sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Deus nos Livra de Cometer Muitos Erros – I Samuel 25



O 25º capítulo de I Samuel é iniciado com uma informação breve de que Samuel havia morrido, e que todo Israel lhe havia pranteado, tendo sido sepultado em sua casa em Ramá.
Seus pais residiam ali mas ele havia passado uma grande parte da sua vida no tabernáculo em Siló, porque havia sido consagrado como nazireu a Deus, por sua mãe Ana, por todos os dias da sua vida.
Ele nasceu nazireu e morreu nazireu e nunca quebrou o voto que ele aceitou voluntariamente como sendo feito por ele próprio.
Ele foi um grande homem todos os dias da sua vida e por isso todo o povo de Israel o pranteou no dia da sua morte, e eles tinham razão para isto, porque a morte de Samuel significava uma grande perda para eles, pois ele era mais do que um profeta, uma vez que era um homem de oração, que intercedia diariamente diante de Deus em favor deles (12.23).
Quantos livramentos não puderam ser realizados debaixo do reinado ímpio de Saul, por causa daquelas intercessões de Samuel?
Quanto ele não deve ter intercedido para que Davi fosse livrado dos ataques e das perseguições de Saul?
Ele era um verdadeiro pai em Israel, assim como Débora havia sido uma verdadeira mãe em seus dias.
Há ainda em nossos dias, pela graça de Deus, que os levanta para tal propósito, alguns destes pais e mães do verdadeiro Israel de Deus, a Igreja, que intercedem continuamente pelo bem do Seu povo.
E quão eficazes são as intercessões que eles fazem em favor de todos os homens, especialmente por aqueles que estão investidos de autoridade, e pelo povo do Senhor.
Quantos ataques do inferno não são neutralizados por causa da intercessão destes grandes santos de Deus?
Possivelmente, em razão desta perda de Samuel, Davi se deslocou para fora dos termos de Israel, indo para o deserto de Parã, onde Israel havia peregrinado quando havia saído do Egito.
Já não existiam agora as intercessões de Samuel por Davi, porque ele havia morrido. E talvez este tenha sido um dos maiores motivos para o modo como nós o vamos encontrar neste capítulo, pronto a realizar uma grande carnificina por causa do pecado de um só homem, chamado Nabal, cujo nome no hebraico significa tolo, insensato.   
Nenhum homem é perfeito, nem mesmo Davi, que é um homem segundo o coração de Deus, e esta e outras passagens das Escrituras o revelam claramente a nós.
De modo que somente Deus é digno de adoração, e total honra, glória e louvor.
Nunca devemos nos comparar com os homens, porque podemos correr o risco de nos sentirmos piores ou melhores do que eles, tal como ocorrera com Saul em relação a Davi, e como vimos no capítulo anterior.
Nós devemos sempre nos comparar com Deus, sempre ter a Cristo como nosso grande modelo, porque somente Deus é perfeito, onipotente, onisciente, onipresente, infinito, completamente santo, justo, amoroso e bondoso.
Diante dEle, por melhores que sejamos, seremos sempre o pó da terra, e é por isso que devemos sempre nos comparar com Ele, porque isto sempre nos fará entender e viver a verdadeira humildade, pois esta é uma virtude comparativa, isto é, ela sempre é determinada por aquilo que somos em relação a outros.
E nós temos um grande exemplo desta humildade em Abigail, mulher de Nabal, que por causa desta mesma humildade, livrou toda a sua casa da destruição, que viria sobre ela, em razão do pecado do seu marido, e como também impediu o próprio  Davi de cometer este grande pecado, e consequentemente de sujar para sempre a sua folha de serviços diante do povo de Israel.
Se ele tivesse matado a Saul teria recebido a fama de traidor, mas se matasse todos da casa de Nabal, inclusive suas crianças, seria conhecido dali por diante como covarde e carniceiro, e foi a humildade e a prudência daquela mulher, que foi dirigida por Deus a isto, que livrou Davi de cometer tão grave pecado.
