quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A Reforma Religiosa de Josias – II Reis 23



Nós podemos ver neste capítulo 23º de II Reis quantas abominações havia em Judá, quando o rei Josias começou a destruí-las; e ao mesmo tempo, o quanto os judeus estavam negligenciando as ordenanças da Lei de Moisés, como por exemplo o terem deixado de celebrar a páscoa; da qual se diz no verso 22 que não vinha sendo celebrada desde os dias dos Juízes.
O fato de Deus ter suportado por tanto tempo as transgressões da sua Lei pelos israelitas, a par dos juízos que trouxe sobre eles por causa destas transgressões, demonstra quão grandes são realmente a Sua misericórdia e longanimidade, pois não estamos falando de dias, mas de séculos, porque desde Moisés até Josias, nós temos cerca de 800 anos.
E deve ser considerado que, a par de que eles seriam levados para o cativeiro, e até mesmo de terem ficado sem profetas durante os 400 anos do período interbíblico, e ainda, depois de terem sido espalhados pelo mundo após 70 d. C., Deus não havia rejeitado definitivamente os judeus, conforme é afirmado pelo apóstolo Paulo no 11º capítulo da epístola aos Romanos (v. 1 a 6); e nos versículos 11 e 12 deste mesmo capitulo, ele expõe que o motivo de os israelitas terem tropeçado já havia sido previsto por Deus, de maneira a poder se voltar também para os gentios, mas não deixando a Israel de lado, porque foi este povo que Ele havia plantado para trazer através dele a salvação a todo o mundo. 
Como poderia então o Senhor rejeitar definitivamente a quem havia formado e elegido para tão grande vocação de ser bênção para o mundo?
E sem qualquer outra consideração somente o fato de termos recebido através deles as Escrituras já justifica a importância desta nação para Deus.
Por isso, a salvação em Cristo sempre permanecerá aberta para eles, e até mesmo com prioridade, conforme o próprio Deus estabeleceu no princípio da pregação do evangelho, porque o mundo tem uma dívida para com os judeus, e não admira portanto que esta porta para a salvação esteja aberta para eles para serem enxertados de novo na oliveira santa e na videira verdadeira que é o Senhor Jesus (Rom 11.23), da qual, na verdade, eles nunca teriam sido cortados se permanecessem na fidelidade que é devida ao Senhor.
Eles foram cortados porque eles próprios ficaram endurecidos a tão grande salvação que foi oferecida a eles em primeiro lugar, tanto pelo Senhor Jesus quanto pelos Seus apóstolos, e não por qualquer prazer da parte de Deus em cortá-los.  
Então nós só podemos entender que o brasume da ira do Senhor, demonstrado contra os judeus nos dias de Josias, mesmo em meio às reformas que aquele rei estava empreendendo, tinha a ver com a visitação dos pecados deles para serem purificados da sua idolatria, como efetivamente o foram depois de terem sido levados cativos para Babilônia, porque os que retornaram de Babilônia para Jerusalém 70 anos depois do cativeiro, podem ser chamados de fato de judeus novos, porque demonstravam agora um grande apreço pela Palavra do Senhor e haviam sido curados definitivamente do pecado da idolatria, que era tão comum nos dias dos Juízes e dos Reis de Israel.
Como nós veremos no final deste mesmo capitulo 23º, e nos capítulos seguintes, apesar de todo o grande esforço do rei Josias para fazer cumprir a Lei de Moisés em Judá, a ponto de se dizer no verso 25 que não houve antes nem depois dele nenhum rei em Judá, que se dispusesse a guardar toda a Lei como ele o fizera, os reis que se levantariam depois dele voltariam a desviar o povo da prática da Lei e reintroduziriam a adoração a outros deuses em Judá.
De sorte que a afirmação que se lê nos versos 26 e 27 de que o Senhor, apesar de toda a fidelidade de Josias, não se demoveu do ardor da Sua grande ira, com que ardia contra Judá, e que o levara a decidir por expulsá-los da terra, tanto como fizera ao reino de Israel, não significava que não estivesse se agradando das coisas que Josias, e muitos do povo estavam fazendo para obedecer a Sua Palavra, mas que não seria isto que suspenderia os juízos previstos na Lei, quanto a serem expulsos da terra, porque na Sua presciência o Senhor sabia que sempre continuariam idolatrando, e somente seriam convencidos de que foi a idolatria deles a causa do Seu desagrado e juízos, quando  fossem conduzidos para o cativeiro, onde  aprenderiam definitivamente que é uma vida reta com Deus que livra do mal, e não altares, templos etc, porque Ele permitiria que o próprio templo de Jerusalém fosse totalmente destruído e saqueado pelos babilônios.
