho do ímpio é abominável ao Senhor; mas ele ama ao que segue a justiça.
Quantos se importam no mundo de hoje, em andarem no caminho da justiça divina?
Nem sequer conhecem o caminho, como também não têm o mínimo interesse em conhecê-lo. Justiça, para muitos consiste apenas em não praticar aquelas coisas que podem conduzi-los a terem que responder perante um juiz terreno. Especialmente os velhos, que devem ser honrados por suas cãs, conforme determinado pela Palavra, são os mais abusados, por sua inerente fraqueza física. Muitos se regozijam em fazer isto e desprezá-los,  achando justo, porque os consideram como um estorvo e um peso em suas vidas.
Crianças e adolescentes são incentivadas por muitos “educadores” modernos. até mesmo por decreto baixado por determinadas autoridades civis, a não darem estrita obediência a seus pais, porque lhes despersonaliza e impede que venham a tomar atitudes por si mesmas no futuro.
Outros são desonestos nos negócios, e não consideram isso injusto, senão demonstração de inteligência e esperteza que lhes fornecem condições vantajosas nas transações que realizam.
Os outros que aprendam também a ser espertos e inteligentes como eles, é o seu argumento para justificarem sua prática abominável aos olhos de Deus, e de todos os que amam o que é justo e honesto.
Os olhos de Deus são contra estes que praticam males, mas os que procedem retamente são todo o seu prazer.










10 Há disciplina severa para o que abandona a vereda; e o que aborrece a repreensão morrerá.
Se alguém duvida da verdade deste provérbio, basta ler as normas de disciplina estabelecidas por Jesus em Mateus 18, para os crentes que apostatam de um caminhar reto, chegando ao ponto extremo de se considerar como estranho e publicano àquele que não quiser se arrepender e deixar seu mau caminho.
Se há muita tolerância de pecados grosseiros praticados por crentes na Igreja de nossos dias, não é por conta de alguma concessão da parte de Deus para isto, mas pela omissão e negligência daqueles aos quais compete exercer a disciplina referida.
E pensar que o grande objetivo em vista, da repreensão e da disciplina não é o de humilhar, ferir e condenar o faltoso, senão serem usadas como um meio que o conduza ao arrependimento, e assim à cura, pois a justiça de Deus não permite que deixe de corrigir os apóstatas.
Do que aborrece a repreensão é dito expressamente que morrerá. Consideremos que muitos são entregues a Satanás para este fim, para a destruição da carne, de modo que o espirito possa ser salvo no dia do Senhor, de modo que nenhuma acusação se sustente contra ele no dia do juízo, da parte do diabo, quanto a dizer que fez vistas grossas para o mal praticado pelo faltoso.
Quanto àqueles que ainda não conhecem a Cristo e rejeitam deliberadamente as ordenanças do evangelho para que se arrependam e se convertam, o resultado não é apenas a morte física que lhes virá um dia, como vem sobre todos, mas a morte espiritual e eterna da qual jamais poderão ser livrados.










11 O Seol e o Abadom estão abertos perante o Senhor; quanto mais o coração dos filhos dos homens!
Ao afirmar que o inferno está aberto perante o Senhor, o provérbio significa que ele conhece todos os que lá estão, e também todos os que para lá irão.
Tudo isso é conhecido por Deus, por possuir os atributos de onisciência e presciência que são demonstrados por ele em muitas passagens bíblicas, especialmente nas proféticas que já tiveram cumprimento, e foram pronunciadas por ele séculos antes.
Assim, se conhece perfeitamente as coisas que foram e as que serão, quanto mais patentes estão diante de seus olhos as que são, a saber, a presente condição dos nossos corações.
O que é hipócrita na prática da religião, se soubesse disso com certeza, teria abandonado sua hipocrisia há muito tempo, por saber não somente da sua inutilidade, como do agravamento que ela trará aos seus muitos outros pecados, porque a estes tem acrescentado o da falsidade diante de Deus.
Por isso, Deus requer a confissão de corações verdadeiramente quebrantados pelo Espírito Santo, para que sejamos perdoados e aceitos, pois não pode lidar com algo que seja diferente daquilo que realmente somos, pois seria uma mentira perante o Deus que é inteiramente santo e verdadeiro.
Assim, é segurança para nós sabermos que ninguém irá para o inferno ou para o céu, por um possível engano de Deus em julgar a real condição de nossos corações – se de fato convertidos, ou não perante ele.
Seus juízos são perfeitos, assim como é perfeito o seu conhecimento.










