Há um princípio no caráter de Deus que o leva a dar
oportunidades àqueles que Ele sabe que melhorarão com o tempo, à medida que são
submetidos progressivamente à ação da Sua graça, e nós vemos isto nas ações de
Jesus em Seu ministério terreno, e do trabalho dEle na Sua Igreja.
Isto está ilustrado na parábola da figueira estéril
à qual ele deu tempo e tratos culturais, para que viesse a frutificar, e que
seria cortada somente se não respondesse de modo favorável à oportunidade que
lhe estava sendo dada de frutificar.
Mas quando esta esperança foge totalmente, como foi
o caso do Reino do Norte, e as pessoas se tornam como espinheiros, dos quais
não se pode esperar nenhum fruto, o destino delas então é o de serem cortadas e
queimadas em fogo inextinguível.
Os israelitas do Reino do Norte haviam se desviado
de tal maneira do Senhor, e se entregaram tanto às práticas pagãs, que eles se
degeneraram completamente e passaram a ser como qualquer uma das nações, que
não conheciam a Deus, senão ainda piores do que elas.
Por isso, o Senhor os rejeitou de tal forma, que
permitindo que fossem entregues nas mãos dos assírios, viriam a manter no
esquecimento, a forma devida de se servir ao Senhor, em sua própria terra,
porque foram espalhados por outras nações, vindo a assimilar com o passar dos
anos a identidade cultural delas.
Mas, como em Judá ainda havia um remanescente fiel,
o Senhor proveria um destino diferente para eles, pois ainda que sendo levados
a partir de 605 a.C. até 586 a.C. para Babilônia, não somente os manteria
reunidos numa só nação, onde receberiam um tratamento digno muito diferente do
que havia sofrido Israel sob os assírios, e além disso, o Senhor não os deixou
sem o ministério dos profetas em Babilônia, porque antes mesmo que toda a nação
fosse levada para lá em cativeiro, Ele lhes enviou para estarem com eles os
profetas Daniel (605 a. C.) e Ezequiel (597 a.C.), de modo que fossem curados
de sua idolatria, e que achassem favor junto ao rei de Babilônia.
Deus amaldiçoou de tal forma a criação, depois que
o pecado entrou no mundo, que desde então, para que o homem tenha verdadeira
alegria e paz em sua alma, depende de
recebê-las diretamente dEle, porque são tantas as pressões, decepções, perdas,
fraquezas, perseguições e toda sorte de adversidades internas, inerentes à
própria natureza terrena decaída; e externas, relativas ao mundo de pecado, que
não poderá ter de modo algum um viver abençoado, se isto não lhe for concedido
particularmente pelo Senhor.
Deste modo, tudo o que é adverso contribui para que
se busque a Deus, para achar nEle graça e auxílio, de forma que se receba dEle
descanso e paz para a alma.
Por isso, importa ter uma vida agradável ao Senhor,
achegando-nos a Ele em inteira certeza de fé,
por meio de um coração verdadeiro,
purificado da má consciência, e o corpo lavado de toda impureza carnal
por estar lavado com a água limpa da santificação do Espírito Santo (Hb 10.22),
porque de outro modo não se pode privar da intimidade com Ele e das Suas
bênçãos, porque Deus é totalmente santo e justo, a par de ser amoroso e
misericordioso.
Então, como poderia Israel com seus grosseiros
pecados não perdoados, pela falta de arrependimento deles, contar com as
bênçãos do Senhor para sempre?
Eles seriam rejeitados por Deus do mesmo modo como
lhe haviam rejeitado desprezando os Seus profetas, Seus mandamentos, a Sua
Palavra.
O que sucedeu a eles é para a nossa própria
advertência, de modo que não nos iludamos que podemos ter uma vida abençoada
pelo Senhor vivendo da mesma maneira que eles viveram no passado, ou seja, sem
que andemos em retidão na Sua presença, por não procurarmos fazer aquilo que
Lhe é agradável, não pelo que julguemos que Lhe seja agradável, mas consoante
uma firme perseverança em obedecer a tudo que nos tem ordenado em Sua Palavra.
A expulsão de Israel da terra da promessa é uma
ilustração da nossa própria expulsão da comunhão com o Senhor, se não
praticarmos o que é reto aos Seus olhos.
Não importa a beleza dos cultos que Lhe prestamos,
a suntuosidade dos nossos templos, a afinação dos louvores que Lhe entoamos, se
não prezamos e guardamos os Seus mandamentos, por um andar no Espírito Santo,
produzindo no nosso coração o Seu fruto no nosso viver diário.
