A história narrada neste
capítulo 17º de I Samuel, que estaremos comentando, é uma das mais conhecidas
da Bíblia, em todo o mundo.
Entretanto isto não
configura uma vantagem para o reconhecimento da glória de Deus, porque quase
tudo o que se sabe a respeito desta história, pela grande maioria, é que Davi,
um jovem pastor de ovelhas, venceu um gigante chamado Golias, e não que foi o
Deus de Israel que capacitou Davi a fazê-lo.
Mas na verdade, o que foi
escrito não foi para a exclusiva honra de Davi, senão para a honra e glória do
Deus de Israel.
E o próprio Davi não
buscava nenhuma honra para si mesmo, senão unicamente para o Senhor.
Como vemos nos capítulos
anteriores, este desejo de ser honrado existia em Saul, mas não em Davi, que
declarou por diversas vezes ao longo de toda a sua vida, o quanto se achava
pequeno aos seus próprios olhos, e que se humilharia cada vez mais diante da
Majestade do Deus vivo.
São estas e outras
grandes lições que podemos aprender com a narrativa deste capítulo, como
veremos adiante, e não simplesmente que Davi venceu Golias.
Se queremos aprender o
modo pelo qual devemos nos gloriar em Deus e de exaltar o Seu santo nome, basta
recorrer aos Salmos de Davi, pois ali encontraremos uma viva demonstração da
sua total consagração ao Senhor.
É difícil deixar para
trás as muitas lições que podemos aprender com este homem sobre o modo como
devemos andar na presença de Deus.
A sua profunda humildade
e a nobreza do seu caráter é o que há de melhor para ser aprendido com a sua
vida.
Não é o guerreiro
corajoso e valente que agrada tanto ao coração de Deus, como o homem que se
reconhece pecador e pequeno diante dEle e inteiramente dependente do Seu favor
e graça, para ser perdoado, aceito e habilitado a fazer a Sua vontade.
Davi nos foi dado
portanto, por Deus, para que aprendamos qual é a disposição de espírito que
devemos ter diante dEle.
Davi nos foi dado para
servir de encorajamento em nossa caminhada, por sabermos que o justo que confia
inteiramente no Senhor, triunfará, por maiores que sejam as dificuldades que
tenha que enfrentar.
Deus havia escolhido Davi para ser rei, e
então Ele mesmo estava providenciando as condições necessárias para conduzi-lo
ao poder.
Ele lhe havia tornado
famoso no palácio cuidando de Saul, prevalecendo sobre o espírito imundo que o
atormentava, e agora Deus o tornaria famoso no campo de batalha, à vista de
todo o exército de Israel.
O Senhor é soberano e faz
com que todos os homens sejam reféns da História.
Até mesmo o próprio
Golias foi feito refém dela pois seria usado como o instrumento pelo qual Davi
se tornaria famoso aos olhos de Israel.
Não é dado aos homens
escolherem a época em que viverão, pois terão que viver no período em que forem
chamados por Deus.
Desta forma, todos são
feitos reféns da Sua soberania e vontade.
Aqueles que viveram antes
de Cristo se manifestar em carne teriam que viver sob a obscuridade das trevas
da ignorância, relativa à graça e à verdade, e sem o derramar do Espírito em
todas as nações, até que Cristo viesse no tempo determinado pelo Pai, na
plenitude dos tempos.
Como podem então os
homens se gloriarem da sua condição terrena, tal como estava fazendo Golias, o
filisteu, em razão de ter sido distinguido entre os homens, com os dotes que
havia recebido por ação direta ou por permissão da Providência, chegando a ter
cerca de três metros de altura?
Ele não se valeu daquele
porte para servir a causa da justiça, mas, ao contrário, para afrontar o
próprio Deus, que a tudo governa e dirige.
E o seu fim não poderia
ser outro senão aquele que encontramos neste capítulo, pois vemos o que Deus
declarou pela boca do próprio Davi no Salmo 18, qual é o modo pelo qual Ele age
em relação a todos os homens:
“25 Para com o benigno te
mostras benigno, e para com o homem perfeito te mostras perfeito.
26 Para com o puro te
mostras puro, e para com o perverso te mostras contrário.
27 Porque tu livras o
povo aflito, mas os olhos altivos tu os abates.” (Sl 18.25-27).
