Desde que Davi adulterou
com Bate-Seba ele havia perdido a alegria da salvação, e sabemos disto porque nós o vemos pedindo ao
Senhor que lhe devolvesse a referida alegria no Salmo 51.12, que ele escreveu
depois que Natã veio ter com ele, como veremos neste 12º capítulo de II Samuel.
Pelo menos nove meses
haviam passado até que Deus enviou o profeta Natã a Davi, pois tendo
profetizado que o filho que lhe nascera com Bate-Seba morreria (v.14), não
demorou muito para que a criança fosse enfermada gravemente pelo Senhor (v.15), e esta veio a morrer apenas sete dias
depois (v. 18).
Como Natã disse “o filho
que te nasceu” (v.14), quando falou a Davi, a criança era portanto nascida, e é
por isso que podemos concluir que o endurecimento de Davi em seu pecado durou
pelo menos nove meses, e isto em si mesmo foi uma forma de manifestação de um
dos juízos do Senhor desferidos contra Ele, pois ficara privado das consolações
do Espírito Santo a ponto de pedir que Deus lhe devolvesse a alegria da sua
salvação, e que não retirasse dele o
Espírito Santo (Sl 51.11), porque vinha sentindo profundamente a ausência de
suas doces consolações em sua vida.
Ele tinha perdido naquele
período de endurecimento o elevado nível de graça que desfrutava em sua
comunhão com o Espírito de Deus, em razão de tê-lo entristecido e apagado.
Há determinados pecados
que não somente entristecem o Espírito Santo, como também diminuem as Suas
graças e consolações, até o momento determinado por Deus para a nossa
restauração.
Assim, neste caso, não
estava no poder de Davi reverter o quadro no momento que bem lhe aprouvesse,
porque havia um juízo do Senhor imposto sobre ele, mediante o qual lhe
manifestava todo o Seu desagrado pelo pecado que ele praticara.
As portas que nós
fechamos à comunhão com o Senhor e à ação da Sua graça em nossas vidas, por
pecados que praticamos, serão abertas não quando nós o desejarmos, mas no tempo
que ele tiver determinado para a nossa correção.
Certamente Davi não pôde
compor neste período de sequidão que lhe sobreveio da parte do Senhor, nenhum
salmo.
A sua harpa ficou
desafinada.
A inspiração celestial
foi apagada e ele ficou entregue a si mesmo, incapaz de manter um espírito reto
e voluntário (Sl 51.12).
Somente depois que Natã
veio ter com ele, e lhe foi concedida graça pelo Senhor para que se
arrependesse, que ele conseguiu enxergar e confessar o seu pecado e não somente
isto, clamar humildemente a Deus que restaurasse nele o mesmo bom e antigo
espírito que lhe sustentava.
Por isso, nós o vemos
pedindo a Deus um coração puro (Sl 51.10), e que para isto, o purificasse e
lavasse de modo que ficasse mais alvo do que a neve (Sl 51.7).
Ele reconheceu finalmente
que havia pecado contra o próprio Deus (Sl 51.4) e reconheceu que Ele estava
sendo justo ao repreendê-lo e em tê-lo mantido desassistido das suas
consolações (Sl 51.4b).
Mas, recebendo graça para
arrependimento agora, ele se sente encorajado a clamar pela misericórdia do
Senhor (Sl 51.1).
É provável que tenha
continuado a apresentar sacrifícios e ofertas ao Senhor, mas isto não foi
suficiente para alterar o estado da sua alma, e daí talvez o teor das suas
palavras no Salmo 51.16,17.
Nós cremos, segundo o
teor das palavras do Salmo 51, que Davi voltou a sentir a paz, o perdão e a
alegria do Espírito Santo, invadindo a sua alma e coração, somente depois que
Natã veio ter com ele, e muito lhe ajudou ter ouvido a confirmação que veio do
Espírito Santo a ele, através dos lábios do profeta: “o teu pecado foi perdoado”.
É importante para
qualquer cristão aprender o que há no exemplo de Davi, quanto a se colocar na
posição correta diante de Deus, para poder receber o seu perdão, e isto se faz
humilhando-se debaixo de Sua potente mão, para que em tempo oportuno Ele possa
de novo nos exaltar, ungindo a nossa cabeça com o óleo da alegria do Espírito
Santo, e quebrando todas as correntes que aprisionavam a nossa alma, e que nos
privavam da verdadeira alegria e paz do Espírito Santo.
