sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A Presença de Deus É Essencial à Vida – I Samuel 7



Começaremos o comentário deste sétimo capitulo de I Samuel com as seguintes palavras de I Cr 13.1-5:
“1 Ora, Davi consultou os chefes dos milhares, e das centenas, a saber, todos os oficiais.
2 E disse Davi a toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se isto vem do Senhor nosso Deus, enviemos mensageiros por toda parte aos nossos outros irmãos que estão em todas as terras de Israel, e com eles aos sacerdotes e levitas nas suas cidades, e nos seus campos, para que se reúnam conosco,
3 e tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; porque não a buscamos nos dias de Saul.
4 E toda a congregação concordou em que assim se fizesse; porque isso pareceu reto aos olhos de todo o povo.
5 Convocou, pois, Davi todo o Israel desde Sior, o ribeiro do Egito, até a entrada de Hamate, para trazer de Quiriate-Jearim a arca de Deus.” (I Cr 13.1-5).
O relato do primeiro livro de Crônicas nos dá conta que a arca permaneceu em Quiriate-Jearim durante todo o período do reinado de Saul, que durou quarenta anos, sem contar os anos restantes do ministério de Samuel como Juiz até que Saul começasse a reinar.
Isto revela de modo muito claro que a iniquidade dos filhos de Eli e a pouca importância que os chefes de Israel estavam dando ao mau comportamento deles, permitindo que os serviços do tabernáculo fossem desprezados, trouxe este grande juízo do Senhor sobre Siló, que fora abandonada como local de culto depois de ter sido designado por Deus como o lugar central onde deveria estar o tabernáculo.
A glória havia se ido de fato daquele lugar como bem o atestava o nome que foi dado pela mulher de Fineias ao  filho  (Icabod), que lhe nascera quando soube da morte do marido e da tomada da arca pelos filisteus.
Nós entendemos melhor o motivo deste abandono de Siló, como tendo sido realmente causado pelo pecado de Israel, e particularmente pelo desprezo deles para com o tabernáculo, nas palavras proferidas pelo Senhor ao profeta Jeremias, quando determinou a destruição do templo de Jerusalém pelos babilônios, em razão de estarem reinando em Israel as mesmas condições que prevaleceram nos dias de Eli, até o fim do reinado de Saul (Jer 7.11-15).
Todos estes cerca de quarenta anos de silêncio em Siló, correspondem aos quatrocentos anos do período interbíblico, quando a glória do primeiro pacto foi substituída pela maior glória do Novo Pacto, que seria inaugurado com a vinda de Jesus.
A arca de Deus, e consequentemente a Sua glória iriam para Jerusalém nos dias do reinado do rei que tipificava a Jesus como rei, a saber, Davi.
Isto já estava determinado nos conselhos do Senhor e Ele o cumpriu cabalmente para revelar que aqueles que O desprezam são desprezados e deixados para trás, assim como havia sido deixada Siló, e que Ele honra àqueles que O honram, assim como havia honrado Davi, e não a Saul, que não era um homem segundo o Seu coração, apesar de tê-lo escolhido como rei de Israel, segundo o que o povo desejava, e não segundo aquilo que Ele esperava de um rei, e que sabia de antemão que jamais o encontraria em Saul, senão em Davi.
Este foi um dos motivos de não ter inspirado em Saul o desejo de restaurar o culto do tabernáculo, porque este não poderia ser realizado mais nos termos de Efraim, onde estava Siló, senão em Judá, para onde seria transferida a capital do reino nos dias de Davi.
Mas em tudo isso nós vemos o quão pouco Saul estava interessado em honrar a Deus, segundo tudo o que estava prescrito na Lei de Moisés.
Ele não seguia de fato tudo o que Deus havia determinado em relação aos governantes de Israel, que deveriam exercer o seu governo debaixo do governo de Deus, segundo tudo o que estava prescrito na Lei, conforme vemos especialmente em Dt 17.14-20.
Deste modo, não seria dada a ele a honra de conquistar Jerusalém, e de restaurar o culto do tabernáculo, mas a Davi que era um homem segundo o coração de Deus e que fez toda a Sua vontade.
Nós vemos então mais uma vez, dentre as muitas que já temos observado, o cumprimento do princípio de Deus honrar somente aqueles que O honram, e de desprezar aqueles que O desprezam.       
Isto não mudou na dispensação da graça, porque Jesus ensinou que todos aqueles que não crêem nEle serão condenados, mas os que crêem serão salvos, e que aqueles que com Ele não ajuntam são espalhados, pois não serão reunidos ao povo de Deus, antes serão sujeitados a uma condenação eterna. 
Mesmo dentre os salvos, os que são fiéis serão distinguidos com galardões (I Cor 3.14), e os cristãos infiéis sofrerão dano (I Cor 3.15),  além de serem sujeitados aqui neste mundo à disciplina e a correção do Senhor (I Cor 11.30-32).
Foi este abandono da presença do Senhor entre eles, e a falta do culto no tabernáculo em Siló, que fez com que os israelitas o lamentassem mais profundamente, depois de terem passado vinte anos que a arca se encontrava em Quiriate-Jearim (v. 1, 2).
