Nada do que está escrito
na Bíblia foi escrito por acaso ou para nenhum propósito.
O que nós lemos no
capítulo anterior e neste 31º de I Samuel, que estaremos comentando, nos ensina
acerca do que ocorrerá àqueles que confiam em Deus (Davi no cap 30), e àqueles
que não confiam nEle (Saul, neste capítulo).
Enquanto Davi estava
triunfando sobre os amalequitas, Saul estava sendo vencido e morto pelos
filisteus.
A mensagem é a mesma do
evangelho.
Aquele que nele crê não é
condenado, mas o que não crê já está condenado. Isto é, os que demonstram a Sua
confiança em Deus por meio de uma genuína fé em Cristo, não perecerão
eternamente, mas todos que não creem em Cristo, já estão condenados, tal como
Saul estava, e somente se aguarda pelo cumprimento da sentença de morte eterna
que paira sobre eles.
E Deus mandou registrar
tais coisas na Bíblia, para que os homens se arrependam de seus pecados e se
voltem para Ele, para que possam escapar da condenação futura.
Saul viu seus soldados
caindo mortos pelos filisteus no monte Gilboa (v. 1), e agora ele tem os
filisteus empreendendo uma perseguição a ele e a seus três filhos,
Jônatas, Abinadabe e Malquisua (v. 2), que foram mortos pelos
filisteus, e feriram a Saul gravemente com as flechas que lhe atiraram (v. 3).
Deus havia entregue a
todos eles nas mãos dos filisteus, e com exceção de Jônatas, e talvez uns
poucos soldados, a maioria deles havia perseguido a Davi injustamente e havia
participado das atrocidades de Saul.
Agora havia chegado o dia
da recompensa, o dia do juízo do Senhor sobre eles. E o justo Jônatas cairia
com os injustos mas não iria para o mesmo lugar para onde eles foram depois da
morte, porque certamente Jônatas era um servo do Senhor, e foi receber a sua coroa
de justiça celestial, enquanto Davi receberia a terrena, e reinaria no tempo
determinado por Deus, para que depois fosse também juntado a Jônatas para
receber também a sua coroa celestial.
No dia do ajuste de
contas do Senhor, contra o seu próprio povo caíram na batalha tanto os justos
quanto os perversos, e foi exatamente isto o que ocorreu nos dias em que Judá
foi levada para o cativeiro em Babilônia, como vemos o Senhor declarando
através do profeta Ezequiel:
“1 Ainda veio a mim a
palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige
o teu rosto para Jerusalém, e derrama as tuas palavras contra os santuários, e
profetiza contra a terra de Israel.
3 E dize à terra de
Israel: Assim diz o Senhor: Eis que estou contra ti, e tirarei a minha espada
da bainha, e exterminarei do meio de ti o justo e o ímpio.
4 E, por isso que hei de
exterminar do meio de ti o justo e o ímpio, a minha espada sairá da bainha
contra toda a carne, desde o sul até o norte.
5 E saberá toda a carne
que eu, o Senhor, tirei a minha espada da bainha nunca mais voltará a ela.
6 Suspira, pois, ó filho
do homem; suspira à vista deles com quebrantamento dos teus lombos e com
amargura.
7 E será que, quando eles
te disserem: Por que suspiras tu dirás: por causa das novas, porque vêm; e todo
coração desmaiará, e todas as mãos se enfraquecerão, e todo espírito se
angustiará, e todos os joelhos se desfarão em águas; eis que vêm, e se
realizarão, diz o Senhor Deus.” (Ez 21.1-7).
E o que estava ocorrendo
nos dias em que Israel caiu diante dos filisteus com Saul, foi o mesmo que
viria a ocorrer nos dias do profeta Ezequiel.
Havia um juízo do Senhor
determinado contra a impiedade que eles haviam praticado.
As duras e constantes
perseguições injustas a Davi só serviram para aumentar o juízo que viria sobre
eles.
Agora era o dia do ajuste
de contas. A casa de Saul seria desarraigada para que todo Israel soubesse que
Deus o havia rejeitado e a toda a sua casa, para reinar sobre Israel, por causa
da impiedade dele, tal como havia feito com Eli e com toda a sua descendência.
Se não fosse pelo
juramento que Davi havia feito a Jônatas, e ao próprio Saul de poupar aqueles
que sobrassem da descendência deles quando viesse a reinar sobre Israel,
certamente nenhum deles teria sido poupado.
Mas a misericórdia os
alcançou, enquanto a soberania do Senhor executou o juízo sobre aqueles que
segundo a Sua exclusiva autoridade deveriam morrer, para que o caminho do reino
ficasse aberto para Davi.
O juízo pode demorar a
vir mas pode ser dado como certo, e nunca falhará porque todos terão que
prestar contas de seus atos injustos ao fiel Criador.