O homem nada é. O melhor dos cristãos continua pecador. Todos os nossos atos de bondade são influenciados pelo Senhor.
Muito da maldade que deixamos de praticar é também o resultado das suas ações, que nos impedem de praticá-las, tal como Ele próprio afirmou em relação a Abimeleque, quanto a ter impedido que tomasse a Sara por mulher, e lhe disse as seguintes palavras:
“Ao que Deus lhe respondeu em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la;” (Gên 20.6).    
São inumeráveis as intervenções de Deus na terra, inclusive entre os incrédulos, impedindo-lhes de cometerem determinados pecados, e não seria nenhuma impossibilidade para ele deter a insensatez que Davi estava prestes a praticar.
Desta forma, a glória da santificação não pertence ao homem, ainda que seja seu dever mortificar a carne, mas de Deus, do seu Cristo, e do Espírito Santo.
Glórias ao seu santo nome, porque Ele é o Deus que nos santifica!
Não podemos esquecer que expressões na Bíblia, que se referem aos homens como aqueles que santificaram outros homens, seguindo em muitos casos ordens de Deus para realizar tal santificação, que tenham sido eles próprios os agentes desta santificação, senão aqueles que promoveram os meios necessários para que o Senhor, que é o agente ativo da santificação os santificasse.
Por exemplo, quando se diz que Samuel santificou as pessoas da casa de Jessé antes de oferecer sacrifícios ali e ungir aquele que Deus havia escolhido como rei, só podemos entender isto como não apenas a supervisão das exigências cerimoniais da lei, como por exemplo se haviam tido algum contato com mulher naquele dia, ou se haviam tido contato com algum morto etc, mas sobretudo, este ato de santificar as pessoas, mesmo no Velho Testamento, significava orar com elas e louvar a Deus juntamente, até que a Sua presença fosse sentida entre eles.
Isto é o mesmo que a Igreja deve fazer quando se reúne para realizar quaisquer dos seus serviços.
Os cristãos devem orar e louvar até que o Espírito Santo manifeste a Sua presença entre eles. E somente depois disto é que deveriam ser realizadas todas as ministrações e serviços, como a pregação da Palavra, a ministração da ceia e do batismo e todos os demais atos relacionados à adoração.
Nós vemos pelas palavras de Abigail, no verso 30, que o fato de Davi ter sido ungido por Samuel a mando de Deus, para ser o futuro rei de Israel, já havia se tornado uma notícia de conhecimento público em todo Israel.
O próprio Saul, como vimos no capítulo precedente, confirma isto.
A prudência e sabedoria de Abigail foram reconhecidas por Davi, e ele viu o quanto seria vantajoso para ele ter por perto uma tal mulher como esposa, especialmente quando estivesse reinando, a qual seria sobretudo uma boa conselheira.
O próprio Deus se encarregou de matar a Nabal,  que deve ter tido um ataque cardíaco cerca de dez dias depois de ter usado de uma grande ingratidão para com Davi, pois em paga do fato dele ter cuidado dos seus pastores e vigiado o seu rebanho, fez com que ele lhe dirigisse duras palavras e se negado a dar qualquer alimento a ele e a seus homens, apesar de não terem lançado mão de uma só de suas ovelhas, quando isto estava facilmente ao alcance das suas mãos. 
Como Abigail havia enviuvado, Davi a tomou por esposa, uma vez que Saul havia dado Mical por esposa a outro homem (v. 44).     
No verso 43 é dito que Davi tomou também por esposa a Ainoã, de Jizreel.
Havia nisto uma transgressão do mandado original de Deus que o homem tenha uma só esposa, mas não da lei de Moisés que não somente permitia o divórcio, como também que se tomasse outras esposas, especialmente em se tratando de mulheres de povos conquistados às quais os soldados de Israel se afeiçoassem.
Mas havia prescrições legais detalhadas quanto ao modo de se proceder para se desestimular a realização de tais casamentos poligâmicos (Dt 21.10-17).



