sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Restauração da Vida Religiosa dos Judeus – Neemias 8



Nós vemos no oitavo capítulo de Neemias, o solene ajuntamento dos israelitas no primeiro dia do mês sétimo (o de Tisri), no templo em Jerusalém (v. 2), o qual era ordenado pela Lei de Moisés, conforme se vê em Lev 23.24,25.
No décimo dia deste mesmo sétimo mês estava ordenado pela Lei o dia da expiação, no qual o sumo sacerdote oferecia sacrifícios pelos pecados do povo, para cobertura destes pecados, por mais um ano.
Em hebraico o nome desse dia é Yom Kippur, e hoje é chamado de Dia do Perdão, como se lê em Lev 23.27.
A Festa dos Tabernáculos começava no 15º dia deste mesmo sétimo mês, e durava uma semana, conforme vemos em Lev 23.34-36; 39-43.
As festas fixas religiosas de Israel (Sábado, Páscoa, Primícias, Pentecostes e Tabernáculos) eram anúncios proféticos das coisas que se realizariam por meio de Cristo, especialmente em relação à Igreja, e por isso eram designadas como santas convocações (v.2).
Elas apontavam para a reunião de Cristo com o Seu povo. 
O sábado (v. 3) representava o descanso dos cristãos no Seu Deus. E profeticamente sinalizava para aquele grande dia em que o Senhor descansará do trabalho da nova criação, que está realizando por meio de Cristo, e especialmente pela conversão dos pecadores, para habitarem com Ele num descanso que adentrará a eternidade.
Como veremos adiante, é interessante observar que há uma conexão entre todas estas festas instituídas pelo Senhor.
A festa das primícias, em que deveriam ser apresentados no tabernáculo um molho da primeira colheita de trigo feita na terra de Canaã (Êx 34.22). E esta primeira colheita deveria ser consagrada ao Senhor para que os israelitas fossem aceitos por Ele.
Evidentemente isto aponta em figura para Cristo, porque Ele é a primícia da nova criação, e particularmente do povo de Deus.
Sem que Ele se oferecesse ao Pai como representante de toda a colheita, ninguém poderia ser aceito como filho de Deus. E é importante frisar que esta oferta deveria ser feita num domingo (v. 12), que foi o dia em que Jesus ressuscitou como sinal da aceitação pelo Pai da Sua obra de redenção dos pecadores (I Cor 15.20, 23).     
Evidentemente, este primeiro fruto da terra de Canaã seria apresentado no ano em que os israelitas entrassem na terra e a cultivassem, e isto aponta também de modo muito específico para o sacrifício de Jesus, que seria uma única oferta, feita num determinado dia, e que determinaria para sempre a aceitação do Seu povo pelo Pai (Hb 9.28; 10.14).
Mas, para representar a primeira colheita que seria feita pelo Espírito Santo, que seria derramado no dia de Pentecostes, iniciando a Sua obra de salvação dos pecadores em todo o mundo, a partir daquele primeiro domingo em Jerusalém, quando veio revestir de poder os primeiros discípulos, para começarem a ganhar pessoas em todo o mundo para Cristo a partir deles e daquele dia, foi designada a festa de Pentecostes, que caía sempre num domingo (Lev 23.15-21), que tinha o nome de festa das semanas (Êx 34.22; Dt 16.10; II Cr 8.13)  ou da sega dos primeiros frutos (Êx 23.16).
A celebração do Pentecostes seria feita cinquenta dias após a Páscoa. Contando-se sete semanas a partir do domingo em que havia sido oferecida a oferta das primícias. O Pentecostes caía então também num domingo e deveria ser celebrado todos os anos num domingo, contado a partir do de Páscoa.       
Em Lev 23.24,25 é ordenado que no primeiro dia do sétimo mês deveria ser feita uma solene convocação da nação com sonidos de trombeta, e nenhuma obra deveria ser feita neste dia, ou seja, ele seria um feriado nacional, pela importância da expiação que se faria naquele mês no décimo dia, e a festa dos tabernáculos a partir do décimo quinto dia, que seria celebrada durante sete dias. 
E é a obediência a estas ordenanças da Lei que nós temos relatado aqui no livro de Neemias.
Foi feita uma exposição da Lei por Esdras e pelos levitas relacionados neste capítulo de Neemias (v.7), desde a aurora até o meio dia do primeiro dia da festa dos tabernáculos (v.3) e é dito que a leitura foi feita em forma de exposição da Palavra, isto é, como uma pregação em que o sentido da Lei era explicado ao povo, de maneira que a pudessem entender (v. 8, 12).
Deus havia dado habilidade e autoridade a Esdras para expor as Escrituras, e o povo não somente reconheceu esta habilidade e autoridade, como também lhe deram a oportunidade de ler para eles o livro da Lei durante os sete dias da festa dos tabernáculos (v. 18).
Esdras era escriba e sacerdote, mas a sua autoridade não decorria meramente destes ofícios, mas da sua comunhão com Deus que era resultante, por sua vez, da sua aplicação em meditar, honrar e praticar a Palavra.
Quando foi feita a exposição da Palavra por Esdras, o povo começou a chorar, porque a Lei mostra aos homens os seus pecados, a sua miséria e o perigo a que estão expostos, por causa do pecado, e há maldições contra todos os que não cumprirem tudo o que a Lei ordena.
Então eles choraram ao pensarem no quanto tinham ofendido a Deus, pela transgressão voluntária da Sua Lei, e por se verem culpados diante dEle.
Mas a própria Lei ordenava que na festa das trombetas do primeiro dia do sétimo mês, e durante todos os dias da festa dos tabernáculos, houvesse somente alegria e não tristeza perante o Senhor.
Por isso Esdras, Neemias e os levitas que estavam com eles exortaram o povo a se alegrar em vez de chorar de tristeza. 
No segundo dia do mês sétimo, que não era um dia sagrado, as pessoas procuraram Esdras para continuarem meditando na Lei com ele, e revelaram o seu desejo de celebrarem a festa dos tabernáculos, porque viram que ela era exigida pela Lei.
Eles demonstraram desta forma que não somente tinham ouvido a Lei, mas que estavam dispostos a honrarem ao Senhor mediante cumprimento da Sua Palavra.
Desta forma, este capitulo e os seguintes do livro de Neemias nos ensinam que depois de enfrentarmos duras oposições para estabelecer a obra específica que Deus tenha colocado em nossas mãos, haverá um período de paz para adorarmos o Seu nome com grande comunhão e alegria, porque o próprio Senhor ordenará esta alegria e paz a nosso respeito, conforme está ilustrado na Lei relativamente à festa dos tabernáculos.
A nossa festa dos tabernáculos que adentrará pela eternidade, em que teremos somente pura alegria juntamente com o Filho de Deus, nas muitas moradas que ele nos preparou, se apressa a chegar e não falhará. 