Este 17º capítulo de II Reis descreve o motivo dos
israelitas terem sido expulsos da sua terra pelo Senhor, e como ela passou a
ser habitada por povos que não O conheciam, e que misturaram as suas práticas
de adoração pagã com algumas das prescrições da Lei de Moisés, que lhes foram
ensinadas por um sacerdote de Israel, que foi trazido de volta do cativeiro,
especialmente para tal propósito (v. 28), porque julgavam que os leões, que
haviam ocupado a terra que fora deixada desocupada dos seus habitantes, por
causa do cativeiro, estavam atacando os seus novos habitantes porque isto
deveria ser um juízo do Deus daquela terra por não estar sendo também cultuado
por eles, e como esta gente não conhecia ao Senhor, como os próprios
israelitas, que haviam virado as Suas costas para Ele, ignoravam que Deus exige
um culto exclusivo dos Seus servos, e que é uma maior abominação para Ele ser
colocado ao lado de outros deuses do que não receber qualquer tipo de adoração,
porque esta mistura do que é frio com o que é quente produz a mornidão que O
leva a nos expulsar da Sua boca.
É então melhor ser frio não conhecendo as coisas
que são devidas ao Senhor, do que conhecê-las e permitir que a adoração que é
devida exclusivamente a Ele seja mesclada com a adoração de outros deuses ou
com práticas mundanas.
Na própria Lei Ele nos adverte que não terá por
inocente a todo aquele que tiver outros deuses diante dEle.
Então, em vez de verdadeira adoração o que eles
tinham era uma superstição.
E este seu culto mesclado prosseguiu até os dias do
ministério terreno do Senhor Jesus, porque no tempo de Alexandre, o Grande, um
sacerdote de Judá, unido aos samaritanos edificou o templo do monte Gerizim,
alegando que fora ali que Abraão tinha levado Isaque quando tivera a Sua fé
provada por Deus, e baseavam a sua religião somente no Pentateuco, rejeitando o
restante do Antigo Testamento, e apesar de guardarem o sábado, as festas e a
circuncisão, deles falou o Senhor Jesus que não conheciam o que adoravam (Jo
4.22).
Por isso se diz destas pessoas que passaram a
habitar nos territórios desocupados de Israel o que nós lemos no verso 41:
“Assim estas nações temiam ao Senhor, mas serviam
também as suas imagens esculpidas; também seus filhos, e os filhos de seus
filhos fazem até o dia de hoje como fizeram seus pais.”.
Desta forma, os israelitas que haviam sido deixados
em Israel, quando seus irmãos foram levados pela Assíria, seguiram este culto
misto e não se arrependeram de suas antigas más obras, apesar de todos os
juízos que o Senhor trouxera sobre Israel (v. 34 a 40).
“1 No ano duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a
reinar Oseias, filho de Elá, e reinou sobre Israel, em Samaria nove anos.
2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, contudo
não como os reis de Israel que foram antes dele.
3 Contra ele subiu Salmanasar, rei da Assiria; e Oseias
ficou sendo servo dele e lhe pagava tributos.
4 O rei da Assíria , porém, achou em Oseias
conspiração; porque ele enviara mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava,
como dantes, os tributos anuais ao rei da Assíria; então este o encerrou e o
pôs em grilhões numa prisão.
5 E o rei da Assíria subiu por toda a terra, e
chegando a Samaria sitiou-a por três anos.
6 No ano nono de Oseias, o rei da Assíria tomou
Samaria, e levou Israel cativo para a Assíria; e fê-los habitar em Hala, e
junto a Habor, o rio de Gozã, e nas cidades dos medos.
7 Assim sucedeu, porque os filhos de Israel tinham
pecado contra o Senhor seu Deus que os fizera subir da terra do Egito, de
debaixo da mãe de Faraó, rei do Egito, e porque haviam temido a outros deuses,
8 e andado segundo os costumes das nações que o
Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel, e segundo os que os reis de
Israel introduziram.
9 Também os filhos de Israel fizeram secretamente
contra o Senhor seu Deus coisas que não eram retas. Edificaram para si altos em
todas as suas cidades, desde a torre das atalaias até a cidade fortificada;
10 Levantaram para si colunas e aserins em todos os
altos outeiros, e debaixo de todas as árvores frondosas;
11 queimaram incenso em todos os altos, como as
nações que o Senhor expulsara de diante deles; cometeram ações iníquas,
provocando à ira o Senhor,
12 e serviram os ídolos, dos quais o Senhor lhes
dissera: Não fareis isso.
13 Todavia o Senhor advertiu a Israel e a Judá pelo
ministério de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Voltai de
vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos,
conforme toda a lei que ordenei a vossos pais e que vos enviei pelo ministério
de meus servos, os profetas.
l4 Eles porém, não deram ouvidos; antes endureceram
a sua cerviz, como fizeram seus pais, que não creram no Senhor seu Deus;
15 rejeitaram os seus estatutos, e o seu pacto, que
fizera com os pais deles, como também as advertências que lhes fizera; seguiram
a vaidade e tornaram-se vãos, como também seguiram as nações que estavam ao
redor deles, a respeito das quais o Senhor lhes tinha ordenado que não as
imitassem.
