sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Os Israelitas Pedem Um Rei – I Samuel 8



Israel havia sido formado por Deus para ser uma nação teocrática, ou seja, para estar debaixo do governo direto do próprio Deus.
Reis, príncipes, juízes, sacerdotes, profetas seriam apenas Seus instrumentos e mediadores entre Ele e o Seu povo.
Por isso se diz na Lei o que deveria ser feito pelo rei que viesse a governar Israel.
Nós temos em Dt 17.14-20 as prescrições que haviam sido dadas por Deus a Moisés quanto aos deveres do rei e do povo, quando fosse inaugurada a monarquia em Israel.
Quão diferente seria o procedimento do rei escolhido pelo Senhor para governar o Seu povo, conforme a Sua vontade, do que encontramos registrado neste capitulo de Samuel, nos versos 11 a 18.
Como o próprio povo estava rejeitando o governo de Deus (v. 7), por não desejarem obedecer os Seus mandamentos, eles teriam o rei que queriam e mereciam, que em vez de não se exaltar sobre eles, sendo um irmão entre irmãos (Dt 17.20), seria um tirano, sem o verdadeiro temor do Senhor, e sem dar a devida honra à Sua Palavra.
Por isso Deus disse a Samuel que não era a ele que os israelitas estavam rejeitando, mas o Seu próprio governo sobre eles, pois que sempre haviam agido deste modo, desde que lhes havia tirado com braço forte da escravidão no Egito, nos dias de Moisés (v. 7, 8).
O procedimento incorreto dos filhos de Samuel, que aceitavam subornos para distorcer a justiça, no julgamento que faziam na condição de juízes, foi apenas um pretexto para que o povo colocasse em marcha o que  estavam desejando de fato.
Um governo segundo o modelo de todas as demais nações, onde não é Deus o soberano, mas o povo e o homem, e aquele que  escolhiam para estarem sobre eles.
Todavia, os termos da aliança feita com Israel, desde os patriarcas, não poderiam jamais ser invalidados, até que fosse inaugurada uma nova aliança por meio de Cristo.
Então, as coisas deveriam ser ajustadas de modo que Deus continuasse sendo o soberano de Israel, apesar da atitude de rebelião do povo contra o Seu governo, mediante atendimento das prescrições da Lei de Moisés.
Mais do que obedecido em Seus mandamentos, Deus é digno de ser amado e adorado, e isto de modo voluntário, com um coração contrito, arrependido, temente, fervoroso.
Afinal, além de Criador Ele se tornou o Salvador do Seu povo. Aquele que livra do mal presente e da condenação eterna. Aquele que é o Único que é capaz de perdoar e remover os nossos pecados e culpa.
Mas como podem estas bênçãos estarem presentes na vida daqueles cujos corações estão endurecidos, e mentes embotadas pelo amor ao mundo e pelo governo da carne?
Por isso, os israelitas decidiram manter o pedido de um rei nos mesmos moldes das demais nações, apesar de terem sido advertidos do tudo a que teriam que se submeter para manter a pompa do reino que seria estabelecido sobre eles.
É uma grande loucura e ignorância agir de tal modo, mas é exatamente isto que muitos fazem, mesmo na Igreja de Cristo, porque em vez de escolherem ministros santos e que os liderem conduzindo-os a viverem em santidade de vida e obediência a Deus,  preferem ter ministros carnais que os deixem à mercê de suas próprias vontades e para não serem repreendidos pelos seus pecados.
Com isso, trocam a bênção do Senhor, pela tirania do Inimigo, que certamente passará a governar as Suas vidas, por terem rejeitado o governo de Deus.
Desta forma, nós lemos em Dt 32.6 Israel sendo chamado de “povo louco e insensato”, pelas coisas que viriam a fazer no futuro, em razão desta obstinada relutância da carne, em se submeter à vontade de Deus, e que conduz os servos do Senhor a ficarem sujeitos à Sua correção e disciplina, em vez de terem um viver abençoado e aprovado por Ele.   
Os israelitas, em sua loucura e insensatez, foram despedidos por Samuel de Ramá, para as suas respectivas tribos, depois dele ter consultado o Senhor, e este lhe ter dito que desse ouvido aos israelitas constituindo um rei sobre eles (v. 21,22).
Muitas vezes recebemos de Deus aquilo que em nossa obstinação insistimos em Lhe pedir, só que, não será para nossa bênção, mas para aprendermos, que devemos nos submeter à Sua vontade, e deixar a questão daquilo que nos convém ou não, em Suas santas e poderosas mãos, pois Ele sabe o que é melhor para nós.
Quando reconhecemos que é a Sua vontade e não a nossa, que deve ser feita, e nos sujeitamos a isto, com singeleza de coração, então tudo irá bem, ainda que estejamos cercados de tribulações e toda sorte de provações.     
O reino de Deus e a sua justiça devem ser sempre buscados em primeiro lugar, e tudo o mais que for necessário, ser-nos-á acrescentado.
Bem vai aos que se colocam debaixo do governo do Senhor.
E muitas angústias virão sobre aqueles que rejeitam o Seu governo, como bem veremos na história de Israel, registrada nos capítulos seguintes, sob o governo de Saul.  
Os filisteus que haviam sido rechaçados pelo Senhor, durante o período em que Samuel os liderava, voltaram a ameaçar os israelitas nos dias de Saul, e eles ficariam em completa sujeição, se Deus em Sua misericórdia, não lhes tivesse dado a Davi como libertador, não em razão da obediência deles, mas para cumprir tudo o que havia determinado fazer através daquele que viria a ser levantado como contraste entre o que é um rei segundo o Seu coração, isto é, segundo a Sua vontade e caráter, e um rei que era segundo o coração do próprio povo, em sua rebelião, do qual Saul foi um tipo perfeito.
Como o Senhor havia dado água ao Israel rebelde no deserto, ele lhes daria também agora pela mesma misericórdia, e não pelo merecimento deles, o rei que haviam pedido, mas que os regeria não segundo a sabedoria e bondade prescritas na Lei para os reis de Israel, mas segundo os novos estatutos que seriam adicionados aos previstos na Lei de Moisés (8.11-17; 10.25); pois eles pediram para estarem debaixo de um rei, conforme estavam todas as demais nações, e então a lei que os regeria seria também conforme a das demais nações.



