sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Samuel é Enviado Para Ungir Davi – I Samuel 16



Havia uma joia preciosa de Deus escondida na casa de Jessé, o belemita, e este era descendente de pessoas de fé como Naassom, Salmom, Boaz, Raabe (a ex-prostituta de Jericó), e Rute, a moabita.
A graça não corre no sangue. Não é hereditária. Mas uma família piedosa pode influenciar em muito no caráter dos seus descendentes.
Tal era o caso de Davi. Mas ele estava oculto aos olhos de Samuel porque o Senhor não lho revelara até então como sendo aquele que havia escolhido para ficar no lugar de Saul.
Samuel lamentava e ainda estava compadecido de Saul.
Ele lamentava a perda de alguém que possivelmente, por tudo o que chegou ao nosso conhecimento, através do relato das Escrituras, talvez não fosse um autêntico eleito, alguém que tivesse  sido transformado pela operação da graça em seu coração.
Alguém que o Senhor havia rejeitado e que daria provas da sua rejeição pela retirada da influência do Espírito Santo sobre ele, e por tê-lo entregue a um espírito maligno, para destruição da carne, como sinal do Seu juízo sobre alguém que apesar de ter sido ungido por Ele, para ser rei sobre o Seu povo, não Lhe deu por devolvida a devida honra.
Nós não podemos estabelecer um juízo final sobre a salvação de Saul, porque isto permanece debaixo da exclusiva autoridade do Senhor, e nem mesmo afirmar que o fato de ter sido entregue a Satanás para a destruição da carne, comprova definitivamente que não era um verdadeiro crente, pois o que ocorreu com ele quanto a ter apagado o Espírit,o e ter sido entregue a Satanás, para destruição da carne, foi o mesmo que sucedeu ao cristão incestuoso de Corinto, do qual se diz que o seu espírito seria salvo no dia do Senhor.
O nome de Sansão consta da galeria dos heróis da fé de Hebreus 11, a par de todas as transgressões que ele cometeu, particularmente no final de sua vida.
As operações renovadoras do Espírito Santo na alma, por meio da graça divina, não podem ser removidas, porque permanecem unidas, ligadas à alma que é regenerada, pelas Suas operações santificadoras.
Deste modo, nós não podemos excluir a possibilidade da retirada das operações extraordinárias do Espírito, que atuavam em Saul, como sendo apenas a retirada dos dons sobrenaturais que ele recebera do Espírito, até o dia em que o Espírito o abandonou e um espírito imundo passou a atormentá-lo.
Se temos dúvidas em relação à salvação de Saul, já em relação a Davi temos plena certeza, pelo testemunho de sua vida, que trazia muitas das evidências que caracterizam um autêntico filho de Deus.
No verso 13 se diz que depois que foi ungido por Samuel com o chifre de azeite, o Espírito do Senhor se apoderou dele daquele dia em diante, e isto se deu com certeza até o dia da sua morte, e mesmo depois dela, porque o selo do Espírito é eterno nos verdadeiros cristãos, que são edificados juntamente em casa espiritual para habitação de Deus no Espírito (Ef 2.22).
A vida de Davi e de todos os santos da Bíblia, nos ensinam esta verdade.
Nós não podemos julgar sobre a salvação de ninguém em quem não sejam perceptíveis as evidências da salvação, mas podemos afirmá-la com segurança em relação a todos aqueles em quem são percebidas tais evidências.
Se assim não fora, Paulo jamais poderia ter afirmado o que lemos nos seguintes textos, dentre outros:
“Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” (Rm 6.13).
“E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros meus cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.” (Fp 4.3).
É bem provável que Samuel tenha se consolado das suas inquietações quanto ao futuro de Israel, quando o Senhor o conduziu até Davi para que ele ungisse como futuro rei aquele a quem Ele havia escolhido. Pois se diz que quando Samuel foi ter com ele, Davi era ruivo, de belos olhos e de gentil aspecto (v. 12).
Samuel ficou impressionado com o porte e a altura do primeiro filho de Jessé que lhe foi apresentado, Eliabe, pensando que era ele o escolhido do Senhor, mas Deus lhe disse que não olhasse para a sua aparência e estatura porque Ele não vê como o homem, que julga segundo a aparência, pois Ele vê o coração.
Deus conhecia o espírito e o caráter de Davi e o tudo que Ele viria a ser em Suas mãos.
Jamais Davi intentaria contra a vida de Samuel, como Saul seria capaz de fazê-lo e como o próprio Samuel demonstrou nas palavras que disse ao Senhor para justificar o seu temor de descer à casa de Jessé para ungir a um de seus filhos para ser rei no lugar de Saul (v. 2), pois ele bem conhecia o caráter de Saul, que se voltaria contra ele num ataque de ciúme, que o levaria a ter Samuel na conta de um traidor, ainda que sabendo que sempre agia sob a direção de Deus.
Como dissemos, Davi jamais faria isto contra qualquer ungido de Deus, mesmo naqueles em quem não houvesse fortes evidências da sua salvação, como no caso de Saul, e ele pôde demonstrar isto na prática quando o teve à sua mercê para atentar contra a sua vida, quando Saul o perseguia, e nada fez senão se limitar a cortar a orla da sua veste, e assim mesmo até isto lhe pesou no coração.
O Espírito Santo agia com graça em Davi e o transformou num verdadeiro filho de Deus, por estar unido para sempre à sua natureza, e nós vemos quão diferentes são aqueles que são de fato nascidos de Deus.
Isto não significa que não terão qualquer tipo de pecado, pois a vida de Davi é um grande exemplo, que mesmo grandes santos estão sujeitos a pecar, mas muito maior foi a sua grandeza em se humilhar diante de Deus, e buscar sempre lugar de arrependimento perante Ele, confessando-Lhe todas as suas faltas.
Assim se dá com todos aqueles que estão de fato ligados a Deus como um só espírito. Eles se movem conforme o mover de Deus. Eles discernem pelo Espírito as coisas que fazem parte da mente de Deus. Eles conferem coisas espirituais com coisas espirituais, e tudo discernem sem que possam ser discernidos por aqueles que estão na carne.
Este era o verdadeiro caráter da mudança que seria feita.
Um rei que seja segundo o coração de Deus deve ser obrigatoriamente um verdadeiro crente, porque de outro modo jamais poderá discernir o que está no Seu coração divino, tal como era o caso de Saul, que não era um rei segundo o Seu coração.
O reino de Deus não é comida e bebida mas justiça, e paz e alegria no Espírito Santo, e se tudo isto é no Espírito, como poderão tê-lo os que não estão de fato ligados em suas próprias naturezas ao Espírito?
  Tais foram as mudanças operadas pela presença do Espírito Santo em Davi que isto se tornou notório a muitos, a ponto de ter sido recomendado a Saul como quem poderia tocar a harpa de tal modo, que ele acharia alívio nos ataques do espírito imundo que o atormentava, enviado como juízo sobre ele, da parte do Senhor, e ele foi descrito por um dos mancebos de Saul com as seguintes palavras:
“Eis que tenho visto um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar bem, e é forte e destemido, homem de guerra, sisudo em palavras, e de gentil aspecto; e o Senhor é com ele.” (v. 18).
Tendo Saul mandado buscar a Davi para estar com ele, se agradou tanto dele que o tornou seu escudeiro, e toda vez que Davi tocava a harpa o espírito maligno se retirava de Saul.  
 Esta expulsão do espírito não era devida ao tipo da música mas à unção que estava em Davi, e que era transferida para o seu louvor e às músicas que ele compunha.
Não é de se admirar que se veja tanta unção nas letras dos seus Salmos, que através dos séculos têm ajudado a muitos atormentados pelos ataques dos espíritos malignos, tal como Saul, e não somente a estes, mas a muitos que Deus tem abençoado com a inspiração do Espírito Santo, que pode ser achada nos Salmos de Davi. 



