domingo, 20 de janeiro de 2013

Eclesiastes 5



Ao lermos este quinto capítulo de Eclesiastes, fomos remetidos às palavras do sermão do Pr David Wilkerson no qual chama a Igreja de Laodiceia de Igreja de Salomão.
Ficamos a pensar até que ponto os pregadores de Laodiceia, que se firmam basicamente na doutrina da prosperidade material, encontram em Salomão um paradigma para os seus procedimentos.
Salomão se intitula no início deste seu livro de Eclesiastes como “pregador” (Ec 1.1).
Ele diz que o que escreveria seria um sermão, um sermão que ele pregaria.
Muito bem, temos então em Eclesiastes um longo sermão.
Todavia algumas coisas devem ser consideradas na apreciação deste sermão típico da Antiga Aliança, com os sermões pregados na Nova Aliança, durante a dispensação da graça inaugurada por Cristo.
Aquela dispensação era da letra, do ensino da letra da Palavra, e não do espírito (II Cor 3).
Se a Palavra e somente a Palavra estivesse em realce, tudo estaria bem naquela antiga dispensação em que vigorou a Antiga Aliança, que vigorou de Moisés até a morte de Jesus.
Todavia, desde que o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes em Jerusalém, todo sermão deve ser pregado na direção, no poder e na unção do Espírito, porque senão o que teremos será o que tem ocorrido em muitas igrejas, em plena dispensação do Espírito: Ele é colocado de lado, e quem fica em realce é a palavra do pregador, com simples palavras, ainda que sejam verdadeiras, tais como as que Salomão apresenta neste quinto capítulo de Eclesiastes.
Nos versos 1 a 7 Salomão se refere à devoção ao Senhor, especialmente no templo, na questão relativa a votos, que não devem ser feitos precipitadamente, para que não se fique sujeito a um juízo da parte de Deus.
No verso 7 há uma advertência contra a vaidade que há em sonhos e muitas palavras que não estejam conformados à revelação da vontade de Deus em sua lei, e que o melhor antídoto para tudo isto é temer ao Senhor.
A partir do verso 8 Salomão retoma o seu discurso relativo às opressões que existem na terra, à incerteza das riquezas e a vaidade que há em se amar ao dinheiro e a riqueza porque não há limite para ficar satisfeito com o que se tem, porque quanto maior for o ganho, maior será o gasto. E a muita fartura do rico lhe roubará o sono, enquanto o sono para o simples trabalhador lhe será doce. Salomão bem sabia o que era estar inquieto por causa da grande corte que ele tinha que manter.
Um filho irresponsável pode dissolver toda a riqueza que foi juntada pelo seu pai, e assim, o ter guardado tais riquezas não lhe trariam qualquer proveito. E o rico se irá deste mundo, sem levar nada consigo, tal como chegou a ele, quando saiu do ventre da sua mãe. Então, os que juntam para si riquezas deveriam levar em consideração este fato, porque todos os sacrifícios que fizeram, e os aborrecimentos que tiveram, pelo simples objetivo de serem ricos, no final não lhes servirá de qualquer proveito. 
Então Salomão, concluiu que o melhor a fazer era comer, beber e se regozijar com o bem do seu próprio trabalho, porque este é, segundo ele, o propósito de Deus para o homem.
E quanto ao rico que recebeu de Deus suas riquezas e bens, e o poder para desfrutar deles, e receber a sua herança e regozijar-se no seu trabalho, isto lhe será um meio de alívio de muitas lutas e dificuldades, porque a nossa vida na terra está cheia de aflições. E isto lhe ajudará a esquecer os dias ruins que viveu neste mundo. Assim Deus também equilibrará as cruzes que terá que carregar com os dons da Sua graça para alegrar o coração daqueles que passaram pela aflição.
Na verdade, como diz Salomão no final do verso 20, será a própria alegria de Deus que consolará e encherá o coração ferido, e não propriamente os bens e os favores concedidos pela Sua graça aos que estiveram debaixo de sofrimentos.      



“1 Guarda o teu pé, quando fores à casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos; pois não sabem que fazem mal.
2 Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma na presença de Deus; porque Deus está no céu, e tu estás sobre a terra; portanto sejam poucas as tuas palavras.
3 Porque, da multidão de trabalhos vêm os sonhos, e da multidão de palavras, a voz do tolo.
4 Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. O que votares, paga-o.
5 Melhor é que não votes do que votares e não pagares.
6 Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas na presença do anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria a obra das tuas mãos?
7 Porque na multidão dos sonhos há vaidades e muitas palavras; mas tu teme a Deus.
8 Se vires em alguma província opressão de pobres, e a perversão violenta do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso. Pois quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há mais altos ainda sobre eles.
9 O proveito da terra é para todos; até o rei se serve do campo.
10 Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade.
11 Quando se multiplicam os bens, multiplicam-se também os que comem; e que proveito tem o seu dono senão o de vê-los com os seus olhos?
12 Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir.
13 Há um grave mal que vi debaixo do sol: riquezas foram guardadas por seu dono para o seu próprio dano;
14 e as mesmas riquezas se perderam por qualquer má aventura; e havendo algum filho nada fica na sua mão.
15 Como saiu do ventre de sua mãe, assim também se irá, nu como veio; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na mão.
16 Ora isso é um grave mal; porque justamente como veio, assim há de ir; e que proveito lhe vem de ter trabalhado para o vento,
17 e de haver passado todos os seus dias nas trevas, e de haver padecido muito enfado, enfermidades e aborrecimento?
18 Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: alguém comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol, todos os dias da vida que Deus lhe deu; pois esse é o seu quinhão.
19 E quanto ao homem a quem Deus deu riquezas e bens, e poder para desfrutá-los, receber o seu quinhão, e se regozijar no seu trabalho, isso é dom de Deus.
20 Pois não se lembrará muito dos dias da sua vida; porque Deus lhe enche de alegria o coração.”


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