Da
grande verdade que há somente um Deus surgem todas as grandes leis
fundamentais, especialmente a de que somente este Deus deve ser adorado, e que
nós não devemos ter nenhum outro deus diante dEle, e por isto este é o primeiro
dos dez mandamentos, e o segundo está relacionado ao primeiro.
A mão
que sempre está por detrás de toda falsa adoração, de toda idolatria a falsos
deuses é a de Satanás, o arquiinimigo de Deus.
No livro de
Deuteronômio o culto a falsos deuses está relacionado à operação dos demônios:
“Ofereceram
sacrifícios aos demônios, não a Deus, a deuses que não haviam conhecido, deuses
novos que apareceram há pouco, aos quais os vossos pais não temeram.” (Dt
32.17).
E em
Levítico encontramos também a seguinte citação do próprio Deus:
“E
nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, após os quais eles se
prostituem; isso lhes será por estatuto perpétuo pelas suas gerações.” (Lev
17.7).
O que
se tem em vista então com a proibição da idolatria não é a simples escolha de
uma forma de adoração diferente da única verdadeira, mas a associação com
Satanás e os demônios.
Na
verdade, não há alternativas diferentes para os homens a não ser a de estar a
serviço do reino da Luz, ou então do reino das trevas.
Quem
não se junta ao Senhor Jesus, espalha, e permanece debaixo da escravidão do
pecado e do diabo.
Quem
está fora do governo do Senhor, está automaticamente debaixo do governo de
Satanás.
Por
isso, o primeiro mandamento aponta para o dever de todo homem de reconhecer a
Deus como o único soberano e Senhor de sua alma, porque se alguém se rebela
contra isto, e não se coloca debaixo do governo de Deus, ficará como a Bíblia
ensina sob o governo de Satanás, onde na verdade, todo homem se encontra, antes
que seja libertado pela fé em Cristo.
“Eu,
que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça
nas trevas.” (Jo 12.46).
“para
lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de
Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles
que são santificados pela fé em mim.” (At 26.18).
“pois
outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz”
(Ef 5.8).
“e
que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho
amado;” (Col 1.13).
Vemos
desta forma, que não é sem razão que são insistentes em toda a Lei de Moisés as
exortações contra a adoração de falsos deuses, e particularmente contra a
idolatria.
E,
não são menores as exortações de que os israelitas se apegassem ao Senhor de
todo o seu coração e que aprendessem, ensinassem e cumprissem os Seus
mandamentos, em todos os dias das suas vidas, porque apesar de fazerem parte do
povo da aliança, qualquer um deles que não estivesse ligado a Deus pela fé,
permanecia na condição de escravo do pecado e de Satanás, portanto propenso a
atender-lhe os desígnios malignos expressados nas obras infrutíferas das
trevas.
A
história de Israel comprovou que toda a insistência da Lei não foi capaz de
impedir que se desviassem do Senhor, em sua grande maioria, e em todas as suas
gerações.
Eles
viriam a destruir os ídolos e altares dos falsos deuses em Canaã, mas fariam
tal como fizera Jeú nos dias dos reis, que sob o mandado de Deus exterminou com
a dinastia de Acabe e com o culto idolátrico a Baal em Israel, sem que, todavia
ele mesmo se voltasse de todo o seu coração para o Senhor.
Quem
não é pelo Senhor, é contra Ele.
Ainda
que o homem não se julgue inimigo de Deus e não deseje ser amigo de Satanás, em
seu espírito, se ele não se converter de todo o seu coração ao Senhor, viverá
em inimizade contra Deus, e estará debaixo da Sua ira, por
causa da nautrezas terrena que todos possuímos.
Somente
Jesus pode amarrar o valente (Satanás) e libertar o pecador
do seu senhorio tirânico. Mas Ele somente poderá libertar aqueles que
renunciarem às trevas, para virem para a Sua maravilhosa Luz.
O que
estava sendo ordenado aos israelitas, através de Moisés, não era meramente uma
questão de se evitar um culto exterior e formal, mas que se mortificasse todo
tipo de idolatria, no mais profundo do coração.
