Este 15º capítulo de I
Samuel, que estaremos comentando, inicia com uma ordem de Deus dada a Saul,
através do profeta Samuel para que destruísse totalmente os amalequitas.
Com isto Ele tinha em
vista cumprir o que havia determinado
cerca de quatrocentos anos antes, ainda nos dias de Moisés (Êx 17.14).
Então esta era uma ordem
muito especial com a qual Saul deveria ter o maior cuidado, porque Deus vela
sobre a Sua Palavra, para a cumprir, e ela não pode falhar de modo algum.
Saul mandou avisar aos
queneus (Jz 116; 4.11, 17; 5.24), que eram descendentes de Jetro, sogro de
Moisés, que saíssem do meio dos amalequitas, para não serem destruídos
juntamente com eles (v. 6).
Não sabemos entretanto,
se ele fez isto por sua exclusiva iniciativa ou a pedido de Samuel.
O que é narrado neste
capitulo ensina uma das mais preciosas lições da Bíblia, porque apesar de todo
o empenho de Saul, na guerra, contra os amalequitas, trouxe sobre si um grande
e final juízo de Deus, relativo ao seu ministério como rei.
Ou este homem não
conhecia ao Senhor ou era um rebelde contumaz à Sua vontade.
Ainda que alertado quanto
a tudo o que deveria fazer, sempre fazia uma adaptação das ordens de Deus, e
agia a seu próprio modo, fazendo parcialmente o que lhe era ordenado.
Não são poucos os
ministros do evangelho, que na Igreja de Cristo, agem contra o que Ele tem
ordenado relativamente ao modo como Deus deve ser reverenciado e adorado,
cumprindo apenas parte de tudo o que Cristo tem ordenado, que deve ser ensinado
a ser guardado pelos seus discípulos (Mt 28.20), e ousada e insensatamente
fazem adaptações carnais, especialmente no culto de adoração pública, onde o
homem é também exaltado e não apenas o Deus Altíssimo.
Eles misturam o que é da
vontade do homem com aquilo que é a vontade de Deus, e como Saul são reprovados
em seus ministérios, porque o Senhor os deixa sem direção, sem palavra, sem
revelação, e isto os estimula a prosseguirem com aquilo que é introduzido no
culto, como fruto da sua vã imaginação.
O povo que não participa
da insensatez de tais ministros e que clama ao Senhor para que coloque em ordem
as coisas em Sua casa, é livrado do juízo que Deus tem determinado sobre estes
ministros, e as pessoas do seu povo continuam a serem visitadas e abençoadas
por Deus, apesar dos ministros que têm que suportar, até que alguém que seja
segundo o coração de Deus venha apascentá-las com sabedoria e com inteligência
(Jer 3 .15).
Davi estava a caminho, e
enquanto isto Saul teria que arcar sozinho com as consequências de suas
rebeliões contra a vontade do Senhor.
Se num certo sentido,
ministros fiéis são canais de bênçãos para o povo de Deus, no entanto, Ele não
é injusto para castigar o seu povo, por causa da maldade e negligência daqueles
que o dirigem.
Afinal é um princípio
ensinado pela Palavra, que cada um dará contas de si mesmo a Deus.
Entretanto, como a Igreja
é um único corpo, formado por muitos membros, o Senhor pode, em Sua soberania,
trazer juízos sobre os que andam e os que não andam em erro, em determinada
Igreja, com vistas ao conserto de todos os que andam de modo errado perante
Ele, de forma que todos sejam convencidos da sua responsabilidade mútua, de uns
para com os outros.
Ainda que ninguém venha a
responder no Tribunal de Cristo pelos erros cometidos por outros, Deus pode,
como a Palavra ensina (caso de Acã etc) ferir até mesmo inocentes, de modo que
todos temam o modo pelo qual devem andar em Sua presença, e que a Igreja
discipline e exorte os que andam de modo errado, e ore em favor deles, para que
se arrependam, de modo que o corpo não padeça, porque por princípio, quando um
membro do corpo padece, todos sofrem com ele.
No entanto, a
determinação destas coisas, destes juízos referidos, permanece exclusivamente
debaixo da exclusiva autoridade e soberania do Senhor, e não cabe a nós julgar
quando, onde e quem deve ser submetido
aos Seus juízos, porque não podemos esquecer que Ele é perdoador e
misericordioso além de ser justo Juiz.
