Nós deveríamos refletir sobre o motivo de Deus, em Sua sabedoria, de nos
ter dado como revelação da Sua vontade, conforme registrada na Bíblia, no livro
de Neemias, o fato e as circunstâncias que envolveram a reconstrução dos muros
e das portas da cidade de Jerusalém.
A revelação poderia ter passado por alto o registro destas coisas, mas se
não o fez, é porque Deus teve propósitos objetivos para a instrução do Seu
povo, e especialmente da Igreja, com as lições que podemos e devemos retirar de
tudo isto.
Nós sabemos que os muros de Jerusalém tinham por função principal
defender o povo, o templo e tudo o que havia de precioso das portas para dentro
daquela cidade.
Deus é quem nos defende dos ataques dos nossos inimigos,
principalmente espirituais, mas compete a nós construir, edificar os meios de
defesa necessários, para a nossa proteção.
Por exemplo, sem oração e meditação diária da
Palavra como poderemos ter uma barreira ao redor de nós que impeça sermos atingidos
pelos ataques do Inimigo? Como guardaremos o nosso coração incontaminado pelo
mal, se não nos exercitarmos em santificação?
Do exemplo que temos na história dos empreendimentos
de Neemias e do povo de Judá juntamente com ele, nós podemos aprender também
que mesmo durante a construção destas barreiras, que visam impedir a destruição
de nossas graças, pelos nossos muitos inimigos espirituais, que nós seremos
atacados até mesmo no ato da construção propriamente dita, isto é, nós não
poderemos orar, meditar na Palavra e fazer tudo o mais que nos é ordenado por
Deus, sem que experimentemos alguma resistência destes três inimigos, a saber,
a carne, o diabo e o mundo.
Mas todos aqueles que se empenharem em edificarem
suas vidas com estas barreiras protetoras das graças de Deus, de modo que não
sejam furtadas ou destruídas, pelos muitos inimigos que dão contra elas, serão
honrados por Deus, pelo seu empenho em diligência, tal como foram honrados
aqueles que se levantaram para construírem debaixo da direção de Neemias, por
terem tido os seus nomes registrados na Palavra de Deus, para memória e honra
eternas, conforme vemos no 3º capítulo de Neemias, que estamos comentando.
Nossas boas obras estão sendo registradas pelo
Senhor para a nossa honra, em livros que serão abertos quando estas obras forem
julgadas.
Por isso, somos exortados a remir o tempo e a nos
empenharmos o mais possível abundando em boas obras, no período de nossa breve
jornada terrena, porque há uma grande recompensa prometida por Deus.
“9 E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu
tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.
10 Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a
todos, mas principalmente aos domésticos da fé.” (Gál 6.9,10).
Dizer e fazer são
coisas completamente diferentes.
Muitos dizem que
estão prontos para se levantarem e fazerem a obra de Deus, mas se sentam e nada
fazem, tal como o jovem da parábola, que disse a seu pai que iria trabalhar no
campo, e no entanto, não foi.
Este 3º capítulo
de Neemias não fala de promessas que foram feitas por todos estes que têm seus
nomes aqui relacionados, mas se diz simplesmente que eles se levantaram,
edificaram e repararam.
Há muitas coisas
para serem feitas na obra de Deus. Para serem feitas e não simplesmente
comentadas.
Isto exige que
nos levantemos, edifiquemos e reparemos o que precisa ser edificado e reparado.
Não se fala de
nenhum desacordo entre os que edificaram e repararam nos dias de Neemias.
Deus era com
eles, mas não se permitiram serem divididos por ciúmes, disputas, discórdias e
coisas semelhantes a estas, que acabam por impedir que a obra do Senhor seja
feita.
Esta obra é muito
grande e exige que cada um faça fielmente a sua parte, porque tal como aquele
muro, a obra é uma só, e o trabalho de uma pessoa está interligado ao de outra.
O trabalho é
realizado por indivíduos mas não para um fim individual, porque é trabalho para
Deus, e não para uma pessoa ou grupo de pessoas em particular.
Até o próprio
sumo sacerdote, como se vê no primeiro verso deste capitulo, participou do
trabalho comum de reedificação do muro.