O que a si mesmo se exalta
será abatido e humilhado, mas o que se humilha será exaltado.
Golias vem a ser então o
símbolo do que Deus fará a todo altivo e arrogante.
Davi, em sua piedade e
amor a Ele, é o símbolo de que aqueles que esperam no Senhor e confiam nEle são
mais do que vencedores, por meio dAquele que lhes capacita para a batalha, a
saber, o Senhor Jesus.
Mas, para os filisteus
Golias era o campeão e a causa do seu orgulho na recuperação da reputação do
domínio e do poder que tinham sobre Israel, e que haviam perdido na última
batalha travada com os israelitas, e na qual foram duramente derrotados por
causa da intervenção do Senhor.
Os pecadores renitentes
agem sempre deste modo.
Eles não aprendem das
lições de humilhação que a Providência permite que tenham na vida, para que pudessem chegar ao
arrependimento.
Ao contrário, em sua
grande maioria, ficam ainda mais endurecidos, por causa do pecado do orgulho,
que não lhes permite admitirem que o homem nada é sem a bênção de Deus.
Eles se esforçam para se
levantarem do pó da sua ruína para restaurar o seu orgulho, que fora ferido, em
vez de se arrependerem, refletindo que todo o mal que lhes sobreviera, foi em
razão dos justos juízos sobre os seus pecados.
Era o sentimento de
orgulho nacional ferido que havia nos filisteus, que estavam tentando resgatar com as afrontas de
Golias dirigidas contra os israelitas e o Deus deles, que duravam já por
quarenta dias, todas as manhãs e tardes, até que Davi, revestido com a armadura
da piedade e da justiça, da humildade e da fé, derrubou o gigante e o
decapitou, conforme a palavra que o Senhor havia colocado na sua boca, dizendo
aquilo que Ele faria não somente a Golias mas a todo o exército dos filisteus
(v. 45-47).
A fé de Davi havia sido
aperfeiçoada para aquela hora, pois lhe foi permitido pela capacitação do
Espírito e pela grande coragem, que nele havia, e que fora aperfeiçoada pela fé
em Deus, segundo as Suas operações nele, matar antes um leão e um urso, que
deram contra o rebanho que ele apascentava.
Ele era o pastor que
defendia as suas ovelhas do lobo, com o risco da sua própria vida, pois o bom
pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
Deus demonstraria aos
olhos de todo Israel que ele estava dotado destas qualidades, quando se
apresentou para matar Golias.
Não foi somente a Golias
que ele enfrentou, mas toda a resistência que a própria circunstância
apresentava, pois teria que se submeter ao escárnio, tanto dos filisteus, de
Golias e dos próprios soldados israelitas, que devem tê-lo considerado no
mínimo um louco.
Ele teve que vencer as
resistências que se encontravam no argumento dos seus próprios irmãos, que na
pessoa do primogênito, Eliabe, foi repreendido, pois este lhe acusou de
negligência, por ter abandonado as ovelhas no deserto (o que não era verdade,
pois Davi tivera o cuidado de colocá-las sob o cuidado de um outro), e por ter
vindo ao campo de batalha, por simples curiosidade, e afirmou que conhecia a
sua presunção e a maldade do seu coração (v. 28).
Necessitaríamos de mais
evidências relativas ao motivo por que Eliabe havia sido rejeitado por Deus,
para não ser ungido por Samuel como rei sobre Israel?
Mas Davi tinha vindo ao
campo em obediência ao seu pai, e para o benefício de seus próprios irmãos,
pois lhes enviou suprimentos pelas suas mãos.
Na verdade, não foi Jessé
que enviou Davi ao campo de batalha.
Foi o Espírito Santo que
o incitou a estar ali, para que se cumprisse tudo o que haveria de acontecer
através dele.
Contudo, Davi não
procurou se justificar perante Eliabe, usando tais argumentos em sua defesa.
Ele simplesmente não se
deixou intimidar pelas palavras de seu irmão, e continuou se informando sobre a
situação, e o que seria feito pelo rei ao homem que matasse o gigante, pois
havia um rumor de que Saul cumularia tal pessoa de grandes riquezas, e lhe
daria por mulher a sua filha, e isentaria a casa de seu pai de impostos (v.
25).