O que se aprende de tudo
isto é que os membros da Igreja farão muito bem em se exortarem mutuamente para
que vivam em santidade e para que andem com santo temor e reverência diante do
Senhor, como Paulo o fazia, temendo e tremendo da Palavra de Deus,
relativamente à obrigação que nos é imposta por estarmos aliançados com Ele, a
cumpri-la cabalmente, não sendo apenas meros ouvintes ou defensores da Palavra,
mas verdadeiros praticantes.
Saul pensou que seria
digno de ser honrado por Deus, porque desceu aos amalequitas com um exército de
210.000 homens (v. 4).
E mais uma vez ele foi
traído pela sua vaidade.
Assim como o orgulho
espiritual tem destruído muitos ministérios.
Pois no afã de trazer
honra para si poupou ao rei dos amalequitas provavelmente para exibi-lo em Israel
como um troféu do seu triunfo.
A vaidade do coração
obscureceu o seu entendimento, pois não viu que com isso estava desobedecendo
ao mandado de Deus.
E para confirmar que de
fato estava pensando em honra pessoal, erigiu uma coluna no Monte Carmelo, para
celebrar a sua vitória (v. 12).
Só que, na noite
anterior, Deus tinha revelado a Samuel que havia se arrependido de haver posto
a Saul como rei, pois ele havia deixado de segui-lo, e não cumpriu as Suas
palavras (v.11).
Apesar de Samuel ter se
entristecido com esta sentença, e ter clamado a Deus por toda a noite, ele
haveria de constatar com os seus próprios olhos o porque das palavras que Deus
havia proferido contra Saul.
A palavra hebraica usada
para arrependimento, shab, tem o mesmo sentido da palavra grega no NT,
metanóia, que significa mudança de mente, tomada de uma nova posição, alteração
daquilo que havia sido determinado anteriormente, retornar, voltar atrás.
De modo que, o que está
em foco não é nenhuma admissão de Deus de que Ele teria errado ao escolher
Saul, mas que em tendo dito que ele seria rei sobre Israel, isto seria mudado,
e já não seria rei, porque tomaria providências para que fosse removido da
posição que lhe havia dado, para colocar um outro em seu lugar.
Do que se lê no verso 22,
que “o obedecer é melhor do que o sacrificar” se tornou um dito comum entre o
povo de Deus, mas muitas vezes esta citação tem sido tomada de modo impróprio,
para justificar que Deus não requer nenhum esforço e sacrifício da nossa parte
para servi-lo, senão que se obedeça apenas à Sua voz, quando falar
conosco.
Entretanto, esta não é
uma interpretação exata das palavras dirigidas por Samuel a Saul, que devem ser
interpretadas em seu próprio contexto.
Saul estava justificando
a sua “obediência” à ordem de Deus, dizendo que os animais que havia poupado de Amaleque eram para serem
oferecidos como sacrifício ao Senhor, como expressão da gratidão da vitória,
que havia dado aos israelitas sobre os amalequitas.
Todavia, nós vimos antes,
e como o confirmarão os versículos seguintes a estes, que Saul não estava de
fato preocupado com a honra do Senhor, senão com a sua própria honra.
Ainda que fosse sincero o
seu desejo de honrar a Deus, com a apresentação daqueles animais em sacrifício,
não poderia tê-lo feito contrariando uma ordem expressa do Senhor, que lhe
havia sido expedida, de que tudo o que tivesse vida em Amaleque deveria ser
destruído, em seu próprio território, pois haviam sido considerados anátema por
Deus.
Como poderia apresentar
sacrifício daquilo que foi amaldiçoado?
Outra questão que se
levanta é a relativa ao oferecimento propriamente dito, que não consistiria num
ato de devoção e adoração real de Saul, senão de uma mera ostentação pública do
seu poder militar.
Seria um culto formal e
falso, e portanto condenável.
O que ele deveria ter
feito era obedecer o mandado de Deus, e não tomar a iniciativa de oferecer
sacrifício daquilo que era a prova da sua desobediência.
Podemos aprender de Saul
que nenhuma intenção boa justificará uma ação ruim.