“ Ora, havendo Samuel envelhecido, constituiu a seus filhos por juízes sobre Israel.
2 O seu filho primogênito chamava-se Joel, e o segundo Abias; e julgavam em Berseba.
3 Seus filhos, porém, não andaram nos caminhos dele, mas desviaram-se após o lucro e, recebendo peitas, perverteram a justiça.
4 Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram ter com Samuel, a Ramá,
5 e lhe disseram: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam nos teus caminhos. Constitui-nos, pois, agora um rei para nos julgar, como o têm todas as nações.
6 Mas pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei para nos julgar. Então Samuel orou ao Senhor.
7 Disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti que têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles.
8 Conforme todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até o dia de hoje, deixando-me a mim e servindo a outros deuses, assim também fazem a ti.
9 Agora, pois, ouve a sua voz, contudo lhes protestarás solenemente, e lhes declararás qual será o modo de agir do rei que houver de reinar sobre eles.
10 Referiu, pois, Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe havia pedido um rei,
11 e disse: Este será o modo de agir do rei que houver de reinar sobre vós: tomará os vossos filhos, e os porá sobre os seus carros, e para serem seus cavaleiros, e para correrem adiante dos seus carros;
12 e os porá por chefes de mil e chefes de cinquenta, para lavrarem os seus campos, fazerem as suas colheitas e fabricarem as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros.
13 Tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.
14 Tomará o melhor das vossas terras, das vossas vinhas e dos vossos olivais, e o dará aos seus servos.
15 Tomará e dízimo das vossas sementes e das vossas vinhas, para dar aos seus oficiais e aos seus servos.
16 Também os vossos servos e as vossas servas, e os vossos melhores mancebos, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho.
17 Tomará o dízimo do vosso rebanho; e vós lhe servireis de escravos.
18 Então naquele dia clamareis por causa de vosso rei, que vós mesmos houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá.
19 O povo, porém, não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei,
20 para que nós também sejamos como todas as outras nações, e para que o nosso rei nos julgue, e saia adiante de nós, e peleje as nossas batalhas.
21 Ouviu, pois, Samuel todas as palavras do povo, e as repetiu aos ouvidos do Senhor.
22 Disse o Senhor a Samuel: Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes rei. Então Samuel disse aos homens de Israel: Volte cada um para a sua cidade.” (I Sm 8.1-22)


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