12 O escarnecedor não gosta daquele que o repreende; e nem ele irá ter com os sábios.
Quando dirigia uma determinada congregação, um irmão que parecia ser muito tranquilo e calmo, dirigiu-se até mim certa ocasião, despejando toda a sua insatisfação dizendo que não suportava ser exortado.
Ele usou a palavra “exortação”, no sentido de repreensão, pois “exortar” significa “encorajar incentivar”, e não repreender.
A repreensão à qual ele se referia, não foi nenhuma que lhe houvesse dirigida diretamente, mas a simples exposição das ordenanças bíblicas contra diversos tipos de pecado, que havíamos apresentado na ocasião.
Confesso que cheguei a duvidar na ocasião, de que se aquele irmão era de fato, um genuíno crente convertido a Jesus, pois todos estes têm prazer em ouvir e concordar com a Palavra de Deus quando pregada ou ensinada, ainda que não tenham a força de graça suficiente para vencer os pecados, que ainda exercem algum tipo de influência ou domínio sobre suas vidas.
Ele disse mais; que ficava muito incomodado ao ouvir aquelas coisas, pois a seu ver não conseguia entender como alguém conseguiria praticá-las, procurando com isso justificar, sobretudo o fato de ser uma pessoa extremamente iracunda, que guardava raiva e mágoa com muita facilidade por qualquer motivo ou pessoa que o contrariasse.
Ele havia congregado por muitos anos em uma igreja grande, com centenas de membros, e ali, podia transitar livremente, até mesmo com a fama de ser uma pessoa muito calma, pois não se via debaixo de nenhuma pregação mais precisa em relação à autonegação, e ao carregar da cruz, bem como não participava efetivamente de nenhum grupo de busca de maior e real devoção, e consagração a Deus.
Assim como ele, são muitos os crentes nominais nas igrejas, mesmo protestantes e evangélicas, cujas vidas não estão ajustadas  às ordenanças do evangelho e a disciplina que Jesus determina, para ser aplicada a todos aqueles que estão aliançados com Ele por meio da fé.
Então, não serão vistos na companhia daqueles que com um coração puro invocam o nome do Senhor, conforme o tipo de companheirismo que convém aos que são verdadeiramente santos de Jesus.


13 O coração alegre aformoseia o rosto; mas pela dor do coração o espírito se abate.
Certamente, a alegria referida no provérbio não é aquela oriunda de motivos carnais e mundanos, porque em vez de aformosear o rosto, ela o enche de irreverência e sensualidade, dentre outras características aqui não nomeadas.
O rosto e o olho que brilham com o reflexo da alegria de Deus sobre eles, só pode ser o daqueles que andam em santidade de vida; e desta forma possuem a alegria que é fruto do Espírito Santo, governando seus corações, mesmos quando debaixo de aflições.
Por isso somos alertados a não nos deixarmos dominar pela melancolia, porque quando deixamos de olhar para as boas promessas de Deus e não permitimos que nosso espirito seja fortalecido com graça em nossas tribulações, o resultado imediato é que ele fica abatido e, muitas vezes recusando-se até ser consolado por Deus.
Por conseguinte, o mandamento para todo e qualquer crente é: “Alegrai-vos sempre no Senhor.”
Não importam as circunstâncias de vida, pois se tivermos o mesmo espirito de fé que habitou em Habacuque, diremos juntamente com Ele, que nós nos alegraremos no Senhor, ainda que todas as circunstâncias ao nosso redor nos sejam desfavoráveis, pois a alegria do Senhor é a nossa força.












