segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A morte de Absalão – 2 Samuel 18



Nós vimos no capitulo anterior a este 18º de 2 Samuel, que Deus havia transtornado o conselho de Aitofel, porque já tinha decidido que o mal sobreviesse contra Absalão (17.14).
Então Ele dispõe o coração de Davi a consentir com os seus oficiais, que não fosse pessoalmente ao campo de batalha, porque o Senhor sabia que ele tentaria impediria que Absalão fosse morto, contrariando assim o que já estava determinado por Deus.
Assim mesmo, Davi deu ordens especiais aos seus oficiais e soldados para que tratassem Absalão com brandura (v. 5).
Mas, o seu amor de pai não poderia sobrepujar a justiça de Deus, e desta forma prevaleceria o desígnio de Deus contra Absalão e não a vontade do rei, por mais que a sua vontade fosse honrada e estimada pelos seus homens.
Assim sucede na Igreja de Cristo, em que a Sua vontade sempre prevalecerá sobre os propósitos dos seus servos, mesmo daqueles que sejam os maiores amigos, como se viu por exemplo na separação de Paulo e Barnabé, que se encontrava certamente nos planos de Deus, para que especialmente Paulo pudesse estar à frente do apostolado entre os gentios.
A amizade de ambos não terminou, ainda que tenha ficado estremecida por algum tempo, mas eles já não poderiam atuar juntamente no ministério, do momento da separação deles em diante.
Os interesses do reino de Deus sempre prevalecerão sobre todos os nossos projetos e laços terrenos.
A luta entre o exército de Davi e o de Absalão se deu no bosque de Efraim, e a providência do Senhor fez com que o bosque fosse o maior inimigo dos homens de Absalão, tendo morrido 20.000 deles na batalha (v. 7,8).
Como que para revelar que Absalão havia se tornado uma abominação tanto para o céu quanto para a terra, o seu mulo em disparada deixou-o pendurado pela cabeça num carvalho e é bem provável que ele tenha sido impedido de se soltar da árvore por causa da longa cabeleira, da qual ele tanto se orgulhava, que deve ter ficado emaranhada aos galhos do carvalho, deixando-o suspenso entre o céu e a terra (v. 9), mas os homens de Davi temeram matá-lo por causa da ordem que este lhes dera em relação ao seu filho, mas quando Joabe foi informado do estado em que ele se encontrava, e do qual não conseguira se livrar, foi ter com ele e o transpassou com três flechas, mas não em nenhum dos seus órgãos vitais, de modo que ele experimentasse em seu corpo um pouco da dor que havia produzido na alma de seu pai (v.14), e também certamente para se vingar do prejuízo que ele lhe dera queimando o seu campo, e dizemos certamente porque a Bíblia revela claramente que Joabe possuía uma índole muito vingativa.
Depois disso dez dos soldados de Joabe cercaram Absalão e o mataram (v. 15). E o corpo de Absalão foi lançado numa cova e levantaram sobre ele um grande montão de pedras (v. 17), indicando o modo pelo qual ele merecia ter morrido, pois a lei determinava que os filhos que se rebelassem contra seus pais fossem mortos por apedrejamento.
Como que ironizando o modo pelo qual ele viria a ficar afamado, não somente em Israel mas em todos os lugares e épocas, como monumento da sua rebeldia e ruína, foi levantado sobre ele um montão de pedras, mas quando ele vivia mandou erigir uma coluna em sua própria honra, para perpetuar a sua fama e glória como rei na terra, pois não tinha filhos, e deu o seu próprio nome à coluna que passou a ser chamada por Monumento de Absalão (v.18).
Esta coluna não fazia honra ao que ele havia sido, senão o montão de pedras e a cova comum em que fora sepultado sem qualquer honra.  
Aimaás, o sacerdote, filho de Zadoque, que havia sido encarregado por Deus de lhe trazer notícias, juntamente com Jônatas, filho do sumo-sacerdote Abiatar, adiantou-se, quando terminada a guerra com a morte de Absalão, para dar a boa-nova da vitória do seu exército e teria o cuidado, como de fato teve, de ocultar-lhe por algum tempo a morte de Absalão, pois sabia o quanto ele estava empenhado em que ele fosse poupado (v. 19).