“1 Ora, faleceu Samuel; e todo o Israel se ajuntou e o pranteou; e o sepultaram na sua casa, em Ramá. E Davi se levantou e desceu ao deserto de Parã.
2 Havia um homem em Maom que tinha as suas possessões no Carmelo. Este homem era muito rico, pois tinha três mil ovelhas e mil cabras e estava tosquiando as suas ovelhas no Carmelo.
3 Chamava-se o homem Nabal, e sua mulher chamava-se Abigail; era a mulher sensata e formosa; o homem porém, era duro, e maligno nas suas ações; e era da casa de Calebe.
4 Ouviu Davi no deserto que Nabal tosquiava as suas ovelhas,
5 e enviou-lhe dez mancebos, dizendo-lhes: Subi ao Carmelo, ide a Nabal e perguntai-lhe, em meu nome, como está.
6 Assim lhe direis: Paz seja contigo, e com a tua casa, e com tudo o que tens.
7 Agora, pois, tenho ouvido que tens tosquiadores. Ora, os pastores que tens acabam de estar conosco; agravo nenhum lhes fizemos, nem lhes desapareceu coisa alguma por todo o tempo que estiveram no Carmelo.
8 Pergunta-o aos teus mancebos, e eles to dirão. Que achem, portanto, os teus servos graça aos teus olhos, porque viemos em boa ocasião. Dá, pois, a teus servos e a Davi, teu filho, o que achares à mão.
9 Chegando, pois, os mancebos de Davi, falaram a Nabal todas aquelas palavras em nome de Davi, e se calaram.
10 Ao que Nabal respondeu aos servos de Davi, e disse: Quem é Davi, e quem o filho de Jessé? Muitos servos há que hoje fogem ao seu senhor.
11 Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas reses que degolei para os meus tosquiadores, e os daria a homens que não sei donde vêm?
12 Então os mancebos de Davi se puseram a caminho e, voltando, vieram anunciar-lhe todas estas palavras.
13 Pelo que disse Davi aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E cada um cingiu a sua espada, e Davi também cingiu a sua, e subiram após Davi cerca de quatrocentos homens, e duzentos ficaram com a bagagem.
14 um dentre os mancebos, porém, o anunciou a Abigail, mulher de Nabal, dizendo: Eis que Davi enviou mensageiros desde o deserto a saudar o nosso amo; e ele os destratou.
15 Todavia, aqueles homens têm-nos sido muito bons, e nunca fomos agravados deles, e nada nos desapareceu por todo o tempo em que convivemos com eles quando estávamos no campo.
16 De muro em redor nos serviram, assim de dia como de noite, todos os dias que andamos com eles apascentando as ovelhas.
17 Considera, pois, agora e vê o que hás de fazer, porque o mal já está de todo determinado contra o nosso amo e contra toda a sua casa; e ele é tal filho de Belial, que não há quem lhe possa falar.
18 Então Abigail se apressou, e tomou duzentos pães, dois odres de vinho, cinco ovelhas assadas, cinco medidas de trigo tostado, cem cachos de passas, e duzentas pastas de figos secos, e os pôs sobre jumentos.
19 E disse aos seus mancebos: Ide adiante de mim; eis que vos seguirei de perto. Porém não o declarou a Nabal, seu marido.
20 E quando ela, montada num jumento, ia descendo pelo encoberto do monte, eis que Davi e os seus homens lhe vinham ao encontro; e ela se encontrou com eles.
21 Ora, Davi tinha dito: Na verdade que em vão tenho guardado tudo quanto este tem no deserto, de sorte que nada lhe faltou de tudo quanto lhe pertencia; e ele me pagou mal por bem.
22 Assim faça Deus a Davi, e outro tanto, se eu deixar até o amanhecer, de tudo o que pertence a Nabal, um só varão.
23 Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, desceu do jumento e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, inclinando-se à terra,
24 e, prostrada a seus pés, lhe disse: Ah, senhor meu, minha seja a iniquidade! Deixa a tua serva falar aos teus ouvidos, e ouve as palavras da tua serva.