14 O coração daquele que tem entendimento busca o conhecimento; mas a boca dos tolos se alimenta de estultícia.
Uma grande prova que somos primariamente um ser espiritual, que possui um corpo físico é que uma alimentação frugal e permanente como o mel e o gafanhoto de João, pode sustentar a vida do corpo por um longo tempo.
Mas o espirito não fica satisfeito com a primeira medida de graça que tiver recebido de Deus, nem com o conhecimento que tem adquirido acerca da sua vontade, pois esta fome é infinita e apesar de ser satisfeita pontualmente, sempre haverá de se manifestar em busca de maior graça e conhecimento.
A razão disso é muito simples, pois o conhecimento, a graça, os pensamentos, não ocupam lugar, e quanto mais os gastamos em exercício, mais nos é acrescentado sem que seja removido o que já tivermos alcançado antes.
Por isso o provérbio afirma, que o coração daquele que tem entendimento busca o conhecimento. Ele nunca deixará de fazê-lo e adentrará pela eternidade afora, mesmo quando estivermos na presença de Deus, razão porque não há tédio para o espírito que busca a presença e o conhecimento de Deus.
Agora, ao falar do tolo, não é o seu coração que é comparado ao do sábio, mas há uma simples referência à sua boca, pois vive para satisfazer os sentidos naturais, e disto se farta, e não necessita avançar em conhecimentos para ter um corpo por assim, dizer, mais sábio e enriquecido por Deus.













15 Todos os dias do oprimido são maus; mas o coração contente tem um banquete contínuo.
Veja aqui, a grande diferença que existe entre o estado e temperamento de alguns, e o de outros dos filhos dos homens. 
Alguns são muito angustiados, de um espírito triste, e todos os seus dias são maus, como os da maioria daqueles de idade avançada, dos quais eles dizem não ter nenhum prazer.  
Quantas são as aflições dos aflitos neste mundo! Eles não devem ser censurados ou desprezados, mas socorridos e confortados.
Nenhum de nós está  livre disto, principalmente quando permitido por Deus para que sejamos quebrantados, e conscientizados de que somente Jesus Cristo tem o poder para nos libertar das cadeias infernais que se apoderam do nosso espírito.
Outros desfrutam de grande prosperidade e são de um espírito alegre, e têm não somente os dias bons, como também um banquete contínuo;  e se na abundância de todas as coisas servem a Deus com alegria de coração, que é o óleo para as rodas de sua obediência (tudo isto, e o céu também), então eles servem a um bom mestre. 
Mas na falta de dias maus, poucos aprendem acerca do poder de Deus para livrar e confortar; melhor então seria compartilhar um pouco disso que parece ser a porção contínua de muitos neste mundo.
Há casos também, em que muitos têm apenas momentos de alegria e risos neste mundo, mas ao final caminharão com lágrimas para o inferno; enquanto outros que andam chorando e sofrendo irão com um largo sorriso em seu lábios para o céu.
Não é por estas coisas então, que devemos considerar a prosperidade ou a bem-aventurança de alguém neste mundo.
Veja o caso da breve vida de Davi Brainerd, que de ninguém escondeu a grande melancolia que o seguia tão de perto e suas constantes enfermidades, e, no entanto poucos prestaram tão grandes serviços ao evangelho quanto ele, e chegaram à estatura da santidade e testemunho de ter agradado a Deus que ele alcançou.