É interessante destacar
que quando Davi foi repreendido por Eliabe, ele lhe disse: “Que fiz eu agora?
porventura não há razão para isso?” (v. 29).
Isto denota que as
acusações injustas de seu irmão mais velho contra ele eram frequentes.
Talvez por motivo de
ciúme, em razão de ser o mais velho de oito irmãos, e sendo Davi o caçula, era
exatamente no mais novo que se viam qualificações extraordinárias.
Davi revelou suas
qualidades na firmeza que demonstrou, não se deixando intimidar pelas ameaças
do irmão, e prosseguiu em sua investigação sobre o que seria feito àquele que
matasse o gigante, e deixou claro ao seu irmão, que havia suficiente razão no
seu interesse naquele assunto, pois a casa de seu pai seria abençoada com a
isenção de impostos, ele seria genro do rei, seria enriquecido, mas a maior
razão de todas para ele, que ultrapassava tudo isto, em se dispor a lutar
contra o gigante, era defender a honra do Deus de Israel, a quem o gigante
estava infamando.
O próprio Saul foi outro
obstáculo que Davi teve que vencer, antes de enfrentar Golias, porque o rei
tentou convencê-lo de que não seria possível a ele vencer o gigante, porque
este era guerreiro desde a sua mocidade, e Davi era muito moço.
Contudo Davi lhe disse
que o Senhor que lhe havia livrado das garras do leão e do urso seria o mesmo
que lhe livraria da mão daquele filisteu (v. 37).
Ele expusera a sua
própria vida colocando-a em risco para livrar os cordeiros do seu rebanho do
leão e do urso, quanto mais não estaria disposto a colocá-la em risco pelo povo
do Senhor e pela honra do seu Deus!
Com estas palavras
convenceu a Saul de que não ele, Davi, mas Deus, agiria em favor de Israel
através dele.
Esta grande verdade de
que ainda que façamos tudo, é na verdade a graça de Jesus que tudo faz através
de nós, é esquecida por muitos dos seus ministros.
Eles não são como Paulo
que disse o seguinte em relação ao seu ministério: “Mas pela graça de Deus sou
o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do
que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo.” (I Cor
15.10).
A própria armadura de
Saul, com a qual tentaram lhe vestir para enfrentar Golias, foi também um outro
desafio que ele teve que vencer, porque não estava acostumado àquilo e nem
sequer podia andar.
E ele foi resoluto em se
desfazer da armadura, mesmo contra uma possível insatisfação que poderia causar
ao rei, pois estava decidido a enfrentar
o gigante, não com as armas de Saul, mas somente com as do Senhor.
Daí ele pôde demonstrar
toda a sua grande fé e confiança no Deus de Israel, e isto deu ensejo às
palavras que dirigiu a Golias e à firme convicção com que as falou e que
evidenciavam a sua grande fé:
“45 Davi, porém, lhe
respondeu: Tu vens a mim com espada, com lança e com escudo; mas eu venho a ti
em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens
afrontado.
46 Hoje mesmo o Senhor te
entregará na minha mão; ferir-te-ei, e tirar-te-ei a cabeça; os cadáveres do
arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às feras da terra; para
que toda a terra saiba que há Deus em Israel;
47 e para que toda esta
assembleia saiba que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; pois do
Senhor é a batalha, e ele vos entregará em nossas mãos.” (v. 45-47).
Quão piedoso era Davi!
Nós não observamos nenhuma ostentação pessoal em suas palavras, porque Deus era
tudo para ele.
O feito da derrota do
gigante é atribuído por ele a Deus, que lhe havia comissionado para aquela
hora.
Seria manifestada a
autoridade de Deus naquele evento, e não propriamente a dele.
Ele quer exibir o braço
forte do Senhor, sendo um mero instrumento em Suas poderosas mãos.
É nesta posição que ele
se colocou conforme podemos depreender das suas palavras.
Este deveria ser o desejo
de todo verdadeiro servo de Deus, simplesmente ser instrumentos em Suas mãos,
para que a Sua glória e poder possam ser manifestados, e com isso ser
glorificado pelos homens, ao verem as obras que Ele faz através dos seus
servos.
