sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Saul é Ungido Rei Sobre Israel – I Samuel 10



Nós vemos no décimo capítulo de I Samuel, Saul sendo ungido pelo profeta Samuel com azeite derramado sobre a sua cabeça, só que a unção de Saul foi feita com um vaso (v. 1) e a de Davi com um chifre (16.1, 13).
O vaso, diferentemente do chifre se quebra facilmente, e nisto havia uma indicação da unção de Saul, que não receberia do Espírito na mesma medida que Davi o receberia, pois o seu reino se quebraria, pois seria removido dele por causa da sua desobediência.
Nosso Senhor Jesus Cristo também foi ungido pelo Espírito para dar início ao Seu ministério terreno, mas o Espírito não lhe foi dado por medida (Jo 3.34), pois na Sua condição de ser perfeito Deus e perfeito homem, sem pecado, Ele tinha a plenitude do Espírito, diferentemente de todos aqueles que são ungidos por Deus para cumprirem os seus ministérios, quer na Antiga, quer na Nova Aliança. 
A expressão usada na unção de Saul “vaso de azeite” traz no original hebraico a palavra, pheke, que significa frasco, vaso, e no caso de Davi a expressão “chifre de azeite” tem a palavra qeren, que significa chifre.
As particularidades e detalhes da profecia que Samuel deu da parte de Deus a Saul, e que nós lemos nos versos 2 a 6, demonstram o grande profeta que ele era, em transmitir com segurança e precisão de detalhes, todas as coisas, inclusive em minúcias, sem acrescentar ou faltar palavra, em tudo o que recebia da parte de Deus.
A sua estatura espiritual era de tal envergadura, que conduziu outros homens ao conhecimento da Lei de Deus, e a terem comunhão com ele, no que havia fundado, e que ficou sendo conhecido como casa de profetas (I Sm 19.20-23).
No original hebraico, nós temos a palavra naiot, que significa casa, residência, nos versículos 18, 19, 22 e 23 de I Sm 19, que em algumas versões é traduzida por “casa dos profetas”, uma vez que no verso 20 se diz que Samuel estava presidindo um grupo de profetas, que profetizavam naquela casa.
Então era de fato um lugar especial em sua cidade de Ramá, onde ele dirigia este trabalho como uma verdadeira escola de profetas.
Assim, estes profetas aos quais Samuel se referiu a Saul, neste décimo capítulo, deveriam estar certamente vinculados ao seu ministério, e deste modo Deus preparou através de Samuel o caminho para os dias de Davi.
Um trabalho longo e paciente estava sendo realizado para disseminar a Palavra de Deus em Israel, e tornar a Sua presença mais efetiva entre os israelitas.
Tudo isto se observa em tempos de Reforma.
Não é de repente que tudo acontece.
Os corações vão sendo preparados paulatinamente pelo Senhor, através da oração e da pregação da Palavra verdadeira.
As pessoas vão se convertendo a Ele. E o desejo pela Sua presença se torna cada vez maior. E o resultado de tudo isto é que o solo fica preparado para um grande avivamento, tal como ocorreu nos dias de Davi.
Na verdade, o terreno estava sendo arado desde os dias de Samuel, e Davi pôde colher os frutos de todo este trabalho que estava sendo feito anteriormente por aqueles homens de Deus, que estavam ligados ao ministério do profeta Samuel.
Um rei seria entronizado e tudo isto seria possível, porque houve um trabalho anterior para preparar as pessoas para o reino.
De igual modo Jesus assumirá cabalmente o Seu reinado sobre todo o mundo, mas não sem antes que o Seu povo seja reunido e preparado pelos homens e mulheres, que o Senhor tem levantado na Igreja para converter pecadores do domínio de Satanás para Deus (At 26.18).  
Saul foi ungido mas teria que esperar ainda por sete dias por Samuel em Gilgal, quando lhe seria dito o que deveria fazer (v. 8).
Ele estava sendo instruído, que como rei não deveria agir por sua própria e exclusiva conta, mas que deveria depender das direções do Senhor para que dirigisse o Seu povo. 
A principal parte da profecia dirigida por Samuel destacava que ele seria transformado em outro homem, quando o Espírito Santo se apoderasse dele, no momento em que  estivesse profetizando juntamente com o grupo de profetas, que encontraria no caminho, e que estariam profetizando:
“5 Depois chegarás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; ao entrares ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas descendo do alto, precedido de saltérios, tambores, flautas e harpas, e eles profetizando.
6 E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e serás transformado em outro homem.”.
Estes profetas estavam sendo precedidos por um grupo de pessoas, que tocavam adiante deles saltérios, tambores, flautas e harpas.
