sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Vigilância e Oração – Neemias 4



A atitude de Sambalate, conforme se vê nos versos 1 e 2, deste 4º capítulo de Neemais, que estaremos comentando, é bem representativa de todos aqueles que odeiam a Reforma, isto é, a restauração do povo de Deus, segundo a verdade revelada em Sua Palavra.
Não importa de onde isto venha, se de dentro ou de fora da Igreja, se de cristãos ou de ímpios, se de autoridades seculares ou até mesmo de ministros do evangelho infiéis, o grande fato é que Satanás sempre achará seus instrumentos para se opor ao fortalecimento dos filhos de Deus.
Israel era a nação eleita na antiga dispensação, e foi levantada para ser luz no mundo, e por isso Satanás tudo faria para manter aquela lâmpada apagada.
Porventura, deixaria de fazer o mesmo em relação à Igreja que é a luz do mundo?
Ele não fará tudo o que estiver ao seu alcance para pelo menos tornar esta luz opaca e obscura, de maneira que mantendo os membros de cada Igreja debaixo de trevas espirituais, não apenas entristecerá o Espírito Santo, como retardará a conversão de muitos, ou então manterá os que se converterem, em fraqueza e ruína espiritual, pelo desconhecimento da verdade que liberta?
Vejam as palavras que Sambalate proferiu, e reflita se não são mais do que simplesmente palavras da carne e sangue, senão de principados e potestades:
e falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria, dizendo: Que fazem estes fracos judeus? Fortificar-se-ão? Oferecerão sacrifícios? Acabarão a obra num só dia? Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?”  (v.2).
E de igual teor, ainda que breves, mas não menos contundentes, foram as palavras proferidas por Tobias, o amonita, contra os judeus:
“Ainda que edifiquem, vindo uma raposa derrubará o seu muro de pedra.”.
Certamente, é este o pensamento que Satanás alimenta continuamente contra os cristãos, a saber, que ainda que consigam edificar suas vidas na verdade, ele agirá como uma astuta raposa para derrubar este muro espiritual que lograram edificar.
Satanás pouco se importa com o fato de o cristianismo se espalhar pelo mundo, desde que seja uma forma caricata da verdade que há em Cristo, em razão da falta de santidade na vida daqueles que alegam serem cristãos. 
Daí decorre a ordenança bíblica de vigilância e oração contínuas, porque não temos que lutar contra carne e sangue, senão contra os principados e potestades espirituais da maldade. E isto deve ser feito, conforme se vê em Efésios 6, estando revestidos em todo o tempo, com toda a armadura de Deus.
Não há nada que dê mais prazer ao diabo do que desviar aqueles que Jesus comprou com Seu sangue, para que fossem livres, serem desviados da verdade, porque sem conhecerem a verdade em espírito, não podem desfrutar desta liberdade, que foi conquistada por tão alto preço.
É possível que alguns dentre os judeus tenham considerado Neemias um homem duro, inflexível, sem afeto natural por eles, porque estava exigindo deles que se expusessem ao ataque de seus inimigos e a terem que se empenhar em tão exaustiva tarefa.
Mas não é este o mesmo ataque que fazem os inimigos da Reforma e do evangelho aos pastores fiéis ao seu ofício?
Eles julgam ser falta de amor e de apreço o esforço de seus ministros em exigirem que vivam em santidade de vida.
Mas isto é falta de amor?
Antes não é a confirmação de um verdadeiro amor?
O fato de se esforçarem por ensinarem a sã doutrina ao seu povo é motivo para serem julgados como seus inimigos?
Não é porventura isto o que o Deus de amor tem ordenado a eles?
Seria possível viver no amor de Deus sem a sã doutrina?
E como amaremos com o amor de Deus se não conhecemos os Seus mandamentos?
Jesus definiu o amor como obediência aos Seus mandamentos.
Não é portanto, justificável, o ataque que muitos fazem em nossos dias aos ministros fiéis, que são apegados à doutrina, e que a expõem fielmente ao seu povo.
Não admira que para a ordenação de presbíteros, Paulo tenha determinado dentre muitos critérios os que vemos em Tito 1.9:
“retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes.”.
