quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Preservando a Pureza da Palavra de Deus – Esdras 4



Contra toda obra verdadeira de Deus, Satanás sempre se levantará em oposição, porque o Senhor colocou uma inimizade eterna entre a semente da mulher e a semente da serpente.
Deus tem permitido toda esta oposição para colocar à prova o amor dos Seus filhos e para o aperfeiçoamento da sua fé.
Quando alguém se converte a Deus, passa a ser contado como participante da semente abençoada, e  automaticamente começará a se opor a Satanás.
Encontramos então neste quarto capítulo de Esdras, um bom exemplo acerca disto a que temos nos referido.
Os portões do inferno não podem prevalecer contra a Igreja, mas sempre se levantarão contra ela em forte oposição movida por Satanás.
Portanto, a construção do templo nos dias de Zorobabel é, neste aspecto, um tipo da edificação da Igreja de Cristo, com os cristãos que são as pedras vivas deste edifício espiritual, que está sendo construído debaixo de fortes oposições do inferno, do mundo e da carne.
É interessante observar que o texto afirma que foram os adversários de Judá e de Benjamim (v. 1), que se propuseram a auxiliar os judeus na construção do templo (v. 2).
Estes samaritanos viriam a se opor fortemente contra os judeus, posteriormente, em razão da recusa da sua oferta de ajuda, e o escritor sagrado poderia estar antecipando o que já havia ocorrido, na sua narrativa, quando os qualificou de adversários do povo de Deus, entretanto, esta era a condição real deles, porque não compartilhavam dos mesmos interesses de Israel, e não pretendiam servir a Deus da maneira devida, conforme exigido pela lei e pelos profetas.     
Deus não se revelou ao mundo através dos samaritanos ou de qualquer outra nação, senão somente através dos israelitas  (João 4.22).
O povo que havia em Samaria, que era resultante da mistura de várias nações com os poucos remanescentes do povo de Israel, que permaneceram na Palestina, depois do cativeiro assírio (II Reis 17.24,33), não podia protestar que servia ao Deus de Israel, conforme eles alegaram no verso 2.
Eles misturaram partes do culto devido ao Deus de Israel com o culto que prestavam aos seus falsos deuses.
Assim, os piores inimigos que Judá e Benjamim tiveram foram exatamente aqueles que se diziam judeus e não eram (Apo 3.9).
De igual modo, os piores inimigos da Igreja não são aqueles que são deliberadamente opositores de Cristo, mas os que se dizem cristãos e que na verdade não são nascidos de novo do  Espírito, porque trazem muitas dores à verdadeira Igreja de Cristo, por causa do seu mau procedimento, e que trazem desonra ao santo nome do Senhor, e a todos aqueles que trazem este nome.      
O que é falso sempre tentará perseguir o que é verdadeiro com o propósito de destruí-lo.
A mão do diabo sempre estará por detrás de tudo isto.
Nós vimos séculos de perseguição do paganismo à Igreja Primitiva, mas como o martírio dos cristãos só fez aumentar a fé deles e o número de conversões, o diabo mudou a estratégia. Fez com que o paganismo desse as boas vindas à Igreja, assimilando-a a partir de Constantino.
Aquele foi um duro golpe na verdadeira Igreja, porque isto foi uma forma sutil de ataque por parte daqueles que se dizendo cristãos verdadeiros, não seguiam contudo as pegadas de Cristo.
A Igreja do Senhor, não raro tem dado as boas vindas a todos os “samaritanos” que se apresentam afirmando serem também parte do povo de Deus, e com a assimilação dos seus erros doutrinários, a fé de muitos cristãos é arruinada e ficam impossibilitados de cumprir a sua função no mundo, que é a de dar testemunho da verdade, no poder do Espírito Santo.
Então, o ataque não será frontal como no passado, porque por este meio, o Inimigo tem conseguido paralisar a muitos.     
Cabe portanto, à Igreja, colocar à prova o testemunho de vida e a doutrina daqueles que afirmam fazer parte do Israel de Deus, e que na verdade não são verdadeiros israelitas, para que não se dê a destra de comunhão a eles, como se lê por exemplo em II Tes 3.14.
É interessante observar que o Senhor Jesus cita repetidamente nas cartas que dirigiu às sete Igrejas do Apocalipse a tentativa ou a penetração do erro doutrinário na Igreja.