E foi por isso que antes de fazê-lo, Ele lhos anunciou pelos profetas, dizendo que não somente rejeitaria ao Seu povo como ao Seu próprio templo, que ele mandara edificar nos dias de Salomão.  
Cabe destacar que Josias deu cabal cumprimento à profecia que fora dada a Jeroboão I em seus dias, do que ele viria a fazer contra o altar do bezerro de ouro que se encontrava em Betel (v. 15, 16). 
E nós lemos no verso 24 que tudo o que Josias estava fazendo em Judá, especialmente na purificação das abominações que eram praticadas pelos judeus, ele o fizera para dar cumprimento ao que estava contido na Lei de Moisés.
Ele estava agindo então pelo motivo certo, isto é, para honrar a Palavra do Senhor.
E ele somente não o fizera antes, porque o original do texto que havia sido escrito pelo próprio Moisés foi achado pelo sacerdote Hilquias, quando estavam sendo realizadas obras de restauração do templo, no 18º ano do seu reinado (22.3), e tal foi a impressão que a leitura do livro causou a Josias, especialmente os juízos que Deus havia prometido trazer sobre Israel no caso da transgressão dos mandamentos contidos no livro, que Josias rasgou as suas vestes (22.11).
Foi nos dias de Josias que o Senhor começaria a enfraquecer o poder da Assíria, e apesar de ter separado Babilônia para ser a espada do Seu juízo sobre as nações, e especialmente sobre a própria Assíria, outros reinos foram despertados para guerrearem contra os assírios, como por exemplo o Egito, com Faraó-Neco.
Não sabendo dos planos do Senhor, Josias subiu contra Faraó-Neco, quando este subia contra o rei da Assíria, e este veio a matar Josias em Megido ( v.29).
Umas poucas coisas devem ser consideradas nesta morte de Josias:
Primeiramente, ela não foi motivada por um juízo de Deus devido a uma possível apostasia deste rei, porque o próprio Senhor disse dele como promessa que ele desceria em paz à sua sepultura, fazendo com que não provasse o mal que Ele traria sobre Judá, para visitar os pecados deles (22.20).
Assim o Senhor estaria livrando Josias de ser submetido a um tratamento desonroso juntamente com a maior parte das pessoas da sua geração, que seria levada em cativeiro, não depois de passados muitos anos.
Em segundo lugar deve ser considerado que Faraó-Neco estava sendo usado pelo Senhor não somente para enfraquecer a Assíria, como também fora o seu instrumento escolhido para trazer juízos sobre o Seu próprio povo em Judá, antes de que estes fossem levados ao cativeiro da Babilônia. Assim, Josias errou em guerrear contra ele sem ter antes consultado ao Senhor.
E finalmente, a morte do próprio Josias seria um sinal da parte de Deus para os judeus do mal que viria sobre eles, porque se Ele não havia poupado o melhor deles o que não sucederia aos demais?
Certamente, Josias não teria o mesmo fim dos ímpios porque foi para um lugar de descanso na presença de Deus, mas para aqueles que pensavam que poderiam prosperar por causa de tudo aquilo que Josias havia feito em Judá, deveriam começar a mudar seus pensamentos e começarem a dar crédito às Palavras que Deus estava dirigindo a eles através dos Seus profetas como Jeremias, Habacuque, Miqueias, Sofonias, Oseias e Isaías de que não deveriam confiar  que poderiam estar seguros, porque Deus não permitira o desterro de Judá, porque o Seu templo estava em Jerusalém.
A medida da iniquidade do povo estava transbordando e o dia do juízo já havia sido determinado, e deveriam então dar crédito à mensagem dos profetas, porque o próprio rei Josias foi morto pelas mãos do rei do Egito, que seria o instrumento de juízos de Deus sobre Judá até que viesse o rei de Babilônia.         
