Contra toda
obra verdadeira de Deus, Satanás sempre se levantará em oposição, porque o
Senhor colocou uma inimizade eterna entre a semente da mulher e a semente da
serpente.
Deus tem
permitido toda esta oposição para colocar à prova o amor dos Seus filhos e para
o aperfeiçoamento da sua fé.
Quando alguém
se converte a Deus, passa a ser contado como participante da semente abençoada,
e automaticamente começará a se opor a
Satanás.
Encontramos
então neste quarto capítulo de Esdras, um bom exemplo acerca disto a que temos
nos referido.
Os portões do
inferno não podem prevalecer contra a Igreja, mas sempre se levantarão contra
ela em forte oposição movida por Satanás.
Portanto, a
construção do templo nos dias de Zorobabel é, neste aspecto, um tipo da
edificação da Igreja de Cristo, com os cristãos que são as pedras vivas deste
edifício espiritual, que está sendo construído debaixo de fortes oposições do
inferno, do mundo e da carne.
É
interessante observar que o texto afirma que foram os adversários de Judá e de
Benjamim (v. 1), que se propuseram a auxiliar os judeus na construção do templo
(v. 2).
Estes
samaritanos viriam a se opor fortemente contra os judeus, posteriormente, em
razão da recusa da sua oferta de ajuda, e o escritor sagrado poderia estar
antecipando o que já havia ocorrido, na sua narrativa, quando os qualificou de
adversários do povo de Deus, entretanto, esta era a condição real deles, porque
não compartilhavam dos mesmos interesses de Israel, e não pretendiam servir a
Deus da maneira devida, conforme exigido pela lei e pelos profetas.
Deus não se
revelou ao mundo através dos samaritanos ou de qualquer outra nação, senão
somente através dos israelitas (João
4.22).
O povo que
havia em Samaria, que era resultante da mistura de várias nações com os poucos
remanescentes do povo de Israel, que permaneceram na Palestina, depois do
cativeiro assírio (II Reis 17.24,33), não podia protestar que servia ao Deus de
Israel, conforme eles alegaram no verso 2.
Eles
misturaram partes do culto devido ao Deus de Israel com o culto que prestavam
aos seus falsos deuses.
Assim, os
piores inimigos que Judá e Benjamim tiveram foram exatamente aqueles que se
diziam judeus e não eram (Apo 3.9).
De igual
modo, os piores inimigos da Igreja não são aqueles que são deliberadamente opositores
de Cristo, mas os que se dizem cristãos e que na verdade não são nascidos de
novo do Espírito, porque trazem muitas
dores à verdadeira Igreja de Cristo, por causa do seu mau procedimento, e que
trazem desonra ao santo nome do Senhor, e a todos aqueles que trazem este
nome.
O que é falso
sempre tentará perseguir o que é verdadeiro com o propósito de destruí-lo.
A mão do
diabo sempre estará por detrás de tudo isto.
Nós vimos
séculos de perseguição do paganismo à Igreja Primitiva, mas como o martírio dos
cristãos só fez aumentar a fé deles e o número de conversões, o diabo mudou a
estratégia. Fez com que o paganismo desse as boas vindas à Igreja,
assimilando-a a partir de Constantino.
Aquele foi um
duro golpe na verdadeira Igreja, porque isto foi uma forma sutil de ataque por
parte daqueles que se dizendo cristãos verdadeiros, não seguiam contudo as
pegadas de Cristo.
A Igreja do
Senhor, não raro tem dado as boas vindas a todos os “samaritanos” que se
apresentam afirmando serem também parte do povo de Deus, e com a assimilação
dos seus erros doutrinários, a fé de muitos cristãos é arruinada e ficam
impossibilitados de cumprir a sua função no mundo, que é a de dar testemunho da
verdade, no poder do Espírito Santo.
Então, o
ataque não será frontal como no passado, porque por este meio, o Inimigo tem
conseguido paralisar a muitos.
Cabe
portanto, à Igreja, colocar à prova o testemunho de vida e a doutrina daqueles
que afirmam fazer parte do Israel de Deus, e que na verdade não são verdadeiros
israelitas, para que não se dê a destra de comunhão a eles, como se lê por
exemplo em II Tes 3.14.
É
interessante observar que o Senhor Jesus cita repetidamente nas cartas que
dirigiu às sete Igrejas do Apocalipse a tentativa ou a penetração do erro
doutrinário na Igreja.
E nós sabemos
que estas cartas se referem aos tipos de Igreja que existiram e que existirão
até que Ele volte.