Eram músicos que louvavam ao Senhor, e que serviam ao ministério dos profetas, de modo a criar uma atmosfera favorável à manifestação da presença do Espírito Santo entre eles.
Isto demonstra a importância da música instrumental e do louvor nos serviços espirituais.
Mas o ponto de destaque na profecia é que Saul teria uma experiência com o Espírito Santo, como um fogo novo queimando em seu peito, algo que ele nunca tinha experimentado antes.
Ele seria convencido por esta experiência que o ministério profético era real e digno de honra, de maneira que como rei ele não viesse a impedir a continuidade do ofício profético em Israel.
Ao mesmo tempo ele receberia uma capacitação especial do Espírito para exercer o reinado que fora colocado sobre os seus ombros, assim como os juízes haviam sido capacitados no passado pelo Espírito Santo para cumprirem os seus ministérios.
Foi basicamente nisto que consistiu a mudança de Saul em outro homem, não necessariamente que ele tenha de fato se convertido, por um trabalho da graça no seu coração, tornando-o alguém apegado a Deus.
Os dons extraordinários do Espírito podem ser distribuídos a qualquer pessoa, porque eles não estão ligados à natureza. São capacitações passageiras, como o próprio dom de profecia, e por isso, tais dons estão destinados a desaparecer no futuro, quando da volta do Senhor (I Cor 13.8).
No momento mesmo em que Saul virou as costas para sair da presença de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro, e todos os sinais preditos por Samuel lhe sucederam naquele mesmo dia (v. 9).
Deus é poderoso para imbuir uma pessoa de sentido de dever público, e inclinar e dispor o coração de quem Ele quiser a se gastar num determinado ofício.
Isto se aplica inclusive às chamadas seculares, e os homens em sua ignorância deixam de tributar honra e glória a Deus, por capacitá-los a exercerem funções em benefício da continuidade da vida na terra.
Todos os dons e talentos úteis procedem de Deus, e a Saul estava sendo dado um coração novo, isto é, todo o seu ser estaria envolvido na aspiração de governar Israel.
É o Senhor quem implanta tais aspirações, especialmente nos Seus servos, que são chamados para o exercício do ministério.
De modo que os que são efetivamente chamados passarão a ter no ministério a razão de ser de suas vidas.
Isto porque Deus produziu neles uma mudança de coração, fazendo com que todos os seus objetivos de vida fossem canalizados para o desejo de cumprir fielmente o ministério que receberam da parte de Deus.  
Quando chegou em sua cidade, Saul foi interpelado pelo seu tio, e nada lhe disse sobre a sua chamada para ser rei, senão o que Samuel havia dito sobre as jumentas de seu pai, que haviam se extraviado.
Nisto ele demonstrou a capacitação para guardar segredos, que é necessária na pessoa de um rei.
Samuel lhe falara do reinado como um segredo, e ele soube guardar isto até mesmo de sua família.
No tempo designado por Deus, Samuel congregou todo Israel em Mizpá (v. 17), e ali profetizou a eles as seguintes palavras:
“Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu fiz subir a Israel do Egito, e vos livrei da mão dos egípcios e da mão de todos os reinos que vos oprimiam. Mas vós hoje rejeitastes a vosso Deus, àquele que vos livrou de todos os vossos males e angústias, e lhe dissestes: Põe um rei sobre nós. Agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, segundo as vossas tribos e segundo os vossos milhares.” (v. 18, 19).
Assim, Saul seria escolhido pelo lançamento de sortes, porém não sem uma palavra de repreensão dirigida por Deus a Israel, manifestando o Seu desagrado pela precipitação deles em desejar um rei.
Quando a sorte recaiu sobre Saul ele não foi encontrado, e Deus revelou que estava escondido entre a bagagem (v. 22).
É possível que Saul tenha se escondido por temer ter que assumir tão grande responsabilidade, para a qual não havia recebido qualquer preparo anterior.
Deus já havia escolhido Saul e mandou Samuel ungi-lo como rei.
E agora Ele vai revelar por meio do lançamento de sortes, publicamente, diante de todo Israel, quem era o Seu escolhido.
Saul foi apresentado ao povo de Israel como aquele que foi escolhido por Deus, e conforme o lançamento de sortes havia confirmado, mas suas palavras encerram mais o tom do rei que vocês desejaram do que o rei que Deus escolheu, pois disse que não havia entre o povo nenhum semelhante a ele, referindo-se à sua aparência externa, uma vez que dos ombros para cima sobressaía a todos em Israel (v. 23, 24).
Saul foi aclamado rei, mas não sem a oposição de alguns homens ímpios que resistiram à própria escolha de Deus.