Com isto provaria que um
jovem que ousava desafiar e partir resoluto para o combate contra um gigante
armado até aos dentes, e protegido por todo um aparato de metal, que quase lhe
tornava invulnerável aos golpes desferidos pelos seus inimigos, e que o faria
sem contar com qualquer equipamento de proteção individual, ou de qualquer arma
visível de ataque em suas mãos, senão apenas uma pequena funda, e o seu cajado,
não deveria ser considerado de modo nenhum como um caso de extrema insensatez,
mas de prova de fé, porque afirmou com grande fé a plena certeza que tinha na
vitória do Senhorm pois sabia que a mão do Deus de Israel era com ele, como
efetivamente foi, a ponto de todo o exército filisteu ter temido muitom depois
que ele matou Golias, e se apressou em bater em retirada.
E as palavras de Deus na
boca de Davi: “para que toda esta assembleia saiba que o Senhor salva, não com
espada, nem com lança; pois do Senhor é a batalha” (v. 47), permanecem verdadeiras
para sempre, porque não importa quanto os homens possam se tornar poderosos, e
por maior e mais complexo que seja o arsenal de guerra que eles possam
fabricar, Deus dará a posse da terra aos mansos e não aos arrogantes e
orgulhosos.
Ele livrará o Seu povo da
opressão e da injustiça, sem qualquer ajuda dos homens poderosos.
Por isso Davi disse a
Golias que o que Deus faria através dele seria para que todos que se
encontravam naquele campo de batalha aprendessem que é o Senhor mesmo quem
peleja pelo Seu povo, e é a Ele que pertence a batalha, uma vez que Golias não
seria abatido por nenhuma lança ou espada, mas pelo modo humilhante que Deus
havia determinado que deveria ser abatido: por uma pedra lançada pela funda de
um jovem, que não trazia consigo nenhuma armadura, lança ou espada.
A espada de Golias foi
colocada em Nobe, numa das cidades dos sacerdotes (21.9), como um troféu da
vitória de Deus sobre a violência dos homens.
A espada, que simboliza
todo o tipo de arma de ataque usada na guerra, sendo colocada atrás de uma
estola sacerdotal, carrega a mensagem de que um dia tudo o que é usado para
ferir o próximo será sujeitado debaixo do poder do Senhor Jesus, quando Ele se
levantar para julgar todos os moradores da terra e inaugurar o Seu reino de
justiça e de paz.
Davi trouxe a cabeça de
Golias a Jerusalém (v. 54), provavelmente inspirado por Deus, para que ela
fosse um terror aos jebuseus, que ainda permaneciam habitando no meio de Israel
naquela cidade, e que viria a ser tomada pelo próprio Davi, como veremos
adiante.
Não se pode realmente
confiar no homem no que tange à direção do rumo da nossa vida, senão unicamente
no Senhor, e disto nós temos um exemplo perfeito no esquecimento de Saul em
relação a Davi, pois a par de todo o bem que tinha feito a Saul, repreendendo o
espírito maligno que o atormentava, a ponto de tê-lo feito o seu escudeiro, se
esqueceu de quem ele era, quando se apresentou no campo de batalha, para lutar
contra Golias.
Saul estava tão
aterrorizado pela ameaça do gigante, e tão transtornado pelo fato de ter sido
abandonado pelo Espírito Santo, que sequer foi capaz de ter qualquer serenidade
de espírito para reconhecer que aquele que tinha sido uma bênção para ele no
palácio, era o mesmo que seria uma benção não somente para ele, como para todo
o Israel, no campo de batalha (v. 55-58).
“1 Ora, os filisteus
ajuntaram as suas forças para a guerra e congregaram-se em Socó, que pertence a
Judá, e acamparam entre Socó e Azeca, em Efes-Damim.
2 Saul, porém, e os
homens de Israel se ajuntaram e acamparam no vale de Elá, e ordenaram a batalha
contra os filisteus.
3 Os filisteus estavam
num monte de um lado, e os israelitas estavam num monte do outro lado; e entre
eles o vale.
4 Então saiu do arraial
dos filisteus um campeão, cujo nome era Golias, de Gate, que tinha de altura
seis côvados e um palmo.
5 Trazia na cabeça um
capacete de bronze, e vestia uma couraça escameada, cujo peso era de cinco mil
siclos de bronze.
6 Também trazia grevas de
bronze nas pernas, e um dardo de bronze entre os ombros.