Quando Samuel disse a
Saul as palavras do verso 23, ele alegou estar arrependido, e disse que havia
pecado, mas aquele arrependimento foi um arrependimento de palavras,
superficial, pois no que tange aos pecadores, um verdadeiro arrependimento é
acompanhado por uma mudança de direção, por um mudança em nossas atitudes e
atos, mas não foi isto o que ocorreu com Saul, como a Bíblia testifica contra
ele em tudo o que se escreveria ainda a seu respeito.
Atitudes do tipo eu
pequei, confesso, vamos então esquecer tudo, me perdoe, e coisas como estas,
sem que sejam acompanhadas por uma verdadeira mudança de comportamento, não
podem ser aceitas por Deus em Sua santidade e justiça, como um verdadeiro
arrependimento, senão como uma tentativa pecaminosa de escapar dos Seus juízos.
Assim, acrescenta-se um
novo pecado a pecados cometidos dos quais deveríamos nos arrepender
verdadeiramente.
Quem está entristecido
pelo pecado que cometeu, terá obrigatoriamente um coração contrito, um espírito
abatido e não exaltado.
E o que nós vemos em Saul
logo depois de ter dito a Samuel que havia pecado e transgredido a ordem do
Senhor? (v. 24).
No mesmo versículo, ele
põe a culpa no povo, dizendo que havia temido o povo e dado ouvido à sua voz.
Ainda que isso fosse verdade,
quem se arrepende nunca transfere a sua culpa para outros.
Tal foi o caso de Adão no
Éden, que quando confrontado por Deus, pôs a culpa em Eva. E Eva na serpente.
Esta não admissão da
própria culpa não pode conduzir a um verdadeiro arrependimento.
Além disso, quem se
arrepende, como dissemos antes, humilha-se diante de Deus, e não procura
encobrir as coisas, procurando dissimular publicamente que continua em honra e
exaltação diante do Senhor, tal como Saul fizera pedindo insistentemente a
Samuel que o honrasse voltando juntamente com ele para adorar ao Senhor (v.
25).
Samuel lhe deu como
resposta inicialmente o que lemos no verso 26. “Samuel porém disse a Saul: Não
voltarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, e o Senhor te
rejeitou a ti, para que não sejas rei sobre Israel:”.
Quando Samuel ia se
retirando, Saul lhe pegou pela orla da capa e esta se rasgou (v. 27), e em
razão disso Samuel lhe disse as seguintes palavras: “O Senhor rasgou de ti hoje
o reino de Israel, e o deu a um teu próximo, que é melhor do que tu. Também
aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende, porquanto não é
homem para que se arrependa.” (v 28, 29).
O que Deus havia
determinado Ele faria, porque nunca volta atrás naquilo que Ele decide de um
modo definitivo, como nesta questão de tirar o reino de Saul para dá-lo a um
outro.
E é nestes decretos
imutáveis de Deus que repousa a segurança da salvação dos cristãos, porque Ele
determinou salvá-los com uma justificação eterna, que Ele jamais invalidará (Is
51.6 ; Dn 9.24).
Tendo pena de Saul,
diante da insistência de que Samuel o honrasse perante o povo subindo com ele à
adoração em Gilgal, o profeta assentiu ao seu pedido, e em vez de se dirigir
diretamente à sua residência em Ramá, voltou
com Saul a Gilgal, onde se diz que Saul adorou ao Senhor (v. 31).
Isto deve ter feito com
que Agague, rei dos amalequitas, que ali se encontrava aprisionado, pensasse
que o gesto de Saul havia sido finalmente aceito por Deus, e assim ele seria
poupado da sentença de morte que pesou sobre ele e o seu povo (v. 32).
Entretanto Samuel o
convocou à sua presença e deu cumprimento cabal à Palavra de Deus, fazendo
aquilo que Saul deveria ter feito, pois despedaçou Agague perante o Senhor (v.
33).
Dali cada um retornou
para a sua própria residência. Samuel a Ramá e Saul a Gibeá (v. 34).
Samuel não mais veria a
Saul até o dia da sua morte, mas ele, humanamente, teve pena de Saul. E para
não se pensar que a adoração de Saul havia mudado o parecer de Deus em relação
a ele, o último verso deste capítulo registra mais uma vez que o Senhor se
arrependeu de haver posto a Saul rei sobre Israel (v. 35).