25 Rogo-te, meu senhor, que não faças caso deste homem de Belial, a saber, Nabal; porque tal é ele qual é o seu nome. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele; mas eu, tua serva, não vi os mancebos de meu senhor, que enviaste.
26 Agora, pois, meu senhor, vive o Senhor, e vive a tua alma, porquanto o Senhor te impediu de derramares sangue, e de te vingares com a tua própria mão, sejam agora como Nabal os teus inimigos e os que procuram fazer o mal contra o meu senhor.
27 Aceita agora este presente que a tua serva trouxe a meu senhor; seja ele dado aos mancebos que seguem ao meu senhor.
28 Perdoa, pois, a transgressão da tua serva; porque certamente fará o Senhor casa firme a meu senhor, pois meu senhor guerreia as guerras do Senhor; e não se achará mal em ti por todos os teus dias.
29 Se alguém se levantar para te perseguir, e para buscar a tua vida, então a vida de meu senhor será atada no feixe dos que vivem com o Senhor teu Deus; porém a vida de teus inimigos ele arrojará ao longe, como do côncavo de uma funda.
30 Quando o Senhor tiver feito para com o meu senhor conforme todo o bem que já tem dito de ti, e te houver estabelecido por príncipe sobre Israel,
31 então, meu senhor, não terás no coração esta tristeza nem este remorso de teres derramado sangue sem causa, ou de haver-se vingado o meu senhor a si mesmo. E quando o Senhor fizer bem a meu senhor, lembra-te então da tua serva.
32 Ao que Davi disse a Abigail: Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que hoje te enviou ao meu encontro!
33 E bendito seja o teu conselho, e bendita sejas tu, que hoje me impediste de derramar sangue, e de vingar-me pela minha própria mão!
34 Pois, na verdade, vive o Senhor Deus de Israel que me impediu de te fazer mal, que se tu não te apressaras e não me vieras ao encontro, não teria ficado a Nabal até a luz da manhã nem mesmo um menino.
35 Então Davi aceitou da mão dela o que lhe tinha trazido, e lhe disse: Sobe em paz à tua casa; vê que dei ouvidos à tua voz, e aceitei a tua face.
36 Ora, quando Abigail voltou para Nabal, eis que ele fazia em sua casa um banquete, como banquete de rei; e o coração de Nabal estava alegre, pois ele estava muito embriagado; pelo que ela não lhe deu a entender nada daquilo, nem pouco nem muito, até a luz da manhã.
37 Sucedeu, pois, que, pela manhã, estando Nabal já livre do vinho, sua mulher lhe contou essas coisas; de modo que o seu coração desfaleceu, e ele ficou como uma pedra.
38 Passados uns dez dias, o Senhor feriu a Nabal, e ele morreu.
39 Quando Davi ouviu que Nabal morrera, disse: Bendito seja o Senhor, que me vingou da afronta que recebi de Nabal, e deteve do mal a seu servo, fazendo cair a maldade de Nabal sobre a sua cabeça. Depois mandou Davi falar a Abigail, para tomá-la por mulher.
40 Vindo, pois, os servos de Davi a Abigail, no Carmelo, lhe falaram, dizendo: Davi nos mandou a ti, para te tomarmos por sua mulher.
41 Ao que ela se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse: Eis que a tua serva servirá de criada para lavar os pés dos servos de meu senhor.
42 Então Abigail se apressou e, levantando-se, montou num jumento, e levando as cinco moças que lhe assistiam, seguiu os mensageiros de Davi, que a recebeu por mulher.
43 Davi tomou também a Ainoã de Jizreel; e ambas foram suas mulheres.
44 Pois Saul tinha dado sua filha Mical, mulher de Davi, a Palti, filho de Laís, o qual era de Galim.” (I Sm 25.1-44)

Nenhum comentário:

Postar um comentário