16 Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro, e com ele a inquietação.
17 Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi gordo, e com ele o ódio.
Salomão disse no verso anterior, que aquele que não tem uma grande propriedade ou um grande rendimento, mas um espírito alegre, tem  um banquete contínuo,  contentamento cristão, e alegria em Deus, tornando a vida fácil e agradável; agora ele nos diz o que é necessário para que a alegria de espírito que irá fornecer um homem com  um banquete contínuo,  embora ele tenha pouco no mundo - a santidade e o amor.      
O que é santo e devoto a Deus nada teme e não conhece inquietações, porque tem a Cristo por sua defesa.
Mas é fato notório que aqueles que não temem a Deus, apesar de terem muitas riquezas, estão cheios de inquietações; e tantos maiores são essas inquietações, quanto maiores forem estas riquezas, pois há não somente o temor de vir a perdê-las, como exigem muitas preocupações para que sejam administradas e mantidas.
O amor, ao lado do temor de Deus, e a paz com todos os homens são necessários para o conforto desta vida. 
A falta de amor entre aqueles que compartilham uma refeição, por mais requintada que ela seja, não será de nenhum desfrute agradável, caso estejam em contendas motivadas pelo ódio.
O homem pode ter muitos bens e sucessos, mas não achará prazer neles caso não receba da parte de Deus a condição graciosa de desfrutá-los.
Não acharemos a paz que tanto necessitamos ao fazer viagens para lugares distantes, aprazíveis e calmos, pois carregaremos conosco, em nosso interior, todas as nossas inquietações e dissabores.
Mas, o coração que estiver em paz com o Deus achará paz e conforto, até mesmo num quarto de hospital, como a experiência o tem comprovado.




18 O homem iracundo suscita contendas; mas o longânimo apazigua a luta.
Não é aos iracundos e violentos que Cristo faz a promessa de um Reino, mas aos mansos. Com isto concordam as palavras do salmista:
“Deixa a ira, e abandona o furor; não te indignes de forma alguma para fazer o mal.
Porque os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra.” (Salmo 37.8,9)
Jesus não somente manifestou a nós, a sua humildade e mansidão em seu ministério terreno, como nos ordenou que seguíssemos seu exemplo, aprendendo também a sermos mansos e humildes de coração.
Deus é de paz e não de guerra. Ele ama e promove a paz. O Seu reino eterno é de paz, porque sem paz não pode haver unidade e harmonia. Importa sermos um com o Pai e com o Filho, e uns com os outros.
O espirito iracundo promoveria tais coisas? Ou as destruiria?
De forma que o espírito iracundo, jamais será aceito ou justificado diante de Deus.

19 O caminho do preguiçoso é como a sebe de espinhos; porém a vereda dos justos é uma estrada real.
A sebe aqui referida é uma cerca feita com varas de espinhos entrelaçadas.
Quem pode passar por elas sem se ferir?
É assim que o provérbio descreve o caminho do preguiçoso. Na verdade, não é um caminho, mas uma cerca, e ainda por cima de espinhos.
Já o caminho dos justos é comparado uma estrada real, cuidada e preservada, para que por ela o rei possa transitar em segurança.
Vemos esta cerca e esta estrada, como sendo o coração do homem. Numa, a entrada do rei Jesus é vedada por uma cerca espinhosa, e na outra, ele pode transitar livremente por caminhos seguros.
A preguiça em aprender a Palavra de Deus, em colocar por prática os seus mandamentos cria estas cercas de espinhos que impedem que Ele tenha comunhão conosco.
Mas a estrada limpa do pecado, e pavimentada com a retidão e a santidade são um convite para que Ele se aproxime para caminhar conosco.
Mantenhamos então, os nossos corações sempre limpos e livres de cercas espinhosas, sendo diligentes para isto, para que possamos desfrutar sempre da companhia do Senhor.