São muitos os que se opõem a uma verdadeira obra de Deus, e por isso se exige tais qualificações dos Seus ministros.
E Neemias reunia estas qualidades porque era um homem de grande sabedoria, coragem e devoção.
Nós podemos ver neste capítulo o quanto ele estava dotado do preparo e discernimento espiritual para a obra que realizou.
De igual modo, nenhum ministro do evangelho será efetivo no trabalho que intentar realizar para Deus, se não estiver devidamente preparado.
Este é o segredo dos puritanos nos trezentos anos que influenciaram não somente a Inglaterra, como muitas nações da terra, até os dias de hoje, e convém lembrar que toda a grandeza dos EUA foi construída debaixo desta influência, mas não nos referimos à grandeza material e financeira, que acabou por desviá-los da verdadeira grandeza, que eles viveram em seus dias áureos, sendo o celeiro da verdade e de missionários para todas as partes do mundo, com a ministração do verdadeiro evangelho, em quase todas as nações.
A quase totalidade destes empreendimentos foi devida à rede preparada de pastores fiéis a Deus e à Sua Palavra, que o próprio Deus preparou através do espírito puritano, que consiste neste amor à Palavra de Deus, muito maior do que o amor à própria vida e conforto.
Este preparo a que nos referimos não é o preparo de homens por meros homens, mas um preparo que provém da parte de Deus, impulsionado, direcionado e construído pelo próprio Espírito Santo, tal como se deu com os  puritanos em seus dias.
Eles não eram meros expositores frios da Palavra, mas homens que andavam com Deus, tal como Enoque, Noé, Daniel, Jó, Neemias, e tantos outros fizeram em seus dias. 
Obviamente, Deus levanta instrumentos e agentes de grande influência neste preparo, mas até mesmo estes instrumentos influenciadores estão debaixo do governo soberano do Senhor, do qual dependem para a realização do ministério de preparar outros, tal como fizeram Paulo e Timóteo na Igreja Primitiva:
“e o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.”  (II Tim 2.2).
O que Paulo disse a Timóteo neste texto refere-se muito mais do que ao ensino de meras palavras, senão ao preparo de pessoas idôneas para pregarem a verdade do evangelho.   
  Este preparo será sempre necessário, porque, como vimos antes, são muitos os inimigos que se levantam contra a pregação e o ensino da Palavra, quer dentro ou fora da Igreja, porque Satanás não está preso ou impedido de agir quer dentro ou fora dos limites da Igreja.
Atos 20.27-31; I Pe 5.2-9 e Ef 6.11, entre outros textos bíblicos, demonstram a necessidade tanto de os pastores estarem preparados, quanto de vigiarem contra as astutas ciladas do diabo, que investirá sempre com grande fúria, não propriamente contra pessoas, mas contra a verdade do evangelho, de forma a anular o testemunho da Igreja na terra. 
Por isso, é necessário construir uma defesa qual grande e intransponível muro que nos proteja de sermos privados da pregação e ensino da verdade bíblica, por causa destas astutas investidas do Inimigo.
Devemos estar conscientes que não é principalmente contra nós que ele está continuamente se opondo, mas ao próprio Filho de Deus, para que o Seu nome não seja glorificado na terra.
A Igreja Primitiva demonstrou que estava devidamente esclarecida quanto a esta verdade, e isto nós podemos inferir da oração que fizeram quando Satanás estava conduzindo às prisões e matando a muitos deles:
“Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.”  (At 4.26). 
Satanás usa governos, nações inteiras, para tentar impedir o avanço do evangelho.
Neemias não sofreu apenas a oposição de pessoas isoladas, mas daqueles que exerciam governo entre os samaritanos.
Isto ilustra a natureza do ataque que sofremos neste mundo: não é propriamente contra nós, mas contra a causa de Jesus Cristo, que fomos chamados a proclamar e defender. 
Para minar a nossa força, Satanás nos acusa com mentiras, tentando nos convencer que somos um povo desprezível e fraco.
Pessoas que estão fora do seu juízo e se dedicando a um sonho impossível.
Ele sopra a dúvida quanto ao caráter da missão de pregar o evangelho em todo o mundo.
Manda cruzarmos os braços porque ou isto já foi feito ou outros estão fazendo melhor do que nós.