E isto começou a suceder ao próprio filho de Josias, Jeoacaz que tendo assumido o trono em seu lugar, reinou somente 3 meses, porque ele havia feito o que era mau perante o Senhor e  Faraó-Neco mandou prendê-lo em Ribla e o levou consigo para o Egito, onde veio a morrer, e além de impor tributos a Judá, ele próprio constituiu o irmão de Jeocaz, Eliaquim como rei em seu lugar, e mudou o seu nome para Jeoaquim (v. 32 a 34). 
E o povo começou a sentir o peso da servidão, porque, para poder pagar o tributo exigido pelo Egito, Jeoaquim cobrava de todos eles uma certa taxa para que pudesse pagar a quantia que lhe foi imposta por Faraó-Neco (v. 35).
Como isto sucederia a Judá se o Senhor não lhos entregasse nas mãos do inimigo?
Os juízos previstos na Lei de Moisés que Josias tentou evitar estavam sendo literalmente cumpridos, porque o Senhor havia prometido que o faria, e estava fazendo o que prometeu.
E como nós havíamos dito anteriormente, que Deus sabia em Sua presciência que Judá não se emendaria dos seus maus caminhos enquanto estivesse na sua própria terra, Jeoaquim fez o que era mau aos olhos do Senhor durante os onze anos do seu reinado (v. 36, 37).




“1 Então o rei deu ordem, e todos os anciãos de Judá e de Jerusalém se ajuntaram a ele.
2 Subiu o rei à casa do Senhor, e com ele todos os homens de Judá, todos os habitantes de Jerusalém, os sacerdotes, os profetas, e todo o povo, desde o menor até o maior; e leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro do pacto, que fora encontrado na casa do Senhor.
3 Então o rei, pondo-se em pé junto à coluna, fez um pacto perante o Senhor, de andar com o Senhor, e guardar os seus mandamentos, os seus testemunhos e os seus estatutos, de todo o coração e de toda a alma, confirmando as palavras deste pacto, que estavam escritas naquele livro; e todo o povo esteve por este pacto.
4 Também o rei mandou ao sumo sacerdote Hilquias, e aos sacerdotes da segunda ordem, e aos guardas da entrada, que tirassem do templo do Senhor todos os vasos que tinham sido feitos para Baal, e para a Asera, e para todo o exército do céu; e os queimou fora de Jerusalém, nos campos de Cedrom, e levou as cinzas deles para Betel.
5 Destituiu os sacerdotes idólatras que os reis de Judá haviam constituído para queimarem incenso sobre os altos nas cidades de Judá, e ao redor de Jerusalém, como também os que queimavam incenso a Baal, ao sol, à lua, aos planetas, e a todo o exército do céu.
6 Tirou da casa do Senhor a Asera e, levando-a para fora de Jerusalém até o ribeiro de Cedrom, ali a queimou e a reduziu a pó, e lançou o pó sobre as sepulturas dos filhos do povo.
7 Derrubou as casas dos sodomitas que estavam na casa do Senhor, em que as mulheres teciam cortinas para a Asera.
8 Tirou das cidades de Judá todos os sacerdotes, e profanou os altos em que os sacerdotes queimavam incenso desde Geba até Berseba; e derrubou os altos que estavam às portas junto à entrada da porta de Josué, o chefe da cidade, à esquerda daquele que entrava pela porta da cidade.
9 Todavia os sacerdotes dos altos não sacrificavam sobre o altar do Senhor em Jerusalém, porém comiam pães ázimos no meio de seus irmãos.
10 Profanou a Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém fosse passar seu filho ou sua filha pelo fogo a Moloque.
11 Tirou os cavalos que os reis de Judá tinham consagrado ao sol, à entrada da casa do Senhor, perto da câmara do camareiro Natã-Meleque, a qual estava no recinto; e os carros do sol queimou a fogo.
12 Também o rei derrubou os altares que estavam sobre o terraço do cenáculo de Acaz, os quais os reis de Judá tinham feito, como também os altares que Manassés fizera nos dois átrios da casa do Senhor; e, tendo-os esmigalhado, os tirou dali e lançou o pó deles no ribeiro de Cedrom.
13 O rei profanou também os altos que estavam ao oriente de Jerusalém, à direita do Monte de Corrupção, os quais Salomão, rei de Israel, edificara a Astarote, abominação dos sidônios, a Quemós, abominação dos moabitas, e a Milcom, abominação dos filhos de Amom.