20 O filho sábio alegra a seu pai; mas o homem insensato despreza a sua mãe.
Devemos ter em conta que a sociedade de Israel era uma sociedade teocrática, ou seja, sob o governo de Deus, e  sua lei era a oriunda de sua Palavra.
Aos pais era ordenado ensinarem seus filhos nos caminhos do Senhor, e inculcar neles os seus mandamentos, como podemos ver, por exemplo, em Deuteronômio 6.
Israel foi levantado, para ser um exemplo para todo o mundo, pois a vontade de Deus era a de que suas leis justas e santas fossem guardadas por todas as nações.
Então, o filho sábio é aquele que é reconhecidamente obediente e praticante dos mandamentos de Deus, conforme lhes foram ensinados por seus pais.
Um filho sábio, obediente aos preceitos de Deus era motivo de alegria para seu pai, porque veria nisto o cumprimento da missão que lhe fora dada pelo Senhor, e sabia que significaria um viver abençoado para seu próprio filho.
Em contraposição a isto, o insensato seria conhecido pelo desprezo que devotaria à sua mãe, por não honrá-la conforme determinado pela lei, uma vez que não estaria em concordância com o modo de conduzir o seu lar e a educação de seus filhos, em submissão amorosa ao seu marido.
Uma mãe fiel confirmaria o ensino e a educação ministradas pelo seu esposo, e não se desviaria deste alvo para facilitar um viver pecaminoso por parte dos filhos, por motivos sentimentais ou emocionais, pois é bem conhecida a maior brandura com que as mães tratam seus filhos.
Sendo contrariado por uma mãe fiel a Deus e a seu esposo, o filho insensato desprezaria esta condição, e em vez de se submeter à instrução de seus pais seguiria pelo seu caminho de insensatez, no qual pode fazer a sua própria vontade sem se importar em conhecer ou cumprir a vontade de Deus.







21 A estultícia é alegria para o insensato; mas o homem de entendimento anda retamente.
Não é um ponto de honra para um sábio entendido nos caminhos de Deus, a questão de estar alegre ou não, em razão da forma como é recepcionado pelas pessoas ou circunstância que têm que enfrentar neste mundo.
Não lhes importa  o que sintam, se pela tristeza ou pela alegria, pela saúde ou pela doença, pela vida ou pela morte, senão que o nome do Senhor Jesus seja glorificado através de suas vidas. Seu objetivo é viver retamente nos caminhos do Senhor.
Já o insensato, em sua busca insaciável por prazer e alegria, pouco se importa com estas coisas, e se é na estultícia que ele acha a sua alegria, ele se dedicará a ela com todas as suas energias..




22 Onde não há conselho, frustram-se os projetos; mas com a multidão de conselheiros se estabelecem.
Se os homens não gastarem tempo e esforço para deliberar entre si, ou se são tão confiantes de seu próprio julgamento que venham  a desprezar o ato de consultar a outros, eles ficam susceptíveis de não realizarem qualquer coisa considerável, e as circunstâncias podem derrotá-los; o que, com um pouco de consulta, poderia ter sido previsto e evitado. 
É uma boa regra, tanto nos assuntos públicos e domésticos, não fazer nada precipitadamente e da própria cabeça, sem que consultemos aqueles que estão também diretamente interessados naquilo que pretendemos fazer. 
Filhos devem consultar os pais, e estes os filhos. As esposas os maridos, e estes, as suas esposas; e não podem esquecer de consultar Aquele, que em todas as nossas deliberações deve ser sempre consultado; que é o Senhor Jesus Cristo.  



23 O homem alegra-se em dar uma resposta adequada; e a palavra a seu tempo quão boa é!
Muitos querem apenas concordância, e ficam satisfeitos com isto, ainda que o resultado do acatamento de seus conselhos seja uma tragédia. Todavia, não é a este caso que se refere o provérbio.
Temos a palavra “adequada”, qualificando a resposta que é dada, e traz alegria ao coração daquele que a dá. Agora, não basta que a palavra seja adequada, pois há um tempo apropriado para que seja pronunciada.
Há um dito que ensina, que a obediência depois do tempo determinado não pode ser considerada como tal.
Assim a palavra de conselho tem também um tempo em que a ocasião será propícia, para não ser somente entendida, como também acatada; por exemplo, é de pouco ou nenhum proveito aconselhar a mansidão, a alguém no momento em que estiver expondo toda a sua exaltação, e defendendo ardorosamente o seu ponto-de-vista.
Paulo resume tudo isto com a expressão: “palavra temperada com sal”. Algo insípido não será apreciado, e muito menos engolido.  Algo muito salgado também é intragável.
Daí a expressão bem temperada, para que agradando ao paladar do que a recebe, possa ser digerida.












