terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Glória de Ser Misericordioso Êx 34


Em Êxodo 33 Moisés havia rogado o perdão de Deus para o pecado dos israelitas relativo ao bezerro de ouro, e mais do que isto, que Ele não negasse a Sua presença ao povo de Israel.
E tendo obtido o favor do Senhor, rogou que Lhe mostrasse a Sua glória, e foi atendido no que pediu, conforme vemos em Êxodo 34.
Todavia, o que Moisés veria seria apenas um vislumbre da glória de Deus, porque Ele lhe declarou que homem nenhum verá a Sua face e viverá.
O Senhor tomaria então a providência necessária para que Moisés pudesse vê-lo pelas costas passando adiante dele entre a fenda de uma rocha no monte Sinai, para onde o convocou para escrever de novo as leis em duas novas tábuas de pedra, porque no episódio da adoração do bezerro, ele havia quebrado as duas primeiras.
E o Senhor o cobriria com Sua mão na fenda da rocha até que tivesse passado.
Tendo ordenado a Moisés que subisse ao cume do Sinai na manhã do dia seguinte, e quando lá chegou, Deus proclamou as palavras que estão registradas nos versos 6 e 7 de Êx 34:
“Jeová, Jeová, Deus compassivo, clemente e longânimo, e grande em misericórdia e fidelidade, que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos, e nos filhos dos filhos até a terceira e quarta geração.”.   
Deus revelou a Moisés o motivo das penas da lei: Ele não pode inocentar o culpado, e está obrigado pelo Seu atributo de Justiça a exercer juízos sobre a iniquidade. Ele não pode portanto declarar que somos inocentes quando somos culpados, pois Ele é o Deus fiel e verdadeiro que não pode mentir. Mas como é compassivo, clemente e longânimo, grande em misericórdia e fidelidade, Ele pode perdoar a iniquidade, a transgressão e o pecado de todos os pecadores que se arrependam e se convertam dos seus maus caminhos, com base no sólido fundamento que é o pagamento total de nossa dívida de pecados por Jesus na cruz.    
Assim, a lei manifesta estes dois aspectos do caráter de Deus: o punitivo e o perdoador.
A lei define o crime e estipula a pena correspondente.
Define o que é bom e estipula a recompensa.
E definia também quais são as ofensas para as quais não haveria perdão no período de vigência daquela aliança (de Moisés a João Batista).
E sendo a igreja uma sociedade dirigida por princípios diferentes dos que regiam o  povo de Israel na Antiga Aliança, que constituía uma nação debaixo de um governo teocrático, com leis civis para dirigirem a nação, assim como todas as nações possuem os seus códigos penais e civis para regularem as relações da sociedade, não se prescreve portanto na Nova Aliança, para o povo de Deus, o mesmo processamento previsto na lei de Moisés para os casos de transgressão da lei.
Entretanto, se aprende por princípio, acerca da realidade de que o pecado sujeita à morte, e ainda que alguém que permaneça debaixo da escravidão do pecado não seja punido com uma sentença de morte neste mundo, é bem certo que esta pessoa além de permanecer morta espiritualmente, há de ser condenada à morte eterna, depois que partir desta vida. E se aprende também que Deus detesta o pecado e o punirá caso não haja arrependimento. Do mesmo modo que se agrada da prática da justiça e a recompensará.   
Moisés havia preparado as tábuas de pedra para que Deus escrevesse a lei naquelas tábuas com o Seu próprio dedo. E como na Nova Aliança Deus tem prometido escrever a lei em nossas mentes e corações, nós temos que prepará-los para recebê-la, e isto se faz por arrependimento, confissão, fé, e por um caminhar na verdade.
O coração de pedra deve ser quebrado pela convicção e humilhação em relação ao pecado, e como lemos em Tg 1.21: “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas.”. Assim, deve ser mortificado o pecado e em seu lugar deve ser recebida a palavra de Deus. 
Tendo sido fortalecido pelas palavras que ouviu de Deus acerca do Seu caráter bondoso e perdoador, Moisés se sentiu encorajado a reafirmar a sua intercessão para que Deus perdoasse o pecado do povo, e pediu também o seguinte: “segue em nosso meio conosco.”; apesar de ser o povo de dura cerviz.
E nisto tudo Moisés se incluiu entre os israelitas assumindo o pecado deles como se fosse o seu próprio ao dizer: “Perdoa a nossa iniquidade e o nosso pecado, toma-nos por tua herança.”.
Nisto ele foi um tipo de Cristo que assumiu os nossos pecados como sendo seus próprios, apesar de não ter pecado, e que se identificou com os pecadores fazendo intercessão por eles junto ao Pai.
E Deus mostraria que é de fato perdoador, ao ter respondido à intercessão de Moisés com as palavras que lemos em Ex 34.10-17.
Ele fez uma aliança com eles de fazer maravilhas através de Israel que nunca se fizeram em toda a terra, de modo que os israelitas vissem a obra do Senhor, especialmente lançando fora da presença deles os habitantes de Canaã.
Mas para isto, deveriam se abster de fazer aliança com aquelas nações pagãs que haviam sido condenadas por Deus, em razão da sua impiedade e idolatria.