Este é o maior bem e o
verdadeiro sentido e significado desta vida, a saber: a plena comunhão com Deus,
e saber que já não há nada se interpondo entre nós e Ele, que podemos andar
confiantemente, gozando a Sua presença sem ter pesando sobre a nossa
consciência as antigas acusações, relativas aos males que praticamos, por
sabermos que a mão do Senhor se moveu em compaixão por nós, diante da nossa
quieta humilhação, e nos lavou aplicando o sangue de Jesus em nossas feridas.
Oh! Quão bom é isto, e
quão necessário é para um viver em retidão na paz, na verdade e no amor.
Não esqueçamos que as
palavras do Salmo 51 são as palavras de um crente que expressam estas
realidades a que estamos nos referindo.
Davi chega até mesmo a
dizer no referido Salmo que se sentia impedido em dar testemunho do Senhor na
congregação dos justos, por causa do seu pecado e do juízo do Senhor que pesava
sobre ele, e somente agora ele é capacitado pela graça do Senhor a pedir-lhe
restauração, para que pudesse de novo ensinar aos transgressores os caminhos de
Deus, de modo que os pecadores pudessem se converter a Ele (Sl 51.13); e também
que o livrasse do peso em sua consciência dos crimes de sangue que havia
cometido, de modo que a sua língua pudesse cantar alegremente a justiça do
Senhor, porque quando Deus abre os nossos lábios, a nossa boca proclama o Seu
louvor (Sl 51.14,15).
Nós falamos anteriormente
de alma em cadeias, e era assim que se encontrava a de Davi apesar de ser um crente.
E esta é a condição que os cristãos podem experimentar ao longo de suas vidas,
uns mais e outros menos, enquanto praticam contra o Senhor aqueles pecados
contra o próximo, que lhes conduzem a tal situação.
Jesus falou diretamente
sobre isto e o ilustrou inclusive em parábolas, como na do credor incompassivo.
Ele ensinou que o pecado
de ofensa e cólera contra o próximo é equivalente, aos olhos de Deus, ao crime
de assassinato, e sujeita a alma às cadeias a que estamos nos referindo, que
nos privam das consolações do Espírito Santo, até que o problema seja tratado.
Cabe destacar que se
encontra na esfera do poder de Deus a decisão do momento em que poderemos sair
desta cadeia espiritual, porque é o Juiz que decide sobre isto e não o
prisioneiro no mundo natural, quanto mais no espiritual, que é governado pelo
Senhor.
Davi teria ainda que arcar
com as consequências do seu pecado, mas isto não significa que Deus estava
andando contrariamente com ele e manifestando de modo visível e sensível o Seu
desagrado, de forma que Davi ficasse privado das graças e consolações da
abençoadora manifestação da presença do Espírito Santo.
É muito importante ter
uma clara compreensão desta verdade espiritual para que não permitamos que o
diabo e uma consciência fraca, que não conheça este caráter perdoador da
justiça divina, continuem nos acusando implacavelmente, e nos impedindo de ter
uma aproximação adequada de Deus.
Enquanto andamos diante
do Deus justo e santo, devemos saber que as Suas misericórdias não têm fim, e
que Ele se mostra de fato favorável, em razão delas, a todo aquele que se
humilhar diante dEle, quando for repreendido pelos seus pecados, e
arrependendo-se efetivamente deles.
Na parábola proferida por
Natã, quando Deus se moveu em direção a Davi para conduzi-lo ao arrependimento,
foram colocados em contraste um homem rico e um outro, pobre, que possuía
somente uma cordeirinha.
E para atender a um
viajante que viera ter com ele, o rico não lançou mão de seu rebanho, mas tomou
a cordeirinha do pobre.
Isto despertou a ira de
Davi porque foi omitido a ele que a estória era uma parábola, e ele a tomou
como um fato real, e por isso disse que tal homem deveria morrer, mas antes
deveria fazer restituição ao pobre daquilo que lhe havia furtado, conforme
prescrevia a Lei de Moisés, a saber, quatro cordeiras pela que havia tomado.
Com isso ele pronunciou
uma sentença sobre si mesmo e foi convencido por Deus do seu próprio pecado que
cometera tomando Bate-Seba de Urias, e ainda ordenando que o dono da cordeira
fosse morto, fato este que foi omitido na parábola de Natã, mas não nos juízos
que o Senhor proferiu através dele sobre Davi.
