O 13º capítulo de II Reis retoma a história da
sucessão dos reis do Reino do Norte, com a citação a Jeoacaz, filho de Jeú, que passou a reinar
depois da morte de seu pai.
Ele reinou 17 anos, dando continuidade ao culto
corrompido que Jeroboão havia criado, que em vez de adorar o Criador em
espírito e em verdade, consistia numa celebração carnal a bois que haviam sido
esculpidos em ouro pela imaginação humana.
De tal forma Israel havia sido entregue pelo Senhor
às nações inimigas, especialmente ao poder da Síria, que nos dias de Jeoacaz, o
exército de Israel que chegou a contar nos dias de Davi com 630.000 homens, sem
contar os 470.000 de Judá (I Crôn 21.5), foi reduzido ao número desprezível de
apenas 10.000 homens de infantaria, e tinha somente 10 carros e 50 cavaleiros
(v. 7), e foi pela Sua exclusiva misericórdia e por causa da promessa que havia
feito aos patriarcas de ser o Deus de Israel (v. 23), que Ele conteve o brasume
da Sua ira contra os pecados deles, e foi isto que não permitiu que fossem
inteiramente consumidos já naquela ocasião, porque já se encontravam maduros
para tal juízo, tal como o mundo atual se encontra, e que ainda não foi
sujeitado aos juízos finais de Deus, exclusivamente por causa da Sua longanimidade.
Nos próprios dias de Jeoacaz o Senhor havia operado
um grande livramento da opressão da Síria, mas nem com isto se arrependeram e
se desviaram dos seus pecados (v. 4 a 6).
Jeoacaz foi contemporâneo do rei Joás de Judá, e o
seu filho Jeoás começou a reinar em Israel, depois da sua morte, a partir do
37º ano do reinado de Joás de Judá, que seria por conseguinte, contemporâneo de
Jeoás, por apenas mais três anos, porque reinou 40 anos sobre Judá.
O reinado de Jeoás de Israel durou 16 anos (v. 10)
e foi nos dias do seu reinado que morreu o profeta Eliseu, do qual se diz neste
capítulo ter sido visitado por Jeoás em seu leito de enfermidade, o qual, vendo
o estado em que o profeta se encontrava, que indicava estar bem próxima a hora
da sua morte, começou a chorar e exclamou as mesmas palavras que Eliseu havia
proferido quando Elias foi arrebatado: “Meu pai, meu pai! carro de Israel, e
seus cavaleiros!” (v. 14).
Ele reconhecia que era por meio das palavras do Seu
grande profeta que Deus dava vitórias a Israel sobre os seus inimigos, e ele
era então de fato melhor do que milhares de soldados, com suas intercessões em
favor de Israel, diante do Senhor, assim como o fora John Knox nos dias da
rainha Maria, da Escócia, que dizia temer mais as orações de Knox do que todos
os exércitos inimigos.
E Eliseu,
mesmo morrendo, mostrou-se mais forte e valoroso do que o próprio rei, porque
animado pelo Espírito do Senhor pediu ao rei que pegasse um arco e flechas e
que as lançasse através da janela do seu quarto ferindo a terra, e pondo a sua
mão sobre a do rei, este lançou apenas três flechas, e por isso o profeta lhe
repreendeu porque ele deveria ter ferido a terra cinco ou seis vezes e não
apenas três, porque somente com cinco ou seis, viria a obter uma vitória total
sobre os sírios, mas como não o fizera, ele apenas os venceria em três batalhas
sucessivas (v. 19).
Não muito depois disto, Eliseu morreu e é narrado
no verso 21 mais um milagre de Deus, que foi feito por causa de Eliseu, mesmo
depois de morto, porque um homem de Israel que havia morrido foi lançado sobre
a sepultura do profeta, quando aqueles que iriam sepultá-lo viram se aproximar
uma tropa de moabitas, que havia invadido Israel, e tão logo o seu corpo tocou
os ossos de Eliseu o citado homem ressuscitou.
Este capítulo é encerrado com a narrativa de que
apesar de Hazael da Síria ter oprimido Israel durante todos os dias do rei
Jeoacaz (v. 22), entretanto, nos dias do seu filho, o rei Jeoás, por ter
honrado o profeta do Senhor na hora da sua morte, e por ter-lhe obedecido
quando lhe ordenou que lançasse flechas através da janela do seu quarto, é dito
no último verso que foi dado a ele retomar das mãos do rei Ben-Hadade, filho do
rei Hazael, as cidades de Israel que os sírios haviam dominado, depois de ter
vencido Ben-Hadade em três batalhas sucessivas, conforme lhe havia sido
prometido pelo Senhor através de Eliseu (v. 25).
Nós vemos que Hazael, não necessariamente para
honrar o rei que havia assassinado, mas provavelmente para disfarçar o crime
que havia cometido no passado, deu ao seu próprio filho o nome dele, a saber,
Ben-Hadade.
Assim nem todo beijo é sinal de amor e honra, e
Judas que o diga, e nem toda homenagem é também sinal de uma verdadeira honra,
porque os motivos do coração devem ser pesados antes de se chegar a qualquer conclusão final.
