sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

EZEQUIEL 21


Esse capítulo é uma sequência da profecia do capitulo precedente, no qual o Senhor ordenou a Ezequiel que profetizasse a queima dos bosques e campos do Sul por um fogo que procederia do Norte, e que foi objeto de escárnio por parte dos judeus.
Todavia, quando este oráculo foi transmitido por Ezequiel, os judeus não sabiam que Nabucodonosor já estava preparando o seu exército para sitiar a cidade de Jerusalém e queimá-la. 
O início do cerco é relatado a partir do capítulo 24 do livro de Ezequiel, e isto se deu a partir do décimo dia, do décimo mês, do nono ano do reinado de Zedequias, e a sua preparação é citada neste presente capítulo.
Então, são descritas neste vigésimo primeiro capitulo as destruições que seriam feitas pela espada que viria da parte de Babilônia sobre os habitantes de Jerusalém.
Tal como os judeus dos dias de Ezequiel, os ímpios de nossos dias também escarnecem dos juízos de Deus que virão sobre eles, porque não têm visto nenhum sinal evidente destes juízos que lhes virão no futuro. Mas como sucedeu aos judeus, também lhes sucederá por ocasião da volta de nosso Senhor para julgar a terra, e Ele os ferirá pela espada da Sua boca, ou seja pela Sua Palavra poderosa, pela qual criou todas as coisas, e pela qual pode também destruí-las.
Então nós vemos neste capítulo o Senhor dando ordem à Sua própria espada para que viesse não somente sobre os judeus, como também sobre os amonitas, que teriam as suas iniquidades visitadas pelo juízo do Senhor, ao mesmo tempo em que estaria julgando o Seu próprio povo, da Antiga Aliança, através das ações de Babilônia contra eles. 
É dito nos versos 3 e 4 que seriam destruídos em Israel, pelo juízo de morte da espada do exército de Nabucodonosor, tanto o justo quanto o ímpio.
Isto comprova que o justo referido nesta profecia, quanto na dos capítulos anteriores, em que se afirma que o justo viveria por guardar os estatutos da Lei de Moisés, não poderia ser de modo algum, uma garantia de vida eterna, ou mesmo de manutenção da vida física em face dos juízos de Deus sobre Israel, porque senão, caso contrário, Ele não poderia afirmar neste capítulo (v. 3 e 4) que destruiria tanto o justo quanto o ímpio.
Está evidente portanto que a justiça da Lei, decorrente das obras da Lei, não era uma garantia de justificação pela fé, e por conseguinte de vida eterna, e nem mesmo da manutenção da vida física. É fácil de entendermos isto, porque quantos cristãos piedosos e justos na Igreja de Cristo, têm sido cruelmente martirizados ao longo da história da Igreja, apesar de serem justificados pela fé? Eles não são mortos por causa de juízos de Deus contra o pecado, mas por causa da iniquidade do mundo e das perseguições do diabo contra os santos.
Não podemos então formular teorias teológicas fixas como as do tipo que Deus está obrigado a manter em vida o justo, e por outro lado a matar o ímpio, enquanto estivermos neste mundo.
Por causa da impiedade de muitos judeus, alguns justos também tombariam pela espada ou iriam para o cativeiro, como se deu com o próprio Ezequiel e o profeta Daniel, no entanto, o destino eterno destes últimos não seria o mesmo dos que morressem na sua impiedade.
Se não fosse pelo sangue de Jesus todos estariam perdidos, inclusive o próprio Abraão, porque foi por este sangue que foi justificado, e não por obras de justiça que tivesse praticado. Por suas obras, provou ser genuína a sua fé e o seu amor por Deus, mas não porque estivesse no estado de perfeição sem pecado.   
Deste modo, sempre que formos tentar formular uma teologia sobre a segurança da salvação que se baseie na própria justiça humana, sempre erraremos o alvo, porque depois da queda de Adão, não há mais nenhuma justiça no próprio homem que possa fazer com que seja aceito e aprovado por Deus.
De forma que se diz em Rom 3.23:

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;” (Rom 3.23).

Não se diz alguns, mas todos. E a condição de todos os homens perante de Deus, por sua própria justiça, é a de se encontrarem destituídos, isto é, desprovidos da glória de Deus.
O fato dos judeus terem vivido na prática deliberada do pecado era uma grande evidência da falta total da presença de Deus em suas vidas, e por isso foram entregues ao juízo depois de terem sido chamados por Ele, insistentemente, ao arrependimento, até mesmo por séculos.  
É evidente que nossa união com Cristo é manifestada no fato de não vivermos na prática deliberada do pecado, mas de nenhum cristão autêntico se pode dizer que perdeu a sua salvação por causa de algum pecado eventual que tenha cometido, ou por alguma tentação que ainda não tenha vencido, porque se perseverar na fé, experimentará a eficácia da graça de Jesus para destruir o pecado progressivamente; de maneira que poderá se despojar do velho homem, e se revestir do novo, em graus cada vez maiores, e por isso se diz que todos os cristãos têm recebido por causa da plenitude que há em Cristo, graça sobre graça (Jo 1.16), de maneira que são transformados progressivamente por Ele, à Sua própria imagem em graus de glória cada vez maiores, como se afirma em I Cor 3.18:

“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (II Cor 3.18).  

