O capítulo oitavo de 2
Samuel, cujo texto paralelo se encontra em I Crôn 18, dá conta das vitórias
significativas que Davi logrou sobre os exércitos dos filisteus (v.1), moabitas
(v.2) e sobre os siros de Zobá e de Damasco (v. 3 a 8), além de ter feito os
edomitas tributários de Israel (v. 14).
As conquistas citadas
neste capítulo são celebradas por Davi no Salmo 60.
A metrópole dos filisteus
referida no verso 1 é a cidade de Gate, que é nomeada no texto paralelo de I
Crôn 18.1.
É dito que Davi tomou as
rédeas de Gate, significando isto que o território dos filisteus passou em seus
dias, a ficar debaixo da administração de Israel.
Além dos edomitas, os
moabitas foram feitos também tributários de Israel (v.2).
Davi dividiu o país deles
em três partes, duas das quais ele destruiu pela espada, e a terceira parte que
foi poupada, foi colocada debaixo de servidão, e lhe pagava tributos.
Com isto, deu-se
cumprimento à profecia de Balaão relativa a Moabe (Nm 24.17).
Os moabitas permaneceram
sob o jugo de servidão até depois da morte do rei Acabe (II Reis 3.4,5), quando
eles se rebelaram e nunca mais foram reduzidos à servidão por Israel.
Quanto aos edomitas, foi
cumprida a profecia de Isaque proferida a Esaú, e a Palavra dada pelo Senhor a
Rebeca de que o seu filho mais velho Esaú, que é Edom, serviria o mais novo,
Jacó, que é Israel (Gên 25.23), e na
profecia de Isaque, que Edom serviria a Jacó, é dito também que quando Edom se
libertasse sacudiria o jugo da sua cerviz (Gên 27.40), e isto ocorreria somente
nos dias do rei Jeorão (II Crôn 21.8), quando os edomitas voltaram a constituir
o seu próprio rei.
De que forma maravilhosa
Deus revela o seu completo conhecimento e poder sobre o curso de toda a
história da humanidade.
Toda a história das
nações já está prevista nos Seus conselhos eternos, de modo que o que foi
conhecido pelo Senhor na Sua presciência sucederá inevitavelmente, e o homem
nada mais é do que um mero refém da Sua vontade Soberana, e não é dado a ele
traçar o seu próprio destino.
“O coração do homem
propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos.” (Pv 16.9).
“Os passos do homem são
dirigidos pelo Senhor; como, pois, poderá o homem entender o seu caminho?” (Pv
20.24).
“Eu sei, ó Senhor, que
não é do homem o seu caminho; nem é do homem que caminha o dirigir os seus
passos.” (*Jer 10.23).
De fato Deus tudo governa
e dirige e não há quem possa resistir à Sua vontade, naquilo que Ele tem
determinado.
Por isso Ele é digno de
ser honrado e exaltado, pois é o Rei Soberano do Universo, que tudo faz de
acordo com o conselho da Sua santa vontade.
“nele, digo, no qual
também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito
daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade,” (Ef
1.11).
Era a mão do Senhor
escrevendo a história de Israel, pelas mãos de Davi, e como veremos adiante foi
Ele mesmo quem lhe proveu de homens valorosos e valentes, que debaixo do poder
do seu Espírito Santo, tal como Sansão fora capacitado antes, ainda que estes
homens tivessem sido capacitados, numa menor medida em relação a ele, puderam
lograr vencer de maneira miraculosa todas as batalhas em que se empenharam pelo
reino de Davi e de Israel, que na verdade era um empenho pelo reino de Deus.
Assim, Davi subiu aos
siros do Eufrates, porque as terras que eles ocupavam ao norte da Palestina,
haviam sido prometidas por Deus a Israel desde os dias de Abraão (Gên 15.18).
O quarto versículo, tanto
de II Samuel, quanto de I Crônicas 18, enumeram os carros, cavaleiros e tropas
a pé que Davi venceu do exército siro, quando Hadadezer tentou restabelecer os
seus antigos domínios no Eufrates. O texto de II Samuel 8.4 relaciona 1.700
cavaleiros, 22.000 homens a pé, e que Davi jarretou todos os cavalos dos
carros, exceto a 100 deles.
E o texto paralelo de I
Crôn 18.4 relaciona 1.000 carros, 7.000 cavaleiros e 20.000 homens de pé, e que
Davi jarretou todos os cavalos dos carros, exceto a 100 deles.
Comparando estes números,
nós vemos que dos 1.700 cavaleiros citados em II Samuel, 1.000 deles ocupavam
os 1.000 carros, aos quais é dado destaque e ênfase no texto de I Crônicas, e
que cita também o número total de cavaleiros (7.000) que compunha aquele
exército, que era ainda maior do que o número que consta em II Samuel
(1.700).