Diz que estamos cometendo grande pecado, porque estamos dividindo a Igreja com o nosso zelo e radicalismo.
Que estamos perdendo a nossa vida, que estamos deixando de desfrutar o que há de melhor nela, por causa de nossa atitude deliberada de viver para Deus, pregando e ensinando a Sua Palavra.
Ele tentará nos convencer a todo custo que há muitas verdades.
Que há muitas doutrinas.
E que cada um tem o direito de escolher a que melhor lhe convenha.
E ainda que o testemunho das Escrituras seja contrário a esta mentira diabólica, não é incomum que muitos fiquem paralisados em seus esforços, por se deixarem persuadir por estes argumentos do inferno.
Os que promovem divisões no corpo de Cristo não são os que se desviam dos que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina, mas exatamente estes que criam dissensões e escândalos contra a doutrina dos apóstolos.
A unidade que se viu no povo de Judá nos dias de Neemias foi devida exatamente pelo firme convencimento deles de que a causa do cativeiro de seus pais e deles em Babilônia, havia sido o fato de se desviarem da Palavra de Deus, e agora eles estavam desejosos de reconstruírem a sua vida religiosa, e sabiam que isto não poderia ser feito senão por uma obediência de todos à Palavra do Senhor.
Como poderá a Igreja ter unidade espiritual se lhe faltar esta unidade de fé, que é fé na Palavra de Deus?
Fé, não em qualquer palavra proferida pelos pastores em suas Igrejas, não a palavra de homens, não as doutrinas de demônios, mas aquela mesma boa e antiga verdade que havia sido pregada pelos apóstolos do Senhor.    
Sem a firme convicção de que esta Palavra é inteiramente fiel e digna de ser defendida, jamais perseveraremos na sua proclamação, porque são muitos os inimigos que se opõem a isto. 
Devemos estar convictos que a força e a segurança da Igreja serão a aflição e a vergonha dos seus inimigos.
Em vez de nos abatermos com os ataques dos nossos inimigos podemos usar isto, com o auxílio da graça do Senhor, para lutarmos ainda mais bravamente pela causa do evangelho, sabendo que nossa missão não é apenas a de salvar almas do inferno, mas de edificá-las na verdade, de modo que Deus possa ser glorificado, conforme é da Sua vontade.
Quando nossos inimigos nos atacarem e zombarem de nós, quanto à obra que estamos fazendo para o Senhor, devemos fazer tal como Neemias, que orou ao Senhor com estas palavras de guerra, tal como haviam feito os cristãos nos dias apostólicos, debaixo da perseguição das autoridades de Israel, pois clamaram ao Senhor para que vindicasse a Sua santidade e poder e subjugasse a todos aqueles que estavam se opondo ao Seu Ungido.
O evangelho é aroma de vida para vida nos que se salvam (por lhe darem boa acolhida), mas é também cheiro de morte para morte nos que se perdem (por lhe resistirem e recusarem).
Não podemos esquecer disto enquanto estamos empenhados na sua proclamação.
A obra de Deus tem duas faces, a saber, salvação e juízo.
Não se pode esconder que aqueles que não creem no Filho de Deus já estão condenados, tal qual o próprio Jesus pregou em Seu ministério terreno.
É com firmeza e determinação que devem ser confrontados os Barjesus, Himeneus, Alexandres e todos os que se levantam contra o conhecimento da verdade e do Filho de Deus, estando nós contudo, com paz, mansidão, longanimidade  e bondade em nossos corações.
E ainda que não oremos propriamente com as mesmas palavras de Neemias, que são inteiramente justificadas na Antiga Dispensação do olho por olho, dente por dente, nós temos muito que aprender do vigor e firmeza com que devemos resistir ao diabo e a todos os instrumentos que ele usa para tentar impedir o avanço do evangelho.
Não amaldiçoaremos os que nos amaldiçoam, não deixaremos de orar pelos nossos perseguidores, não deixaremos de amar os nossos inimigos, mas não permitiremos que eles nos façam decair da nossa firmeza em Cristo.
Não deixaremos de lutar com as armas espirituais da verdade contra tudo o que se levanta contra o conhecimento de Deus.
