Jeoás era o segundo dos quatro descendentes de Jeú
que Deus lhe havia prometido que teria a sua sucessão garantida no trono de
Israel, por tudo que fizera à descendência de Acabe e ao culto a Baal.
Foi este rei Jeoás, que nós vimos honrando ao
profeta Eliseu, no capítulo anterior a este 14º de II Reis que estaremos
comentando, e que em razão disso recebeu da parte de Deus, que pudesse derrotar
os sírios em três batalhas nos dias do rei Ben-Hadade, filho do rei Hazael.
É importante fixarmos isto para entendermos qual
foi um dos motivos de ter Deus concedido também ao rei Jeoás de Israel que
vencesse o rei de Judá, Amazias, conforme se vê neste capítulo 14º.
Amazias, rei de Judá, filho de Joás, começou a
reinar no 2º ano do reinado de Jeoás, e reinou 29 anos em Jerusalém (v. 1).
Assim como seu pai Joás, Amazias começou bem mas
não perseverou em seguir ao Senhor, e também seguiu os passos de seu pai quanto
a não dar a devida honra aos Seus profetas, porque se Joás havia assassinado ao
profeta Zacarias, filho do sacerdote Joiada, Amazias ameaçou de morte um
profeta que o Senhor lhe enviara para perguntar-lhe por que ele buscou aos
deuses do povo que não pôde ser livrado das suas mãos, pois os edomitas foram
entregues a ele por Deus, e depois de tê-los derrotado, Amazias trouxe consigo
os deuses de Edom e passou a adorá-los, queimando-lhes incenso.
Ele havia dito ao profeta que se calasse, porque
não lhe havia encarregado de ser o seu conselheiro.
Ao que o profeta lhe disse que sabia que Deus havia
resolvido destruir Amazias, pelo que ele havia feito, e por não ter dado ouvido
ao conselho que ele lhe dera da parte do Senhor (II Crôn 25.14-16).
Este foi portanto o real motivo da queda de Amazias
diante do rei de Israel, e o orgulho dele foi apenas o meio que lhe conduziu à
ruína, porque tendo se elevado o seu coração depois da vitória que Deus lhe
concedera sobre os edomitas, ele foi provocar o rei Jeoás de Israel por sua
livre iniciativa, sem que o Senhor estivesse naquilo, e não sabendo portanto
que a mão do Senhor seria agora contra ele.
Ele julgava que se encontrava debaixo do favor
geral de Deus, independentemente da sua maneira de se comportar, ignorante do
fato de que o Senhor sempre age por princípios e nunca por favoritismo.
Por isso é nosso dever sempre examinarmos o nosso
coração, conforme nos ordena a Palavra, para que vejamos se há em nós algum
caminho mau, de forma que o confessemos e abandonemos, para voltarmos a trilhar
pela vereda da justiça, na qual encontraremos as bênçãos de Deus.
Porém, como falamos anteriormente, isto estava
oculto ao coração orgulhoso de Amazias, que pensava que tendo ouvido
anteriormente o profeta que lhe dissera que não subisse à guerra contra os
edomitas, juntamente com os 100.000 soldados israelitas, que ele havia tomado a
soldo por cem talentos de prata, porque se o fizesse ele perderia a guerra, mas
caso subisse só à peleja com o exército de Judá, seria vitorioso.
Quando ele considerou a perda financeira porque já
havia pago os cem talentos de prata, o profeta lhe disse que “muito mais do que
isso pode dar-te o Senhor.” (II Crôn 25.9).
Assim era o Senhor com Amazias antes que ele viesse
a se desviar da Sua presença, por conta da própria bênção que havia recebido (a
vitória sobre os edomitas) e por causa da qual o seu coração se exaltou.
Ele falhou no teste, na prova da sua dependência de
Deus e do aprendizado da necessidade de sempre esperar nEle, para todas as
decisões relativas à Sua obra, especialmente aquelas que envolvem o Seu povo.
Amazias exporia milhares de vidas por um desejo
caprichoso, movido pelo seu orgulho.
Até mesmo o prejuízo que lhe foi imposto pelas
forças de Efraim, que ele havia despedido a mando do Senhor, deveria ter sido
suportado por ele como prova da sua obediência a Deus, e deveria aguardar nEle
com paciência, mas parece que ele intentou vingar-se a si mesmo pelos três mil
homens de Judá que haviam sido feridos por aqueles soldados efraimitas, que ele
havia despedido (II Crôn 25.13), e então, talvez por algum ressentimento contra
Deus, julgando que Ele não o protegera totalmente, entregou-se à adoração dos
deuses dos edomitas, a quem ele havia vencido, e foi declarar guerra a Jeoás,
rei de Israel (II Crôn 25.17).
Cabe destacar que a provocação de Amazias foi
respondida com uma parábola e uma resposta direta:
“18 Mas Jeoás, rei de Israel, mandou responder a
Amazias, rei de Judá: O cardo que estava no Líbano mandou dizer ao cedro que
estava no Líbano: Dá tua filha por mulher a meu filho. Mas uma fera que estava
no Líbano passou e pisou o cardo.
