Nós vemos no 30º capítulo
de I Samuel, que Davi e seus homens, quando saíram da presença de Aquis,
levaram três dias para chegar ao acampamento em Ziclague, e neste intervalo de
tempo havia ocorrido um ataque dos amalequitas, que o haviam queimado, e tomado
como despojo as mulheres, crianças e tudo o que lá estava.
Este ataque comprova que
não foi apenas a Agague, rei dos amalequitas que Saul havia poupado, quando
recebeu de Deus a ordem de exterminar a todos eles, pois ainda havia muitos
deles sobre a terra.
É possível que tivessem
feito este ataque em represália às incursões que Davi havia feito entre eles
neste período em que se encontrava em Ziclague, como nós já vimos antes, e ele
o fazia para dizer a Aquis que estava fazendo incursões nos territórios de
Israel (27.8).
A desolação realizada
pelos amalequitas em Ziclague muito angustiou a Davi, e todos os seus homens, e
tal era a dor deles, que até mesmo pensaram em apedrejar a Davi, por culpá-lo
por lhes expor àquela situação, por ter decidido ir residir com os filisteus,
colocando-se debaixo dos serviços de Aquis.
Isto deve ter produzido
muita insatisfação em muitos deles porque na verdade não queriam estar debaixo
do serviço de Saul, e de nenhum rei estrangeiro, pois haviam procurado a Davi
na condição de pessoas que haviam sido banidas do convívio na sociedade.
Davi estava aprendendo em
tudo isto que não era nada seguro tomar decisões sem antes consultar a Deus em
tudo.
E mesmo vencendo ao impulso
natural de partir logo em perseguição aos amalequitas, ele chamou Abiatar, e
lhe pediu que trouxesse a estola sacerdotal para que o Senhor fosse consultado
quanto a se deveriam ou não perseguir os amalequitas.
Mais uma vez foi por um
milagre de Deus em favor de Davi que os amalequitas nada fizeram contra as
mulheres e filhos, dele e dos homens que com ele estavam. E nada fizeram também
contra eles quando foram alcançados por Davi, e quando entrou em peleja com
eles com quatrocentos homens, porque os restantes duzentos haviam ficado para
trás, de exaustos que estavam, no ribeiro de Besor (v. 10).
Está no poder de Deus
conter a fúria até mesmo dos homens mais cruéis, porque todos os corações estão
em Suas mãos, e pode também impedir ou permitir a ação de anjos ou de espíritos
malignos nos corações dos homens.
Há um governo real no
mundo espiritual que os olhos não veem, mas que se encontra debaixo do governo
total do Senhor pois até mesmo nenhum pássaro cai do céu sem a Sua permissão,
quanto mais a vida dos homens que Ele criou à Sua própria imagem e semelhança.
Assim, Davi pôde
recuperar tudo que os amalequitas haviam tomado, e muito mais, pois também
tomou por despojo a tudo o que eles tinham, exceto quatrocentos camelos nos
quais quatrocentos deles haviam conseguido fugir.
A grande generosidade e
amabilidade de Davi para com os seus amigos pode ser vista nos versos 26 a 31
no presente que ele fez do despojo que tomou aos amalequitas, aos anciãos de
Judá, de várias localidades daquela tribo de Israel, e aos anciãos de todos os
lugares que ele costumava frequentar com os seus homens.
Com este presentes ele
estava enviando ao mesmo tempo uma mensagem que o seu interesse não era o de
enriquecer pessoalmente, mas de servir o seu país.
Ele não buscava honras e
riquezas para si, e por isso Deus concedeu a ele que morresse em ditosa
velhice, com honra e riquezas (I Crôn 29.28).
“1 Sucedeu, pois, que,
chegando Davi e os seus homens ao terceiro dia a Ziclague, os amalequitas
tinham feito uma incursão sobre o Negebe, e sobre Ziclague, e tinham ferido a
Ziclague e a tinham queimado a fogo;
2 e tinham levado cativas
as mulheres, e todos os que estavam nela, tanto pequenos como grandes; a
ninguém, porém, mataram, tão-somente os levaram consigo, e foram o seu caminho.
3 Quando Davi e os seus
homens chegaram à cidade, eis que estava queimada a fogo, e suas mulheres, seus
filhos e suas filhas tinham sido levados cativos.
4 Então Davi e o povo que
se achava com ele alçaram a sua voz, e choraram, até que não ouve neles mais
forças para chorar.
5 Também as duas mulheres
de Davi foram levadas cativas: Ainoã, a jizreelita, e Abigail, que fora mulher
de Nabal, o carmelita.
