É provável que ali mesmo
em Gilgal, quando confirmavam a Saul no reino, com alegria pela vitória sobre
os amonitas, que Samuel tenha percebido algo de uma alegria mundana e carnal
entre o povo e o seu rei, como vemos no relato do 12º capítulo de I Samuel.
Afinal, temperamentos
como o de Saul, são dados a não tributarem verdadeiramente de coração, honra e
glória ao Senhor, pois tendem a se gloriar em si mesmos, em seus atos, ainda
que fortalecidos e capacitados por Deus.
Eles furtam a honra e a
glória que são devidas exclusivamente ao Senhor, para si mesmos.
Eles, apesar do seu
grande tamanho, carisma, e aparência que impressionam a muitos, sem o poder do
Senhor, são tão fracos quanto qualquer outro ser mortal, mas incitados pela
aclamação popular, são grandemente tentados a se gloriarem em si mesmos, e não
no Senhor.
Certamente, este foi o
motivo para que Samuel protestasse contra a maldade dos israelitas em terem
pedido um rei para si, como o tinham todas as demais nações.
A sua repreensão e o teor
das suas palavras foram confirmados por Deus com um milagre inaudito, pois
dissera que o Senhor faria trovejar e chover numa época em que isto não
ocorria, a saber, na sega do trigo (v. 17, 18).
Mas antes disto, Samuel
fez uma confrontação com todos eles na presença de Saul, a quem chamou de
ungido do Senhor, em relação ao seu próprio ministério.
Não foi uma prestação de
contas o que ele fez, mas uma verdadeira confrontação, como que a convencê-los,
já que nada havia de repreensível na forma como vinha conduzindo o povo, não
podiam ser justificados no seu pedido de um rei.
Isto estava dando ocasião
para que mais uma vez examinassem os seus corações e vissem quais foram os
reais motivos que lhes havia conduzido a tomar a decisão de pedir para si um
rei.
Não seria porque estavam
se predispondo a abandonarem o Senhor e os Seus mandamentos, o que estava bem
representado na pessoa e no governo de Samuel?
Não era na verdade ao
Senhor que eles estavam se predispondo a abandonar?
O pedido de um rei não
teria em vista a intenção de substituir o governo de Deus pelo mero governo do
homem?
Isto era de fato uma
maldade e deveriam vigiar contra tais sentimentos, e se arrependerem do seu
pecado, redirecionando as suas intenções para o bem, e não abandonarem a
direção de Deus, tanto eles quanto o rei que havia sido colocado sobre eles.
A máscara foi retirada
com as palavras de Samuel e com a confirmação delas com os trovões e a chuva
que Deus enviou atendendo à sua oração, e eles reconheceram o seu pecado (v.
19), e pediram a Samuel que intercedesse em seu favor, para que o Senhor não lhes
matasse.
As palavras que Samuel
usou em resposta ao seu pedido, são dignas de serem destacadas:
“20 Então disse Samuel ao
povo: Não temais; vós fizestes todo este mal; porém não vos desvieis de seguir
ao Senhor, mas servi-o de todo o vosso coração.
21 Não vos desvieis;
porquanto seguiríeis coisas vãs, que nada aproveitam, e tampouco vos livrarão,
porque são vãs.
22 Pois o Senhor, por causa
do seu grande nome, não desamparará o seu povo; porque aprouve ao Senhor fazer
de vós o seu povo.
23 E quanto a mim, longe
de mim esteja o pecar contra o Senhor, deixando de orar por vós; eu vos
ensinarei o caminho bom e direito.
24 Tão-somente temei ao
Senhor, e servi-o fielmente de todo o vosso coração; pois vede quão grandiosas
coisas vos fez.
25 Se, porém,
perseverardes em fazer o mal, perecereis, assim vós como o vosso rei.” .
Estas palavras revelam
que estavam pensando em coisas vãs (v. 21), em grandeza mundana, em glória
terrena, e isto não poderia livrá-los de maneira alguma, porque o modo de Deus
tratar com eles era diferente da forma como tratava com as demais nações,
porque tinham uma aliança com o Senhor.
Estas palavras tinham por
alvo servir de alerta, não somente ao povo como ao próprio Saul, pois se
perseverassem em fazer o mal, pereceriam, tanto eles quanto o próprio rei (v.
25).
Este alerta veio a ser
desconsiderado, e tanto os israelitas viriam a tombar no campo de batalha,
quanto o próprio Saul, decorridos quarenta anos do seu governo sobre Israel.