Não podemos confundir a longanimidade que nos é ordenada para com todos (I Tes 5.14), com falta de convicção, e tibieza de vontade.
Nós devemos ser firmes na defesa da verdade tal como o próprio Deus nos ordena:
“Desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele.” (Mt 11.12).
Como disse Thomas Watson: “A terra será herdada pelos mansos (Mt 5.5); mas o céu, pelos que batalham. A vida cristã é semelhante à vida militar. Cristo é nosso Capitão; o evangelho, nossa bandeira; as graças do Espírito, nossa artilharia espiritual. E o céu somente pode ser conquistado por meio da força. Ninguém vai ao céu, exceto os que batalham por ele.”.
Deste modo, quando debaixo de grandes oposições e perseguições, por causa da verdade que defendemos, devemos nos guardar da tentação de entrar em debates e controvérsias inúteis, e muito mais de abrigarmos ira, rancor ou qualquer outro sentimento negativo em nossos corações, contra aqueles que nos perseguem, porque nos é ordenado orar por eles, e vencermos o mal com o bem.
Estas cruzes nos estão impostas e devemos carregá-las com paciência e gratidão a Deus em nossos corações, por permitir que soframos por amor a Ele, de modo que através destas aflições, nos ensine em que consiste a perseverança cristã e o amor perdoador que está no Seu próprio coração, e que nos foi revelado em Cristo.     
Nossos inimigos nos atacam  por todos os lados, e por isso devemos também montar guardar contra eles em todos os lados.  
Mas lembremos que Neemias orou primeiro a Deus, antes de tomar qualquer providência. Esta é a ordem correta. Não devemos agir e depois orar pedindo que Deus abençoe as nossas ações e os nossos projetos. 
Oração e vigilância devem sempre caminhar juntos.
Se nós orarmos sem vigilância nos tornamos indolentes e tentamos a Deus; e se vigiamos sem orar, ficamos orgulhosos e fracos, e de alguma maneira viremos a perder a proteção de Deus.
Sabendo que o Inimigo anda em derredor, buscando a quem possa tragar, isto é, que estiver com suas defesas vulneráveis, pela falta de vigilância, o melhor antídoto contra os Seus ataques é permanecermos firmes em nossas posições, de forma que não encontre brechas para nos atacar, por observar o quanto estamos ligados ao Senhor, de modo que todo ataque que desferir contra nós, será para o próprio dano e prejuízo dele, e não propriamente nosso.
Por isso, Neemias dispôs o povo armado de espadas, arcos e lanças em posições estratégicas do muro, e especialmente naquelas em que o muro ainda se encontrava aberto (v. 13). 
E uma vez tendo feito isto, não convocou o povo a confiar na própria força deles ou na sua sábia direção, senão totalmente no Senhor, grande e terrível, enquanto pelejassem contra os seus inimigos (v.14).   
Os inimigos de Neemias, quando viram que o conselho deles havia sido dissipado, porque os judeus foram avisados pela providência de Deus, com a devida antecedência, desistiram de atacá-los, e assim a obra de reconstrução pôde ter prosseguimento (v. 15).  
Neemias fez bem em lembrar aos judeus que não deviam temer os seus inimigos mas ao Deus grande e terrível, porque aqueles que temem a Deus, não temem o que lhes possa fazer o homem.
É importante também aprendermos do exemplo deixado por Neemias, que não é pelo fato de não estarmos sendo atacados por nossos inimigos espirituais, que vamos relaxar na nossa vigilância, prudência e defesa.
Ele não permitiu que a vigilância cessasse até que a obra fosse completada, e certamente esta prosseguiu, mesmo depois da reconstrução do muro ter sido concluída.
Nunca devemos deixar de vigiar por um só instante, porque o Inimigo tomará vantagem sobre nós, se o fizermos.
Não devemos jamais deixar de estarmos revestidos com toda a armadura de Deus, de todas as armas espirituais, quer de ataque, quer de defesa.
O combate da fé em que estamos envolvidos é permanente, e demanda tal cuidado da nossa parte.  
Relaxar na defesa implicará em ser enfraquecido na fé.