16 E, deixando todos os mandamentos do Senhor seu
Deus, fizeram para si dois bezerros de fundição, e ainda uma Asera; adoraram
todo o exército do céu, e serviram a Baal.
17 Fizeram passar pelo fogo seus filhos, suas
filhas, e deram-se a adivinhações e encantamentos; e venderam-se para fazer o
que era mau aos olhos do Senhor, provocando-o à ira.
18 Pelo que o Senhor muito se indignou contra
Israel, e os tirou de diante da sua face; não ficou senão somente a tribo de
Judá.
19 Nem mesmo Judá havia guardado os mandamentos do
Senhor seu Deus; antes andou nos costumes que Israel introduzira.
20 Pelo que o Senhor rejeitou toda a linhagem de
Israel, e os oprimiu, entregando-os nas mãos dos despojadores, até que os
expulsou da sua presença.
21 Pois rasgara Israel da casa de Davi; e eles
fizeram rei a Jeroboão, filho de Nebate, o qual apartou Israel de seguir o
Senhor, e os fez cometer um grande pecado.
22 Assim andaram os filhos de Israel em todos os
pecados que Jeroboão tinha cometido; nunca se apartaram deles;
23 até que o Senhor tirou Israel da sua presença,
como falara por intermédio de todos os seus servos os profetas. Assim foi
Israel transportado da sua terra para a Assíria, onde está até o dia de hoje.
24 Depois o rei da Assíria trouxe gente de
Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim, e a fez habitar nas
cidades de Samaria em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram Samaria em
herança, e habitaram nas suas cidades.
25 E sucedeu que, no princípio da sua habitação
ali, não temeram ao Senhor; e o Senhor mandou entre eles leões, que mataram
alguns deles.
26 Pelo que foi dito ao rei da Assíria: A gente que
transportaste, e fizeste habitar nas cidades de Samaria, não conhece a lei do
deus da terra; por isso ele tem enviado entre ela leões que a matam, porquanto
não conhece a lei do deus da terra.
27 Então o rei da Assíria mandou dizer: Levai ali
um dos sacerdotes que transportastes de lá para que vá e habite ali, e lhes
ensine a lei do deus da terra.
28 Veio, pois, um dos sacerdotes que eles tinham
transportado de Samaria, e habitou em Betel, e lhes ensinou como deviam temer
ao Senhor.
29 Todavia as nações faziam cada uma o seu próprio
deus, e os punham nas casas dos altos que os samaritanos tinham feito, cada
nação nas cidades que habitava.
30 Os de Babilônia fizeram e Sucote-Benote; os de
Cuta fizeram Nergal; os de Hamate fizeram Asima;
31 os aveus fizeram Nibaz e Tartaque: e os
sefarvitas queimavam seus filhos no fogo e a adrameleque e a Anameleque, deuses
de Sefarvaim.
32 Temiam também ao Senhor, e dentre o povo fizeram
para si sacerdotes dos lugares altos, os quais exerciam o ministério nas casas
dos lugares altos.
33 Assim temiam ao Senhor, mas também serviam a
seus próprios deuses, segundo o costume das nações do meio das quais tinham
sido transportados.
34 Até o dia de hoje fazem segundo os antigos
costumes: não temem ao Senhor; nem fazem segundo os seus estatutos, nem segundo
as suas ordenanças; nem tampouco segundo a lei, nem segundo o mandamento que o
Senhor ordenou aos filhos de Jacó, a quem deu o nome de Israel,
35 com os quais o Senhor tinha feito um pacto, e
lhes ordenara, dizendo: Não temereis outros deuses, nem vos inclinareis diante
deles, nem os servireis, nem lhes oferecereis sacrifícios;
36 mas sim ao Senhor, que vos fez subir da terra do
Egito com grande poder e com braço estendido, a ele temereis, a ele vos
inclinareis, e a ele oferecereis sacrifícios.
37 Quanto aos estatutos, às ordenanças, à lei, e ao
mandamento, que para vós escreveu, a esses tereis cuidado de observar todos os
dias; e não temereis outros deuses;
38 e do pacto que fiz convosco não vos esquecereis.
Não temereis outros deuses,
39 mas ao Senhor vosso Deus temereis, e ele vos
livrará das mãos de todos os vossos inimigos.
40 Contudo eles não ouviram; antes fizeram segundo
o seu antigo costume.
41 Assim estas nações temiam ao Senhor, mas serviam
também as suas imagens esculpidas; também seus filhos, e os filhos de seus
filhos fazem até o dia de hoje como fizeram seus pais.” (II Rs 17.1-41).
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