14 Semelhantemente quebrou as colunas, e cortou os aserins, e encheu os seus lugares de ossos de homens.
15 Igualmente o altar que estava em Betel, e o alto feito por Jeroboão, filho de Nebate, que fizera Israel pecar, esse altar e o alto ele os derrubou; queimando o alto, reduziu-o a pó, e queimou a Asera.
16 E, virando-se Josias, viu as sepulturas que estavam ali no monte, e mandou tirar os ossos das sepulturas e os queimou sobre aquele altar, e assim o profanou, conforme a palavra do Senhor proclamada pelo homem de Deus que predissera estas coisas.
17 Então perguntou: Que monumento é este que vejo? Responderam-lhe os homens da cidade: É a sepultura do homem de Deus que veio de Judá e predisse estas coisas que acabas de fazer contra este altar de Betel.
18 Ao que disse Josias: Deixai-o estar; ninguém mexa nos seus ossos. Deixaram estar, pois, os seus ossos juntamente com os do profeta que viera de Samaria.
19 Josias tirou também todas as casas dos altos que havia nas cidades de Samaria, e que os reis de Israel tinham feito para provocarem o Senhor à ira, e lhes fez conforme tudo o que havia feito em Betel.
20 E a todos os sacerdotes dos altos que encontrou ali, ele os matou sobre os respectivos altares, onde também queimou ossos de homens; depois voltou a Jerusalém.
21 Então o rei deu ordem a todo o povo dizendo: Celebrai a páscoa ao Senhor vosso Deus, como está escrito neste livro do pacto.
22 Pois não se celebrara tal páscoa desde os dias dos juízes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tampouco nos dias dos reis de Judá.
23 Foi no décimo oitavo ano do rei Josias que esta páscoa foi celebrada ao Senhor em Jerusalém.
24 Além disso, os adivinhos, os feiticeiros, os terafins, os ídolos e todas abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, Josias os extirpou, para confirmar as palavras da lei, que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias achara na casa do Senhor.
25 Ora, antes dele não houve rei que lhe fosse semelhante, que se convertesse ao Senhor de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de todas as suas forças, conforme toda a lei de Moisés; e depois dele nunca se levantou outro semelhante.
26 Todavia o Senhor não se demoveu do ardor da sua grande ira, com que ardia contra Judá por causa de todas as provocações com que Manassés o provocara.
27 E disse o Senhor: Também a Judá hei de remover de diante da minha face, como removi a Israel, e rejeitarei esta cidade de Jerusalém que elegi, como também a casa da qual eu disse: Estará ali o meu nome.
28 Ora, o restante dos atos de Josias, e tudo quanto fez, por ventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Judá?
29 Nos seus dias subiu Faraó-Neco, rei do Egito, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates. E o rei Josias lhe foi ao encontro; e Faraó-Neco o matou em Megido, logo que o viu.
30 De Megido os seus servos o levaram morto num carro, e o trouxeram a Jerusalém, onde o sepultaram no seu sepulcro. E o povo da terra tomou a Jeoacaz, filho de Josias, ungiram-no, e o fizeram rei em lugar de seu pai.
31 Jeoacaz tinha vinte e três anos quando começou a reinar, e reinou três meses em Jerusalém. O nome de sua mãe era Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.
32 Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme tudo o que seus pais haviam feito.
33 Ora, Faraó-Neco mandou prendê-lo em Ribla, na terra de Hamate, para que não reinasse em Jerusalém; e à terra impôs o tributo de cem talentos de prata e um talento de ouro.
34 Também Faraó-Neco constituiu rei a Eliaquim, filho de Josias, em lugar de Josias, seu pai, e lhe mudou o nome em Jeoiaquim; porém levou consigo a Jeoacaz, que conduzido ao Egito, ali morreu.
35 E Jeoiaquim deu a Faraó a prata e o ouro; porém impôs à terra uma taxa, para fornecer esse dinheiro conforme o mandado de Faraó. Exigiu do povo da terra, de cada um segundo a sua avaliação, prata e ouro, para o dar a Faraó-Neco.
36 Jeoiaquim tinha vinte e cinco ano quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Zebida, filha de Pedaías, de Ruma.
37 Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme tudo o que seus pais haviam feito.” (II Rs 23.1-37).


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