E nós sabemos que estas cartas se referem aos tipos de Igreja que existiram e que existirão até que Ele volte.
É interessante observar que Ele cita que alguns cristãos estavam seguindo a doutrina de Balaão, e nós sabemos que esta doutrina era a de levar o verdadeiro Israel de Deus ao erro, por motivo de ganância e fornicação.
Esta é uma característica muito parecida com a dos falsos mestres dos nossos dias, especialmente aqueles que sustentam a malfazeja doutrina do triunfalismo e mundanismo,  aos quais os apóstolos também se referiram em suas epístolas, especialmente Pedro e Judas.    
Nós vemos então que a estratégia de Satanás com o oferecimento da ajuda dos samaritanos aos judeus tinha em vista misturar a falsa doutrina deles à do povo de Deus, e isto seria um golpe fatal na restauração da vida religiosa de Israel logo na sua origem.
É importante observar que Deus permite todas estas investidas do Inimigo contra a Sua Igreja exatamente para manifestar o Seu grande poder e glória, porque se esta é uma luta desigual da parte do diabo em relação a nós, dá-se o equilíbrio na assistência que Deus dá ao Seu povo, porque podemos também dizer que há uma grande desigualdade no que se refere ao poder dEle em relação ao diabo.
Assim, como a ajuda de Deus é dependente da nossa obediência, seria uma causa perdida a nossa luta se a graça de Deus não atuasse em nosso favor, não somente nos inspirando a esta obediência como também nos auxiliando a exercê-la efetivamente.
Aos israelitas do passado foi dado Esdras, um escriba e sacerdote sábio para lhes ensinar a Palavra do Senhor.
E antes de Esdras, a recusa do governador Zorobabel e do sumo-sacerdote Josué foi certamente inspirada pelo Senhor, que os guardou de incorrerem naquele erro fatal de se misturarem aos samaritanos, que daria como consequência a assimilação do seu modo de vida.
Eles haviam aprendido o suficiente no cativeiro em Babilônia que a causa da ruína  dos seus antepassados foi exatamente a de trocarem o culto devido ao Senhor, para seguirem as práticas pagãs das demais nações.
Os samaritanos debilitaram as mãos dos judeus para a obra, e assim, foram impedidos de edificar, porque assalariaram conselheiros para lhes infamarem perante Ciro, Dario, Assuero (Artaxerxes), reis medo-persas, pedindo-lhes que interditassem a reedificação de Jerusalém.
De modo que os judeus não pudessem se fortificar contra eles, por influenciarem as nações ao seu redor a não mais pagarem impostos aos reis persas.
E para isto recorreram ao passado, dizendo que Jerusalém era afamada por ser rebelde aos reinos tributários, porque ela mesma foi tributária de várias nações em seus dias de prosperidade.  
Com isto, conseguiram convencer o rei Artaxerxes, que determinou a paralisação total das obras em Jerusalém.
Eles haviam assim, conseguido paralisar a obra de reconstrução do templo, e o que ocorreu no passado parece ser em essência a mesma causa da crise que tem enfrentado a Igreja em nossos dias.
Aqueles que se dizem judeus e que efetivamente não são, conseguiram influenciar a tal ponto a Igreja do Senhor com as suas heresias, que muitos ministros passaram a adotá-las, ainda que não no todo, pelo menos em parte, e com isto, por causa da adulteração da genuína mensagem do evangelho, estão pregando um outro evangelho, que tem produzido cristãos deformados, não apenas na sua visão do reino, como também na prática do seu testemunho.  
Graças a Deus, muitos ministros têm se levantado contra isto, e têm sido como trombetas nas mãos do Senhor, soando o toque de alerta aos cristãos, para que saiam de Babilônia e reconstruam suas vidas espirituais, na santidade, que é mediante a genuína Palavra de Deus, que é, somente ela, a verdade.
O Senhor tem levantado ministros fiéis para este propósito de resistirem a estes samaritanos, e não permitirem que edifiquem sobre o fundamento lançado pelos profetas e pelos apóstolos, juntamente com aqueles que fazem parte do verdadeiro Israel de Deus.
Ainda que conseguissem nos paralisar por um tempo, por causa da sua fúria motivada pela nossa deliberada rejeição da falsa doutrina que ensinam, poderoso é o Senhor para nos assistir e fortalecer com a Sua graça, para levarmos adiante a obra da evangelização mundial.