Mas o grande destaque da
revelação bíblica é que destes 1.000 carros que tinham provavelmente 1.000
cavalos para serem puxados respectivamente, 900 destes cavalos foram
jarretados, isto é, eles foram inutilizados para a guerra, e Davi poupou apenas
a 100 deles, e com isto estava cumprindo o preceito de Dt 17.16, não
multiplicando cavalos para a guerra, de modo que se evidenciasse a sua inteira
fé no Senhor dos exércitos nas batalhas que tinha que empreender, e não em
carros e em cavalos (Sl 20.7; 33.16,17), de modo que toda a glória fosse
tributada ao Senhor.
Desde a sua juventude ele
havia testemunhado os grandes feitos de Deus em sua própria vida, quando matou
um urso, um leão e o gigante Golias.
Agora, estava vendo os
grandes livramentos que o Senhor vinha operando em favor de Israel, através dos
seus valentes, de modo que um deles matou oitocentos filisteus em uma só
batalha (23.8), e um outro defendeu uma parte do território de Israel lutando
sozinho com os filisteus até vencê-los, e chegar à exaustão, e lutou de tal
modo que a sua mão ficou apegada à espada (23.9, 10).
Eram milagres que Deus
estava realizando através deles, e assim dando fiel cumprimento à Sua promessa
de abençoar o Seu povo, quando este não andasse contrariamente à Sua vontade,
pois um só deles estava fazendo com que muitos inimigos fugissem da sua
presença.
“Cinco de vós perseguirão
a um cento deles, e cem de vós perseguirão a dez mil; e os vossos inimigos
cairão à espada diante de vós.” (Dt 26.8).
Era ou não era de fato
algo para ser celebrado por Davi?
A sua fidelidade e a de
Israel estavam fazendo com que as boas promessas do Senhor estivessem sendo
cumpridas em relação ao Seu povo.
É por isso que nós o
vemos celebrando com toda a sua alma os grandes feitos do Senhor por amor dele
e de Israel.
Que coisa boa é viver em
estrita obediência a Deus, pois nós veremos sinais e maravilhas, e ficaremos
extasiados, com a manifestação da Sua glória e satisfeitos com o derramar
abundante da Sua graça em nossos corações.
“Se vós permanecerdes em
mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será
feito.” (Jo 15.7).
É coisa vã colocar a
nossa esperança de segurança em qualquer aparato deste mundo.
Mas vai bem a todo aquele
que põe a sua confiança inteiramente no Senhor. E isto deve ser feito em
santidade de vida, porque não há outro modo pelo qual o Senhor possa se agradar
de nós.
Até mesmo o socorro do
homem é vão, quando Deus está lutando contra nós, tal como ocorreu com o rei de
Zobá, que não pôde ser livrada de Davi, não somente com os seus carros e
cavaleiros, como também pelo rei siro de Damasco, que veio em seu socorro, e
que acabou perdendo 22.000 homens no campo de batalha, na luta contra os
israelitas (v.5).
O segredo do sucesso de
Davi é dito nos versos 6 e 14: “O Senhor dava vitórias a Davi por onde quer que
ia.”.
Todo o ouro e prata que
Davi tomava como despojo das nações conquistadas, bem como o que lhe era dado
como presente em reconhecimento da sua grandeza, e descanso que Davi lhes dava
dos seus inimigos, como fizera o rei de Hamate (v. 9,10), ele consagrava ao
Senhor (v.11).
E toda esta riqueza que
ajuntou foi destinada por ele para a construção do templo em Jerusalém, que
viria a ser realizada por Salomão.
O grande amor e devoção
que Davi tinha ao Senhor foi o que o moveu a isto.
Ele não desistiu da ideia
de construir um templo, ainda que soubesse que isto lhe fora proibido por Deus.
Se não poderia erigir o
templo, no entanto tomaria todas as providências necessárias para tal, tanto na
reunião de materiais quanto na organização dos serviços de músicos, cantores,
porteiros, sacerdotes e levitas, de modo que o desejo que havia se instalado no
seu coração não viesse a cair no esquecimento depois da sua morte.
Com isto, deu provas de
que não estava buscando a sua própria glória, como Júlio César ou Alexandre
Magno, mas a glória do Senhor a quem ele servia.
Todo este engrandecimento
do reino de Israel e todas as providências que vinham sendo tomadas por Davi em
relação ao templo, demandou um maior cuidado com a administração, e não faltou
também a ele este talento e cuidado, pois organizou a vida administrativa da
nação conforme podemos ver nos versos 15 a 18.