Nós ficamos a imaginar um
Deus santo, amoroso e verdadeiro, por contingência da entrada do pecado no
mundo, tendo que tratar com a impiedade
das nações, e mesmo com os resquícios do pecado, que permanecem em Seu próprio
povo.
Quanto devia pesar no Seu
coração amoroso e justo as deliberações que tinha que tomar contra as nações
pagãs, contra os próprios israelitas, contra um Saul.
Quão poucos são os
Samuéis, e quão raros eles vão se tornando no mundo à medida que o tempo
avança.
Não devemos portanto
pensar que temos que servir a um Deus irado, implacável, inflexível cujo
desagrado não se possa aplacar.
Muito ao contrário, Ele
revelou toda a Sua bondade, graça, misericórdia, amor, longanimidade ao ter
dado o Seu próprio Filho para morrer por nós na cruz, exatamente para o
propósito da satisfação da Sua perfeita justiça e santidade, que de outro modo
jamais poderiam ser satisfeitas.
Quão sofredor é o coração
do próprio Deus em razão do pecado que há no mundo.
Como poderíamos estar
contentes com o fato de sabermos quantas dores podemos trazer ao Seu coração
amoroso por causa das nossas transgressões e pecados?
Que possamos nos empenhar
em todo o tempo atendendo à exortação que nos dirige o autor de Hebreus: “Vede,
irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de
incredulidade, que vos aparte do Deus vivo;” (Hb 3.12).
Que não creiamos pois
somente em tudo o que a boca do Senhor tem dito, mas que nos empenhemos de fato
com toda a força do nosso ser em colocá-lo em prática, com vistas a alegrarmos
o Seu coração e para que o Seu santo nome seja santificado, glorificado e
honrado.
De modo que Ele nunca
venha a se apartar de nós, pela quebra da comunhão conosco, em razão de
entristecermos o Seu Espírito com os nossos pecados, e pelas dores que trazemos
ao Seu coração paterno, em ter que corrigir aos filhos que Ele tanto ama.
Alguém poderá contudo,
tenta objetar e impugnar o amor de Deus, pelo fato de ter ordenado o extermínio
dos amalequitas.
Todavia, não se deve
esquecer que Deus é presciente e onisciente, e já há quatrocentos anos atrás,
antes de ter dado a ordem de execução a Saul, já havia sentenciado tal
extermínio nos dias de Moisés, porque, costumeiramente, desde que os israelitas
haviam saído do Egito, que Amaleque visava ao seu extermínio, atacando Israel
covardemente, em várias ocasiões.
Este desejo maligno
deles, de extermínio, se revelou de forma muito aguda em Hamã, nos dias da
rainha Ester, que foi um dos descendentes daqueles que haviam sido poupados por
Saul.
A longanimidade de Deus
aguardou por 400 anos, e eles não mudaram a sua conduta e intenção, de maneira
que o desejo de extermínio de Israel, se voltaria contra eles próprios, por uma
decisão final do Senhor.
“1 Disse Samuel a Saul:
Enviou-me o Senhor a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; ouve, pois,
agora as palavras do Senhor.
2 Assim diz o Senhor dos
exércitos: Castigarei a Amaleque por aquilo que fez a Israel quando se lhe opôs
no caminho, ao subir ele do Egito.
3 Vai, pois, agora e fere
a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o que tiver; não o poupes, porém
matarás homens e mulheres, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos
e jumentos.
4 Então Saul convocou o
povo, e os contou em Telaim, duzentos mil homens de infantaria, e mais dez mil
dos de Judá.
5 Chegando, pois, Saul à
cidade de Amaleque, pôs uma emboscada no vale.
6 E disse Saul aos
queneus: Ide, retirai-vos, saí do meio dos amalequitas, para que eu não vos
destrua juntamente com eles; porque vós usastes de misericórdia com todos os
filhos de Israel, quando subiram do Egito. Retiraram-se, pois, os queneus do
meio dos amalequitas.
7 Depois Saul feriu os
amalequitas desde Havilá até chegar a Sur, que está defronte do Egito.
8 E tomou vivo a Agague,
rei dos amalequitas, porém a todo o povo destruiu ao fio da espada.
9 Mas Saul e o povo
pouparam a Agague, como também ao melhor das ovelhas, dos bois, e dos animais
engordados, e aos cordeiros, e a tudo o que era bom, e não os quiseram destruir
totalmente; porém a tudo o que era vil e desprezível destruíram totalmente.
