O piedoso rei Jotão, filho de Uzias, do qual se lê
em II Crôn 27.6 que: “se tornou poderoso, porque dirigiu os seus caminhos na
presença do Senhor seu Deus.”, foi
sucedido no trono por seu filho Acaz, que não andou nos seus caminhos, conforme
vemos neste 16º capitulo de II Reis, que estaremos comentando, e no relato do
28º capítulo de II Crônicas.
Acaz começou a reinar no 17º ano do reinado de
Peca, o filho de Remalias, que é citado em Isaías 7.9, do qual ele tremia de
medo (Is 7.16), e também de Rezim, rei da Síria, também citado no mesmo texto
de Isaías, e dos quais o Senhor lhe daria livramento, não por nenhum
merecimento dele ou qualquer justiça que nele houvesse, senão para cumprir o
seu propósito de não permitir que a Assíria, que ele havia levantado como
instrumento da Sua justiça sobre o mundo ímpio de então, e que viria a subjugar
o próprio Reino do Norte, não fosse o executor de seus juízos também sobre Judá
(Reino do Sul), para quem o Senhor tinha planos diferentes, a saber, que fossem
levados em cativeiro não pela Assíria, mas por Babilônia, e não naquele tempo,
mas somente depois de 605 a .C., isto é, mais de cem anos depois do cativeiro
de Israel.
E deve-se ter em conta que havia profecias relativas a Judá, que ainda não
tinham sido cumpridas, como a da destruição do altar do bezerro de ouro de
Betel, pelo rei Josias, e como sabemos que a Palavra do Senhor não pode falhar
seria mais fácil ele riscar a Assíria totalmente do mapa já naquela época, do
que permitir que uma só Palavra Sua caísse por terra.
Assim, nós vemos porque foi permitido ao rei Acaz
de Judá, ser livrado da destruição, a par de toda a transgressão que este rei
cometeu no Reino do Sul, e não somente isto, ele pôde até mesmo desfrutar de livramentos
da parte do Senhor, como já dissemos antes, sem que tivesse qualquer
merecimento para desfrutar disto.
Acaz não somente andou nos caminhos dos reis de
Israel, como lhes superou fazendo passar pelo fogo um de seus filhos (v. 3),
possivelmente dedicando-o a Moloque, divindade amonita, e oferecia sacrifícios
e queimava incenso a outros deuses (v. 4), e Jerusalém somente não caiu nas
mãos do rei Rezim da Síria, e de Peca, de Israel, quando estes a cercaram,
porque não era chegado ainda o tempo da sua destruição (v. 5).
Por isso, apesar de Judá ter sido poupado da
destruição, no entanto não deixou de receber os devidos juízos da parte do
Senhor contra os pecados deles, porque foi permitido aos sírios que levassem
uma grande multidão de Judá em cativeiro para a Síria, e a Peca de Israel que
matasse de Judá num só dia 120.000 dos seus homens valentes, porque estes
haviam abandonado o Senhor (II Crôn 28.5,6).
E se não fosse pela intervenção do Senhor, que
enviou aos israelitas o profeta Odede, para repreendê-los por terem tomado
200.000 pessoas de Judá, que pretendiam escravizar no Reino do Norte, o reinado
de Acaz teria sido submetido a uma total ruína, mas como não era ainda a hora
da destruição determinada pelo Senhor, os israelitas ouviram o profeta Odede,
porque lhes foi dito que viria grande mal da parte do Senhor sobre eles caso
não devolvessem os judeus à sua própria terra (II Crôn 28.8-15).
Estes acontecimentos levaram Acaz a pedir auxílio a
Tiglate-Pileser, rei da Assíria, mas este o colocou em aperto em vez de
ajudá-lo, porque lhe exigiu um grande tributo, que ele teve que pagar saqueando
a sua própria casa e a dos príncipes de Judá, e também o templo do Senhor (II
Crôn 28. 16-21).
Em todo o seu aperto Acaz nunca se voltou para o
Senhor, e não se humilhou diante dEle, pelos juízos que estava sofrendo, ao
contrário honrou os deuses da Síria, e não somente profanou o templo do Senhor,
como espalhou altares por Israel, para a adoração de outros deuses (II Crôn 28.
22-25).
Como se tudo isto não bastasse ele também honrou o
rei da Assíria, por ter este levado o povo de Damasco, em cativeiro e por ter
matado a Rezim, o rei sírio, indo a Damasco, para se encontrar com ele, e foi
nesta ocasião que ele viu o altar dos deuses, da Síria em Damasco e enviou um
desenho deste para o sacerdote Urias, em Judá ordenando-lhe que fosse edificado
um semelhante àquele para substituir o altar de bronze, do templo do Senhor, no
qual ele passou a oferecer sacrifícios aos deuses da Síria.