Estes líderes de Israel não o honraram trazendo-lhe presentes, e o desprezaram, por não verem nele qualificações que servissem de evidência, que poderia de fato governá-los e livrá-los das investidas de seus inimigos, mas Saul se fez como surdo e ignorou o fato (v. 27), porque Deus havia movido o coração de alguns homens de valor para o acompanharem no seu retorno à sua residência em Gibeá (v. 26). 
Foi o próprio Deus que moveu o coração desses homens para serem os guarda costas de Saul e seus ministros auxiliares.
Nós deveríamos reconhecer e sermos gratos a Deus por todos aqueles que Ele levanta para nos auxiliarem em nossos ministérios, em vez de lutar contra eles pelo temor de que venham tomar o nosso lugar, como faria o próprio Saul no futuro, em relação a Davi.              




“ Então Samuel tomou um vaso de azeite, e o derramou sobre a cabeça de Saul, e o beijou, e disse: Porventura não te ungiu o Senhor para ser príncipe sobre a sua herança?
2 Quando te apartares hoje de mim, encontrarás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou de pensar nas jumentas, e anda aflito por causa de ti, dizendo: Que farei eu por meu filho?
3 Então dali passarás mais adiante, e chegarás ao carvalho de Tabor; ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus, a Betel, levando um três cabritos, outro três formas de pão, e o outro um odre de vinho.
4 Eles te saudarão, e te darão dois pães, que receberás das mãos deles.
5 Depois chegarás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; ao entrares ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas descendo do alto, precedido de saltérios, tambores, flautas e harpas, e eles profetizando.
6 E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e serás transformado em outro homem.
7 Quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão para fazer, pois Deus é contigo.
8 Tu, porém, descerás adiante de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a ter contigo, para oferecer holocaustos e sacrifícios de ofertas pacíficas. Esperarás sete dias, até que eu vá ter contigo e te declare o que hás de fazer.
9 Ao virar Saul as costas para se apartar de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro; e todos esses sinais aconteceram naquele mesmo dia.
10 Quando eles iam chegando ao outeiro, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; e o Espírito de Deus se apoderou de Saul, e ele profetizou no meio deles.
11 Todos os que o tinham conhecido antes, ao verem que ele profetizava com os profetas, diziam uns aos outros: Que é que sucedeu ao filho de Quis? Está também Saul entre os profetas?
12 Então um homem dali respondeu, e disse: Pois quem é o pai deles? Pelo que se tornou em provérbio: Está também Saul entre os profetas?
13 Tendo ele acabado de profetizar, seguiu para o alto.
14 Depois o tio de Saul perguntou-lhe, a ele e ao seu moço: Aonde fostes?: Respondeu ele: Procurar as jumentas; e, não as tendo encontrado, fomos ter com Samuel.
15 Disse mais o tio de Saul: Declara-me, peço-te, o que vos disse Samuel.
16 Ao que respondeu Saul a seu tio: Declarou-nos, seguramente, que as jumentas tinham sido encontradas. Mas quanto ao assunto do reino, de que Samuel falara, nada lhe declarou.
17 Então Samuel convocou o povo ao Senhor em Mizpá;
18 e disse aos filhos de Israel: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu fiz subir a Israel do Egito, e vos livrei da mão dos egípcios e da mão de todos os reinos que vos oprimiam.
19 Mas vós hoje rejeitastes a vosso Deus, àquele que vos livrou de todos os vossos males e angústias, e lhe dissestes: Põe um rei sobre nós. Agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, segundo as vossas tribos e segundo os vossos milhares.
20 Tendo, pois, Samuel feito chegar todas as tribos de Israel, foi tomada por sorte a tribo de Benjamim.
21 E, quando fez chegar a tribo de Benjamim segundo as suas famílias, foi tomada a família de Matri, e dela foi tomado Saul, filho de Quis; e o procuraram, mas não foi encontrado.
22 Pelo que tornaram a perguntar ao Senhor: Não veio o homem ainda para cá? E respondeu o Senhor: Eis que se escondeu por entre a bagagem:
23 Correram, pois, e o trouxeram dali; e estando ele no meio do povo, sobressaía em altura a todo o povo desde os ombros para cima.
24 Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o Senhor escolheu: Não há entre o povo nenhum semelhante a ele. Então todo o povo o aclamou, dizendo: Viva o rei;
25 Também declarou Samuel ao povo a lei do reino, e a escreveu num livro, e pô-lo perante o Senhor. Então Samuel despediu todo o povo, cada um para sua casa.
26 E foi também Saul para sua casa em Gibeá; e foram com ele homens de valor, aqueles cujo coração Deus tocara.
27 Mas alguns homens ímpios disseram: Como pode este homem nos livrar? E o desprezaram, e não lhe trouxeram presentes; porém ele se fez como surdo.” (I Sm 10.1-27)

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