No
capítulo oitavo de Deuteronômio o povo de Israel é exortado a
cumprir todos os mandamentos de Deus (v. 1), com um temor santo (v. 6) à Sua
majestade, em submissão à Sua autoridade, e à Sua ira, de modo que não fossem
visitados com juízos de morte, ao contrário que tivessem a bênção da vida e da
multiplicação do povo na terra, que iriam conquistar
(Voltamos a lembrar que estas ameaças da Lei quanto à morte física de muitos em
Israel, como consequência de transgressões da mesma, não se aplicam na presente
dispensação da graça, por causa de nosso Senhor Jesus Cristo, que abrandou em
medida considerável estes juízos com sua morte na cruz no lugar dos pecadores).
Os
israelitas deveriam se lembrar das experiências que
haviam tido com Deus naqueles quarenta anos de peregrinação no deserto, pois
Ele teve o propósito de usar o deserto como uma escola para humilhar e provar
os israelitas, de modo que pudessem conhecer o
que estava no coração deles, quanto a se obedeceriam ou não os seus
mandamentos, debaixo daquelas circunstâncias adversas (v. 2).
É
muito importante que nos lembremos de todos os modos com que a providência de
Deus nos tem conduzido até aqui neste deserto espiritual chamado
mundo (porque não há nada inerentemente nele que seja relativo à natureza
espiritual divina), para que louvemos ao
Senhor com o nosso Ebenezer, por todas as Suas graças, misericórdias e
livramentos.
Os
israelitas deveriam se lembrar dos dilemas aos quais
foram muitas vezes submetidos, para a mortificação do seu orgulho, através da
humilhação, de modo que não se exaltassem fora de medida, com a abundância de
milagres, que estavam sendo feitos por Deus em favor deles, e que poderiam não
ser realizados em Canaã, em razão da manifestação da perversidade deles, pelas
experiências que haviam vivido anteriormente no deserto, relativas ao desagrado
do Senhor, especialmente em razão da incredulidade e da murmuração.
O
Senhor colocou assim, a obediência deles à prova no deserto, tal como havia
provado a obediência de Adão e Eva no Éden, com a proibição de comerem do fruto
da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Caso
eles não tivessem sido conduzidos pelo deserto, todo aquele tempo, não haveria
necessidade de serem provados pelo maná (Ex 16.26-28; Dt 8.3).
Eles
deveriam lembrar de todo o bem que o Senhor lhes havia concedido, pois tivera um
cuidado particular com a alimentação deles, vestimentas e saúde (v. 3,4).
Deus
deixa frequentemente que as pessoas do Seu povo experimentem provações, para que
Ele tenha a honra de ajudá-los e lhes dar
assim uma prova prática do Seu amor e cuidado por eles.
Deste
modo, o maná das consolações divinas é dado àqueles que têm fome e sede de
justiça (Mt 5.6).
O
maná era algo do qual se diz que era um tipo de comida que nem eles nem os seus
pais conheceram (v. 3, 16).
Pois
pelo espaço de quarenta anos, caía do céu todos os dias, exceto aos sábados,
porque toda sexta-feira caía em porção dobrada em relação aos demais dias da
semana, e era algo que caía em grande quantidade para poder alimentar aquela
imensa multidão do povo de Israel, em todas as épocas do ano, e somente na área
em que os israelitas estivessem acampados.
Isto
era algo milagroso e sem precedentes, que Deus havia criado para a provisão
deles.
Por
este meio lhes ensinou que o homem não vive somente de pão, mas de tudo o que
procede da boca de Deus.
É do
que Deus tem ordenado pela Sua palavra de ordem em relação à provisão dos
homens que a vida é mantida na terra.
Mesmo
a produção de alimentos pelos chamados processos naturais estão debaixo do
comando de Deus.
O
diabo disse a Jesus à vista da sua fome, que ele ordenasse às pedras que se
transformassem em pães, mas o Senhor lhe disse as palavras de Mt 4.4, como a
dizer-lhe:
“O meu
Pai pode me manter vivo sem pão”.
Por
isso nenhum filho de Deus tem o direito de duvidar da Sua provisão para atender
às suas necessidades, pois de um modo ou de outro, Deus proverá para eles tudo quanto necessitam.
Jesus
deixou isto bastante claro no seu ensino de Mt 6.25-34.
A
provisão que se aplica ao corpo, também se aplica ao espírito, porque é o
espírito a vida do corpo.
O
espírito deve ser, portanto, também alimentado por
Deus.
O
maná tipificava Cristo, o pão da vida.
Ele é
Palavra de Deus, por meio da qual vivemos.
O
Senhor nos dá o pão que subsiste para a vida eterna, e não nos deixou apenas
com o alimento que perece.
As
mesmas roupas que os israelitas usaram no Egito se mantiverem novas e não
envelheceram (v. 4). Isto foi outro milagre operado por Deus em favor
deles.
Assim,
pelo modo que Deus proveu alimentação e vestes para os israelitas, Ele os
humilhou, pois era algo penoso para eles terem, por quarenta anos, que se
alimentar do mesmo tipo de comida e usar a mesma roupa.
Deste
modo, Deus lhes ensinou que a vida do homem não consiste na qualidade ou
quantidade de suas vestes e comida, e nem mesmo de todos os seus bens terrenos,
mas sim, em se estar aliançado com Ele em
comunhão espiritual, cumprindo os Seus mandamentos.