Este Aimaás era um grande corredor, pois ultrapassou o etíope que foi destacado por Joabe para dar as notícias a Davi, inclusive de que Absalão havia morrido, ocultando obviamente, segundo desejava Joabe, que isto ocorreu por iniciativa dele contrariando ordens do rei.
Por isso Joabe temia que Aimaás, apesar de ter sido encarregado para ser o mensageiro do rei, fosse o portador, naquela ocasião, da notícia da vitória.
Todavia, Aimaás insistiu com Joabe que ele deveria cumprir a missão que lhe foi confiada pelo rei, e obteve a sua permissão de fazê-lo somente depois de o etíope ter tomado uma grande dianteira em relação a ele.
Joabe estava confiante que ele não poderia ser ultrapassado por Aimaás. E chegou a usar de ironia quando permitiu que este também fosse dar as novas ao rei: “Para que agora correrias tu, meu filho, pois não receberias recompensa pelas novas?” (v. 22).
Mas Deus, em Sua bondade e misericórdia, não permitiu que o coração de Davi fosse destroçado com a transmissão fria e direta da notícia da morte de seu filho, pela boca do etíope, e assim, Aimaás o ultrapassou na corrida e pôde preparar o coração do rei para o pior, informando-lhe somente sobre a vitória do seu exército, mas a única preocupação de Davi naquela hora era saber se Deus havia poupado ou não seu filho da morte.
Aimaás teve compaixão e sabedoria suficiente para ocultar-lhe o que havia ocorrido, dizendo ignorar o que havia sucedido ao filho do rei.
Isto o deixou desconfiado e melhor preparado para ouvir o pior, pela boca do etíope, que veio ter com ele depois de ter estado com Aimaás, e chorando e andando não parava de exclamar: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” (v. 33).
Davi sabia que Absalão foi morto por causa de um julgamento divino sobre a sua própria maldade, mas ele sabia também que havia contribuído indiretamente para que tudo isto estivesse acontecendo, por causa do seu pecado com Bate-Seba, que expôs a sua família ao juízo da espada, conforme havia sido proferido por Deus, pois havia exposto Urias à morte, pela espada dos amonitas.
Agora ele sofre tanto por causa do seu amor de pai pela perda de um filho, com o agravante da dor de uma consciência culpada e ferida.
Quantas dores um só pecado pode trazer a quem o pratica e àqueles que estão ao seu redor.
Vigiemos pois em todo o tempo, orando no Espírito, para que não tenhamos do que nos lamentar no futuro, daquilo que poderíamos ter evitado no presente ou no passado.    
   


“1 Então Davi contou o povo que tinha consigo, e pôs sobre ele chefes de mil e chefes de cem.
2 E Davi enviou o exército, um terço sob o mando de Joabe, outro terço sob o mando de Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe, e outro terço sob o mando de Itai, o giteu. E disse o rei ao povo: Eu também sairei convosco.
3 Mas o povo respondeu: Não sairás; porque se fugirmos, eles não se importarão conosco; nem se importarão conosco ainda que morra metade de nós; porque tu vales por dez mil tais como nós. Melhor será que da cidade nos mandes socorro.
4 Respondeu-lhes o rei: Farei o que vos parecer bem. E o rei se pôs ao lado da porta, e todo o povo saiu em centenas e em milhares.
5 E o rei deu ordem a Joabe, a Abisai e a Itai, dizendo: Tratai brandamente, por amor de mim, o mancebo Absalão. E todo o povo ouviu quando o rei deu ordem a todos os chefes acerca de Absalão.
6 Assim saiu o povo a campo contra Israel; e deu-se a batalha no bosque de Efraim.
7 Ali o povo de Israel foi derrotado pelos servos de Davi; e naquele dia houve ali grande morticínio, de vinte mil homens.
8 Pois a batalha se estendeu sobre a face de toda aquela terra, e o bosque consumiu mais gente naquele dia do que a espada.
9 Por acaso Absalão se encontrou com os servos de Davi; e Absalão ia montado num mulo e, entrando o mulo debaixo dos espessos ramos de um grande carvalho, pegou-se a cabeça de Absalão no carvalho, e ele ficou pendurado entre o céu e a terra; e o mulo que estava debaixo dele passou adiante.
10 um homem, vendo isso, contou-o a Joabe, dizendo: Eis que vi Absalão pendurado dum carvalho.