“1 Então todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça diante da porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel.
2 E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do sétimo mês.
3 E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.
4 Esdras, o escriba, ficava em pé sobre um estrado de madeira, que fizeram para esse fim e estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema, Ananías, Urias, Hilquias e Maaseias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão.
5 E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de todo o povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.
6 Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo povo, levantando as mãos, respondeu: Amém! amém! E, inclinando-se, adoraram ao Senhor, com os rostos em terra.
7 Também Jesuá, Bani, Serebias, Jamim, Acube; Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías e os levitas explicavam ao povo a lei; e o povo estava em pé no seu lugar.
8 Assim leram no livro, na lei de Deus, distintamente; e deram o sentido, de modo que se entendesse a leitura.
9 E Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus; não pranteeis nem choreis. Pois todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei.
10 Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força.
11 Os levitas, pois, fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.
12 Então todo o povo se foi para comer e beber, e para enviar porções, e para fazer grande regozijo, porque tinha entendido as palavras que lhe foram referidas.
13 Ora, no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças das casas paternas de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, na presença de Esdras, o escriba, para examinarem as palavras da lei;
14 e acharam escrito na lei que o Senhor, por intermédio de Moisés, ordenara que os filhos de Israel habitassem em cabanas durante a festa do sétimo mês;
15 e que publicassem e fizessem passar pregão por todas as suas cidades, e em ramos de oliveiras, de zambujeiros e de murtas, folhas de palmeiras, e ramos de outras árvores frondosas, para fazerdes cabanas, como está escrito.
16 Saiu, pois, o povo e trouxe os ramos; e todos fizeram para si cabanas, cada um no eirado da sua casa, nos seus pátios, nos átrios da casa de Deus, na praça da porta das águas, e na praça da porta de Efraim.
17 E toda a comunidade dos que tinham voltado do cativeiro fez cabanas, e habitaram nelas; pois não tinham feito assim os filhos de Israel desde os dias de Josué, filho de Num, até aquele dia. E houve mui grande regozijo.
18 E Esdras leu no livro da lei de Deus todos os dias, desde o primeiro até o último; e celebraram a festa por sete dias, e no oitavo dia houve uma assembleia solene, segundo a ordenança.” (Ne 8.1-18).

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