Eles
aprenderiam também através daquelas provações e humilhações a dependerem da
Providência, e não ficarem ansiosos quanto ao que deveriam comer, beber e
vestir.
Quando
Cristo enviou seus discípulos:
“E
perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos
porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.” (Lc 22.35).
Nada
lhes faltou porque Deus cuidou da saúde e das necessidades deles.
Embora
tivessem atravessado um país árido, os seus pés não incharam.
Deus
os preservou de possíveis lesões decorrentes das inconveniências da viagem.
Devemos
reconhecer e agradecer todas as misericórdias deste tipo.
Os
israelitas também deveriam se lembrar das correções divinas sob as quais haviam
estado (v. 5).
Durante
aqueles anos no deserto haviam sido mantidos debaixo de uma disciplina rígida,
e não sem necessidade.
Como
um pai corrige o seu filho, para o bem dele, e porque o ama, assim o Senhor
havia corrigido os israelitas (v. 5).
Deus
é um Pai terno e amoroso para com todos os seus filhos, contudo, Ele os
disciplinará com a vara da correção.
Como
Deus tratava a Israel como um pai trata a seu filho, eles deveriam se voltar
para Ele com uma reverência filial.
O
maior argumento para a obediência ao Senhor e aos Seus mandamentos era a
demonstração de toda a Sua bondade e graça para com eles, dando-lhes a terra
fértil de Canaã, onde teriam abundância de bens, e não teriam falta de qualquer
coisa.
Deus
lhes faria prosperar, e deveriam se cuidar em sua prosperidade a não se
esquecerem que todo aquele bem provinha do Senhor, e não propriamente da força
e habilidade deles, que em última instância, também era procedente de Deus,
segundo os dons e talentos, que reparte entre todos os homens.
As
coisas boas que eles encontrariam em Canaã são mencionadas, para mostrar a
grande diferença entre o deserto e o lugar para o qual Deus lhes teria
conduzido desde o princípio, caso os seus pais não tivessem se rebelado contra
Ele, por causa da sua incredulidade.
Mas a
paciência e submissão daquela nova geração, demonstradas debaixo da provação e
humilhação a que foram submetidos no deserto, fez com que fossem conduzidos a
circunstâncias melhores.
Eles
haviam se humilhado debaixo da potente mão de Deus e seriam então exaltados.
Todavia,
eles são alertados a continuarem na constância do cumprimento dos seus deveres
para com o Senhor, para que
continuassem também debaixo do Seu favor.
Este
seria o único modo de manter a posse daquela boa terra: serem constantes no
cumprimento dos mandamentos de Deus.
“1
Todos os mandamentos que hoje eu vos ordeno cuidareis de observar, para que
vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o Senhor, com
juramento, prometeu a vossos pais.
2 E
te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Senhor teu Deus tem te conduzido
durante estes quarenta anos no deserto, a fim de te humilhar e te provar, para
saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.
3
Sim, ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que nem
tu nem teus pais conhecíeis; para te dar a entender que o homem não vive só de
pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor, disso vive o homem.
4 Não
se envelheceram as tuas vestes sobre ti, nem se inchou o teu pé, nestes
quarenta anos.
5
Saberás, pois, no teu coração que, como um homem corrige a seu filho, assim te
corrige o Senhor teu Deus.
6 E
guardarás os mandamentos de Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos, e
para o temeres.
7
Porque o Senhor teu Deus te está introduzindo numa boa terra, terra de ribeiros
de águas, de fontes e de nascentes, que brotam nos vales e nos outeiros;
8
terra de trigo e cevada; de vides, figueiras e romeiras; terra de oliveiras, de
azeite e de mel;
9
terra em que comerás o pão sem escassez, e onde não te faltará coisa alguma;
terra cujas pedras são ferro, e de cujos montes poderás cavar o cobre.
10
Comerás, pois, e te fartarás, e louvarás ao Senhor teu Deus pela boa terra que
te deu.
11
Guarda-te, que não te esqueças do Senhor teu Deus, deixando de observar os seus
mandamentos, os seus preceitos e os seus estatutos, que eu hoje te ordeno;
12
para não suceder que, depois de teres comido e estares farto, depois de teres
edificado boas casas e estares morando nelas,
13
depois de se multiplicarem as tuas manadas e es teus rebanhos, a tua prata e o
teu ouro, sim, depois de se multiplicar tudo quanto tens,
14 se
exalte e teu coração e te esqueças do Senhor teu Deus, que te tirou da terra o
Egito, da casa da servidão;
15
que te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras e
de escorpiões, e de terra árida em que não havia água, e onde te fez sair água
da rocha pederneira;
16
que no deserto te alimentou com o maná, que teus pais não conheciam; a fim de
te humilhar e te provar, para nos teus últimos dias te fazer bem;
17 e
digas no teu coração: A minha força, e a fortaleza da minha mão me adquiriram
estas riquezas.
18
Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, porque ele é o que te dá força para
adquirires riquezas; a fim de confirmar o seu pacto, que jurou a teus pais,
como hoje se vê.
19
Sucederá, porém, que, se de qualquer maneira te esqueceres de Senhor teu Deus,
e se seguires após outros deuses, e os servires, e te encurvares perante eles,
testifico hoje contra ti que certamente perecerás.
20
Como as nações que o Senhor vem destruindo diante de vós, assim vós perecereis,
por não quererdes ouvir a voz do Senhor vosso Deus.“ (Dt 8.1-20).
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