11 Então disse Joabe ao homem que lho contara: Pois que o viste, por que não o derrubaste logo por terra? E eu te haveria dado dez siclos de prata e um cinto.
12 Respondeu, porém, o homem a Joabe: Ainda que eu pudesse pesar nas minhas mãos mil siclos de prata, não estenderia a mão contra o filho do rei; pois bem ouvimos que o rei deu ordem a ti, e a Abisai, e a Itai, dizendo: Guardai-vos, cada um, de tocar no mancebo Absalão.
13 E se eu tivesse procedido falsamente contra a sua vida, coisa nenhuma se esconderia ao rei, e tu mesmo te oporias a mim:
14 Então disse Joabe: Não posso demorar-me assim contigo aqui. E tomou na mão três dardos, e traspassou com eles o coração de Absalão, estando ele ainda vivo no meio do carvalho.
15 E o cercaram dez mancebos, que levavam as armas de Joabe; e feriram a Absalão, e o mataram.
16 Então tocou Joabe a buzina, e o povo voltou de perseguir a Israel; porque Joabe deteve o povo.
17 E tomaram a Absalão e, lançando-o numa grande cova no bosque, levantaram sobre ele mui grande montão de pedras. E todo o Israel fugiu, cada um para a sua tenda.
18 Ora, Absalão, quando ainda vivia, tinha feito levantar para si a coluna que está no vale do rei; pois dizia: Nenhum filho tenho para conservar a memória o meu nome. E deu o seu próprio nome àquela coluna, a qual até o dia de hoje se chama o Monumento de Absalão.
19 Então disse Aimaás, filho de Zadoque: Deixa-me correr, e anunciarei ao rei que o Senhor o vingou da mão de seus inimigos.
20 Mas Joabe lhe disse: Tu não serás hoje o portador das novas; outro dia as levarás, mas hoje não darás a nova, porque é morto o filho do rei.
21 Disse, porém, Joabe ao etíope: Vai tu, e dize ao rei o que viste. O etíope se inclinou diante de Joabe, e saiu correndo.
22 Então prosseguiu Aimaás, filho de Zadoque, e disse a Joabe: Seja o que for, deixa-me também correr após o etíope. Respondeu Joabe: Para que agora correrias tu, meu filho, pois não receberias recompensa pelas novas?
23 seja o que for, disse Aimaás, correrei. Disse-lhe, pois, Joabe: Corre. Então Aimaás correu pelo caminho da planície, e passou adiante do etíope.
24 Ora, Davi estava sentado entre as duas portas; e a sentinela subiu ao terraço da porta junto ao muro e, levantando os olhos, viu um homem que corria só.
25 Gritou, pois, a sentinela, e o disse ao rei. Respondeu o rei: Se vem só, é portador de novas. Vinha, pois, o mensageiro aproximando-se cada vez mais.
26 Então a sentinela viu outro homem que corria, e gritou ao porteiro, e disse: Eis que lá vem outro homem correndo só. Então disse o rei: Também esse traz novas.
27 Disse mais a sentinela: O correr do primeiro parece ser o correr de Aimaás, filho de Zadoque. Então disse o rei: Este é homem de bem, e virá com boas novas.
28 Gritou, pois, Aimaás, e disse ao rei: Paz! E inclinou-se ao rei com o rosto em terra, e disse: Bendito seja o Senhor teu Deus, que entregou os homens que levantaram a mão contra o rei meu senhor.
29 Então perguntou o rei: Vai bem o mancebo Absalão? Respondeu Aimaás: Quando Joabe me mandou a mim, o servo do rei, vi um grande alvoroço; porem não sei o que era.
30 Disse-lhe o rei: Põe-te aqui ao lado. E ele se pôs ao lado, e esperou de pé.
31 Nisso chegou o etíope, e disse: Novas para o rei meu senhor. Pois que hoje o Senhor te vingou da mão de todos os que se levantaram contra ti.
32 Então perguntou o rei ao etíope: Vai bem o mancebo Absalão? Respondeu o etíope: Sejam como aquele mancebo os inimigos do rei meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para te fazerem mal.
33 Pelo que o rei ficou muito comovido e, subindo à sala que estava por cima da porta, pôs-se a chorar; e andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” (II Sm 18.1-33).


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