E tendo deslocado o altar de bronze para ficar ao
Norte do altar que mandara edificar, pediu a Urias que mantivesse o altar de
bronze do Senhor ao seu dispor, para que pudesse fazer dele o seu oráculo,
função que nunca fora designada por Deus para o referido altar, senão a de que
se apresentasse nele holocaustos (v. 10-15).
Veja que não era um rei estrangeiro que estava
profanando o templo do Senhor, senão o rei de Judá, a quem cabia preservá-lo.
Ele tirou também o mar de fundição, o grande
reservatório de água que ficava sobre os doze bois de bronze, de sobre estes
(v. 17), e o triste em tudo isto é que o sacerdote Urias fez tudo o que lhe
ordenou Acaz, sem que ele e os demais sacerdotes, se lhe opusessem, como era o
dever deles, tal como os que se opuseram ao rei Uzias nos seus dias.
Mas tudo isto era um indicativo de que o reino de
Judá, no tempo próprio, também receberia a devida retribuição do Senhor, sendo
também enviado para o cativeiro.
“1 No ano dezessete de Peca, filho de Remalias,
começou a reinar Acaz, filho de Jotão, rei de Judá.
2 Tinha Acaz vinte anos quando começou a reinar, e
reinou dezesseis anos em Jerusalém; e não fez o que era reto aos olhos do
Senhor seu Deus, como tinha feito Davi, seu pai,
3 mas andou no caminho dos reis de Israel, e até
fez passar pelo fogo o seu filho, segundo as abominações dos gentios que o
Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel.
4 Também oferecia sacrifícios e queimava incenso
nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda árvore frondosa.
5 Então subiu Rezim, rei da Síria, com Peca, filho
de Remalias, rei de Israel, contra Jerusalém, para lhe fazer guerra; e cercaram
a Acaz, porém não puderam vencê-lo.
6 Nesse mesmo tempo Rezim, rei da Síria, restituiu
Elate a Síria, lançando fora dela os judeus; e os sírios vieram a Elate, e
ficaram habitando ali até o dia de hoje.
7 Então Acaz enviou mensageiros a Tiglate-Pileser,
rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das
mãos do rei da Síria, e das mãos do rei de Israel, os quais se levantaram
contra mim.
8 E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na
casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da
Assíria.
9 E o rei da Assíria lhe deu ouvidos e, subindo
contra Damasco, tomou-a, levou cativo o povo para Quir, e matou Rezim.
10 Então o rei Acaz foi a Damasco para se encontrar
com Tiglate-Pileser, rei da Assíria; e, vendo o altar que estava em Damasco,
enviou ao sacerdote Urias a figura do altar, e o modelo exato de toda a sua
obra.
11 E Urias, o sacerdote, edificou o altar; conforme
tudo o que o rei Acaz lhe tinha enviado de Damasco, assim o fez o sacerdote
Urias, antes que o rei Acaz viesse de Damasco.
12 Tendo o rei vindo de Damasco, viu o altar; e,
acercando-se do altar, ofereceu sacrifício sobre ele;
13 queimou o seu holocausto e a sua oferta de
cereais, derramou a sua libação, e espargiu o sangue dos seus sacrifícios
pacíficos sobre o altar.
14 E o altar de bronze, que estava perante o
Senhor, ele o tirou da parte fronteira da casa, de entre o seu altar e a casa
do Senhor, e o colocou ao lado setentrional do seu altar.
15 E o rei Acaz ordenou a Urias, o sacerdote,
dizendo: No grande altar queima o holocausto da manhã, como também a oferta de
cereais da noite, o holocausto do rei e a sua oferta de cereais, o holocausto
de todo o povo da terra, a sua oferta de cereais e as suas libações; e todo o
sangue dos holocaustos, e todo o sangue dos sacrifícios espargirás nele; porém
o altar de bronze ficará ao meu dispor para nele inquirir.
16 Assim fez Urias, o sacerdote, conforme tudo
quanto o rei Acaz lhe ordenara.
17 Também o rei Acaz cortou as almofadas das bases,
e de cima delas removeu a pia; tirou o mar de sobre os bois de bronze, que
estavam debaixo dele, e o colocou sobre um pavimento de pedra.
18 Também o passadiço coberto para uso no sábado,
que tinham construído na casa, e a entrada real externa, retirou da casa do
Senhor, por causa do rei da Assíria.
19 Ora, o restante dos atos de Acaz, e o que fez
porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Judá?
20 E dormiu Acaz com seus pais, e com eles foi
sepultado na cidade de Davi. E Ezequias, seu filho, reinou em seu lugar.” (II
Rs 16.1-20).
Nenhum comentário:
Postar um comentário