O cristão que não estiver experimentando este impulsionar do Espírito Santo à perseverança, e que não estiver sendo corrigido por Deus, e sendo disciplinado por Ele, quando se afasta dos Seus caminhos, deve duvidar da Sua salvação (justificação, regeneração e santificação), porque os que estão sem correção não são filhos de Deus, mas bastardos.



“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto para Jerusalém, e derrama as tuas palavras contra os santuários, e profetiza contra a terra de Israel.
3 E dize à terra de Israel: Assim diz o Senhor: Eis que estou contra ti, e tirarei a minha espada da bainha, e exterminarei do meio de ti o justo e o ímpio.
4 E, por isso que hei de exterminar do meio de ti o justo e o ímpio, a minha espada sairá da bainha contra toda a carne, desde o sul até o norte.
5 E saberá toda a carne que eu, o Senhor, tirei a minha espada da bainha nunca mais voltará a ela.
6 Suspira, pois, ó filho do homem; suspira à vista deles com quebrantamento dos teus lombos e com amargura.
7 E será que, quando eles te disserem: Por que suspiras, tu dirás: por causa das novas, porque vêm; e todo coração desmaiará, e todas as mãos se enfraquecerão, e todo espírito se angustiará, e todos os joelhos se desfarão em águas; eis que vêm, e se realizarão, diz o Senhor Deus.
8 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
9 Filho do homem, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor; dize: A espada, a espada está afiada e polida.
10 Para matar está afiada, para reluzir está polida. Alegrar-nos-emos pois? A vara de meu filho é que despreza todo o madeiro.
11 E foi dada a polir para ser manejada; esta espada está afiada e polida, para ser posta na mão do matador.
12 Grita e uiva, ó filho do homem, porque ela será contra o meu povo, contra todos os príncipes de Israel. Estes juntamente com o meu povo estão entregues à espada; bate pois na tua coxa.
13 Porque se faz uma prova; e que será se não mais existir a vara desprezadora, diz o Senhor Deus.
14 Tu pois, ó filho do homem, profetiza, e bate com as mãos uma na outra; e dobre-se a espada até a terceira vez, a espada dos mortalmente feridos; é a espada para a grande matança, a que os rodeia.
15 Para que se derreta o coração, e se multipliquem os tropeços, é que contra todas as suas portas pus a ponta da espada; ah! ela foi feita como relâmpago, e está aguçada para matar.
16 e espada, une as tuas forças, vira-te para a direita; prepara-te, vira-te para a esquerda, para onde quer que o teu rosto se dirigir.
17 Também eu baterei com as minhas mãos uma na outra, e farei descansar a minha indignação; eu, o Senhor, o disse.
18 De novo veio a mim a palavra de Senhor, dizendo:
19 Tu pois, ó filho do homem, propõe-te dois caminhos, por onde venha a espada do rei de Babilônia. Ambos procederão de uma mesma terra; e grava um marco, grava-o no princípio do caminho da cidade.
20 Um caminho proporás, por onde virá a espada contra Rabá dos filhos de Amom, e contra Judá, em Jerusalém, a fortificada.
21 Pois o rei de Babilônia está parado na encruzilhada, no princípio dos dois caminhos, para fazer adivinhações; ele sacode as flechas, consulta os terafins, atenta para o fígado.
22 Na sua mão direita estava a adivinhação sobre Jerusalém, para dispor os aríetes, para abrir a boca, ordenando a matança, para levantar a voz com júbilo, para pôr os aríetes contra as portas, para levantar tranqueiras, para edificar baluartes.
23 Isso será como adivinhação vã aos olhos daqueles que lhes fizerem juramentos; mas ele se lembrará da iniquidade, para que sejam apanhados.
24 Portanto assim diz o Senhor Deus: Visto que fizestes ser lembrada a vossa iniquidade, descobrindo-se as vossas transgressões, aparecendo os vossos pecados em todos os vossos atos; visto que viestes em memória, sereis apanhados com a mão.
25 E tu, ó profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia é chegado no tempo da punição final;
26 assim diz o Senhor Deus: Remove o diadema, e tira a coroa; esta não será a mesma: exalta ao humilde, e humilha ao soberbo.
27 Ao revés, ao revés, ao revés o porei; também o que é não continuará assim, até que venha aquele a quem pertence de direito; e lho darei a ele.
28 E tu, ó filho do homem, profetiza e dize: Assim diz o Senhor Deus acerca dos filhos de Amom, e acerca do opróbrio deles; dize pois: A espada, a espada está desembainhada, polida para a matança, para consumir, para ser como relâmpago.
29 Enquanto eles têm visões vãs a teu respeito, e adivinham mentiras a fim de que seja posta no pescoço dos ímpios, que estão mortalmente feridos, cujo dia é chegado no tempo da punição final.
30 Torne a tua espada à sua bainha. No lugar em que foste criado, na terra do teu nascimento, eu te julgarei.
31 Derramarei sobre ti a minha indignação, assoprarei contra ti o fogo do meu furor; entregar-te-ei nas mãos dos homens brutais, destros para destruírem.
32 Ao fogo servirás de pasto; o teu sangue estará no meio da terra; não serás mais lembrado; porque eu, o Senhor, o disse.”  (Ezequiel 21)

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