Nós vemos no oitavo capítulo de Neemias, o solene ajuntamento dos
israelitas no primeiro dia do mês sétimo (o de Tisri), no templo em Jerusalém
(v. 2), o qual era ordenado pela Lei de Moisés, conforme se vê em Lev 23.24,25.
No décimo dia deste mesmo
sétimo mês estava ordenado pela Lei o dia da expiação, no qual o sumo sacerdote
oferecia sacrifícios pelos pecados do povo, para cobertura destes pecados, por
mais um ano.
Em hebraico o nome desse
dia é Yom Kippur, e hoje é chamado de Dia do Perdão, como se lê em Lev 23.27.
A Festa dos Tabernáculos começava no 15º dia deste mesmo sétimo mês, e
durava uma semana, conforme vemos em Lev 23.34-36; 39-43.
As festas fixas
religiosas de Israel (Sábado, Páscoa, Primícias, Pentecostes e Tabernáculos)
eram anúncios proféticos das coisas que se realizariam por meio de Cristo,
especialmente em relação à Igreja, e por isso eram designadas como santas
convocações (v.2).
Elas apontavam para a
reunião de Cristo com o Seu povo.
O sábado (v. 3)
representava o descanso dos cristãos no Seu Deus. E profeticamente sinalizava
para aquele grande dia em que o Senhor descansará do trabalho da nova criação,
que está realizando por meio de Cristo, e especialmente pela conversão dos pecadores,
para habitarem com Ele num descanso que adentrará a eternidade.
Como veremos adiante, é
interessante observar que há uma conexão entre todas estas festas instituídas
pelo Senhor.
A festa das primícias, em
que deveriam ser apresentados no tabernáculo um molho da primeira colheita de
trigo feita na terra de Canaã (Êx 34.22). E esta primeira colheita deveria ser
consagrada ao Senhor para que os israelitas fossem aceitos por Ele.
Evidentemente isto aponta
em figura para Cristo, porque Ele é a primícia da nova criação, e
particularmente do povo de Deus.
Sem que Ele se oferecesse
ao Pai como representante de toda a colheita, ninguém poderia ser aceito como
filho de Deus. E é importante frisar que esta oferta deveria ser feita num
domingo (v. 12), que foi o dia em que Jesus ressuscitou como sinal da aceitação
pelo Pai da Sua obra de redenção dos pecadores (I Cor 15.20, 23).
Evidentemente, este
primeiro fruto da terra de Canaã seria apresentado no ano em que os israelitas
entrassem na terra e a cultivassem, e isto aponta também de modo muito
específico para o sacrifício de Jesus, que seria uma única oferta, feita num
determinado dia, e que determinaria para sempre a aceitação do Seu povo pelo
Pai (Hb 9.28; 10.14).
Mas, para representar a
primeira colheita que seria feita pelo Espírito Santo, que seria derramado no
dia de Pentecostes, iniciando a Sua obra de salvação dos pecadores em todo o
mundo, a partir daquele primeiro domingo em Jerusalém, quando veio revestir de
poder os primeiros discípulos, para começarem a ganhar pessoas em todo o mundo
para Cristo a partir deles e daquele dia, foi designada a festa de Pentecostes,
que caía sempre num domingo (Lev 23.15-21), que tinha o nome de festa das
semanas (Êx 34.22; Dt 16.10; II Cr 8.13)
ou da sega dos primeiros frutos (Êx 23.16).
A celebração do
Pentecostes seria feita cinquenta dias após a Páscoa. Contando-se sete semanas
a partir do domingo em que havia sido oferecida a oferta das primícias. O
Pentecostes caía então também num domingo e deveria ser celebrado todos os anos
num domingo, contado a partir do de Páscoa.
Em Lev 23.24,25 é
ordenado que no primeiro dia do sétimo mês deveria ser feita uma solene
convocação da nação com sonidos de trombeta, e nenhuma obra deveria ser feita
neste dia, ou seja, ele seria um feriado nacional, pela importância da expiação
que se faria naquele mês no décimo dia, e a festa dos tabernáculos a partir do
décimo quinto dia, que seria celebrada durante sete dias.
E é a obediência a estas
ordenanças da Lei que nós temos relatado aqui no livro de Neemias.
Foi feita uma exposição
da Lei por Esdras e pelos levitas relacionados neste capítulo de Neemias (v.7),
desde a aurora até o meio dia do primeiro dia da festa dos tabernáculos (v.3) e
é dito que a leitura foi feita em forma de exposição da Palavra, isto é, como
uma pregação em que o sentido da Lei era explicado ao povo, de maneira que a
pudessem entender (v. 8, 12).
Deus havia dado habilidade e autoridade a Esdras para expor as
Escrituras, e o povo não somente reconheceu esta habilidade e autoridade, como
também lhe deram a oportunidade de ler para eles o livro da Lei durante os sete
dias da festa dos tabernáculos (v. 18).