 24 Para o sábio o caminho da vida é para cima, a fim de que ele se desvie do Seol que é embaixo.
Se o caminho da vida é para cima, então a sabedoria que devemos buscar é a do Pai das Luzes, a que nos vem do alto, do próprio céu, que não tem suas raízes fundadas na terra. A doutrina do evangelho é uma doutrina celestial.
A nova natureza que recebemos na conversão, também nos vem do céu. Ela não se encontra em nada que seja pertencente a este mundo.
Assim, se alguém quer se desviar do Seol, das profundezas do inferno, deve buscar as coisas que são do alto e não as que são da terra, conforme o apóstolo Paulo nos ensina em sua epístola aos Colossenses.






25 O Senhor desarraiga a casa dos soberbos, mas estabelece a herança da viúva.
Pai dos órfãos e juiz das viúvas é o Senhor, conforme ele próprio o declara através do profeta.
Especialmente nos dias em que o provérbio foi escrito, em que não havia planos previdenciários, e às mulheres era vedado o acesso ao mercado de trabalho, esta proteção divina se revelou verdadeira, particularmente no caso daquelas mulheres que eram fiéis e obedientes à Sua vontade.
Nós vemos exemplificado no caso da viúva de Sarepta, aquela cujo marido era profeta e tendo morrido deixou uma grande dívida para ser paga, a qual foi resgatada com a venda do azeite que jorrou miraculosamente pela intermediação do profeta Eliseu, e muitos outros casos além do citado.
Mas, em paralelo nós temos o registro bíblico do extermínio até mesmo da casa de reis ímpios em Israel, como foi o caso de Baasa, Acabe, e outros, como uma demonstração clara de que o ímpio será desarraigado da terra quando terminar a dispensação da graça; e Deus não levará em conta, se estes ímpios eram grandes ou não para o mundo.
26 Os desígnios dos maus são abominação para o Senhor; mas as palavras dos puros lhe são aprazíveis.
Até aquilo que o ímpio imagina é uma abominação para Deus. É uma abominação, porque seus pensamentos estão continuamente inclinados para o que é mau.
Muitos planejam fazer coisas más, a pretexto de produzir o bem, como foi o caso de Hitler que acreditava piamente que estaria fazendo um grande favor à humanidade, quando concluísse seu projeto iníquo. E, no seu rastro andaram muitos reis e governantes do passado, bem como muitos deles ainda atuam no presente.
Assim, até mesmo quando o ímpio projeta algo pensando em fazer o bem, o que prevalece e surge como resultado é a impiedade do seu mau coração.
Agora, de um coração que foi purificado pela graça e permanece nesta condição, só pode proceder desígnios agradáveis ao Senhor, até mesmo porque todos estes desígnios serão inspirados pelo Espírito Santo, que habita no seu coração. Suas palavras serão também, o reflexo daquilo que seu coração está cheio, a saber, da graça de Jesus Cristo.

27 O que se dá à cobiça perturba a sua própria casa; mas o que aborrece o suborno viverá.
Aquele que na sua avidez de lucro aceita subornos, e utiliza formas ilícitas de obtenção de dinheiro deixa uma maldição após si, que trará perturbações para sua própria casa, comprometendo a segurança e paz de seus familiares, por possíveis ameaças por parte daqueles dos quais recebeu vantagens ilícitas.
Os familiares que aprovam ou fazem concessões a um membro da família que proceda dessa forma, pelas vantagens financeiras imediatas que desfrutam, ainda que não venham a se arrepender depois, é bem certo que terão que arcar com os problemas que são consequentes de um comportamento desonesto.
Ainda que a polícia não venha bater à sua porta, eles viverão em constante sobressalto sobre as múltiplas possibilidades de transtornos que a má conduta lhes trará.
Além de toda consideração deve ser admitido, que este lar está fora da proteção e bênção do Senhor, pois ele é contra aqueles que procedem impiamente, e seus olhos repousam apenas sobre os justos para recompensá-los e dar-lhes paz.
O suborno perverte a justiça e alguém sempre sai em prejuízo nesta transação.
O dinheiro que o corrupto surrupia do erário público prejudica os contribuintes, que deveriam ter uma aplicação justa e útil dos impostos que pagaram, e certamente não foi feito para beneficiar a um punhado de pessoas sem caráter e senso de justiça, cobiçosas dos bens terrenos, e que desprezam totalmente os espirituais.