Não havia nenhum culto em Quiriate-Jearim.
Apenas guardaram seguramente a arca na casa de Aminadabe, que devia ser dotada de uma estrutura adequada, que poderia manter a arca guardada, afastada até mesmo da curiosidade das próprias pessoas da sua casa; pois tinham ainda bem vivo em suas memórias, toda a grande matança e destruição que o Senhor fizera entre os filisteus e até mesmo entre os israelitas de Bete-Semes, por não manterem a arca afastada do alcance da vista humana.
Ela não podia ser vista por ninguém, como já dissemos, senão pelo sumo-sacerdote, somente no Dia da Expiação.
Durante todo este tempo, e mesmo nos dias de Saul, sem a arca no tabernáculo, Israel ficou sem o exercício do sacerdócio e da apresentação de sacrifícios para expiação do pecado e das ofertas pacíficas, especialmente sem a expiação que era feita por toda a nação no décimo dia do sétimo mês, conforme se vê em Lev 16.29,30.
Os efeitos da falta do cumprimento destas ordenanças deveria estar produzindo muitas condições desfavoráveis em Israel.
E eles vieram sentir de modo muito profundo esta ausência do Senhor.
Não haveria, mesmo em face do arrependimento demonstrado por eles, e do abandono da idolatria, uma restauração completa, porque cometeriam ainda o erro de pedir um rei para si nos moldes de todas as demais nações.
Eles estavam sentindo a falta das bênçãos do Senhor, mas não estavam preparados naquela geração por tudo o que haviam aprendido da casa de Eli, quanto ao desprezo do serviço sagrado, a desejarem se colocarem debaixo das ordenanças de Deus, e foi por isso que Ele disse a Samuel que não era a ele que eles estavam rejeitando quando pediram um rei, mas a Ele, porque não desejavam de fato se colocar debaixo de toda a Sua vontade, cumprindo os Seus mandamentos.
Uma nova geração se levantaria nos dias de Davi, e então a restauração do culto no tabernáculo seria promovida pelo Senhor.
Deus não olha de fato para a aparência dos homens, senão para o coração.
Ele vê o coração e age de acordo com o que está realmente em nós.
Ele não determinou a Lei como um mero cerimonial, senão como algo para ser cumprido de fato e em verdade, na Sua presença, com um espírito reto e que se arrependesse do pecado, com um verdadeiro arrependimento, que inclui o desejo de fazer a Sua vontade, e não somente lamentarmos os nossos pecados.   
Mas o fato de Israel estar lamentando a ausência das bênçãos do Senhor, e ter atendido à voz de Samuel, permitindo serem julgados por ele, e lançando fora os falsos deuses que eles estavam adorando, já era um bom começo.
E Samuel convocou a nação a se reunir em Mizpá para orar por eles, e para consagrarem um dia de jejum ao Senhor como sinal do seu arrependimento (v. 6)      
Vendo que os israelitas haviam se reunido em Mizpá, os filisteus entraram em conselho para guerrearem contra Israel.
E o povo pediu a Samuel que continuasse intercedendo por eles junto ao Senhor, porque estavam temendo os filisteus.
Samuel ofereceu um cordeiro em sacrifício ao Senhor e clamou em favor de Israel, e é dito no mesmo verso 9 que Deus atendeu ao seu pedido.
O sacrifício ainda estava sendo queimado como holocausto quando os filisteus apareceram, mas Deus fez trovejar de tal modo sobre eles que fugiram apavorados, e sendo perseguidos pelos israelitas foram derrotados.  
E Samuel colocou uma pedra em memorial daquela bênção de Deus, entre Mizpá e Sem, e a chamou de Ebenezer, que no hebraico significa pedra (eben); de socorro, ou ajuda (ezer), e Samuel disse na ocasião em que assentou aquela pedra: “até aqui nos ajudou o Senhor” indicando que foi Ele a Pedra, a Rocha, que os socorrera.
Tudo isto que temos comentado até aqui, conforme revelado nas Escrituras, consiste em se estudar os poderosos feitos do Senhor, que como dissemos na parte introdutória do comentário relativo a este livro, não devem ser estudados apenas no que está relatado na Bíblia, como também em toda a história da Igreja.
As lições que devemos aprender, segundo é da vontade do Senhor, não se limitam apenas ao Seus poderosos livramentos, como este Ebenezer, mas sobretudo os Seus juízos como os que trouxera sobre o próprio povo de Israel, em razão do pecado.
É aprendendo sobre as ações de Deus, que revelam o Seu caráter Santo, Justo, Misericordioso e Amoroso, que aprendemos o modo pelo qual devemos andar na Sua presença, que consiste, nas palavras do autor de Hebreus “com reverência e santo temor”:
“Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor.” (Hb 12.28, 29).
Não foi a ímpios que ele dirigiu estas palavras, mas à Igreja de Cristo.    
A graça é concedida pelo Senhor e opera em nós para que o sirvamos deste modo, que é o único que lhe é agradável.