7 A haste da sua lança
era como o órgão de um tear, e a ponta da sua lança pesava seiscentos siclos de
ferro; adiante dele ia o seu escudeiro.
8 Ele, pois, de pé,
clamava às fileiras de Israel e dizia-lhes: Por que saístes a ordenar a batalha?
Não sou eu filisteu, e vós servos de Saul? Escolhei dentre vós um homem que
desça a mim.
9 Se ele puder pelejar
comigo e matar-me, seremos vossos servos; porém, se eu prevalecer contra ele e
o matar, então sereis nossos servos, e nos servireis.
10 Disse mais o filisteu:
Desafio hoje as fileiras de Israel; dai-me um homem, para que nós dois
pelejemos.
11 Ouvindo, então, Saul e
todo o Israel estas palavras do filisteu, desalentaram-se, e temeram muito.
12 Ora, Davi era filho de
um homem efrateu, de Belém de Judá, cujo nome era Jessé, que tinha oito filhos;
e nos dias de Saul este homem era já velho e avançado em idade entre os homens.
13 Os três filhos mais
velhos de Jessé tinham seguido a Saul à guerra; eram os nomes de seus três
filhos que foram à guerra: Eliabe, o primogênito, o segundo Abinadabe, e o
terceiro Samá:
14 Davi era o mais moço;
os três maiores seguiram a Saul,
15 mas Davi ia e voltava
de Saul, para apascentar as ovelhas de seu pai em Belém.
16 Chegava-se, pois, o
filisteu pela manhã e à tarde; e apresentou-se por quarenta dias.
17 Disse então Jessé a
Davi, seu filho: Toma agora para teus irmãos uma efa deste grão tostado e estes
dez pães, e corre a levá-los ao arraial, a teus irmãos.
18 Leva, também, estes
dez queijos ao seu comandante de mil; e verás como passam teus irmãos, e trarás
notícias deles.
19 Ora, estavam Saul, e
eles, e todos os homens de Israel no vale de Elá, pelejando contra os
filisteus.
20 Davi então se levantou
de madrugada e, deixando as ovelhas com um guarda, carregou-se e partiu, como
Jessé lhe ordenara; e chegou ao arraial quando o exército estava saindo em
ordem de batalha e dava gritos de guerra.
21 Os israelitas e os
filisteus se punham em ordem de batalha, fileira contra fileira.
22 E Davi, deixando na
mão do guarda da bagagem a carga que trouxera, correu às fileiras; e, chegando,
perguntou a seus irmãos se estavam bem.
23 Enquanto ainda falava
com eles, eis que veio subindo do exército dos filisteus o campeão, cujo nome
era Golias, o filisteu de Gate, e falou conforme aquelas palavras; e Davi as
ouviu.
24 E todos os homens de
Israel, vendo aquele homem, fugiam, de diante dele, tomados de pavor.
25 Diziam os homens de
Israel: Vistes aquele homem que subiu? pois subiu para desafiar a Israel. Ao
homem, pois, que o matar, o rei cumulará de grandes riquezas, e lhe dará a sua
filha, e fará livre a casa de seu pai em Israel.
26 Então falou Davi aos
homens que se achavam perto dele, dizendo: Que se fará ao homem que matar a
esse filisteu, e tirar a afronta de sobre Israel? pois quem é esse incircunciso
filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?
27 E o povo lhe repetiu
aquela palavra, dizendo: Assim se fará ao homem que o matar.
28 Eliabe, seu irmão mais
velho, ouviu-o quando falava àqueles homens; pelo que se acendeu a sua ira
contra Davi, e disse: Por que desceste aqui, e a quem deixaste aquelas poucas
ovelhas no deserto? Eu conheço a tua presunção, e a maldade do teu coração;
pois desceste para ver a peleja.
29 Respondeu Davi: Que
fiz eu agora? porventura não há razão para isso?
30 E virou-se dele para
outro, e repetiu as suas perguntas; e o povo lhe respondeu como da primeira
vez.
31 Então, ouvidas as
palavras que Davi falara, foram elas referidas a Saul, que mandou chamá-lo.
32 E Davi disse a Saul:
Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá, e pelejará
contra este filisteu.
33 Saul, porém, disse a
Davi: Não poderás ir contra esse filisteu para pelejar com ele, pois tu ainda
és moço, e ele homem de guerra desde a sua mocidade.