6 Também Davi se
angustiou; pois o povo falava em apedrejá-lo, porquanto a alma de todo o povo
estava amargurada por causa de seus filhos e de suas filhas. Mas Davi se
fortaleceu no Senhor seu Deus.
7 Disse Davi a Abiatar, o
sacerdote, filho de Aimeleque: Traze-me aqui a estola sacerdotal. E Abiatar
trouxe a estola sacerdotal a Davi.
8 Então consultou Davi ao
Senhor, dizendo: Perseguirei eu a esta tropa? alcançá-la-ei? Respondeu-lhe o
Senhor: Persegue-a; porque de certo a alcançarás e tudo recobrarás.
9 Ao que partiu Davi, ele
e os seiscentos homens que com ele se achavam, e chegaram ao ribeiro de Besor, onde
pararam os que tinham ficado para trás.
10 Mas Davi ainda os
perseguia, com quatrocentos homens, enquanto que duzentos ficaram atrás, por
não poderem, de cansados que estavam, passar o ribeiro de Besor.
11 Ora, acharam no campo
um egípcio, e o trouxeram a Davi; deram-lhe pão a comer, e água a beber;
12 deram-lhe também um
pedaço de massa de figos secos e dois cachos de passas. Tendo ele comido,
voltou-lhe o ânimo; pois havia três dias e três noites que não tinha comido pão
nem bebido água.
13 Então Davi lhe
perguntou: De quem és tu, e donde vens? Respondeu ele: Sou um moço egípcio,
servo dum amalequita; e o meu senhor me abandonou, porque adoeci há três dias.
14 Nós fizemos uma
incursão sobre o Negebe dos queretitas, sobre o de Judá e sobre o de Calebe, e
pusemos fogo a Ziclague.
15 Perguntou-lhe Davi:
Poderias descer e guiar-me a essa tropa? Respondeu ele: Jura-me tu por Deus que
não me matarás, nem me entregarás na mão de meu senhor, e eu descerei e te
guiarei a essa tropa.
16 Desceu, pois, e o
guiou; e eis que eles estavam espalhados sobre a face de toda a terra, comendo,
bebendo e dançando, por causa de todo aquele grande despojo que haviam tomado
da terra dos filisteus e da terra de Judá.
17 Então Davi os feriu,
desde o crepúsculo até a tarde do dia seguinte, e nenhum deles escapou, senão
só quatrocentos mancebos que, montados sobre camelos, fugiram.
18 Assim recobrou Davi
tudo quanto os amalequitas haviam tomado; também libertou as suas duas
mulheres.
19 De modo que não lhes
faltou coisa alguma, nem pequena nem grande, nem filhos nem filhas, nem
qualquer coisa de tudo quanto os amalequitas lhes haviam tomado; tudo Davi
tornou a trazer.
20 Davi lhes tomou também
todos os seus rebanhos e manadas; e o povo os levava adiante do outro gado, e
dizia: Este é o despojo de Davi.
21 Quando Davi chegou aos
duzentos homens que, de cansados que estavam, não tinham podido segui-los, e
que foram obrigados a ficar ao pé do ribeiro de Besor, estes saíram ao encontro
de Davi e do povo que com ele vinha; e Davi, aproximando-se deles, os saudou em
paz.
22 Então todos os
malvados e perversos, dentre os homens que tinham ido com Davi, disseram: Visto
que não foram conosco, nada lhes daremos do despojo que recobramos, senão a
cada um sua mulher e seus filhos, para que os levem e se retirem.
23 Mas Davi disse: Não
fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e
entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra nós.
24 E quem vos daria
ouvidos nisso? pois qual é a parte dos que desceram à batalha, tal será também
a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes.
25 E assim foi daquele
dia em diante, ficando estabelecido por estatuto e direito em Israel até o dia
de hoje.
26 Quando Davi chegou a
Ziclague, enviou do despojo presente aos anciãos de Judá, seus amigos, dizendo:
Eis aí para vós um presente do despojo dos inimigos do Senhor;
27 aos de Betel, aos de
Ramote do Sul, e aos de Jatir;
28 aos de Aroer, aos de
Sifmote, e aos de Estemoa;
29 aos de Racal, aos das
cidades dos jerameelitas, e aos das cidades dos queneus;
30 aos de Horma, aos de
Corasã, e aos de Atace;
31 e aos de Hebrom, e aos
de todos os lugares que Davi e os seus homens costumavam frequentar.” (I Sm
30.1-31)
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