A graça não nos foi dada para que vivamos desordenadamente, sem dar a devida honra e obediência a Deus, conforme exigido por Ele, e que tem sido revelado a nós, não somente nas Escrituras, como no testemunho de toda a  história.
Estando debaixo de um ministério abençoado, como o de Samuel, e lhe dando ouvido quanto ao modo como deveriam andar na presença de Deus, os israelitas foram não somente livrados da opressão dos filisteus, como tomaram de volta as cidades que lhes haviam subtraído, e que ficavam situadas entre as cidades dos filisteus de Ecrom e Gate.
Além disso os amorreus entraram em acordo de paz com os israelitas, pelo temor do Deus de Israel, pelo que Ele havia feito aos filisteus (v. 13, 14). 
Quando o povo do Senhor dá ouvidos aos Seus ministros fiéis, eles são abençoados debaixo dos seus ministérios.
Mas quando há ministros fiéis, como Jeremias, Sofonias e outros, mas o povo não lhes dá ouvido, permanecendo com seus corações endurecidos contra as exortações que lhes dirigem quanto à necessidade de arrependimento e de conversão ao Senhor, não se pode esperar por bênçãos, senão por correções e juízos de Deus.
Contudo, quando o povo do Senhor dá ouvido aos seus ministros fiéis, eles não somente subjugam o Inimigo como também alcançam a restauração das coisas que ele havia roubado (paz, bondade, harmonia nos lares, na Igreja etc), como sucedeu com Israel nos dias de Samuel, que não somente puderam subjugar os filisteus, como retomaram a posse das cidades que lhes haviam tomado.    
 Nós vemos nos versos 15 e 16, que Samuel julgava Israel em Betel, Gilgal e Mizpá, e que depois que julgava o povo nestas localidades, retornava à sua casa em Ramá,  onde residiam seus pais, e na qual havia edificado um altar ao Senhor (v. 17), uma vez que, como vimos antes, os serviços do tabernáculo em Siló haviam sido desativados pelo mandado de Deus.   
Samuel seria então profeta e sacerdote, mas não no tabernáculo, mas em Ramá e nas cidades em que julgava Israel.
O ofício sacerdotal, com todos os serviços designados na Lei de Moisés, somente viria a ser restaurado nos dias de Davi.

  
“1 Vieram, pois, os homens de Quiriate-Jearim, tomaram a arca do Senhor e a levaram à casa de Abinadabe, no outeiro; e consagraram a Eleazar, filho dele, para que guardasse a arca do Senhor.
2 E desde o dia em que a arca ficou em Quiriate-Jearim passou-se muito tempo, chegando até vinte anos; então toda a casa de Israel suspirou pelo Senhor.
3 Samuel, pois, falou a toda a casa de Israel, dizendo: Se de todo o vosso coração voltais para o Senhor, lançai do meio de vós os deuses estranhos e as astarotes, preparai o vosso coração para com o Senhor, e servi a ele só; e ele vos livrará da mão dos filisteus.
4 Os filhos de Israel, pois, lançaram do meio deles os baalins e as astarotes, e serviram ao Senhor.
5 Disse mais Samuel: Congregai a todo o Israel em Mizpá, e orarei por vós ao Senhor.
6 Congregaram-se, pois, em Mizpá, tiraram água e a derramaram perante o Senhor; jejuaram aquele dia, e ali disseram: Pecamos contra o Senhor. E Samuel julgava os filhos de Israel em Mizpá.
7 Quando os filisteus ouviram que os filhos de Israel estavam congregados em Mizpá, subiram os chefes dos filisteus contra Israel. Ao saberem disto os filhos de Israel, temeram por causa dos filisteus.
8 Pelo que disseram a Samuel: Não cesses de clamar ao Senhor nosso Deus por nós, para que nos livre da mão dos filisteus.
9 Então tomou Samuel um cordeiro de mama, e o ofereceu inteiro em holocausto ao Senhor; e Samuel clamou ao Senhor por Israel, e o Senhor o atendeu.
10 Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram para pelejar contra Israel; mas o Senhor trovejou naquele dia com grande estrondo sobre os filisteus, e os aterrou; de modo que foram derrotados diante dos filhos de Israel.
11 Os homens de Israel, saindo de Mizpá, perseguiram os filisteus e os feriram até abaixo de Bete-Car.
12 Então Samuel tomou uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e lhe chamou Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor.
13 Assim os filisteus foram subjugados, e não mais vieram aos termos de Israel, porquanto a mão do Senhor foi contra os filisteus todos os dias de Samuel.
14 E as cidades que os filisteus tinham tomado a Israel lhe foram restituídas, desde Ecrom até Gate, cujos termos também Israel arrebatou da mão dos filisteus. E havia paz entre Israel e os amorreus.
15 Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida.
16 De ano em ano rodeava por Betel, Gilgal e Mizpá, julgando a Israel em todos esses lugares.
17 Depois voltava a Ramá, onde estava a sua casa, e ali julgava a Israel; e edificou ali um altar ao Senhor.” (I Sm 7.1-17)

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