quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O Cuidado e a Ação Paternal de Deus - Isaías 40


Devemos lembrar que as palavras proferidas em Isaías 40 são espírito e são vida, e devem ser discernidas portanto quanto ao seu significado espiritual.
Como Deus olha para o coração, então é no coração que está concentrado o Seu interesse na revelação que nos fez em Sua Palavra, e de um modo muito especial, neste 40º capitulo de Isaías, que aponta em sua quase totalidade para aquilo que é divino, celestial, espiritual e eterno.
Portanto não é na aparência exterior que devemos fixar nossa atenção e nem no significado histórico e geográfico desta passagem de Isaías.
Esta profecia deve ser portanto, apreciada em seu conjunto, porque está se referindo à condição abençoada daqueles que estão associados e unidos em espírito ao Messias, e quão triste é a condição daqueles que não conhecem ao Senhor e que continuam apegados aos seus ídolos.
Há graça, perdão, força e poder à disposição daqueles que esperam no Senhor, porque é Ele próprio a força e a vida deles.
Somente Ele é o eterno, e tudo mais passará como a glória da flor da erva.
Ainda que as palavras da profecia sejam aplicáveis aos piedosos de Judá que seriam consolados depois de todas as correções que haviam recebido de Deus, por causa dos seus pecados, no entanto não se pode restringir a promessa de consolo, que soa logo no primeiro versículo deste capítulo a eles, senão a todos os que viessem a crer em Cristo.
Afinal, seria somente em Cristo que o pecado e a iniquidade não somente de Jerusalém, mas de pessoas de todos os povos e nações da terra poderiam ser expiadas (v.2).
Dos judeus é dito que haviam já recebido em dobro da mão do Senhor por todos os seus pecados, porque se encontravam nos dias do Velho Testamento, que eram ainda os dias do próprio profeta Isaías, debaixo de uma Aliança, chamada de Aliança da Lei na qual estavam previstas não somente promessas de bênçãos em caso de obediência a Deus e aos Seus mandamentos, como também ameaças de juízos e de maldições específicas, segundo constava na referida aliança.
Portanto, o Senhor não poderia deixar de cumprir o que havia prometido fazer, inclusive de que a nação de Israel seria espalhada por todas as nações da terra e levada em cativeiro caso não se arrependessem de suas más obras, e não se emendassem em face dos outros castigos que Deus lhes traria em caso de desobediência.
Então esta profecia de Isaías 40 aponta para dias futuros, os dias do evangelho, em que o Senhor tornaria acessível aos judeus uma Nova Aliança, com a promessa de expiar a culpa e o pecado deles pela graça, e de não mais levar em conta os seus pecados para efeito de condenação eterna; porque derramaria o  Espírito Santo para ser o Consolador do Seu povo.
O Espírito seria dado porque a iniquidade seria expiada por Aquele (Jesus) que seria anunciado pela voz de alguém que clamaria no deserto (João Batista) convocando o povo ao arrependimento, para que o caminho do Messias fosse aberto para que Ele se manifestasse aos corações.
Assim toda depressão de alma seria removida (vales aterrados), e toda altivez e confusão de espírito seriam também removidas (terrenos acidentados e escabrosos que seriam nivelados).    
A profecia não está falando de lugares geográficos mas do coração do homem que seria transformado por Aquele que seria anunciado por João Batista (v.3,4).
A glória do Senhor seria revelada na pessoa de Cristo, e toda a carne o veria, porque o Senhor o havia dito.
E a sua Palavra é fiel e verdadeira e permanece para sempre.
Isto seria feito porque Ele o quis e não por nenhuma bondade, justiça  ou mérito pessoal que exista no Seu povo.  
A salvação é por causa da promessa de Deus, e não pelas coisas que fizemos ou por nossos merecimentos.
Então foi ordenado ao profeta que clamasse, e ele respondeu perguntando acerca do que deveria clamar?
E a resposta divina foi a Palavra do evangelho, conforme já lhe havia sido dito, quando havia sido chamado para o seu ofício profético.
 E a palavra do evangelho que deveria clamar lhe foi dita como sendo a relativa ao que está registrado nos versos 6 a  11.
Antes de tudo, na pregação da  mensagem do evangelho deve ser proclamada a inutilidade da carne para o propósito eterno de Deus, porque a glória da carne é passageira e nada tem a ver com o que é espiritual. Porque a carne para nada aproveita, e somente o espírito vivifica. A carne só pode gerar carne e nada do que é relativo ao espírito. E Deus é puramente espírito (v. 6 a 8 a).
Mas a vida do espírito seria produzida pela Palavra do evangelho, que subsiste eternamente (v. 8 b).
É pela Palavra do evangelho que somos gerados novas criaturas. É pela Palavra que vem a fé que salva. É pela Palavra que somos santificados.   
Deus está se mostrando gracioso e completamente longânimo nesta nova dispensação, por isso aquele que anuncia estas promessas é um anunciador de boas novas (significado literal da palavra evangelho) para o povo que habitará em Sião (v. 9a).
E esta Palavra deve ser anunciada bem alto e sem temor, porque Deus daria Espírito de coragem ao povo da Nova Aliança.
E o centro da mensagem não são coisas mas uma Pessoa, o próprio Senhor Jesus Cristo, que pela fé no Seu nome, e por invocá-lo, somos salvos (v. 9b).
O evangelho não é portanto falar acerca de Cristo, mas Cristo falando através de nós no poder do Espírito Santo.
Porque não se pode manifestar, não se pode revelar a Sua pessoa divina a outros, a não ser pelo poder e testemunho do Espírito.
Não é uma apresentação de idéias, mas a apresentação de uma Pessoa, que só pode ser conhecida em espírito.
Os que recebessem o dom da fé para crerem em Cristo experimentariam o Seu poder e receberiam o Seu galardão, conforme a fé deles, porque a recompensa é para aqueles que exercem uma fé viva em Seu nome (v. 10).
Cristo fará com que o fraco fique forte, mas com o cuidado de um pastor terno que apascentará o seu rebanho cuidando dos que são fracos em seus próprios braços, e levando em seu colo os que são novos na fé e que ainda estão sendo alimentados com o leite genuíno que lhes dará crescimento espiritual. E fará isto não com impaciência ou arrogância, mas com mansidão (v. 11).  
Tendo feito uma apresentação resumida do evangelho até o verso 11, a partir do 12 o Senhor vai apresentar argumentos porque esta palavra que havia proferido era fidedigna e de inteira aceitação, e poderosa para realizar tudo o que Ele havia prometido.
Certamente porque era grande o endurecimento em Judá, e a tristeza por tudo o que haviam sofrido.
E como poderiam crer agora que depois de tudo que haviam passado poderiam ainda esperar que Deus pudesse estar interessado no bem deles?
O Senhor então iria falar da Sua própria majestade, grandeza, força, amor, fidelidade e poder para realizar impossíveis, e que não era portanto razoável a desconfiança de Judá em relação a Ele, quanto a que tivesse esquecido completamente deles e da promessa que havia feito aos patriarcas, de fazer de Israel um reino sacerdotal.     
Então, em face de todos os argumentos que apresentaria a partir do verso 12, acerca da nulidade dos reinos das nações perante Ele, e do Seu grande poder divino, arrazoa com Israel com as palavras do verso 27:  

“Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?”

Não podemos nunca esquecer que Deus não é nenhuma criatura, Ele não foi criado por ninguém. Ele é o único Criador, digno portanto de toda honra, glória, louvor e obediência. 
Ele nos fez de tal modo que cresçamos em liberdade perante Ele, pelas escolhas acertadas que fizermos, e pelo nosso crescimento, que é realizado com o Seu permanente auxílio. Pois não nos criou para nos deixar entregues à nossa própria sorte.
Ele é um Pai amoroso e paciente, que nos guiará pelo conhecimento do caminho do amor, da verdade e da justiça, nos tornando cada vez mais semelhantes a Ele próprio.
Estes que são assim conduzidos por Ele e que se deixam voluntariamente serem ensinados de boa vontade, são mais valiosos para ele do que todos os reinos do mundo, que considera como um mero pingo de água que cai de um balde.
Devemos então ter todo o cuidado de não errarmos quanto ao grande alvo da Sua vontade, porque somos cercados sempre de muitas tentações neste mundo, de nos apegarmos à criatura e não ao Criador. 
Deus é tão grandioso e perfeitamente sábio e onisciente que não necessita tomar conselho com ninguém.
Ele é tão auto-suficiente em si mesmo que não necessita criar nada para que possa se sentir completo.
De maneira que se diz nos versos 16 e 17:

“16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para um holocausto.
17 Todas as nações são como nada perante ele; são por ele reputadas menos do que nada, e como coisa vã.”
Não é portanto em ritos religiosos que se encontra o Seu grande objetivo na nossa criação.

E muito menos nas grandes conquistas tecnológicas e científicas que alcançamos com nossa sabedoria terrena e natural.
No entanto trouxe todas as coisas à existência, porque foi do Seu desejo se ocupar em aperfeiçoar seres tão inábeis e miseráveis como nós, espiritualmente falando, para exibir quão grande é a Sua bondade, amor, longanimidade e paciência.
De forma que nunca se cansará em ter que trabalhar no menor e mais incapaz dos Seus santos, até que os conduza á perfeição em Cristo.
Isto porque, diferentemente de nós, imperfeitos e limitados que somos, Ele nunca se cansa e não se fatiga. E é todo o Seu prazer trocar a nossa força natural que para pouco ou nada serve para cumprir os Seus propósitos espirituais relativos a nós, pela invencível e inextinguível força da Sua graça que tem disponibilizado para o Seu povo na pessoa de Cristo.
De maneira que quando somos fracos, por reconhecer nossa fraqueza, é que podemos ser fortalecidos com o poder espiritual da manifestação da Sua própria presença em nós.   


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