Daí a necessidade de nos
apegarmos e meditarmos na Palavra do Senhor dia e noite, tal como fizera Josué,
para que possamos prosperar em todos os nossos caminhos.
“1 Então disse Samuel a
todo o Israel: Eis que vos dei ouvidos em tudo quanto me dissestes, e constituí
sobre vós um rei.
2 Agora, eis que o rei
vai adiante de vós; quanto a mim, já sou velho e encanecido, e meus filhos
estão convosco: eu tenho andado adiante de vós desde a minha mocidade até o dia
de hoje.
3 Eis-me aqui! testificai
contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido. De quem tomei o boi? ou de
quem tomei o jumento? ou a quem defraudei? ou a quem tenho oprimido? ou da mão
de quem tenho recebido peita para encobrir com ela os meus olhos? E eu vo-lo
restituirei.
4 Responderam eles: Em
nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de
ninguém.
5 Ele lhes disse: O
Senhor é testemunha contra vós, e o seu ungido é hoje testemunha de que nada tendes
achado na minha mão. Ao que respondeu o povo: Ele é testemunha.
6 Então disse Samuel ao
povo: O Senhor é o que escolheu a Moisés e a Arão, e tirou a vossos pais da
terra do Egito.
7 Agora ponde-vos aqui,
para que eu pleiteie convosco perante o Senhor, no tocante a todos os atos de
justiça do Senhor, que ele fez a vós e a vossos pais.
8 Quando Jacó entrou no
Egito, e vossos pais clamaram ao Senhor, então o Senhor enviou Moisés e Arão,
que tiraram vossos pais do Egito, e os fizeram habitar neste lugar.
9 Esqueceram-se, porém,
do Senhor seu Deus; e ele os entregou na mão de Sísera, chefe do exército de
Hazor, e na mão dos filisteus, e na mão do rei de Moabe, os quais pelejaram
contra eles.
10 Clamaram, pois, ao
Senhor, e disseram: Pecamos, porque deixamos ao Senhor, e servimos aos baalins
e astarotes; agora, porém, livra-nos da mão de nossos inimigos, e te
serviremos:
11 Então o Senhor enviou
Jerubaal, e Baraque, e Jefté, e Samuel; e vos livrou da mão de vossos inimigos
em redor, e habitastes em segurança.
12 Quando vistes que
Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós, dissestes-me: Não, mas reinará
sobre nós um rei; entretanto, o Senhor vosso Deus era o vosso Rei.
13 Agora, eis o rei que
escolhestes e que pedistes; eis que o Senhor tem posto sobre vós um rei.
14 Se temerdes ao Senhor,
e o servirdes, e derdes ouvidos à sua voz, e não fordes rebeldes às suas
ordens, e se tanto vós como o rei que reina sobre vós seguirdes o Senhor vosso
Deus, bem está;
15 mas se não derdes
ouvidos à voz do Senhor, e fordes rebeldes às suas ordens, a mão do Senhor será
contra vós, como foi contra vossos pais:
16 Portanto ficai agora
aqui, e vede esta grande coisa que o Senhor vai fazer diante dos vossos olhos.
17 Não é hoje a sega do
trigo? clamarei, pois, ao Senhor, para que ele envie trovões e chuva; e
sabereis e vereis que é grande a vossa maldade, que fizestes perante o Senhor,
pedindo para vós um rei.
18 Então invocou Samuel
ao Senhor, e o Senhor enviou naquele dia trovões e chuva; pelo que todo o povo
temeu sobremaneira ao Senhor e a Samuel.
19 Disse todo o povo a
Samuel: Roga pelos teus servos ao Senhor teu Deus, para que não morramos;
porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para
nós um rei.
20 Então disse Samuel ao
povo: Não temais; vós fizestes todo este mal; porém não vos desvieis de seguir
ao Senhor, mas servi-o de todo o vosso coração.
21 Não vos desvieis;
porquanto seguiríeis coisas vãs, que nada aproveitam, e tampouco vos livrarão,
porque são vãs.
22 Pois o Senhor, por
causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo; porque aprouve ao Senhor
fazer de vós o seu povo.
23 E quanto a mim, longe
de mim esteja o pecar contra o Senhor, deixando de orar por vós; eu vos
ensinarei o caminho bom e direito.
24 Tão-somente temei ao
Senhor, e servi-o fielmente de todo o vosso coração; pois vede quão grandiosas
coisas vos fez.
25 Se, porém,
perseverardes em fazer o mal, perecereis, assim vós como o vosso rei.” (I Sm
12.1-25)
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