Enquanto realizamos as nossas tarefas de paz, seja estudando, trabalhando, ou o que for, lembremos sempre que estamos em estado permanente de guerra contra as forças espirituais da maldade, de modo que ao lado da ferramenta que edifica, esteja a espada do Espírito e o escudo da fé.
Neemias teve também o cuidado de manter ao seu lado um trompetista, de forma a convocar o povo para onde fosse necessário, para que se juntando como um só homem, pudessem fazer face a possíveis ataques de seus inimigos, uma vez que estavam bem distanciados uns dos outros, no trabalho que faziam no extenso muro que circundava a cidade de Jerusalém.
Neemias supervisionava a obra com intensa vigilância, de forma a garantir não apenas a sua defesa, como também o seu prosseguimento.
E de igual modo devem fazer todos os que estão encarregados de pastorear o rebanho do Senhor.
Eles devem ser diligentes em garantir que tudo seja feito na Igreja, conforme nos tem sido ordenado por Deus.
Nunca devemos negociar a verdade pela falsa unidade e falsa paz.
Afinal qual é a comunhão que pode existir entre luz e trevas? Entre o a verdade e a falsidade?  
Como podemos dar a destra de companhia àqueles que negam a verdade?



“1 Ora, quando Sambalate ouviu que edificávamos o muro, ardeu em ira, indignou-se muito e escarneceu dos judeus;
2 e falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria, dizendo: Que fazem estes fracos judeus? Fortificar-se-ão? Oferecerão sacrifícios? Acabarão a obra num só dia? Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?
3 Ora, estava ao lado dele Tobias, o amonita, que disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa derrubará o seu muro de pedra.
4 Ouve, ó nosso Deus, pois somos tão desprezados; faze recair o opróbrio deles sobre as suas cabeças, e faze com que eles sejam um despojo numa terra de cativeiro.
5 Não cubras a sua iniquidade, e não se risque de diante de ti o seu pecado, pois que te provocaram à ira na presença dos edificadores.
6 Assim edificamos o muro; e todo o muro se completou até a metade da sua altura; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar.
7 Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, e os arábios, os amonitas e os asdoditas, que ia avante a reparação dos muros de Jerusalém e que já as brechas se começavam a fechar, iraram-se sobremodo;
8 e coligaram-se todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali.
9 Nós, porém, oramos ao nosso Deus, e pusemos guarda contra eles de dia e de noite.
10 Então disse Judá: Desfalecem as forças dos carregadores, e há muito escombro; não poderemos edificar o muro.
11 E os nossos inimigos disseram: Nada saberão nem verão, até que entremos no meio deles, e os matemos, e façamos cessar a obra.
12 Mas sucedeu que, vindo os judeus que habitavam entre eles, dez vezes nos disseram: De todos os lugares de onde moram subirão contra nós.
13 Pelo que nos lugares baixos por detrás do muro e nos lugares abertos, dispus o povo segundo suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos.
14 Olhei, levantei-me, e disse aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: Não os temais! Lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e pelejai por vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossas mulheres e vossas casas.
15 Quando os nossos inimigos souberam que nós tínhamos sido avisados, e que Deus tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um para a sua obra.
16 Desde aquele dia metade dos meus moços trabalhavam na obra, e a outra metade empunhava as lanças, os escudos, os arcos, e as couraças; e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá.
17 Os que estavam edificando o muro, e os carregadores que levavam as cargas, cada um com uma das mãos fazia a obra e com a outra segurava a sua arma;
18 e cada um dos edificadores trazia a sua espada à cinta, e assim edificavam. E o que tocava a trombeta estava no meu lado.
19 Disse eu aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos separados no muro, longe uns dos outros;
20 em qualquer lugar em que ouvirdes o som da trombeta, ali vos ajuntareis conosco. O nosso Deus pelejará por nós.
21 Assim trabalhávamos na obra; e metade deles empunhava as lanças desde a subida da alva até o sair das estrelas.
22 Também nesse tempo eu disse ao povo: Cada um com o seu moço pernoite em Jerusalém, para que de noite nos sirvam de guardas, e de dia trabalhem.
23 Desta maneira nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me acompanhavam largávamos as nossas vestes; cada um ia com a arma à sua direita.” (Ne 4.1-23).

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