Ele era rico não sem que
o Senhor o tivesse designado para isto, pois fora ungido por Deus para ser rei
sobre Israel (v.7), e não somente o livrou das mãos de Saul como também lhe deu
a casa dele e as mulheres da sua casa, referindo-se certamente a Mical, filha
de Saul, e como não fosse pouco a casa de Saul, deu-lhe também a casa de Israel
e de Judá (v. 8), e se Davi achasse que isto ainda era pouco ter-lhe-ia
concedido outras coisas como estas.
E por que então ele foi
lançar mão daquilo que Deus não lhe dera?
Na verdade não o deu
apenas a Davi, como a qualquer outro homem, a saber, a mulher do seu próximo.
E para que ninguém
buscasse se desculpar na Sua presença do crime de adultério, Ele o proibiu
expressamente na Sua Palavra.
Deste modo, o Senhor
protestou contra o pecado de Davi como sendo desprezo da Sua Palavra (v. 9),
que é no final das contas, um desprezo do próprio Deus (v. 10). Pois Davi não
somente transgrediu a lei que diz “Não adulterarás”, como a que diz “Não matarás”
pois ordenou a morte de Urias sem qualquer motivo justo.
Se o assunto fosse
encerrado apenas com uma repreensão verbal, Deus estaria incentivando os
pecadores a transgredirem a Sua Palavra porque a mera admoestação em certos
tipos de pecados, especialmente aqueles que não atingem apenas o próprio
praticante, mas o seu próximo, como foi o caso de Davi, não pode ser
considerada como uma justa retribuição do mal, porque no caso há a exigência
justa de uma reparação ou restituição, ou ainda, uma compensação que faça
justiça à parte ofendida.
Nós já vimos
anteriormente, que Davi estava experimentando o desgosto de Deus pela
diminuição das graças e consolações do Espírito Santo em sua vida, e certamente
sua alma se encontrava em cadeias, sob a opressão dos verdugos, e somente nisto
ele teria restituído quatro vezes mais em sofrimentos que havia experimentado,
todo o sofrimento que havia causado a outros.
Mas os juízos não
terminariam quando Natã veio ter com ele,e quando finalmente pôde se
arrepender, conforme vemos no Salmo 51, pois foi-lhe dito pelo Senhor, através
do profeta, que suscitaria o mal sobre ele, vindo da sua própria casa, e que
daria as suas mulheres ao seu próximo (quem viria a fazer isto seria o seu
próprio filho Absalão seguindo o conselho que lhe fora dado por um dos próprios
conselheiros de confiança de Davi, chamado Aitofel), e isto seria feito à luz
do dia à vista dos israelitas (v. 10 a 12).
A grandeza dos juízos
levou Davi a exclamar: “Pequei contra o Senhor”, e deve ter pensado que Deus o
mataria pela espada que fora profetizada para vir sobre a sua casa, mas Natã
lhe disse que o Senhor havia perdoado o seu pecado, e que ele não morreria em
consequência destes juízos relativos àquele pecado (v. 13).
Talvez tivesse causado
menor dor a Davi ter sido morto por Deus quando Natã lhe falou, pois ele veio a
desejar a sua própria morte quando soube que seu filho Absalão havia sido morto
pela espada, e teve que testemunhar ainda em vida o incesto de Absalão com suas
concubinas, o incesto de seu filho Amnom com sua filha Tamar, e a morte de
Amnom por Absalão.
E como o juízo do Senhor
foi estabelecido sobre a sua casa, um outro filho de Davi chamado Adonias seria
morto a mando de Salomão.
E a casa de Davi não foi
rejeitada por Deus como fora a de Saul, porque Deus é fiel e havia feito a ele
a promessa de confirmar o seu reino para sempre, de modo que nunca lhe faltasse
herdeiros no trono, e nós vemos assim que a promessa feita a Davi foi cumprida
por causa da perfeita fidelidade e misericórdia de Deus, e não por causa dos
méritos, bondade e justiça do próprio Davi.
Isto fala bem de perto do
caráter da aliança da graça que Deus fez com os cristãos por meio da fé em
Jesus: não foi também pelos méritos, bondade e justiça deles, senão pelos de
Cristo.
Oh! A doce e preciosa
promessa do Evangelho!
A promessa de vida eterna
e perdão dos pecados em Cristo! Ai de nós! Ai de Davi! Caso Deus não tivesse
feito a promessa de perdoar todos os nossos pecados em Jesus Cristo para efeito
de sermos reconciliados com Ele e não sermos condenados eternamente.
