Ainda que o Senhor possa perdoar e salvar a
qualquer que tenha desonrado o Seu nome blasfemando dEle, especialmente na
dispensação da graça, conforme nos ensinou o próprio Jesus (Mt 12.32), no
entanto isto não é algo que possa ser feito sem que não nos exponhamos a um
grande risco de sofrer os Seus juízos, para vindicar a santidade do Seu nome,
ao qual atribui grande estima e honra, a ponto de ter incluído um mandamento
específico entre os dez mandamentos da Lei de Moisés pelo qual proíbe o uso vão
do Seu santo nome, e interpôs uma ameaça, afirmando que não terá por inocente a
todo que vier a fazê-lo (Êx 20.7).
Não admira portanto que Jesus tenha também ensinado
o dever de santificar o nome de Deus, como a primeira coisa a ser lembrada em
nossas orações (Mt 6.9).
Era exatamente contra o grande nome de Deus que os
assírios estavam blasfemando, e então, qual seria a resposta que poderiam
esperar da parte do Senhor, na vindicação do Seu nome?
O capítulo 19º de Reis revela a resposta.
E ainda que o rei Ezequias não tivesse se humilhado
e buscado o Seu auxílio, pedindo que Ele fosse consultado pelo profeta Isaías,
os assírios receberiam das Suas poderosas mãos o devido castigo.
E 185.000 homens do exército deles, que se
encontrava acampado ao redor de Jerusalém, foram destruídos a um só tempo, pelo
anjo do Senhor, na mesma noite em que o Senhor deu resposta à oração de
Ezequias, através do profeta Isaías, na forma de uma resposta à carta afrontosa
que Senaqueribe havia enviado a Ezequias (v. 35).
E o rei assírio fugiu apavorado para a sua terra,
por ter visto a grande destruição que o próprio Deus fizera em seu exército sem
qualquer auxílio de mãos humanas, e quando ele estava adorando no templo do
deus Nisroque, em Nínive, capital da Assíria, dois de seus próprios filhos o
mataram à espada no templo em que se
encontrava, e com isto o Senhor revelou a ele qual era o poder do deus Nisroque
para livrá-lo das Suas mãos, e dos seus inimigos, pois, como se exaltara sobre
o Senhor em nome deste deus falso, ele não foi capaz sequer de livrá-lo
daqueles que eram da sua própria casa, e um outro filho dele, chamado
Esar-Hadom, assumiu o reino da Assíria (v. 37).
Este capítulo é auto-explicativo em quase tudo o
que contém, e dispensa qualquer comentário, e por isso recomendamos uma
releitura do próprio texto bíblico, especialmente das seguintes passagens:
a) O pedido que Ezequias fez a Isaías através dos
mensageiros que lhe enviou, para que orasse ao Senhor em favor de Judá, pela
vindicação que o Senhor faria da santidade do Seu nome, que havia sido
blasfemado pelos assírios (vide versos 3 e 4).
b) A resposta inicial que o Senhor deu a Ezequias
através do profeta Isaías, prometendo que faria Senaqueribe voltar à Assíria
onde seria morto à espada (vide versos 6 e 7).
c) A oração que Ezequias fez no templo depois de
ter recebido uma carta de Senaqueribe, na qual lhe dizia para que não confiasse
no Seu Deus (vide versos 14 a 19).
d) A resposta que Deus deu à oração de Ezequias
enviando-lhe uma mensagem através do profeta Isaías (vide versos 20 a 34).
Para melhor informação de toda a fidelidade de
Ezequias para com o Senhor antes de ter-se levantado Senaqueribe contra ele,
podem ser consultados os capítulos 29 a 31 de II Crônicas, em que vemos
sobretudo o seu esforço para cumprir em Judá tudo o que estava contido na Lei
de Moisés.
“1 Quando o rei Ezequias ouviu isto rasgou as suas
vestes, cobriu-se de saco, e entrou na casa do Senhor.
2 Então enviou Eliaquim, o mordomo, e Sebna, o
escrivão, e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de sacos, ao profeta Isaías,
filho de Amoz.
3 Eles lhe disseram: Assim diz Ezequias: Este dia é
dia de angústia, de vituperação e de blasfêmia; porque os filhos chegaram ao
parto, e não há força para os dar à luz.
4 Bem pode ser que o Senhor teu Deus tenha ouvido
todas as palavras de Rabsaque, a quem o seu senhor, o rei da Assiria, enviou
para afrontar o Deus vivo, e repreenda as palavras que o senhor teu Deus ouviu.
Faze, pois, oração pelo resto que ainda fica.
5 Foram, pois, os servos do rei Ezequias ter com
Isaias.
6 E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor:
Assim diz o Senhor: Não temas as palavras que ouviste, com as quais os servos
do rei da Assíria me blasfemaram.