28 O coração do justo medita no que há de responder; mas a boca dos ímpios derrama coisas más.
Faz parte do caráter de um homem justo, estar   convencido da conta que ele deverá dar a Deus de suas palavras, e da boa ou má influência que elas exercem sobre os outros.
Quando se tem o caráter de justo, e se aprende isto pelo temor devido a Deus, adquire-se o que pode ser chamado de responsabilidade no falar.
Especialmente, quando se trata de aconselhamento cristão, de ser necessário julgar causas e consequências do comportamentos de outros, e a prescrição de medidas adequadas para a solução de problemas, o coração deve meditar profundamente no que deve responder, para que não se faça uma prescrição que vá ao contrário da verdade revelada, ou do modo como Deus vê toda a situação.
Perdoar em vez de julgar. Calar em vez de falar. Interceder em vez de se omitir. O que fazer?
Somente em casos excepcionais teremos a resposta, sem que haja necessidade de uma meditação séria, responsável, e com conhecimento de causa baseado nos princípios revelados na Palavra do Senhor.
Agora, qual é o compromisso e responsabilidade que os ímpios têm com as possíveis consequências de suas palavras, especialmente no que se refere ao quanto possam prejudicar a outros?
Por isso diz o provérbio, que a boca dos ímpios derrama coisas más.












29 Longe está o Senhor dos ímpios, mas ouve a oração dos justos.
Bem ilustram as palavras deste provérbio, o que lemos em  I Pedro 3.10-12):
“1Pe 3:10 Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente;
1Pe 3:11 aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.
1Pe 3:12 Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males.”
Deus é onipresente, mas não atenta para aqueles que praticam males, a fim de lhes conceder as suas bênçãos espirituais, e nem mesmo o poderia fazer, pela razão de não serem valorizadas por eles, nem desejá-las, pois estas têm a ver, sobretudo com a santificação das nossas vidas.
Deus não tem prazer nesta condição de vida do ímpio, nem em que ele permaneça morto espiritualmente, antes que se converta e viva.
Mas, como todo este trabalho espiritual é feito em nossa alma, e em todas suas faculdades (vontade, emoção, sentimento, razão etc), deve haver a busca e o consentimento voluntário de nossa parte para que haja esta operação conjunta da graça do Senhor, com nossas disposições interiores.
Se lutamos contra o Espírito e não permitimos que ele faça o seu trabalho em nós, é certo que não receberemos qualquer graça da parte de Deus, para a nossa transformação. Mas, se o buscamos, se nos humilhamos,  nos arrependemos de nossos maus caminhos e oramos por seu auxílio, ele tem prometido que virá infalivelmente em nosso socorro.
Desejar a bênção de Deus enquanto se permanece na prática da impiedade, sem desejarmos ser livrados desta condição, é pura perda de tempo e insensatez.