“17 Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem
dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
18 Porque os tais não servem a Cristo nosso Senhor,
mas ao seu ventre; e com palavras suaves e lisonjas enganam os corações dos
inocentes.” (Rom 16.17,18).
“Ainda aos violadores do pacto ele perverterá com
lisonjas; mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas.”
(Dn 11.32).
Estes dois textos bíblicos são muito apropriados,
especialmente para estes nossos dias em que as pessoas estão mais dispostas a
se deixarem conduzir por palavras de louvor dirigidas a elas, ainda que não
sinceras e desprovidas de mérito e significado, do que pela verdade da Palavra
de Deus.
Por manterem esta predisposição que lhes é
estimulada, tanto de fora quanto internamente de seus próprios corações, buscam
insaciavelmente satisfazer a sua grande fome de auto-estima, e acabam na
condição citada pelo apóstolo Paulo em II Tim 4.3,4:
“3 Porque virá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para
si mestres segundo os seus próprios desejos,
4 e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se
voltarão às fábulas.”.
“1 No vigésimo terceiro ano de Joás, filho de
Acazias, rei de Judá, começou a reinar Jeoacaz, filho de Jeú, sobre Israel, em
Samaria, e reinou dezessete anos.
2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, porque
seguiu os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com os quais ele fizera Israel
pecar; não se apartou deles.
3 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra
Israel; e o entregou continuadamente na mão de Hazael, rei da Síria, e na mão
de Ben-Hadade, filho de Hazael.
4 Jeoacaz, porém, suplicou diante da face do Senhor;
e o senhor o ouviu, porque viu a opressão com que o rei da Síria oprimia a
Israel,
5 (pelo que o Senhor deu um libertador a Israel, de
modo que saiu de sob a mão dos sírios; e os filhos de Israel habitaram nas suas
tendas, como dantes.
6 Contudo não se apartaram dos pecados da casa de
Jeroboão, com os quais ele fizera Israel pecar, porém andaram neles; e também a
Asera ficou em pé em Samaria.)
7 porque, de todo o povo, não deixara a Jeoacaz
mais que cinquenta cavaleiros, dez carros e dez mil homens de infantaria;
porquanto o rei da Síria os tinha destruído e os tinha feito como o pó da eira.
8 Ora, o restante dos atos de Jeoacaz, e tudo
quanto fez, e o seu poder, porventura não estão escritos no livro das crônicas
dos reis de Israel?
9 E Jeoacaz dormiu com seus pais; e o sepultaram em
Samaria. E Jeoás, seu filho, reinou em seu lugar.
10 No ano trinta e sete de Joás, rei de Judá,
começou a reinar Jeoás, filho de Jeoacaz, sobre Israel, em Samaria, e reinou
dezesseis anos.
11 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; não se
apartou de nenhum dos pecados de Jeroboão filho de Nebate, com os quais ele
fizera Israel pecar, porém andou neles.
12 Ora, o restante dos atos de Jeoás, e tudo quanto
fez, e o seu poder, com que pelejou contra Amazias, rei de Judá, porventura não
estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
13 Jeoás dormiu com seus pais, e Jeroboão se
assentou no seu trono. Jeoás foi sepultado em Samaria, junto aos reis de
Israel.
14 Estando Eliseu doente da enfermidade de que
morreu, Jeoás, rei de Israel, desceu a ele e, chorando sobre ele exclamou: Meu
pai, meu pai! carro de Israel, e seus cavaleiros!
15 E Eliseu lhe disse: Toma um arco e flechas. E
ele tomou um arco e flechas.
16 Então Eliseu disse ao rei de Israel: Põe a mão
sobre o arco. E ele o fez. Eliseu pôs as suas mãos sobre as do rei,
17 e disse: Abre a janela para o oriente. E ele a
abriu. Então disse Eliseu: Atira. E ele atirou. Prosseguiu Eliseu: A flecha do
livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os sírios; porque ferirás
os sírios em Afeque até os consumir.
18 Disse mais: Toma as flechas. E ele as tomou.
Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E ele a feriu três vezes, e cessou.
19 Ao que o homem de Deus se indignou muito contra
ele, e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então feririas os
sírios até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os sírios.
20 Depois morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, as
tropas dos moabitas invadiam a terra à entrada do ano.
21 E sucedeu que, estando alguns a enterrarem um
homem, viram uma dessas tropas, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu. Logo
que ele tocou os ossos de Eliseu, reviveu e se levantou sobre os seus pés.
22 Hazael, rei da Síria, oprimiu a Israel todos os
dias de Jeoacaz.
23 O Senhor, porém, teve misericórdia deles, e se
compadeceu deles, e se tornou para eles, por amor do seu pacto com Abraão,
Isaque e Jacó; e não os quis destruir nem lançá-los da sua presença
24 Ao morrer Hazael, rei da Síria, Ben-Hadade, seu
filho, reinou em seu lugar.
25 E Jeoás, filho de Jeoacaz, retomou das mãos de
Ben-Hadade, filho de Hazael, as cidades que este havia tomado das mãos de
Jeoacaz, seu pai, na guerra; três vezes Jeoás o feriu, e recuperou as cidades
de Israel.” (II Rs 13.1-25).
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