É
interessante observar que Ele cita que alguns cristãos estavam seguindo a
doutrina de Balaão, e nós sabemos que esta doutrina era a de levar o verdadeiro
Israel de Deus ao erro, por motivo de ganância e fornicação.
Esta é uma
característica muito parecida com a dos falsos mestres dos nossos dias,
especialmente aqueles que sustentam a malfazeja doutrina do triunfalismo e
mundanismo, aos quais os apóstolos
também se referiram em suas epístolas, especialmente Pedro e Judas.
Nós vemos
então que a estratégia de Satanás com o oferecimento da ajuda dos samaritanos
aos judeus tinha em vista misturar a falsa doutrina deles à do povo de Deus, e
isto seria um golpe fatal na restauração da vida religiosa de Israel logo na
sua origem.
É importante
observar que Deus permite todas estas investidas do Inimigo contra a Sua Igreja
exatamente para manifestar o Seu grande poder e glória, porque se esta é uma
luta desigual da parte do diabo em relação a nós, dá-se o equilíbrio na
assistência que Deus dá ao Seu povo, porque podemos também dizer que há uma
grande desigualdade no que se refere ao poder dEle em relação ao diabo.
Assim, como a
ajuda de Deus é dependente da nossa obediência, seria uma causa perdida a nossa
luta se a graça de Deus não atuasse em nosso favor, não somente nos inspirando
a esta obediência como também nos auxiliando a exercê-la efetivamente.
Aos
israelitas do passado foi dado Esdras, um escriba e sacerdote sábio para lhes
ensinar a Palavra do Senhor.
E antes de
Esdras, a recusa do governador Zorobabel e do sumo-sacerdote Josué foi
certamente inspirada pelo Senhor, que os guardou de incorrerem naquele erro
fatal de se misturarem aos samaritanos, que daria como consequência a
assimilação do seu modo de vida.
Eles haviam
aprendido o suficiente no cativeiro em Babilônia que a causa da ruína dos seus antepassados foi exatamente a de
trocarem o culto devido ao Senhor, para seguirem as práticas pagãs das demais
nações.
Os
samaritanos debilitaram as mãos dos judeus para a obra, e assim, foram
impedidos de edificar, porque assalariaram conselheiros para lhes infamarem
perante Ciro, Dario, Assuero (Artaxerxes), reis medo-persas, pedindo-lhes que
interditassem a reedificação de Jerusalém.
De modo que
os judeus não pudessem se fortificar contra eles, por influenciarem as nações
ao seu redor a não mais pagarem impostos aos reis persas.
E para isto
recorreram ao passado, dizendo que Jerusalém era afamada por ser rebelde aos
reinos tributários, porque ela mesma foi tributária de várias nações em seus
dias de prosperidade.
Com isto,
conseguiram convencer o rei Artaxerxes, que determinou a paralisação total das
obras em Jerusalém.
Eles haviam
assim, conseguido paralisar a obra de reconstrução do templo, e o que ocorreu
no passado parece ser em essência a mesma causa da crise que tem enfrentado a
Igreja em nossos dias.
Aqueles que
se dizem judeus e que efetivamente não são, conseguiram influenciar a tal ponto
a Igreja do Senhor com as suas heresias, que muitos ministros passaram a
adotá-las, ainda que não no todo, pelo menos em parte, e com isto, por causa da
adulteração da genuína mensagem do evangelho, estão pregando um outro
evangelho, que tem produzido cristãos deformados, não apenas na sua visão do
reino, como também na prática do seu testemunho.
Graças a Deus,
muitos ministros têm se levantado contra isto, e têm sido como trombetas nas
mãos do Senhor, soando o toque de alerta aos cristãos, para que saiam de
Babilônia e reconstruam suas vidas espirituais, na santidade, que é mediante a
genuína Palavra de Deus, que é, somente ela, a verdade.
O Senhor tem
levantado ministros fiéis para este propósito de resistirem a estes
samaritanos, e não permitirem que edifiquem sobre o fundamento lançado pelos
profetas e pelos apóstolos, juntamente com aqueles que fazem parte do
verdadeiro Israel de Deus.
Ainda que
conseguissem nos paralisar por um tempo, por causa da sua fúria motivada pela
nossa deliberada rejeição da falsa doutrina que ensinam, poderoso é o Senhor
para nos assistir e fortalecer com a Sua graça, para levarmos adiante a obra da
evangelização mundial.
É preciso que
toda Igreja que tenha como seu povo, pessoas que foram verdadeiramente lavadas
no sangue de Cristo, mantenha firme a sua posição de não incorrer no erro
destes falsos mestres insubordinados, que estão a serviço de Satanás, de modo
que o povo do Senhor possa crescer sadiamente na fé.