7 Eis que meterei nele um espírito, e ele ouvirá
uma nova, e voltará para a sua terra; e à espada o farei cair na sua terra.
8 Voltou, pois, Rabsaqué e achou o rei da Assíria
pelejando contra Libna, porque soubera que o rei havia partido de Laquis.
9 E o rei, ouvindo dizer acerca de Tiraca, rei da
Etiópia: Eis que saiu para te fazer guerra, tornou a enviar mensageiros a
Ezequias, dizendo:
10 Assim falareis a Ezequias, rei de Judá: Não te
engane o teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalém não será entregue na mão
do rei da Assíria.
11 Eis que já tens ouvido o que os reis da Assíria
fizeram a todas as terras, destruindo-as totalmente; e tu serias poupado?
12 Porventura os deuses das nações a quem meus pais
destruíram, puderam livrá-las, a saber, Gozã, Harã, Rezefe, e os filhos de Eden
que estavam em Telassar?
13 Que é feito do rei de Hamate, do rei de Arpade,
do rei da cidade de Sefarvaim, de Hena e de Iva?
14 Ezequias, pois, tendo recebido a carta das mãos
dos mensageiros, e tendo-a lido, subiu à casa do Senhor, e a estendeu perante o
Senhor.
15 E Ezequias orou perante o Senhor, dizendo: Ó
Senhor Deus de Israel, que estás assentado sobre os querubins, tu mesmo, só tu
és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste o céu e a terra.
16 Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, ó
Senhor, os teus olhos, e vê; e ouve as palavras de Senaqueribe, com as quais
enviou seu mensageiro para afrontar o Deus vivo.
17 Verdade é, ó Senhor, que os reis da Assíria têm
assolado as nações e as suas terras,
18 e lançado os seus deuses no fogo porquanto não
eram deuses mas obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os
destruíram.
19 Agora, pois, Senhor nosso Deus, livra-nos da sua
mão, para que todos os reinos da terra saibam que só tu, Senhor, és Deus.
20 Então Isaías, filho de Amoz, mandou dizer a
Ezequias: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Ouvi o que me pediste no tocante a
Senaqueribe, rei da Assíria.
21 Esta é a palavra que o Senhor falou a respeito
dele: A virgem, a filha de Sião, te despreza e te escarnece; a filha de
Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti.
22 A quem afrontaste e blasfemaste? E contra quem
alçaste a voz, e ergueste os olhos ao alto? Contra o Santo de Israel!
23 Por meio de teus mensageiros afrontaste o
Senhor, e disseste: Com a multidão de meus carros subi ao alto dos montes, aos
lados do Líbano; cortei os seus altos cedros, e as suas mais formosas faias, e
entrei na sua mais distante pousada, no bosque do seu campo fértil.
24 Eu cavei, e bebi águas estrangeiras; e com as
plantas de meus pés sequei todos os rios do Egito.
25 Porventura não ouviste que já há muito tempo
determinei isto, e já desde os dias antigos o planejei? Agora, porém, o
executei, para que fosses tu que reduzisses as cidades fortificadas a montões
desertos.
26 Por isso os moradores delas tiveram pouca força,
ficaram pasmados e confundidos; tornaram-se como a erva do campo, como a relva
verde, e como o feno dos telhados, que se queimam antes de amadurecer.
27 Eu, porém, conheço o teu assentar, o teu sair e
o teu entrar, bem como o teu furor contra mim.
28 Por causa do teu furor contra mim, e porque a
tua arrogância subiu aos meus ouvidos, porei o meu anzol no teu nariz e o meu
freio na tua boca, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.
29 E isto te será por sinal: Este ano comereis o
que nascer por si mesmo, e no ano seguinte que daí proceder; e no terceiro ano
semeai e comei, e plantai vinhas, e comei os seus frutos.
30 Pois o que escapou da casa de Judá, e ficou de
resto, tornará a lançar raízes para baixo, e dará fruto para cima.
31 Porque de Jerusalém sairá o restante, e do monte
Sião os que escaparem; o zelo do Senhor fará isto.
32 Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da
Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma; tampouco
virá perante ela com escudo, nem contra ela levantará tranqueira.
33 Pelo caminho por onde veio, por esse mesmo
voltará, e nesta cidade não entrará, diz o Senhor.
34 Porque eu defenderei esta cidade para livrá-la,
por amor de mim e por amor do meu servo Davi.
35 Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o
anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil
deles: e, levantando-se os assírios pela manhã cedo, eis que aqueles eram todos
cadáveres.
36 Então Senaqueribe, rei da Assíria, se retirou e,
voltando, habitou em Nínive.
37 E quando ele estava adorando na casa de
Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o mataram à espada e
fugiram para a terra de Arará. E Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”
(II Rs 19.1-37).
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