“1 Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé o belemita, porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.
2 Disse, porém, Samuel: Como irei eu? pois Saul o ouvirá e me matará. Então disse o Senhor: Leva contigo uma bezerra, e dize: Vim para oferecer sacrifício ao Senhor:
3 E convidarás a Jessé para o sacrifício, e eu te farei saber o que hás de fazer; e ungir-me-ás a quem eu te designar.
4 Fez, pois, Samuel o que dissera o Senhor, e veio a Belém; então os anciãos da cidade lhe saíram ao encontro, tremendo, e perguntaram: É de paz a tua vinda?
5 Respondeu ele: É de paz; vim oferecer sacrifício ao Senhor. Santificai-vos, e vinde comigo ao sacrifício. E santificou ele a Jessé e a seus filhos, e os convidou para o sacrifício.
6 E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido.
7 Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.
8 Depois chamou Jessé a Abinadabe, e o fez passar diante de Samuel, o qual disse: Nem a este escolheu o Senhor.
9 Então Jessé fez passar a Samá; Samuel, porém, disse: Tampouco a este escolheu o Senhor.
10 Assim fez passar Jessé a sete de seus filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O Senhor não escolheu a nenhum destes.
11 Disse mais Samuel a Jessé: São estes todos os teus filhos? Respondeu Jessé: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda trazê-lo, porquanto não nos sentaremos até que ele venha aqui.
12 Jessé mandou buscá-lo e o fez entrar. Ora, ele era ruivo, de belos olhos e de gentil aspecto. Então disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.
13 Então Samuel tomou o chifre de azeite, e o ungiu no meio de seus irmãos; e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi. Depois Samuel se levantou, e foi para Ramá.
14 Ora, o Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e o atormentava um espírito maligno da parte do Senhor.
15 Então os criados de Saul lhe disseram: Eis que agora um espírito maligno da parte de Deus te atormenta;
16 dize, pois, senhor nosso, a teus servos que estão na tua presença, que busquem um homem que saiba tocar harpa; e quando o espírito maligno da parte do Senhor vier sobre ti, ele tocará com a sua mão, e te sentirás melhor.
17 Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que toque bem, e trazei-mo.
18 Respondeu um dos mancebos: Eis que tenho visto um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar bem, e é forte e destemido, homem de guerra, sisudo em palavras, e de gentil aspecto; e o Senhor é com ele.
19 Pelo que Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me Davi, teu filho, o que está com as ovelhas.
20 Jessé, pois, tomou um jumento carregado de pão, e um odre de vinho, e um cabrito, e os enviou a Saul pela mão de Davi, seu filho.
21 Assim Davi veio e se apresentou a Saul, que se agradou muito dele e o fez seu escudeiro.
22 Então Saul mandou dizer a Jessé: Deixa ficar Davi ao meu serviço, pois achou graça aos meus olhos.
23 E quando o espírito maligno da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele.” (I Sm 16.1-23)


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