Seria
pela comunhão com o Senhor, que poderiam experimentar uma verdadeira abominação
pelos falsos deuses.
O
homem não amará a santidade se não andar na Luz em comunhão com Deus.
Não
abominará o pecado se o Espírito Santo não lhe der um coração puro, que sentirá
repulsa por tudo aquilo que provoca a justa ira do Senhor, por ofender a Sua
justiça e santidade.
É
caminhando no Espírito, que não se tem prazer nas obras da carne.
Tudo
irá bem com aquele que caminhar com Deus tendo o governo dEle sobre o seu
coração.
O
Senhor é sol e escudo para os que nEle confiam. Ele é um castelo forte contra
toda investida do mal. Por isso não se pode sequer pensar em vitória sobre o
pecado e os poderes das trevas, sem se levar em conta, uma anterior e
necessária comunhão com o Senhor, por se andar na Sua Luz (I
João 1).
O
mundo moderno está repleto de perigos, para nos afastar da comunhão com Deus.
Objetos, imagens, entretenimentos dos mais variados tipos, podem ocupar o lugar
que é devido exclusivamente ao Senhor, e assim afastar a Sua santa presença de
nossas vidas.
Se
antes, era necessário vigiar e orar em todo o tempo, em prol da manutenção da
comunhão com Deus, hoje, tal necessidade é mais imperiosa do que nunca.
Cada
um daqueles falsos deuses em formas de esculturas, e de outros objetos
associados ao seu culto deveria ser procurado diligentemente pelo povo de Deus,
para serem destruídos, e eis aí uma grande ilustração para a Igreja de Cristo,
que deve fazer o mesmo tipo de procura de todas aquelas coisas que têm
atrapalhado ou impedido a comunhão com o Senhor, para que sejam extirpadas para
sempre de suas vidas.
Essa
busca deve ser feita no território do nosso próprio coração, o qual era
ilustrado pelas abominações da terra de Canaã, que deveria ser purificada pelos
israelitas, para poderem habitar nela juntamente com o Senhor.
Deste
modo, para que não houvesse o risco de oferecerem sacrifícios, e culto de
adoração a demônios, todo serviço religioso
deveria ser feito pelos israelitas somente no tabernáculo, que foi o lugar
designado por Deus, naquela Antiga Aliança, como o único lugar separado para o
serviço religioso.
Isto
era uma medida preventiva para que ninguém estabelecesse a sua própria forma de
cultuar e adorar a Deus, que poderia se desviar numa forma corrompida associada
aos demônios.
Jesus
deixou também limites demarcados para a adoração da Igreja. Há ministérios e
governos constituídos. Uma disciplina para ser aplicada. Uma ordem e decência a
serem observadas.
A
ordenança de Moisés para que os israelitas não imitassem a forma dos cananeus
de cultuarem os seus falsos deuses (v. 4), e que nem sequer lhes perguntassem
como era o culto destes deuses tinha o alvo de que não se sentissem tentados a
enfeitar, a melhorar, segundo o parecer e imaginação deles, a forma de culto e
adoração que haviam sido estabelecidos por Deus.
Os
sacrifícios só poderiam ser oferecidos no tabernáculo.
A
meditação na Palavra, as orações e louvores que fossem feitos em cada lar, não
deveriam ser diante de imagens de escultura, em altares improvisados, ou
debaixo de árvores frondosas, que fossem consagradas como lugar místico para
adoração, conforme faziam os cananeus.
Nenhum
culto seria aceito por Deus, que fosse realizado em conformidade com a fantasia
da imaginação de cada um, ao contrário, Ele traria aos seus praticantes os
castigos previstos na aliança.
Deus
está acima de qualquer falso deus e jamais lhe agradará ser adorado como fazem
aqueles que lhes prestam culto. Na verdade eles estão cultuando,
sabendo ou não sabendo, a demônios.
O
culto a Deus, no tabernáculo, deveria ser feito pelos israelitas com prazer,
com alegria (v. 7, 12) e não como uma obrigação maçante.
O
grande privilégio de ser a nação eleita pelo Deus Altíssimo deveria ser
reconhecido como um motivo de servi-lo voluntariamente e de coração,
alegremente.