Esdras era escriba e sacerdote, mas a sua autoridade não decorria
meramente destes ofícios, mas da sua comunhão com Deus que era resultante, por
sua vez, da sua aplicação em meditar, honrar e praticar a Palavra.
Quando foi feita a exposição da Palavra por Esdras, o povo começou a
chorar, porque a Lei mostra aos homens os seus pecados, a sua miséria e o
perigo a que estão expostos, por causa do pecado, e há maldições contra todos
os que não cumprirem tudo o que a Lei ordena.
Então eles choraram ao pensarem no quanto tinham ofendido a Deus, pela
transgressão voluntária da Sua Lei, e por se verem culpados diante dEle.
Mas a própria Lei ordenava que na festa das trombetas do primeiro dia do
sétimo mês, e durante todos os dias da festa dos tabernáculos, houvesse somente
alegria e não tristeza perante o Senhor.
Por isso Esdras, Neemias e os levitas que estavam com eles exortaram o
povo a se alegrar em vez de chorar de tristeza.
No segundo dia do mês sétimo, que não era um dia sagrado, as pessoas
procuraram Esdras para continuarem meditando na Lei com ele, e revelaram o seu
desejo de celebrarem a festa dos tabernáculos, porque viram que ela era exigida
pela Lei.
Eles demonstraram desta forma que não somente tinham ouvido a Lei, mas
que estavam dispostos a honrarem ao Senhor mediante cumprimento da Sua Palavra.
Desta forma, este capitulo e os seguintes do livro de Neemias nos ensinam
que depois de enfrentarmos duras oposições para estabelecer a obra específica
que Deus tenha colocado em nossas mãos, haverá um período de paz para adorarmos
o Seu nome com grande comunhão e alegria, porque o próprio Senhor ordenará esta
alegria e paz a nosso respeito, conforme está ilustrado na Lei relativamente à
festa dos tabernáculos.
A nossa festa dos tabernáculos que adentrará pela eternidade, em que
teremos somente pura alegria juntamente com o Filho de Deus, nas muitas moradas
que ele nos preparou, se apressa a chegar e não falhará.
“1 Então todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça diante da
porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei
de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel.
2 E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de
homens como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com entendimento, no
primeiro dia do sétimo mês.
3 E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde
a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam
entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.
4 Esdras, o escriba, ficava em pé sobre um estrado de madeira, que
fizeram para esse fim e estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias,
Sema, Ananías, Urias, Hilquias e Maaseias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael,
Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão.
5 E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de
todo o povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.
6 Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo povo, levantando
as mãos, respondeu: Amém! amém! E, inclinando-se, adoraram ao Senhor, com os
rostos em terra.
7 Também Jesuá, Bani, Serebias, Jamim, Acube; Sabetai, Hodias, Maaseias,
Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías e os levitas explicavam ao povo a
lei; e o povo estava em pé no seu lugar.
8 Assim leram no livro, na lei de Deus, distintamente; e deram o sentido,
de modo que se entendesse a leitura.
9 E Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os
levitas que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao
Senhor vosso Deus; não pranteeis nem choreis. Pois todo o povo chorava, ouvindo
as palavras da lei.
10 Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai
porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao
nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa
força.
11 Os levitas, pois, fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos,
porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.
12 Então todo o povo se foi para comer e beber, e para enviar porções, e
para fazer grande regozijo, porque tinha entendido as palavras que lhe foram referidas.
13 Ora, no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças das casas paternas de
todo o povo, os sacerdotes e os levitas, na presença de Esdras, o escriba, para
examinarem as palavras da lei;
14 e acharam escrito na lei que o Senhor, por intermédio de Moisés,
ordenara que os filhos de Israel habitassem em cabanas durante a festa do
sétimo mês;
15 e que publicassem e fizessem passar pregão por todas as suas cidades,
e em ramos de oliveiras, de zambujeiros e de murtas, folhas de palmeiras, e
ramos de outras árvores frondosas, para fazerdes cabanas, como está escrito.
16 Saiu, pois, o povo e trouxe os ramos; e todos fizeram para si cabanas,
cada um no eirado da sua casa, nos seus pátios, nos átrios da casa de Deus, na
praça da porta das águas, e na praça da porta de Efraim.
17 E toda a comunidade dos que tinham voltado do cativeiro fez cabanas, e
habitaram nelas; pois não tinham feito assim os filhos de Israel desde os dias
de Josué, filho de Num, até aquele dia. E houve mui grande regozijo.
18 E Esdras leu no livro da lei de Deus todos os dias, desde o primeiro
até o último; e celebraram a festa por sete dias, e no oitavo dia houve uma
assembleia solene, segundo a ordenança.” (Ne 8.1-18).
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