19 Tu dizes a ti mesmo: Eis que feri Edom. Assim o
teu coração se eleva para te gloriares. Agora, pois, fica em tua casa; por que
te meterias no mal, para caíres tu e Judá contigo?” (II Crôn 25.18,19).
Na parábola, Jeoás se comparou ao carvalho que é
uma árvore sólida e imponente, e a Amazias ele comparou a um cardo que é uma
erva daninha. E ele mostrou pela parábola a Amazias que os desejos do cardo
podem ser facilmente dissipados porque ele pode ser destruído pelas pisadas dos
animais do campo, o que de modo nenhum pode suceder ao carvalho.
Mas, nem com esta advertência Amazias voltou atrás
no seu intento de guerrear contra Israel e é dito em II Crôn 25.20 que isto
vinha de Deus, para entregá-lo nas mãos dos seus inimigos, porquanto buscou os
deuses dos edomitas.
E guerreando Judá contra Israel foram derrotados em
Bete-Semes, e Jeoás foi misericordioso para com Amazias não o matando, mas
impôs a ele a vergonha de ser trazido como seu prisioneiro para a sua própria
cidade de Jerusalém, onde tomou todo o ouro e prata, e todos os utensílios que
se achavam na casa de Deus, bem como os tesouros do palácio de Amazias, e ainda
fez reféns que levou consigo para Samaria.
E foi dado a Amazias ainda viver mais 15 anos
depois da morte de Jeoás, mas como ele persistiu em não seguir ao Senhor foi
morto por uma conspiração em Laquis, depois de ter fugido de seus perseguidores
em Jerusalém (II Crôn 25.25-28).
O rei Uzias, que é chamado pelo nome de Azarias no
verso 21, passou a reinar no lugar de Amazias, quando tinha apenas 16 anos.
E no 15º ano do reinado de Amazias de Judá, começou
a reinar em Israel, depois de Jeoás, o rei Jeroboão II, que era o terceiro
descendente de Jeú a assumir o trono, e através do qual Israel veio a ter
grande prosperidade material, nos 41 anos do seu reinado (v. 23 a 29).
Foi nos dias deste rei que o profeta Jonas realizou
o seu ministério (v. 25), e também o profeta Amós, que sendo de Judá, foi
enviado a ele pelo Senhor com os juízos que nós encontramos no seu livro,
porque se deu com Jeroboão II o mesmo que ocorreu com Uzias, pois nenhum dos
dois soube se manter em humildade perante o Senhor, na prosperidade que
receberam dele, e deixando que seus corações se exaltassem, vieram a
transgredir os Seus mandamentos.
Cabe entretanto destacar que Jeroboão II nunca se
desviou dos pecados do culto aos bezerros de ouro, e não demonstrou um
verdadeiro temor ao Senhor como Uzias havia demonstrado durante um longo
período da sua vida.
Este capítulo é encerrado com a citação do início
do reinado de Zacarias, sucessor de Jeroboão II, que seria o quarto e último
descendente de Jeú no trono de Israel, conforme promessa feita pelo Senhor a
ele, e como veremos adiante, Zacarias reinou apenas seis meses, por ter sido
vítima de uma conspiração.
Quanto à
questão de ficarem sujeitos aos juízos de Deus todos aqueles que desprezam e
desonram os Seus profetas, conforme aprendemos neste capítulo, deve ser
considerado de quão grande juízo então não estão sujeitos aqueles que
desprezarem e desonrarem o Grande Profeta, o Senhor Jesus Cristo.
Por isso desde os dias de Moisés os israelitas
foram alertados sobre a Sua vinda como Profeta, cujas palavras não poderiam ser
desprezadas de modo algum, porque fazê-lo implicaria em risco para a própria
vida:
“15 O Senhor teu Deus te suscitará do meio de ti,
dentre teus irmãos, um profeta semelhante a mim; a ele ouvirás;
16 conforme tudo o que pediste ao Senhor teu Deus
em Horebe, no dia da assembleia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do Senhor meu
Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra.
17 Então o Senhor me disse: Falaram bem naquilo que
disseram.
18 Do meio de seus irmãos lhes suscitarei um
profeta semelhante a ti; e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes
falará tudo o que eu lhe ordenar.
19 E de qualquer que não ouvir as minhas palavras,
que ele falar em meu nome, eu exigirei contas.” (Dt 18.15-19).
Esta profecia de Moisés acerca de Jesus merece uma
atenção e reflexão maior da nossa parte, principalmente para entendermos tudo o
que tem ocorrido à nação de Israel, desde que eles rejeitaram a Jesus por não
aceitarem que Ele fosse de fato o Profeta e o Messias.
“11 Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam.
12 Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem
no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus;” (Jo 1.11,12).
Se o não ouvir os profetas do Senhor trazia a
Israel perdas terríveis em guerras, a quanto maior juízo eles não estariam
sujeitos então rejeitando o Profeta pelo qual os demais exerceram seus
ministérios?