É dito que ele
administrava a justiça e a equidade a todo o seu povo (v. 15), e agira assim,
porque o fizera debaixo do temor do Senhor, como ele mesmo declara nas últimas
palavras que proferiu, quando estava próxima a sua morte (23.7).
Nós vemos em tudo que
está relatado sobre a vida de Davi, nos dois livros de Samuel que ele era um
administrador imparcial e até mesmo soube comandar e dirigir pessoas
desqualificadas para a sociedade, antes mesmo de começar a reinar, como vimos
na sábia direção que teve sobre aqueles seiscentos homens endividados e amargurados
de espírito, que passaram a segui-lo quando fugiu de Saul.
Ele introduziu no seu
conselho e admitiu no tribunal até mesmo pessoas que não lhe eram totalmente
leais como era o caso de Joabe, que sempre foi o general de todo o seu exército
(v. 16), e Aitofel, conselheiro do reino que o traiu com Absalão, e até mesmo a
Abner ele admitira na sua administração depois de ter sido seu ferrenho
opositor na causa de Is-Bosete, por sete longos anos.
Com isto, pode-se de fato
dizer que ele administrava com justiça, pois não fazia segundo as suas
conveniências e interesses pessoais, mas segundo os interesses soberanos do
Senhor e do reino de Israel.
Era de fato um homem
público sempre buscando o bem do Seu povo, não segundo o mundo, mas segundo a
lei do Seu Deus.
Ele designou um cronista
(Jeosafá) para registrar os fatos históricos relativos ao reino, e um escrivão
(Seraías), que era o Secretário dos assuntos de Estado, dois sacerdotes
principais (Zadoque e Aimeleque), que estavam debaixo do sumo-sacerdócio de Abiatar,
e finalmente Benaia, que era o comandante da sua guarda pessoal.
É dito também que os
filhos de Davi eram ministros de estado.
“1 Sucedeu depois disso
que Davi derrotou os filisteus, e os sujeitou; e Davi tomou a metrópole das
mãos dos filisteus.
2 Também derrotou os
moabitas, e os mediu com cordel, fazendo-os deitar por terra; e mediu dois
cordéis para os matar, e um cordel inteiro para os deixar com vida. Ficaram
assim os moabitas por servos de Davi, pagando-lhe tributos.
3 Davi também derrotou a
Hadadézer, filho de Reobe, rei de Zobá, quando este ia estabelecer o seu
domínio sobre o rio Eufrates.
4 E tomou-lhe Davi mil e
setecentos cavaleiros e vinte mil homens de infantaria; e Davi jarretou a todos
os cavalos dos carros, reservando apenas cavalos para cem carros.
5 Os sírios de Damasco
vieram socorrer a Hadadézer, rei de Zobá, mas Davi matou deles vinte e dois mil
homens.
6 Então Davi pôs
guarnições em Síria de Damasco, e os sírios ficaram por servos de Davi,
pagando-lhe tributos. E o Senhor lhe dava a vitória por onde quer que ia.
7 E Davi tomou os escudos
de ouro que os servos de Hadadézer usavam, e os trouxe para Jerusalém.
8 De Betá e de Berotai,
cidades de Hadadézer, o rei Davi tomou grande quantidade de bronze.
9 Quando Toí, rei de
Hamate, ouviu que Davi ferira todo o exército de Hadadézer,
10 mandou-lhe seu filho
Jorão para saudá-lo, e para felicitá-lo por haver pelejado contra Hadadézer e o
haver derrotado; pois Hadadézer de contínuo fazia guerra a Toí. E Jorão trouxe
consigo vasos de prata de ouro e de bronze,
11 os quais o rei Davi
consagrou ao Senhor, como já havia consagrado a prata e o ouro de todas as
nações que sujeitara.
12 da Síria, de Moabe,
dos amonitas, dos filisteus, de Amaleque e dos despojos de Hadadézer, filho de
Reobe, rei de Zobá.
13 Assim Davi ganhou nome
para si. E quando voltou, matou no Vale do Sal a dezoito mil edomitas.
14 E pôs guarnições em
Edom; pô-las em todo o Edom, e todos os edomitas tornaram-se servos de Davi. E
o Senhor lhe dava a vitória por onde quer que ia.
15 Reinou, pois, Davi
sobre todo o Israel, e administrava a justiça e a equidade a todo o seu povo.
16 Joabe, filho de
Zeruia, estava sobre o exército; Jeosafá, filho de Ailude, era cronista;
17 Zadoque, filho de
Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram sacerdotes; Seraías era escrivão;
18 Benaia, filho de
Jeoiada, tinha o cargo dos quereteus e peleteus; e os filhos de Davi eram
ministros de estado.” (II Sm 8.1-18).
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