E não somente não deveriam fazer aliança com eles como deveriam derrubar os seus altares, quebrar suas colunas e cortar seus postes-ídolos, e também não deveriam dar seus filhos em casamento às mulheres de Canaã, para que não se prostituíssem com os seus deuses.    
O perdão do pecado da adoração do bezerro de ouro não seria condicional, mas deveriam lembrar que a ruína deles, e o temporário desfavor que tiveram da parte do Senhor se deveu exatamente à idolatria que deveriam agora combater em outras nações, devendo se acautelar por si mesmos, para que não voltassem a incorrer  no mesmo pecado.
Para reafirmar aos israelitas o seu completo repúdio à idolatria, no final das promessas e advertências feitas a Moisés para serem ditas a toda a nação de Israel, o Senhor proferiu o seguinte breve mandamento:
“Não farás para ti deuses fundidos.” (v 17).
Israel deveria revelar às nações que aqueles que adoram imagens de escultura não conhecem o Deus verdadeiro, ainda que o fato de simplesmente não adorar tais imagens signifique necessariamente que se tenha conhecimento de Deus.
Todavia, permanece uma verdade que aqueles que adoram ídolos ou seguramente não conhecem a Deus, ou então estão provocando a Sua ira, porque é Deus zeloso, e não divide a Sua adoração com ninguém, especialmente com falsos deuses criados pela imaginação dos homens.
Daí encontrarmos mesmo no Novo Testamento as seguintes exortações dos apóstolos aos gentios, que haviam se convertido e que tinham vindo do mundo pagão, que era dado à idolatria: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” (I Jo 5.21). “que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.” (At 15.20).   
E a reafirmação das três festas solenes (18-27), que Israel deveria celebrar anualmente serviria para comprovar que Deus havia perdoado o povo, e para confirmar que a aliança que Ele havia feito com eles permanecia de pé apesar de a terem anulado com a idolatria do bezerro de ouro.
E lemos expressamente no verso 27:
“Disse mais o Senhor a Moisés: Escreve estas palavras: porque segundo o teor destas palavras fiz aliança contigo e com Israel.”.
No verso 28 nós vemos que a lei que foi escrita por Deus nas tábuas de pedra foram os dez mandamentos que ele havia proferido audivelmente a toda a nação de Israel.
E tendo passado quarenta dias e noites no monte com Deus, em jejum absoluto (v.28) comprovando-se assim que Deus é poderoso para preservar a vida daqueles que estão a seu serviço, quando estes se encontram em condições de não poderem se alimentar adequadamente, Moisés desceu com as tábuas com os dez mandamentos, e não percebeu que a pele do seu rosto estava resplandecendo de tal forma que o próprio Arão e os israelitas temeram se aproximar dele, mas ele convocou a Arão e os príncipes de Israel e lhes declarou os mandamentos e as boas notícias que havia recebido do Senhor em relação a ter declarado que seria favorável a eles.
E depois disse as mesmas palavras a todo o povo.
Depois de lhes ter falado colocou um véu sobre o rosto, e só o tirava para falar com o Senhor. (v. 29-35). 
  A glória de Deus estampada no rosto de Moisés era um sinal visível do favor de Deus concedido a eles, e da aceitação da sua intercessão em favor da nação.
De igual modo, quando Jesus foi transfigurado com a glória celestial no monte e se ouviu uma voz vinda do céu dizendo que Ele deveria ser ouvido por ser o Filho amado de Deus, isto também confirmava a aceitação do sacrifício que ele faria em favor dos pecadores em Jerusalém, para que o pecado deles pudesse ser perdoado, tal como os israelitas haviam sido  perdoados por Deus, por causa da intercessão de Moisés em favor deles.
É bastante significativo, neste sentido, que Moisés e Elias tivessem estado com Cristo no monte da transfiguração lhe falando das coisas que em breve sucederiam em Jerusalém, relativas à Sua morte.  
Moisés colocou o véu sobre a sua face para não fazer uma ostentação carnal da autoridade que lhe fora concedida por Deus, de modo que ele viesse a ser uma pedra de tropeço para os israelitas que poderiam se sentir tentados a adorá-lo.
Moisés sabia que era apenas um homem dependente, como os demais, da graça do Senhor e que somente Deus deve ser adorado.
Mas o Novo Testamento interpreta que aquela atitude de Moisés acabou servindo para ilustrar que apesar da glória que a dispensação da Lei, ou Antiga Aliança, possuía, havia nela uma obscuridade não revelada em suas instituições cerimoniais que apontavam para Cristo e para a graça do evangelho, porque um véu estava colocado sobre elas, de forma que os filhos de Israel não podiam ver distintamente aquelas verdades espirituais das quais a lei era uma sombra e figura.
A beleza do evangelho estava velada, ocultada na dispensação da lei, e o véu seria removido por Cristo (II Cor 3.13-16).  

Baseado em Êxodo 34

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