Estes juízos temporais,
que ocorrem no mundo, são apenas um testemunho em favor daquele grande,
completo e final Juízo que o Senhor trará sobre todos os que viveram sobre a
terra, inclusive sobre estes que estavam morrendo com Saul, que serão
levantados para serem definitivamente julgados e condenados.
Saul e o seu escudeiro
preferiram se suicidar, lançando-se sobre as suas espadas para não terem que
sofrer a desonra de morrerem às mãos dos filisteus, mas se eles pensavam que
com isto achariam alívio, quando saíssem deste mundo, eles não sabiam que algo
muito pior e incomparavelmente pior ainda aguardava por eles.
E tão terríveis e
assombrosos são os justos juízos do Senhor, que foi ordenado ao profeta
Ezequiel que suspirasse com dó por aqueles que teriam que sofrê-los.
Pois é algo para ser
lamentado e realmente sentido ter que testemunhar a queda daqueles que Deus
chamou para andarem de pé na Sua presença, e que preferiram voltar-Lhe as
costas.
“Suspira, pois, ó filho
do homem; suspira à vista deles com quebrantamento dos teus lombos e com
amargura. E será que, quando eles te disserem: Por que suspiras? tu dirás: por
causa das novas, porque vêm; e todo coração desmaiará, e todas as mãos se
enfraquecerão, e todo espírito se angustiará, e todos os joelhos se desfarão em
águas; eis que vêm, e se realizarão, diz o Senhor Deus.” (Ez 21.6,7).
Os servos piedosos e
leais a Deus choram e lamentam a queda daqueles que pertencendo ao povo do
Senhor são sujeitados a Seus juízos por causa de seus pecados e rebeliões.
Quanta dor isto traz aos
seus corações apesar de saberem que é completamente justo aquilo que Deus
determinou fazer em relação a eles.
É por isso que nós
podemos entender o pranto e o lamento de Davi, não somente pela morte de
Jônatas, como também pelo próprio Saul, pois apesar de tudo, ele era o rei de
Israel, e a ruína dele era contada pelas nações inimigas como sendo a própria
ruína de todo o povo, e o abandono deles pelo Seu Deus.
Tanto que os filisteus
cortaram a cabeça de Saul e a levaram consigo como um troféu e dedicaram as suas
armas aos seus deuses.
O corpo de Saul e de seus filhos foram
dependurados em um muro de Bete-Seã, mas uns homens valentes de Jabes-Gileade
os tiraram de lá e os trouxeram para serem queimados e sepultados com honra na
terra deles de Jabes.
Eles haviam sido livrados
por Saul da destruição pelos amonitas, logo no início do seu reinado, e agora
eles estavam dando a prova da sua gratidão por aquele livramento, ainda que na
sua morte, impedindo que o seu corpo e de seus filhos fossem profanados pelos
filisteus.
“1 Ora, os filisteus
pelejaram contra Israel; e os homens de Israel fugiram de diante dos filisteus,
e caíram mortos no monte Gilboa.
2 E os filisteus
apertaram com Saul e seus filhos, e mataram a Jônatas, a Abinadabe e a
Malquisua, filhos de Saul.
3 A peleja se agravou
contra Saul, e os flecheiros o alcançaram, e o feriram gravemente.
4 Pelo que disse Saul ao
seu escudeiro: Arranca a tua espada, e atravessa-me com ela, para que
porventura não venham esses incircuncisos, e me atravessem e escarneçam de mim.
Mas o seu escudeiro não quis, porque temia muito. Então Saul tomou a espada, e
se lançou sobre ela.
5 Vendo, pois, o seu
escudeiro que Saul já era morto, também ele se lançou sobre a sua espada, e
morreu com ele.
6 Assim morreram
juntamente naquele dia Saul, seus três filhos, e seu escudeiro, e todos os seus
homens.
7 Quando os israelitas
que estavam no outro lado do vale e os que estavam além do Jordão viram que os
homens de Israel tinham fugido, e que Saul e seus filhos estavam mortos,
abandonaram as suas cidades e fugiram; e vieram os filisteus e habitaram nelas.
8 No dia seguinte, quando
os filisteus vieram para despojar os mortos, acharam Saul e seus três filhos
estirados no monte Gilboa.
9 Então cortaram a cabeça
a Saul e o despojaram das suas armas; e enviaram pela terra dos filisteus, em
redor, a anunciá-lo no templo dos seus ídolos e entre o povo.
10 Puseram as armas de
Saul no templo de Astarote; e penduraram o seu corpo no muro de Bete-Seã.
11 Quando os moradores de
Jabes-Gileade ouviram isso a respeito de Saul, isto é, o que os filisteus lhe
tinham feito,
12 todos os homens
valorosos se levantaram e, caminhando a noite toda, tiraram e corpo de Saul e
os corpos de seus filhos do muro de Bete-Seã; e voltando a Jabes, ali os
queimaram.
13 Depois tomaram os seus
ossos, e os sepultaram debaixo da tamargueira, em Jabes, e jejuaram sete dias.”
(I Sm 31.1-13)
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