30 A luz dos olhos alegra o coração, e boas-novas engordam os ossos.
Uma expressão bíblica designativa de um bom estado de alma, boa saúde e alegria é a de que os ossos se encontram cheios de tutano. E a que lhe é oposta, indicando uma condição espiritual ruim e abatimento de alma, é a de ossos secos, como aqueles que assim ficaram em consequência da morte.
É isto que o provérbio quer significar ao dizer que as boas-novas engordam os ossos; ou seja, que as boas notícias revigoram a alma.
Que dizer então, da boa-nova que é o evangelho de Cristo? É por ela que, mais do que o engordar os ossos, saltamos da morte espiritual para  a vida eterna.
Quanto a luz dos olhos que alegra o coração, há tanto um sentido físico, quanto espiritual, pois o olho que brilha ao contemplar as belezas ao redor conduz alegria ao coração pelo que vê, assim como pelo olhar aquilo que é deprimente, se traz tristeza ao coração; a ponto de ter se formado o dito, “que aquilo que o olho não vê,  não entristece o coração”.
Os olhos são as janelas de entrada para alma, porque o principal sentido natural que possuímos é o da visão, e tudo  que é captado pelos sentidos (visão, audição, olfato, tato) afeta diretamente a nossa alma (vontade, emoção, sentimento, razão).
Por isso somos ordenados pela Bíblia, a ocupar o nosso pensamento (e nisso se inclui os pensamentos que formamos pelo que captamos pelos nossos sentidos) somente com aquilo que é bom, puro, verdadeiro, agradável,  e possua motivo de louvor; em razão de sermos impactados tremendamente por tudo o que vemos e ouvimos.
Daí Jesus ter afirmado, que se os nossos olhos forem bons, todo o nosso corpo será iluminado.  Um olhar criterioso e seletivo que faz uma justa avaliação de todas as coisas para separar o que é vil do que é precioso, trazendo luz para a nossa alma, e com esta luz, a alegria que procede de Deus.






31 O ouvido que escuta a advertência da vida terá a sua morada entre os sábios.
Faz parte do caráter de um homem sábio que seja muito disposto a ser reprovado, de modo que possa corrigir o que outros observam, que necessita mudar em seu comportamento, e portanto, opta por conversar com aqueles que, tanto por suas palavras e exemplo possam contribuir para corrigir o que está errado nele.
O ouvido que pode suportar a reprovação amará o reprovador. Daí Davi, que era sábio, dizer que se fosse ferido pelo justo, isto lhe seria um bom serviço, pois poderia emendar seu caminho.
As repreensões amigáveis e ​​fiéis são chamadas aqui, de advertência da vida, não somente porque elas devem ser dadas de forma animada e com um zelo prudente, como também porque o resultado delas é o de produzir vida espiritual, conduzindo à vida eterna àqueles que as atenderem e praticarem.
É dito também, que estes que ouvem a repreensão virão a ser achados entre os sábios, porque passarão a ser sábios tanto quanto eles, em condições de também repreenderem a outros com as palavras de vida, para o bem eterno de suas almas, pelo efeito que viram ser produzido em sua própria experiência.
É comum de ser visto que filhos, os quais nunca foram disciplinados e repreendidos tendem também a não disciplinarem e repreenderem seus próprios filhos.













32 Quem rejeita a correção menospreza a sua alma; mas aquele que escuta a advertência adquire entendimento.
Este provérbio é uma reafirmação do anterior, sendo acrescentado que o resultado consequente de se rejeitar a correção corresponde ao menosprezo da própria alma.
Quem ouve e atende as repreensões da Palavra de Deus alcança a vida, o entendimento, e conhecimento das palavras de vida pelas quais a nossa alma é alimentada, e cresce o crescimento que procede de Deus, rumo à estatura de varão perfeito.
É evidente, que isto nunca poderá ocorrer com aquele que rejeita as repreensões da Palavra, especialmente aquelas que se referem à necessidade de se abandonar o pecado, os caminhos da insensatez, e buscar a sabedoria que procede de Deus com um espírito humilde, reverente, sincero e puro.




33 O temor do Senhor é a instrução da sabedoria; e adiante da honra vai a humildade.
Deus abate o que se exalta, e exalta ao que se humilha. Ele honra somente aos que o honram.
Não há maior e melhor maneira de se honrar o Senhor, do que ouvir e praticar a Sua Palavra.
Aquele que for humilde para temer o Senhor, pela demonstração prática de atender à instrução dos seus mandamentos, será honrado por Ele, conforme Sua promessa.








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