Se podemos dizer
juntamente com o apóstolo Paulo: “miseráveis homens que somos”, por causa do
pecado, podemos também dizer juntamente com ele: “Graças a Deus, por Jesus
Cristo nosso Senhor!”.
Agora, nós vemos neste
mesmo capítulo o modo maravilhoso como Deus administra a Sua justiça, tanto no aspecto da
retribuição do mal, quanto na recompensa do bem, pois é ainda nele que se fala
do nascimento de Salomão (v. 24,25), que Davi tivera com Bate-Seba, e a sua
conquista de Rabá, recebendo ele próprio a honra daquela conquista (v. 26 a
31).
Tudo isto foi concedido a
Davi como forma de demonstração do favor do Senhor, que sabe equilibrar as
aflições e consolações dos seus filhos, porque ele não somente se arrependeu do
seu pecado como também se sujeitou humildemente debaixo da poderosa mão do
Senhor (I Pe 5.6).
Ele havia comprovado isto
na maneira como se comportou diante da manifestação do juízo de Deus sobre o
primeiro filho que tivera com Bate-Seba (v. 15 a 23).
Ele não reclamou com o
Senhor pela enfermidade que Ele trouxe sobre a criança mas apelou
insistentemente pela Sua misericórdia, enquanto jejuava para que Deus não
executasse o juízo que havia determinado.
Mas quando soube que a
criança havia morrido, ele abandonou o jejum, ungiu-se, trocou suas vestes, e
entrou na casa do Senhor para adorá-lo (v. 20), dando uma clara demonstração
que havia se submetido ao Seu juízo.
E como poderia o Pai das
misericórdias reter a Sua compaixão e bondade a quem se submete a Ele da forma
como fizera Davi?
Ele visitaria o seu
pecado com os Seus juízos determinados, mas ao mesmo tempo lhe manifestaria a
Sua bondade e misericórdia, e é por isso que temos registrado neste 12º
capítulo os juízos proferidos, e em parte executados sobre Davi, com a morte de
seu filho, como também o registro do nascimento de Salomão, e a vitória sobre
os amonitas de Rabá.
Cabe ainda dizer que
Salomão fora concebido debaixo do favor do Senhor porque o nome que lhe foi
dado pelos seus pais significa “pacífico” e mais do que isto, foi-lhe dado um
nome profético por Deus, através de Nata: Jedidias, que significa “o amado de
Jeová” (v. 25). Esta palavra é da mesma
raiz do nome Davi, que significa “o amado”, e é uma combinação do seu nome com
o de Jeová.
Deus estava portanto
enviando uma mensagem a Davi que havia amado e escolhido aquele menino, e é por
este motivo que nós vemos Natã empenhado nos últimos dias de Davi para que
Salomão lhe sucedesse no trono, apesar de não ter a precedência em ordem de
primogenitura, pois esta cabia a Adonias, por terem morrido Amnom e Absalão, e
ele procedeu assim porque sabia que Salomão havia sido dado por Deus para ser o
terceiro rei de Israel, depois da morte de seu pai.
Todos estes juízos
misturados com a misericórdia, têm o propósito didático de nos ensinarem, que
somente Deus é o Criador, porque nada poderia ser sustentado na criação, caso o
Criador não tivesse o Seu trono firmado sobre a justiça e a misericórdia,
porque senão, todas as suas criaturas morais, que nada são sem Ele, conforme a
Palavra demonstra até mesmo no exemplo de um gigante espiritual como Davi, poderiam subsistir na Sua presença
completamente santa e justa.
Por outro lado, aprendemos também que o mal
somente destrói aquele que o pratica, como também causa destruição a outros.
Então, o Criador de todas as coisas
nunca poderia ter em Si qualquer forma de mal, porque, do contrário, nunca
poderia estabelecer um reino eterno e inabalável, como o que o Senhor está
construindo através da conversão dos eleitos.
“1 O Senhor, pois, enviou
Natã a Davi. E, entrando ele a ter com Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois
homens, um rico e outro pobre.
2 O rico tinha rebanhos e
manadas em grande número;
3 mas o pobre não tinha
coisa alguma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; ela crescera em
companhia dele e de seus filhos; do seu bocado comia, do seu copo bebia, e
dormia em seu regaço; e ele a tinha como filha.