O risco que os
demais trabalhadores correram ele também correu.
O elevado ofício
de que estava encarregado não configurava um privilégio para não participar de
tarefas consideradas comuns e menores.
Deste modo, os
ministros do evangelho devem dar o exemplo de também fazerem aquelas tarefas
que exigem de outros.
Este exemplo
faltou nos tecoítas (v. 5), cujos nobres não se envolveram no serviço do
Senhor, de reconstrução do muro.
Isto ficou registrado
para desonra deles, porque de ninguém mais se diz o que foi dito destes nobres
de Tecoa, que acabaram com isto provando que não eram de fato pessoas nobres,
porque é impossível que alguém o seja negando-se a se humilhar para que a
vontade de Deus seja feita.
Temos um maior
exemplo de nobreza do que o que nos deu o próprio Jesus, ao ter se esvaziado da
glória celestial que tinha junto ao Pai, para poder consumar a obra que
realizou em nosso favor?
Ele não realizou
seu ministério num castelo, mas junto ao povo, fazendo o bem a todos.
Não deveríamos
nos dispor, pelo exemplo que Ele nos deixou, a arregaçar as nossas mangas e nos
lançarmos efetivamente de coração e alma no propósito de nos gastar por amor ao
Senhor e ao nosso próximo?
Neste trabalho para
Deus, não conta portanto, qual seja a nossa posição social, porque trabalharam
na reedificação do muro com Neemias, comerciantes, ourives, sacerdotes,
governantes e até mesmo perfumistas (v. 7,8,32).
Em Sua
Providência, o Senhor poderia ter planejado a construção conjunta de algo
diferente de um muro, mas a simplicidade da tarefa fala bem alto da natureza do
serviço que prestamos para Cristo, que é de grande simplicidade em sua
natureza, tal como o muro que Neemias e os judeus reconstruíram.
Não afirmamos com
isto necessária e propriamente que o trabalho de um ministro do evangelho é o
trabalho de um pedreiro, mas é seguramente um trabalho de edificação de almas,
e exige muito empenho e diligência em sua realização.
Até mesmo
mulheres se alinharam com os construtores nos dias de Neemias, conforme se vê
no verso 12.
Paulo cita o nome
de duas mulheres (Evódia e Síntique), que trabalharam juntamente com ele no
evangelho em Filipos (Fp 4.3), e várias mulheres fizeram e têm feito história
na seara do Senhor.
Alguns judeus
edificaram o muro defronte de suas casas (v. 10, 23, 28, 29), e isto pode ter
sido devido à impossibilidade de se afastarem de seus afazeres, e nem por isso
deixaram de se empenhar nos interesses de Deus e do Seu povo.
A obra do
evangelho é primeiro para Deus, mas é também uma obra pública, isto é, para o
bem do povo do Senhor.
Os que trabalham
não trabalham portanto, para si mesmos ou para seus interesses particulares,
mas para o bem de outros, porque é nisto que consiste a obra dr Deus.
“1 Então se levantou Eliasibe, o sumo sacerdote, juntamente com os seus
irmãos, os sacerdotes, e edificaram a porta das ovelhas, a qual consagraram, e
lhe assentaram os batentes. Consagraram-na até a torre dos cem, até a torre de
Henanel.
2 E junto a ele edificaram os homens de Jericó; também ao lado destes
edificou Zacur, o filho de Inri.
3 Os filhos de Hassenaá edificaram a porta dos peixes, colocaram-lhe as
vigas, e lhe assentaram os batentes, com seus ferrolhos e trancas.
4 Ao seu lado fez os reparos Meremote, filho de Urias, filho de Hacoz; ao
seu lado Mesulão, filho de Berequias, filho de Mesezabel; ao seu lado Zadoque,
filho de Baaná;
5 ao lado destes repararam os tecoítas; porém os seus nobres não meteram
o pescoço a serviço do Senhor.
6 Joiada, filho de Paseia, e Mesulão, filho de Besodeias, repararam a
porta velha, colocaram-lhe as vigas, e lhe assentaram os batentes com seus
ferrolhos e trancas.