É definitivamente
necessário estar purificado destes erros, para que possamos ser efetivamente
usados pelo Senhor, quer individualmente quer como Igreja.
“De sorte que, se
alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo
para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.” (II Tim 2.21).
“1 Ora,
ouvindo os adversários de Judá e de Benjamim que os que tornaram do cativeiro
edificavam o templo ao Senhor, Deus de Israel,
2 chegaram-se
a Zorobabel e aos chefes das casas paternas, e disseram-lhes: Deixai-nos
edificar convosco; pois, como vós, buscamos o vosso Deus; como também nós lhe
temos sacrificado desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez
subir para aqui.
3
Responderam-lhes, porém, Zorobabel e Josué e os outros chefes das casas
paternas de Israel: Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus: mas
nós sozinhos a edificaremos ao Senhor, Deus de Israel, como nos ordenou o rei
Ciro, rei da Pérsia.
4 Então o
povo da terra debilitava as mãos do povo de Judá, e os inquietava, impedindo-os
de edificar;
5 e
assalariaram contra eles conselheiros para frustrarem o seu plano, por todos os
dias de Ciro, rei da Pérsia, até o reinado de Dario, rei da Pérsia.
6 No reinado
de Assuero, no princípio do seu reino, escreveram uma acusação contra os
habitantes de Judá e de Jerusalém.
7 Também nos
dias de Artaxerxes escreveram Bislão, Mitredate, Tabeel, e os companheiros
destes, a Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta foi escrita em caracteres
aramaicos, e traduzida na língua aramaica.
8 Reum, o
comandante, e Sinsai, o escrivão, escreveram uma carta contra Jerusalém, ao rei
Artaxerxes, do teor seguinte,
9 isto é,
escreveram Reum, o comandante, Sinsai, o escrivão, e os seus companheiros, os
juízes, os governadores, os oficiais, os persas, os homens de Ereque, os
babilônios, os susanquitas, isto é, os elamitas,
10 e as
demais nações que o grande e afamado Osnapar transportou, e que fez habitar na
cidade de Samaria e no restante da província dalém do Rio.
11 Eis, pois,
a cópia da carta que mandaram ao rei Artaxerxes: Teus servos, os homens de além
do Rio, assim escrevem:
12 Saiba o
rei que os judeus que subiram de ti a nós foram a Jerusalém e estão
reedificando aquela rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros e
reparando os seus fundamentos.
13 Agora
saiba o rei que, se aquela cidade for reedificada e os muros forem restaurados,
eles não pagarão nem tributo, nem imposto, nem pedágio; e assim se danificará a
fazenda dos reis.
14 Agora,
visto que comemos do sal do palácio, e não nos convém ver a desonra do rei, por
isso mandamos dar aviso ao rei,
15 para que
se busque no livro das crônicas de teus pais; e acharás no livro das crônicas e
saberás que aquela é uma cidade rebelde, e danosa a reis e províncias, e que
nela houve rebelião em tempos antigos; por isso é que ela foi destruída.
16 Nós, pois,
estamos avisando ao rei que, se aquela cidade for reedificada e os seus muros
forem restaurados, não terás porção alguma a oeste do Rio.
17 Então o
rei enviou esta resposta a Reum, o comandante, e a Sinsai, o escrivão, e aos
demais seus companheiros, que habitavam em Samária e no restante do país a
oeste do Rio: Paz.
18 A carta
que nos enviastes foi claramente lida na minha presença.
19 E, ordenando-o
eu, buscaram e acharam que desde tempos antigos aquela cidade se tem levantado
contra os reis, e que nela se tem feito rebelião e sedição.
20 E tem
havido reis poderosos sobre Jerusalém, os quais dominavam igualmente toda a
província dalém do rio; e a eles se pagavam tributos, impostos e pedágio.
21 Agora,
pois, dai ordem para que aqueles homens parem, a fim de que não seja edificada
aquela cidade até que eu dê ordem.
22 E
guardai-vos de serdes remissos nisto; não suceda que o dano cresça em prejuízo
dos reis.
23 Então,
logo que a cópia da carta do rei Artaxerxes foi lida perante Reum e Sinsai, o
escrivão, e seus companheiros, foram eles apressadamente a Jerusalém, aos
judeus, e os impediram à força e com violência.
24 Então
cessou a obra da casa de Deus, que estava em Jerusalém, ficando interrompida
até o segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia.” (Ed 4.1-24).
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