A apresentação do argumento do Senhor relativo à Sua
Onipotência, nos capítulos anteriores, a este último de Jó (42º) ou seja, ao
Seu grande e infinito poder, por fim convenceu a Jó sobre qual deveria ser a
sua atitude perante Ele, e então ele se dobrou diante de Deus pronunciando as
seguintes palavras:
“2 Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus
propósitos pode ser impedido.
3 Quem é aquele, como disseste, que sem
conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas
maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.
4 Escuta-me, pois, havias dito, e eu
falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.
5 Eu te conhecia só de ouvir, mas agora
os meus olhos te veem.
6 Por isso, me abomino e me arrependo no
pó e na cinza.”
Ele declara expressamente a sua
humildade e arrependimento (V. 6).
Ele por fim reconhece que Deus pode tudo
e que nada do que pretender fazer poderá ser frustrado, porque tem todo o poder
para levar a efeito a Sua vontade.
Aquele que não reconhece isto é
insensato, tal como Jó estava sendo, ao pensar que podia definir Deus com seu
conhecimento limitado.
Por isso ele reconheceu que de fato
estava encobrindo o propósito de Deus com a sua falta de conhecimento.
Ele confessou a sua ignorância, e que o
seu conhecimento anterior do Senhor, era bem menor do que aquele que lhe foi
permitido ter agora por tudo que aprendera na sua aflição, de modo que disse
que antes conhecia somente de ouvir, mas que agora também pelo que via com os
olhos, ou seja, havia adquirido um conhecimento maior e melhor.
E neste conhecimento superior aprendeu
que é bom para o homem estar calado diante de Deus, sem tentar ser Seu
conselheiro, ou apresentar argumentos para justificá-lo, porque Deus não
precisa, leão que é, de defensores, de advogados.
A
nenhum homem tem constituído Seu advogado na terra, senão somente a Seu Filho
Jesus Cristo, como nosso Advogado perante Ele, no céu.
Tapar a boca é necessário, quando o
desejo de falar e exarar pareceres sobre os propósitos de Deus que nos são
ocultos, torna-se algo quase que incontido.
É preciso refrear tal paixão da carne e
agir somente debaixo do mover do Espírito.
Jó aprendera a sua lição e devemos
também aprender a nossa.
Quando isto acontece, então podemos ser
obreiros aprovados, vasos úteis, idôneos, para o uso de Deus, tal como Jó fora
como intercessor e sacerdote para os seus três amigos.
Os sacrifícios oferecidos pelos três
amigos de Jó, para que não fossem castigados por Deus, em sua ira contra eles,
e as orações de Jó em favor deles, não fez com que se tornassem aceitáveis ao
Senhor, mas que a Sua ira fosse desviada deles, porque não foi a eles que
aceitou, mas a Jó em sua oração e ofício sacerdotal, como afirmado no verso 9.
Temos um grande Sumo Sacerdote no céu
que intercede por nós à direita do Pai, e que ofereceu o grande e único
sacrifício por nós, o Seu próprio corpo na cruz, de modo que Ele se tornou
aceitável a Deus, para que a Sua ira fosse desviada de nós, de modo que fomos
resgatados da maldição da Lei porque nosso Senhor Jesus Cristo foi aceito pelo
Pai como oferta no nosso lugar.
Tudo o que o Senhor deu a Jó em dobro,
relativamente ao que possuía antes, depois de tê-lo livrado da prisão de
aflição em que se encontrava, não foi uma recompensa pelos seus sofrimentos,
mas a expressão da Sua grande bondade para com os Seus filhos.
Isto serve de ilustração para nós,
quanto às coisas que herdaremos juntamente com Cristo, depois de termos
suportado com paciência todas as aflições que devemos enfrentar com bom ânimo
neste mundo, por amor a Cristo.
Se estivemos em desonra neste mundo, nos
será concedido na glória, estar em dupla honra, tal como Deus fizera com Jó,
quando lhe restaurou, para que servisse de exemplo quanto ao que fará com todo cristão
fiel na glória do porvir.
Também nos será dado estarmos em comunhão com os
nossos demais irmãos em Cristo, alegrando-nos com eles na presença do Senhor,
no grande banquete em que Ele mesmo nos servirá para celebrar o nosso amor com
Ele e uns com os outros.
Jó que não tinha mais esperança de permanecer em
vida, quando no auge da sua aflição, ainda veio a ter filhos e filhas no mesmo
número dos que haviam morrido (dez), e destes teve descendentes, aos quais viu
até à quarta geração, quando ele morreu aos cento e quarenta anos, velho e
cheio de dias, conforme a bondade do Senhor lhe concedera, para servir de
sinal, de que aqueles que Ele ama, ainda que afligidos neste mundo, hão por fim
de serem levantados por Ele para estarem em Sua presença para sempre.
.
“1 Então respondeu Jó ao Senhor:
2 Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus
propósitos pode ser impedido.
3 Quem é aquele, como disseste, que sem
conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas
maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.
4 Escuta-me, pois, havias dito, e eu
falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.
5 Eu te conhecia só de ouvir, mas agora
os meus olhos te veem.
6 Por isso, me abomino e me arrependo no
pó e na cinza.
7 Sucedeu pois que, acabando o Senhor de dizer a Jó
aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu
contra ti e contra os teus dois amigos, porque não tendes falado de mim o que
era reto, como o meu servo Jó.
8 Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros, e ide
ao meu servo Jó, e oferecei um holocausto por vós; e o meu servo Jó orará por
vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu não vos trate conforme a vossa
estultícia; porque vós não tendes falado de mim o que era reto, como o meu
servo Jó.
9 Então foram Elifaz o temanita, e Bildade o suíta,
e Zofar o naamatita, e fizeram como o Senhor lhes ordenara; e o Senhor aceitou
a Jó.
10 O Senhor, pois, virou o cativeiro de Jó, quando
este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía.
11 Então vieram ter com ele todos os seus irmãos, e
todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão
em sua casa; condoeram-se dele, e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe
havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro e um pendente de
ouro.
12 E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó,
mais do que o primeiro; pois Jó chegou a ter catorze mil ovelhas, seis mil
camelos, mil juntas de bois e mil jumentas.
13 Também teve sete filhos e três filhas.
14 E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da
segunda Quezia, e o nome da terceira Quéren-Hapuque.
15 E em toda a terra não se acharam mulheres tão
formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos.
16 Depois disto viveu Jó cento e quarenta anos, e
viu seus filhos, e os filhos de seus filhos: até a quarta geração.
17 Então morreu Jó, velho e cheio de dias.” (Jó 42)
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