34 Então disse Davi a
Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai, e sempre que vinha um leão,
ou um urso, e tomava um cordeiro do rebanho,
35 eu saía após ele, e o
matava, e lho arrancava da boca; levantando-se ele contra mim, segurava-o pela
queixada, e o feria e matava.
36 O teu servo matava
tanto ao leão como ao urso; e este incircunciso filisteu será como um deles,
porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo.
37 Disse mais Davi: O
Senhor, que me livrou das garras do leão, e das garras do urso, me livrará da
mão deste filisteu. Então disse Saul a Davi: Vai, e o Senhor seja contigo.
38 E vestiu a Davi da sua
própria armadura, pôs-lhe sobre a cabeça um capacete de bronze, e o vestiu de
uma couraça.
39 Davi cingiu a espada
sobre a armadura e procurou em vão andar, pois não estava acostumado àquilo.
Então disse Davi a Saul: Não posso andar com isto, pois não estou acostumado. E
Davi tirou aquilo de sobre si.
40 Então tomou na mão o
seu cajado, escolheu do ribeiro cinco seixos lisos e pô-los no alforje de
pastor que trazia, a saber, no surrão, e, tomando na mão a sua funda, foi-se
chegando ao filisteu.
41 O filisteu também
vinha se aproximando de Davi, tendo a: sua frente o seu escudeiro.
42 Quando o filisteu
olhou e viu a Davi, desprezou-o, porquanto era mancebo, ruivo, e de gentil
aspecto.
43 Disse o filisteu a
Davi: Sou eu algum cão, para tu vires a mim com paus? E o filisteu, pelos seus
deuses, amaldiçoou a Davi.
44 Disse mais o filisteu
a Davi: Vem a mim, e eu darei a tua carne às aves do céu e às bestas do campo.
45 Davi, porém, lhe
respondeu: Tu vens a mim com espada, com lança e com escudo; mas eu venho a ti
em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens
afrontado.
46 Hoje mesmo o Senhor te
entregará na minha mão; ferir-te-ei, e tirar-te-ei a cabeça; os cadáveres do
arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às feras da terra; para
que toda a terra saiba que há Deus em Israel;
47 e para que toda esta
assembleia saiba que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; pois do Senhor
é a batalha, e ele vos entregará em nossas mãos.
48 Quando o filisteu se
levantou e veio chegando para se defrontar com Davi, este se apressou e correu
ao combate, a encontrar-se com o filisteu.
49 E Davi, metendo a mão
no alforje, tirou dali uma pedra e com a funda lha atirou, ferindo o filisteu
na testa; a pedra se lhe cravou na testa, e ele caiu com o rosto em terra.
50 Assim Davi prevaleceu
contra o filisteu com uma funda e com uma pedra; feriu-o e o matou; e não havia
espada na mão de Davi.
51 Correu, pois, Davi,
pôs-se em pé sobre o filisteu e, tomando a espada dele e tirando-a da bainha, o
matou, decepando-lhe com ela a cabeça. Vendo então os filisteus que o seu
campeão estava morto, fugiram.
52 Então os homens de
Israel e de Judá se levantaram gritando, e perseguiram os filisteus até a
entrada de Gai e até as portas de Ecrom; e caíram os feridos dos filisteus pelo
caminho de Saraim até Gate e até Ecrom.
53 Depois voltaram os
filhos de Israel de perseguirem os filisteus, e despojaram os seus arraiais.
54 Davi tomou a cabeça do
filisteu e a trouxe a Jerusalém; porém pôs as armas dele na sua tenda.
55 Quando Saul viu Davi
sair e encontrar-se com o filisteu, perguntou a Abner, o chefe do exército: De
quem é filho esse jovem, Abner? Respondeu Abner: Vive a tua alma, ó rei, que
não sei.
56 Disse então o rei:
Pergunta, pois, de quem ele é filho.
57 Voltando, pois, Davi
de ferir o filisteu, Abner o tomou consigo, e o trouxe à presença de Saul,
trazendo Davi na mão a cabeça do filisteu.
58 E perguntou-lhe Saul:
De quem és filho, jovem? Respondeu Davi: Filho de teu servo Jessé, belemita.”
(I Sm 17.1-58)
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