Eles não somente não o receberam como o
assassinaram.
Eles o conduziram à cruz pelas mãos dos romanos, e
por terem-no desonrado a tão grande nível, eles próprios foram entregues nas
mãos dos romanos por Deus, e estes os expulsaram do território de Israel em 70
d.C. e para lá viriam a retornar somente em meados do século XX, para que o
Senhor possa cumprir neles tudo o que havia prometido
“1 No segundo ano de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei
de Israel, começou a reinar Amazias, filho de Joás, rei de Judá.
2 Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar,
e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Jeoadim, de
Jerusalém.
3 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, ainda
que não como seu pai Davi; fez, porém, conforme tudo o que fizera Joás, seu
pai.
4 Contudo os altos não foram tirados; o povo ainda
sacrificava e queimava incenso neles.
5 Sucedeu que, logo que o reino foi confirmado na
sua mão matou aqueles seus servos que haviam matado o rei, seu pai;
6 porém os filhos dos assassinos não matou, segundo
o que está escrito no livro da lei de Moisés, conforme o Senhor deu ordem,
dizendo: Não serão mortos os pais por causa dos filhos, nem os filhos por causa
dos pais; mas cada um será morto pelo seu próprio pecado.
7 Também matou dez mil edomitas no Vale do Sal, e
tomou em batalha a Sela; e chamou o seu nome Jocteel, nome que conserva até
hoje.
8 Então Amazias enviou mensageiros a Jeoás, filho
de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, vejamo-nos face a face.
9 Mandou, porém, Jeoás, rei de Israel, dizer a
Amazias, rei de Judá: O cardo que estava no Líbano mandou dizer ao cedro que
estava no Líbano: Dá tua filha por mulher a meu filho. Mas uma fera que estava
no Líbano passou e pisou o cardo.
10 Na verdade feriste Edom, e o teu coração se
ensoberbeceu; gloria-te disso, e fica em tua casa; pois, por que te
entremeterias no mal, para caíres tu, e Judá contigo?
11 Amazias, porém, não o quis ouvir. De modo que
Jeoás, rei de Israel, subiu; e ele e Amazias, rei de Judá, viram-se face a
face, em Bete-Semes, que está em Judá.
12 Então Judá foi derrotado diante de Israel, e
fugiu cada um para a sua tenda.
13 E Jeoás, rei de Israel, aprisionou Amazias, rei
de Judá, filho de Joás, filho de Acazias, em Bete-Semes e, vindo a Jerusalém,
rompeu o seu muro desde a porta de Efraim até a porta da esquina, quatrocentos
côvados.
14 E tomou todo o ouro e a prata e todos os vasos
que se achavam na casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei, como também
reféns, e voltou para Samaria.
l5 Ora, o restante dos atos de Jeoás, o que fez, e
o seu poder, e como pelejou contra Amazias, rei de Judá, porventura não estão
escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
16 E dormiu Jeoás com seus pais, e foi sepultado em
Samaria, junto aos reis de Israel. Jeroboão, seu filho, reinou em seu lugar.
17 Amazias, filho de Joás, rei de Judá, viveu
quinze anos depois da morte de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel.
18 Ora, o restante dos atos de Amazias, porventura
não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?
19 Conspiraram contra ele em Jerusalém, e ele fugiu
para Laquis; porém enviaram após ele até Laquis, e ali o mataram.
20 Então o trouxeram sobre cavalos; e ele foi
sepultado em Jerusalém, junto a seus pais, na cidade de Davi.
21 E todo o povo de Judá tomou a Azarias, que tinha
dezesseis anos, e fê-lo rei em lugar de Amazias, seu pai.
22 Ele edificou a Elate, e a restituiu a Judá,
depois que o rei dormiu com seus pais.
23 No décimo quinto ano de Amazias, filho de Joás,
rei de Judá, começou a reinar em Samaria, Jeroboão, filho de Jeoás, rei de
Israel, e reinou quarenta e um anos.
24 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; não se
apartou de nenhum dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com os quais ele fizera
Israel pecar.
25 Foi ele que restabeleceu os termos de Israel,
desde a entrada de Hamate até o mar da Arabá, conforme a palavra que o Senhor,
Deus de Israel, falara por intermédio de seu servo Jonas filho do profeta
Amitai, de Gate-Hefer.
26 Porque viu o Senhor que a aflição de Israel era
muito amarga, e que não restava nem escravo, nem livre, nem quem socorresse a
Israel.
27 E ainda não falara o Senhor em apagar o nome de
Israel de debaixo do céu; porém o livrou por meio de Jeroboão, filho de Jeoás.
28 Ora, o restante dos atos de Jeroboão, e tudo
quanto fez o seu poder, como pelejou e como reconquistou para Israel Damasco e
Hamate, que tinham sido de Judá, porventura não estão escritos no livro das
crônicas de Israel?
29 E Jeroboão dormiu com seus pais, os reis de
Israel. E Zacarias, seu filho, reinou em seu lugar.” (II Rs 14.1-29).
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