É preciso que toda Igreja que tenha como seu povo, pessoas que foram verdadeiramente lavadas no sangue de Cristo, mantenha firme a sua posição de não incorrer no erro destes falsos mestres insubordinados, que estão a serviço de Satanás, de modo que o povo do Senhor possa crescer sadiamente na fé.
É definitivamente necessário estar purificado destes erros, para que possamos ser efetivamente usados pelo Senhor, quer individualmente quer como Igreja.
“De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.” (II Tim 2.21).



“1 Ora, ouvindo os adversários de Judá e de Benjamim que os que tornaram do cativeiro edificavam o templo ao Senhor, Deus de Israel,
2 chegaram-se a Zorobabel e aos chefes das casas paternas, e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco; pois, como vós, buscamos o vosso Deus; como também nós lhe temos sacrificado desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir para aqui.
3 Responderam-lhes, porém, Zorobabel e Josué e os outros chefes das casas paternas de Israel: Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus: mas nós sozinhos a edificaremos ao Senhor, Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia.
4 Então o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judá, e os inquietava, impedindo-os de edificar;
5 e assalariaram contra eles conselheiros para frustrarem o seu plano, por todos os dias de Ciro, rei da Pérsia, até o reinado de Dario, rei da Pérsia.
6 No reinado de Assuero, no princípio do seu reino, escreveram uma acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém.
7 Também nos dias de Artaxerxes escreveram Bislão, Mitredate, Tabeel, e os companheiros destes, a Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta foi escrita em caracteres aramaicos, e traduzida na língua aramaica.
8 Reum, o comandante, e Sinsai, o escrivão, escreveram uma carta contra Jerusalém, ao rei Artaxerxes, do teor seguinte,
9 isto é, escreveram Reum, o comandante, Sinsai, o escrivão, e os seus companheiros, os juízes, os governadores, os oficiais, os persas, os homens de Ereque, os babilônios, os susanquitas, isto é, os elamitas,
10 e as demais nações que o grande e afamado Osnapar transportou, e que fez habitar na cidade de Samaria e no restante da província dalém do Rio.
11 Eis, pois, a cópia da carta que mandaram ao rei Artaxerxes: Teus servos, os homens de além do Rio, assim escrevem:
12 Saiba o rei que os judeus que subiram de ti a nós foram a Jerusalém e estão reedificando aquela rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros e reparando os seus fundamentos.
13 Agora saiba o rei que, se aquela cidade for reedificada e os muros forem restaurados, eles não pagarão nem tributo, nem imposto, nem pedágio; e assim se danificará a fazenda dos reis.
14 Agora, visto que comemos do sal do palácio, e não nos convém ver a desonra do rei, por isso mandamos dar aviso ao rei,
15 para que se busque no livro das crônicas de teus pais; e acharás no livro das crônicas e saberás que aquela é uma cidade rebelde, e danosa a reis e províncias, e que nela houve rebelião em tempos antigos; por isso é que ela foi destruída.
16 Nós, pois, estamos avisando ao rei que, se aquela cidade for reedificada e os seus muros forem restaurados, não terás porção alguma a oeste do Rio.
17 Então o rei enviou esta resposta a Reum, o comandante, e a Sinsai, o escrivão, e aos demais seus companheiros, que habitavam em Samária e no restante do país a oeste do Rio: Paz.
18 A carta que nos enviastes foi claramente lida na minha presença.
19 E, ordenando-o eu, buscaram e acharam que desde tempos antigos aquela cidade se tem levantado contra os reis, e que nela se tem feito rebelião e sedição.
20 E tem havido reis poderosos sobre Jerusalém, os quais dominavam igualmente toda a província dalém do rio; e a eles se pagavam tributos, impostos e pedágio.
21 Agora, pois, dai ordem para que aqueles homens parem, a fim de que não seja edificada aquela cidade até que eu dê ordem.
22 E guardai-vos de serdes remissos nisto; não suceda que o dano cresça em prejuízo dos reis.
23 Então, logo que a cópia da carta do rei Artaxerxes foi lida perante Reum e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, foram eles apressadamente a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força e com violência.
24 Então cessou a obra da casa de Deus, que estava em Jerusalém, ficando interrompida até o segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia.” (Ed 4.1-24).

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