4 Chegou um viajante à
casa do rico; e este, não querendo tomar das suas ovelhas e do seu gado para
guisar para o viajante que viera a ele, tomou a cordeira do pobre e a preparou
para o seu hóspede.
5 Então a ira de Davi se
acendeu em grande maneira contra aquele homem; e disse a Natã: Vive o Senhor,
que digno de morte é o homem que fez isso.
6 Pela cordeira
restituirá o quádruplo, porque fez tal coisa, e não teve compaixão.
7 Então disse Natã a
Davi: Esse homem és tu! Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre
Israel, livrei-te da mão de Saul,
8 e te dei a casa de teu
senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio; também te dei a casa de Israel
e de Judá. E se isso fosse pouco, te acrescentaria outro tanto.
9 Por que desprezaste a
palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, mataste
à espada, e a sua mulher tomaste para ser tua mulher; sim, a ele mataste com a
espada dos amonitas.
10 Agora, pois, a espada
jamais se apartará da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de
Urias, o heteu, para ser tua mulher.
11 Assim diz o Senhor:
Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres
perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas
mulheres à luz deste sol.
12 Pois tu o fizeste em
oculto; mas eu farei este negócio perante todo o Israel e à luz do sol.
13 Então disse Davi a
Natã: Pequei contra o Senhor. Tornou Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu
pecado; não morrerás.
14 Todavia, porquanto com
este feito deste lugar a que os inimigos do Senhor blasfemem, o filho que te
nasceu certamente morrerá.
15 Então Natã foi para
sua casa. Depois o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi, de
sorte que adoeceu gravemente.
16 Davi, pois, buscou a
Deus pela criança, e observou rigoroso jejum e, recolhendo-se, passava a noite
toda prostrado sobre a terra.
17 Então os anciãos da
sua casa se puseram ao lado dele para o fazerem levantar-se da terra; porém ele
não quis, nem comeu com eles.
18 Ao sétimo dia a
criança morreu; e temiam os servos de Davi dizer-lhe que a criança tinha
morrido; pois diziam: Eis que, sendo a criança ainda viva, lhe falávamos, porém
ele não dava ouvidos à nossa voz; como, pois, lhe diremos que a criança morreu?
Poderá cometer um desatino.
19 Davi, porém, percebeu
que seus servos cochichavam entre si, e entendeu que a criança havia morrido;
pelo que perguntou a seus servos: Morreu a criança? E eles responderam: Morreu.
20 Então Davi se levantou
da terra, lavou-se, ungiu-se, e mudou de vestes; e, entrando na casa do Senhor,
adorou. Depois veio a sua casa, e pediu o que comer; e lho deram, e ele comeu.
21 Então os seus servos
lhe disseram: Que é isso que fizeste? pela criança viva jejuaste e choraste;
porém depois que a criança morreu te levantaste e comeste.
22 Respondeu ele: Quando
a criança ainda vivia, jejuei e chorei, pois dizia: Quem sabe se o Senhor não
se compadecerá de mim, de modo que viva a criança?
23 Todavia, agora que é
morta, por que ainda jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei para ela,
porém ela não voltará para mim.
24 Então consolou Davi a
Bate-Seba, sua mulher, e entrou, e se deitou com ela. E teve ela um filho, e
Davi lhe deu o nome de Salomão. E o Senhor o amou;
25 e mandou, por
intermédio do profeta Natã, dar-lhe o nome de Jedidias, por amor do Senhor.
26 Ora, pelejou Joabe
contra Rabá, dos amonitas, e tomou a cidade real.
27 Então mandou Joabe
mensageiros a Davi, e disse: Pelejei contra Rabá, e já tomei a cidade das
águas.
28 Ajunta, pois, agora o
resto do povo, acampa contra a cidade e toma-a, para que eu não a tome e seja o
meu nome aclamado sobre ela.
29 Então Davi ajuntou
todo o povo, e marchou para Rabá; pelejou contra ela, e a tomou.
30 Também tirou a coroa
da cabeça do seu rei; e o peso dela era de um talento de ouro e havia nela uma
pedra preciosa; e foi posta sobre a cabeça de Davi, que levou da cidade mui
grande despojo.
31 E, trazendo os seus
habitantes, os pôs a trabalhar com serras, trilhos de ferro, machados de ferro,
e em fornos de tijolos; e assim fez a todas as cidades dos amonitas. Depois
voltou Davi e todo o povo para Jerusalém.” (II Sm 12.1-31).
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