Moisés
relata no segundo capítulo de Deuteronômio que o número de dias, que os israelitas haviam
peregrinado no deserto desde a incredulidade de Cades-Barneia, até
passarem o ribeiro de Zerede, a sudeste do Mar Morto, para chegaram às
planícies de Moabe, foram trinta e oito anos, até que toda aquela geração, dos
homens de guerra incrédulos, fosse consumida do meio do arraial, como o Senhor
lhes jurara, e lhes fizera, fazendo com que a Sua mão fosse contra eles para
destruí-los do meio do Seu povo, até havê-los consumido (v. 13-15).
Muitos
consideram que este juízo de Deus sobre os israelitas incrédulos foi
extremamente duro, mas, na verdade foi uma grande prova da Sua infinita misericórdia
e amor à humanidade, como forma de alertar às gerações subsequentes, de todas
as épocas, pela ilustração daquele juízo, que há uma condenação eterna terrível
aguardando por todos aqueles que não abandonarem a incredulidade, para que
temendo, creiam em Cristo como o Senhor e Salvador de suas vidas.
Não é
dito nada sobre o que aconteceu naqueles 38 anos de peregrinação no deserto,
exceto que lhes foi ordenado por Deus que retornassem em direção ao Mar
Vermelho.
Foram
dadas ordens expressas por Deus para que os israelitas não guerreassem contra
os edomitas, e contra os moabitas e amonitas, por serem respectivamente
descendentes de Esaú, filho de Isaque, e de Ló, sobrinho de Abraão, como
também, não ocupassem nenhum dos seus territórios, porque havia lhes dado como
herança aquelas terras.
Não
pela fidelidade dos edomitas, moabitas e amonitas, mas por amor a Isaque e a
Abraão.
Nisto
se cumpre a promessa do Senhor de que usa de misericórdia com milhares da
descendência daqueles que O amam e guardam os Seus mandamentos.
Em Dn
4.17, 25, 32 se repete a citação:
“o
Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até o
mais humilde dos homens constitui sobre eles.”
Deste
modo, a terra não será herdada pelos violentos, mas
por aqueles a quem o Senhor a tem destinado como herança, a saber os mansos (Mt
5.5).
O
homem não prevalecerá pela força, porque é Deus que tudo dirige, assim como deu
aos amonitas uma terra de gigantes.
Eles
não puderam resistir aos amonitas porque o Senhor pelejou por eles (v. 20, 21)
e fez com que prevalecessem sobre os gigantes que habitavam a terra, que
passaram a ocupar.
Os
gigantes que foram expulsos pelos amonitas, pela ajuda do Senhor foram temidos
pela geração de Israel, que veio a perecer no deserto.
Que
desonra para eles! Que vergonha para a sua falta de fé! Pois eram eles e não os
amonitas que traziam a promessa de receberem Canaã por herança, conforme Deus
havia prometido desde Abraão.
Apesar
de Moisés ter enviado uma embaixada ao rei Siom, de Hesbom, como se vê no
livro de Números, propondo-lhe condições de paz para passar por suas terras em
direção a Canaã, este foi endurecido pelo Senhor, tal qual faraó, e veio
guerrear contra os israelitas, de modo que entraram na posse daquele
território.
Não se
entenda este endurecimento de modo incorreto, porque Deus a ninguém tenta,
então, o seu signficado só pode estar associado ao fato de não ter recebido
graça da parte do Senhor, para abandonar a perversidade do seu mau caminho.
Cabe
ainda, em nome do que é justo, esclarecer que a todas as nações com as quais
Israel guerreou, foi ordenado por Deus, que antes, lhes fosse proposta a paz.
Como
havia rejeição e até mesmo coligação de naçções, com a intenção de destruir
Israel, então o Senhor agia para dar a vitória ao Seu povo.
