quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A Morte do Profeta Eliseu – II Reis 13



O 13º capítulo de II Reis retoma a história da sucessão dos reis do Reino do Norte, com a citação  a Jeoacaz, filho de Jeú, que passou a reinar depois da morte de seu pai.
Ele reinou 17 anos, dando continuidade ao culto corrompido que Jeroboão havia criado, que em vez de adorar o Criador em espírito e em verdade, consistia numa celebração carnal a bois que haviam sido esculpidos em ouro pela imaginação humana.
De tal forma Israel havia sido entregue pelo Senhor às nações inimigas, especialmente ao poder da Síria, que nos dias de Jeoacaz, o exército de Israel que chegou a contar nos dias de Davi com 630.000 homens, sem contar os 470.000 de Judá (I Crôn 21.5), foi reduzido ao número desprezível de apenas 10.000 homens de infantaria, e tinha somente 10 carros e 50 cavaleiros (v. 7), e foi pela Sua exclusiva misericórdia e por causa da promessa que havia feito aos patriarcas de ser o Deus de Israel (v. 23), que Ele conteve o brasume da Sua ira contra os pecados deles, e foi isto que não permitiu que fossem inteiramente consumidos já naquela ocasião, porque já se encontravam maduros para tal juízo, tal como o mundo atual se encontra, e que ainda não foi sujeitado aos juízos finais de Deus, exclusivamente por causa da Sua longanimidade.
Nos próprios dias de Jeoacaz o Senhor havia operado um grande livramento da opressão da Síria, mas nem com isto se arrependeram e se desviaram dos seus pecados (v. 4 a 6).
Jeoacaz foi contemporâneo do rei Joás de Judá, e o seu filho Jeoás começou a reinar em Israel, depois da sua morte, a partir do 37º ano do reinado de Joás de Judá, que seria por conseguinte, contemporâneo de Jeoás, por apenas mais três anos, porque reinou 40 anos sobre Judá.
O reinado de Jeoás de Israel durou 16 anos (v. 10) e foi nos dias do seu reinado que morreu o profeta Eliseu, do qual se diz neste capítulo ter sido visitado por Jeoás em seu leito de enfermidade, o qual, vendo o estado em que o profeta se encontrava, que indicava estar bem próxima a hora da sua morte, começou a chorar e exclamou as mesmas palavras que Eliseu havia proferido quando Elias foi arrebatado: “Meu pai, meu pai! carro de Israel, e seus cavaleiros!” (v. 14).
Ele reconhecia que era por meio das palavras do Seu grande profeta que Deus dava vitórias a Israel sobre os seus inimigos, e ele era então de fato melhor do que milhares de soldados, com suas intercessões em favor de Israel, diante do Senhor, assim como o fora John Knox nos dias da rainha Maria, da Escócia, que dizia temer mais as orações de Knox do que todos os exércitos inimigos.
 E Eliseu, mesmo morrendo, mostrou-se mais forte e valoroso do que o próprio rei, porque animado pelo Espírito do Senhor pediu ao rei que pegasse um arco e flechas e que as lançasse através da janela do seu quarto ferindo a terra, e pondo a sua mão sobre a do rei, este lançou apenas três flechas, e por isso o profeta lhe repreendeu porque ele deveria ter ferido a terra cinco ou seis vezes e não apenas três, porque somente com cinco ou seis, viria a obter uma vitória total sobre os sírios, mas como não o fizera, ele apenas os venceria em três batalhas sucessivas (v. 19).
Não muito depois disto, Eliseu morreu e é narrado no verso 21 mais um milagre de Deus, que foi feito por causa de Eliseu, mesmo depois de morto, porque um homem de Israel que havia morrido foi lançado sobre a sepultura do profeta, quando aqueles que iriam sepultá-lo viram se aproximar uma tropa de moabitas, que havia invadido Israel, e tão logo o seu corpo tocou os ossos de Eliseu o citado homem ressuscitou.
Este capítulo é encerrado com a narrativa de que apesar de Hazael da Síria ter oprimido Israel durante todos os dias do rei Jeoacaz (v. 22), entretanto, nos dias do seu filho, o rei Jeoás, por ter honrado o profeta do Senhor na hora da sua morte, e por ter-lhe obedecido quando lhe ordenou que lançasse flechas através da janela do seu quarto, é dito no último verso que foi dado a ele retomar das mãos do rei Ben-Hadade, filho do rei Hazael, as cidades de Israel que os sírios haviam dominado, depois de ter vencido Ben-Hadade em três batalhas sucessivas, conforme lhe havia sido prometido pelo Senhor através de Eliseu (v. 25).
Nós vemos que Hazael, não necessariamente para honrar o rei que havia assassinado, mas provavelmente para disfarçar o crime que havia cometido no passado, deu ao seu próprio filho o nome dele, a saber, Ben-Hadade. 
Assim nem todo beijo é sinal de amor e honra, e Judas que o diga, e nem toda homenagem é também sinal de uma verdadeira honra, porque os motivos do coração devem ser pesados antes de se chegar a  qualquer conclusão final.
“17 Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
18 Porque os tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre; e com palavras suaves e lisonjas enganam os corações dos inocentes.” (Rom 16.17,18).
“Ainda aos violadores do pacto ele perverterá com lisonjas; mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas.” (Dn 11.32).
Estes dois textos bíblicos são muito apropriados, especialmente para estes nossos dias em que as pessoas estão mais dispostas a se deixarem conduzir por palavras de louvor dirigidas a elas, ainda que não sinceras e desprovidas de mérito e significado, do que pela verdade da Palavra de Deus.    
Por manterem esta predisposição que lhes é estimulada, tanto de fora quanto internamente de seus próprios corações, buscam insaciavelmente satisfazer a sua grande fome de auto-estima, e acabam na condição citada pelo apóstolo Paulo em II Tim 4.3,4:
“3 Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos,
4 e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.”.