10 Então veio a palavra
do Senhor a Samuel, dizendo:
11 Arrependo-me de haver
posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir, e não cumpriu as minhas
palavras. Então Samuel se contristou, e clamou ao Senhor a noite toda.
12 E Samuel madrugou para
encontrar-se com Saul pela manhã; e foi dito a Samuel: Já chegou Saul ao
Carmelo, e eis que levantou para si uma coluna e, voltando, passou e desceu a
Gilgal.
13 Veio, pois, Samuel ter
com Saul, e Saul lhe disse: Bendito sejas do Senhor; já cumpri a palavra do
Senhor.
14 Então perguntou
Samuel: Que quer dizer, pois, este balido de ovelhas que chega aos meus ouvidos,
e o mugido de bois que ouço?
15 Ao que respondeu Saul:
De Amaleque os trouxeram, porque o povo guardou o melhor das ovelhas e dos
bois, para os oferecer ao Senhor teu Deus; o resto, porém, destruímo-lo
totalmente.
16 Então disse Samuel a
Saul: Espera, e te declararei o que o Senhor me disse esta noite. Respondeu-lhe
Saul: Fala.
17 Prosseguiu, pois,
Samuel: Embora pequeno aos teus próprios olhos, porventura não foste feito o
cabeça das tribos de Israel? O Senhor te ungiu rei sobre Israel;
18 e bem assim te enviou
o Senhor a este caminho, e disse: Vai, e destrói totalmente a estes pecadores,
os amalequitas, e peleja contra eles, até que sejam aniquilados.
19 Por que, pois, não
deste ouvidos à voz do Senhor, antes te lançaste ao despojo, e fizeste o que era
mau aos olhos do Senhor?
20 Então respondeu Saul a
Samuel: Pelo contrário, dei ouvidos à voz do Senhor, e caminhei no caminho pelo
qual o Senhor me enviou, e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e aos amalequitas
destruí totalmente;
21 mas o povo tomou do despojo
ovelhas e bois, o melhor do anátema, para o sacrificar ao Senhor teu Deus em
Gilgal.
22 Samuel, porém, disse:
Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em
que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros
23 Porque a rebelião é
como o pecado de adivinhação, e a obstinação é como a iniquidade de idolatria.
Porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou, a ti, para
que não sejas rei.
24 Então disse Saul a
Samuel: Pequei, porquanto transgredi a ordem do Senhor e as tuas palavras;
porque temi ao povo, e dei ouvidos a sua voz.
25 Agora, pois, perdoa o
meu pecado, e volta comigo, para que eu adore ao Senhor.
26 Samuel porém disse a
Saul: Não voltarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, e o
Senhor te rejeitou a ti, para que não sejas rei sobre Israel:
27 E, virando-se Samuel
para se ir, Saul pegou-lhe pela orla da capa, a qual se rasgou.
28 Então Samuel lhe
disse: O Senhor rasgou de ti hoje o reino de Israel, e o deu a um teu próximo,
que é melhor do que tu.
29 Também aquele que é a
Força de Israel não mente nem se arrepende, porquanto não é homem para que se
arrependa.
30 Ao que disse Saul:
Pequei; honra-me, porém, agora diante dos anciãos do meu povo, e diante de
Israel, e volta comigo, para que eu adore ao Senhor teu Deus.
31 Então, voltando
Samuel, seguiu a Saul, e Saul adorou ao Senhor.
32 Então disse Samuel:
Trazei-me aqui a Agague, rei dos amalequitas. E Agague veio a ele animosamente;
e disse: Certamente já passou a amargura da morte.
33 Disse, porém, Samuel:
Assim como a tua espada desfilhou a mulheres, assim ficará desfilhada tua mãe
entre as mulheres. E Samuel despedaçou a Agague perante o Senhor em Gilgal.
34 Então Samuel se foi a
Ramá; e Saul subiu a sua casa, a Gibeá de Saul.
35 Ora, Samuel nunca mais
viu a Saul até o dia da sua morte, mas Samuel teve dó de Saul. E o Senhor se
arrependeu de haver posto a Saul rei sobre Israel.” (I Sm 15.1-35)
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