Não
houve portanto uma carnificina realizada por Israel contra as cidades estado
fortificadas da terra de Canaã, como alguns costumam pensar, sem que tenham
feito uma análise adequada e completa de todo o registro bíblico acerca de tais
fatos históricos.
Eles
entrariam em Canaã com Josué, não muito tempo depois, cruzando o rio Jordão,
que se abriu para que passassem a pé enxuto para o outro lado, à altura de
Jericó, e do extremo norte do Mar Morto, e Hesbom ficava naquela direção, e seria
deste modo, um lugar estratégico para ser ocupado pelos israelitas, antes da
sua travessia do Jordão.
Desta
forma, Deus daria aos israelitas aquelas terras, mas teriam que lutar para
conquistá-las.
Aquilo
que Deus nos dá, devemos nos esforçar para adquirir. Se
Ele nos fizer promessas, não devemos nos acomodar, mas orar com perseverança
para que elas sejam cumpridas.
Contudo
devemos confiar não na nossa própria força e capacidade mas no fato de que Ele
pelejará por nós conforme nos tem prometido, pois sem fé, por mais que nos
esforcemos, isto em nada lhe agradará, porque estaríamos buscando mérito e
louvor para nós mesmos e não ocasião para que o nome dEle e exclusivamente Ele
sejam glorificados.
Por
isso sempre faz a promessa em nossas lutas, de que é Ele quem peleja por nós,
assim como fizera em relação a Israel (Dt 1.30; 3.22).
A paz
oferecida por Moisés foi rejeitada por Siom, por causa da dureza do seu próprio
coração e do seu povo.
Tal
como o evangelho que é oferecido também a todas as pessoas, com sua
oferta de paz do pecador com Deus, por meio do recebimento gratuito da justiça
de Cristo para a nossa justificação.
E há
muitos que, como Siom e o seu povo, rejeitam tal oferta de paz, e permanecem
numa atitude de guerra espiritual contra a vontade de Deus.
Não é
necessário dizer qual será o resultado da tomada de tal atitude.
“1 Depois viramo-nos, e
caminhamos para o deserto, pelo caminho do Mar Vermelho, como o Senhor me tinha
dito, e por muitos dias rodeamos o monte Seir.
2
Então o Senhor me disse:
3
Basta de rodeardes este monte; virai-vos para o norte.
4 Dá
ordem ao povo, dizendo: Haveis de passar pelo território de vossos irmãos, os
filhos de Esaú, que habitam em Seir; e eles terão medo de vós. Portanto
guardai-vos bem;
5 não
contendais com eles, porque não vos darei da sua terra nem sequer o que pisar a
planta de um pé; porquanto a Esaú dei o monte Seir por herança.
6
Comprareis deles por dinheiro mantimento para comerdes, como também comprareis
deles água para beberdes.
7
Pois o Senhor teu Deus te há abençoado em toda obra das tuas mãos; ele tem
conhecido o teu caminho por este grande deserto; estes quarenta anos o Senhor
teu Deus tem estado contigo; nada te há faltado.
8
Assim, pois, passamos por nossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitam em
Seir, desde o caminho da Arabá de Elate e de Eziom-Geber: Depois nos viramos e
passamos pelo caminho do deserto de Moabe.
9
Então o Senhor me disse: Não molestes aos de Moabe, e não contendas com eles em
peleja, porque nada te darei da sua terra por herança; porquanto dei Ar por
herança aos filhos de Ló.
10
(Antes haviam habitado nela os emins, povo grande e numeroso, e alto como os
anaquins;
11
eles também são considerados refains como os anaquins; mas os moabitas lhes
chamam emins.
12
Outrora os horeus também habitaram em Seir; porém os filhos de Esaú os
desapossaram, e os destruíram de diante de si, e habitaram no lugar deles,
assim como Israel fez à terra da sua herança, que o Senhor lhe deu.)
13
Levantai-vos agora, e passai o ribeiro de Zerede. Passamos, pois, o ribeiro de
Zerede.