7 Junto deles fizeram os reparos Melatias, o gibeonita, e Jadom, o
meronotita, homens de Gibeão e de Mizpá, que pertenciam ao domínio do
governador dalém do Rio;
8 ao seu lado Uziel, filho de Haraías, um dos ourives; ao lado dele
Hananias, um dos perfumistas; e fortificaram Jerusalém até o muro largo.
9 Ao seu lado fez os reparos Refaías, filho de Hur, governador da metade
do distrito de Jerusalém;
10 ao seu lado Jedaías, filho de Harumafe, defronte de sua casa; ao seu
lado Hatus, filho de Hasabneias.
11 Malquias, filho de Harim, e Hassube,
filho de Paate-Moabe, repararam outra parte, como também a torre dos
fornos;
12 e ao seu lado Salum, filho de Haloés, governador da outra metade do
distrito de Jerusalém, ele e as suas filhas.
13 A porta do vale, repararam-na Hanum e os moradores de Zanoa; estes a
edificaram, e lhe assentaram os batentes, com seus ferrolhos e trancas, como
também mil côvados de muro até a porto do monturo.
14 A porta do monturo, reparou-a Malquias, filho de Recabe, governador do
distrito Bete-Haquerem; este a edificou, e lhe assentou os batentes com seus
ferrolhos e trancas.
15 A porta da fonte, reparou-a Salum, filho de Col-Hoze, governador do
distrito de Mizpá; edificou-a e a cobriu, e lhe assentou os batentes, com seus
ferrolhos e trancas; edificou também o muro da piscina de Selá, do jardim do
rei, até os degraus que descem da cidade de Davi.
16 Depois dele Neemias, filho de Azbuque, governador da metade do
distrito de Bete-Zur, fez os reparos até defronte dos sepulcros de Davi, até a
piscina artificial, e até a casa dos homens poderosos.
17 Depois dele fizeram os reparos os levitas: Reum, filho de Bani, e ao
seu lado, Hasabias, governador da metade do distrito de Queila, por seu
distrito;
18 depois dele seus irmãos, Bavai, filho de Henadade, governador da outra
metade do distrito de Queila.
19 Ao seu lado Ézer, filho de Jesuá, governador de Mizpá, reparou outra
parte, defronte da subida para a casa das armas, no ângulo.
20 Depois dele reparou Baruque, filho de Zabai, outra parte, desde o
ângulo até a porta da casa de Eliasibe, o sumo sacerdote.
21 Depois dele reparou Meremote, filho de Urias, filho de Hacoz, outra
parte, deste a porta da casa de Eliasibe até a extremidade da mesma.
22 Depois dele fizeram os reparos os sacerdotes que habitavam na campina;
23 depois Benjamim e Hassube, defronte da sua casa; depois deles Azarias,
filho de Maaseias, filho de Ananias, junto à sua casa.
24 Depois dele reparou Binuí, filho de Henadade, outra porte, desde a
casa de Azarias até o ângulo e até a esquina.
25 Palal, filho de Uzai, reparou defronte do ângulo, e a torre que se
projeta da casa real superior, que está junto ao átrio da guarda; depois dele
Pedaías, filho de Parós.
26 (Ora, os netinins habitavam em Ofel, até defronte da porta das águas,
para o oriente, e até a torre que se projeta.)
27 Depois repararam os tecoítas outra parte, defronte da grande torre que
se projeta, e até o muro de Ofel.
28 Para cima da porta dos cavalos fizeram os reparos os sacerdotes, cada
um defronte da sua casa;
29 depois dele Zadoque, filho de Imer, defronte de sua casa; e depois
dele Semaías, filho de Secanias, guarda da porta oriental.
30 Depois dele repararam outra parte Hananias, filho de Selemias, e
Hanum, o sexto filho de Zalafe. Depois dele reparou Mesulão, filho de
Berequias, uma parte defronte da sua
câmara.
31 Depois dele reparou Malquias, um dos ourives, uma parte até a casa dos
netinins e dos mercadores, defronte da porta da guarda, e até a câmara superior
da esquina.
32 E entre a câmara da esquina e a porta das ovelhas repararam os ourives
e os mercadores.” (Ne 3.1-32).
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