“1 No vigésimo terceiro ano de Joás, filho de Acazias, rei de Judá, começou a reinar Jeoacaz, filho de Jeú, sobre Israel, em Samaria, e reinou dezessete anos.
2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, porque seguiu os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com os quais ele fizera Israel pecar; não se apartou deles.
3 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel; e o entregou continuadamente na mão de Hazael, rei da Síria, e na mão de Ben-Hadade, filho de Hazael.
4 Jeoacaz, porém, suplicou diante da face do Senhor; e o senhor o ouviu, porque viu a opressão com que o rei da Síria oprimia a Israel,
5 (pelo que o Senhor deu um libertador a Israel, de modo que saiu de sob a mão dos sírios; e os filhos de Israel habitaram nas suas tendas, como dantes.
6 Contudo não se apartaram dos pecados da casa de Jeroboão, com os quais ele fizera Israel pecar, porém andaram neles; e também a Asera ficou em pé em Samaria.)
7 porque, de todo o povo, não deixara a Jeoacaz mais que cinquenta cavaleiros, dez carros e dez mil homens de infantaria; porquanto o rei da Síria os tinha destruído e os tinha feito como o pó da eira.
8 Ora, o restante dos atos de Jeoacaz, e tudo quanto fez, e o seu poder, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
9 E Jeoacaz dormiu com seus pais; e o sepultaram em Samaria. E Jeoás, seu filho, reinou em seu lugar.
10 No ano trinta e sete de Joás, rei de Judá, começou a reinar Jeoás, filho de Jeoacaz, sobre Israel, em Samaria, e reinou dezesseis anos.
11 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; não se apartou de nenhum dos pecados de Jeroboão filho de Nebate, com os quais ele fizera Israel pecar, porém andou neles.
12 Ora, o restante dos atos de Jeoás, e tudo quanto fez, e o seu poder, com que pelejou contra Amazias, rei de Judá, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
13 Jeoás dormiu com seus pais, e Jeroboão se assentou no seu trono. Jeoás foi sepultado em Samaria, junto aos reis de Israel.
14 Estando Eliseu doente da enfermidade de que morreu, Jeoás, rei de Israel, desceu a ele e, chorando sobre ele exclamou: Meu pai, meu pai! carro de Israel, e seus cavaleiros!
15 E Eliseu lhe disse: Toma um arco e flechas. E ele tomou um arco e flechas.
16 Então Eliseu disse ao rei de Israel: Põe a mão sobre o arco. E ele o fez. Eliseu pôs as suas mãos sobre as do rei,
17 e disse: Abre a janela para o oriente. E ele a abriu. Então disse Eliseu: Atira. E ele atirou. Prosseguiu Eliseu: A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os sírios; porque ferirás os sírios em Afeque até os consumir.
18 Disse mais: Toma as flechas. E ele as tomou. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E ele a feriu três vezes, e cessou.
19 Ao que o homem de Deus se indignou muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então feririas os sírios até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os sírios.
20 Depois morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, as tropas dos moabitas invadiam a terra à entrada do ano.
21 E sucedeu que, estando alguns a enterrarem um homem, viram uma dessas tropas, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu. Logo que ele tocou os ossos de Eliseu, reviveu e se levantou sobre os seus pés.
22 Hazael, rei da Síria, oprimiu a Israel todos os dias de Jeoacaz.
23 O Senhor, porém, teve misericórdia deles, e se compadeceu deles, e se tornou para eles, por amor do seu pacto com Abraão, Isaque e Jacó; e não os quis destruir nem lançá-los da sua presença
24 Ao morrer Hazael, rei da Síria, Ben-Hadade, seu filho, reinou em seu lugar.
25 E Jeoás, filho de Jeoacaz, retomou das mãos de Ben-Hadade, filho de Hazael, as cidades que este havia tomado das mãos de Jeoacaz, seu pai, na guerra; três vezes Jeoás o feriu, e recuperou as cidades de Israel.” (II Rs 13.1-25).


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