14 E
os dias que caminhamos, desde Cades-Barneia até
passarmos o ribeiro de Zerede, foram trinta e oito anos, até que toda aquela
geração dos homens de guerra se consumiu do meio do arraial, como o Senhor lhes
jurara.
15
Também foi contra eles a mão do Senhor, para os destruir do meio do arraial,
até os haver consumido.
16
Ora, sucedeu que, sendo já consumidos pela morte todos os homens de guerra
dentre o povo,
17 o
Senhor me disse:
18
Hoje passarás por Ar, o limite de Moabe;
19 e
quando chegares defronte dos amonitas, não os molestes, e com eles não
contendas, porque nada te darei da terra dos amonitas por herança; porquanto
aos filhos de Ló a dei por herança.
20
(Também essa é considerada terra de refains; outrora habitavam nela refains,
mas os amonitas lhes chamam zanzumins,
21
povo grande e numeroso, e alto como os anaquins; mas o Senhor os destruiu de
diante dos amonitas; e estes, tendo-os desapossado, habitaram no lugar deles;
22
assim como fez pelos filhos de Esaú, que habitam em Seir, quando de diante
deles destruiu os horeus; e os filhos de Esaú, havendo-os desapossado,
habitaram no lugar deles até hoje.
23
Também os caftorins, que saíram de Caftor, destruíram os aveus, que habitavam
em aldeias até Gaza, e habitaram no lugar deles.)
24
Levantai-vos, parti e passai o ribeiro de Arnom; eis que entreguei nas tuas
mãos a Siom, o amorreu, rei de Hesbom, e à sua terra; começa a te apoderares
dela, contendendo com eles em peleja.
25
Neste dia começarei a meter terror e medo de ti aos povos que estão debaixo de
todo o céu; os quais, ao ouvirem a tua fama, tremerão e se angustiarão por
causa de ti.
26
Então, do deserto de Quedemote, mandei mensageiros a Siom, rei de Hesbom, com
palavras de paz, dizendo:
27
Deixa-me passar pela tua terra; somente pela estrada irei, não me desviando nem
para a direita nem para a esquerda.
28
Por dinheiro me venderás mantimento, para que eu coma; e por dinheiro me darás
a água, para que eu beba. Tão-somente deixa-me passar a pé,
29
assim como me fizeram os filhos de Esaú, que habitam em Seir, e os moabitas que
habitam em Ar; até que eu passe o Jordão para a terra que o
Senhor nosso Deus nos dá.
30
Mas Siom, rei de Hesbom, não nos quis deixar passar por sua terra, porquanto o
Senhor teu Deus lhe endurecera o espírito, e lhe fizera obstinado o coração,
para to entregar nas mãos, como hoje se vê.
31
Disse-me, pois, o Senhor: Eis aqui, comecei a entregar-te Siom e a sua terra;
começa, pois, a te apoderares dela, para possuíres a sua terra por herança.
32
Então Siom nos saiu ao encontro, ele e todo o seu povo, à peleja, em Jaza;
33 e
o Senhor nosso Deus no-lo entregou, e o ferimos a ele, e a seus filhos, e a
todo o seu povo.
34
Também naquele tempo lhe tomamos todas as cidades, e fizemos perecer a todos,
homens, mulheres e pequeninos, não deixando sobrevivente algum;
35
somente tomamos por presa o gado para nós, juntamente com o despojo das cidades
que havíamos tomado.
36
Desde Aroer, que está à borda do vale do Arnom, e desde a cidade que está no
vale, até Gileade, nenhuma cidade houve tão alta que de nós escapasse; tudo o
Senhor nosso Deus no-lo entregou.
37
Somente à terra dos amonitas não chegastes, nem a parte alguma da borda do
ribeiro de Jaboque, nem a cidade alguma da região montanhosa, nem a coisa
alguma que o Senhor nosso Deus proibira.“ (Dt 2.1-37).
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