A
referência ao animal imundo que poderia ser comido pelos israelitas, constante
do verso 15, não é às espécies de animais que eram classificados como imundos
na Lei, pois o consumo da carne de tais animais era proibido na Antiga Aliança,
mas aos animais que não haviam sido sacrificados no tabernáculo; pois não
haveria como sacrificar no tabernáculo, todos os animais, cuja carne seria
consumida em todas as tribos de Israel, levando-se principalmente em conta que
o tabernáculo seria erigido num lugar previamente designado por Deus, no
território de uma das tribos.
Foi
feita uma advertência solene para que se cumprisse estritamente tudo o que era
exigido pela Lei, e que pelas contingências da peregrinação no deserto, não
pudesse ainda estar sendo cumprido (v. 8-10), como por exemplo, a legislação
relativa às festas.
À
guisa de ilustração, a festa das primícias somente poderia ser cumprida depois
que eles entrassem em Canaã e colhessem os primeiros frutos da terra.
Desta
forma, o povo de Deus só deve viver numa condição incerta, que pode ser
tolerada, enquanto perdurar a necessidade, mas que não deve ser permitida uma
vez que esta for superada.
Os
casos de necessidade foram suportados enquanto a necessidade prevaleceu, mas a
necessidade seria removida assim que eles tivessem conquistado a terra de
Canaã.
Enquanto
uma casa está sendo construída há muita poeira e sujeira que deverão ser
inteiramente removidas assim que a construção for concluída.
Deste
modo, este capítulo 12º de Deuteronômio é
encerrado com a exortação de que nada deveria ser acrescentado ou retirado das
ordenanças de Deus (v. 32), sob qual pretexto fosse, nada deveria ser alterado
daquilo que Deus haja ordenado para que a Sua Palavra não fosse invalidada.
Nada
deveria ser alterado para ser tornado mais atraente, mais magnífico, mais
praticável ou o que fosse, porque o nosso dever, assim como o dos israelitas é
o de cumprir o que Deus nos tem ordenado em sua totalidade, e não o que
julguemos ser da nossa conveniência.
Deus
criou o homem para que faça a Sua vontade, e, se o homem pensa que faz a
vontade de Deus não dando a devida atenção e obediência ao que Ele tem
ordenado, certamente prestará contas a Ele, pelo seu procedimento desobediente.
O que
importa fazer afinal, não é humanizar o cristianismo, mas cristianizar a
humanidade, como afirmou o teólogo Karl Barth.
“1
São estes os estatutos e os preceitos que tereis cuidado em observar na terra
que o Senhor Deus de vossos pais vos deu para a possuirdes por todos os dias
que viverdes sobre a terra.
2
Certamente destruireis todos os lugares em que as nações que haveis de subjugar
serviram aos seus deuses, sobre as altas montanhas, sobre os outeiros, e
debaixo de toda árvore frondosa;
3 e
derrubareis os seus altares, quebrareis as suas colunas, queimareis a fogo os
seus aserins, abatereis as imagens esculpidas dos seus deuses e apagareis o seu
nome daquele lugar.
4 Não
fareis assim para com o Senhor vosso Deus;
5 mas
recorrereis ao lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos
para ali pôr o seu nome, para sua habitação, e ali vireis.
6 A
esse lugar trareis os vossos holocaustos e sacrifícios, e os vossos dízimos e a
oferta alçada da vossa mão, e os vossos votos e ofertas voluntárias, e os
primogênitos das vossas vacas e ovelhas;
7 e
ali comereis perante o Senhor vosso Deus, e vos alegrareis, vós e as vossas
casas, em tudo em que puserdes a vossa mão, no que o Senhor vosso Deus vos
tiver abençoado.
8 Não
fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem lhe
parece aos olhos.
9
Porque até agora não entrastes no descanso e na herança que o Senhor vosso Deus
vos dá;
10
mas quando passardes o Jordão, e habitardes na terra que o senhor vosso Deus
vos faz herdar, ele vos dará repouso de todos os vossos inimigos em redor, e
morareis seguros.
11
Então haverá um lugar que o Senhor vosso Deus escolherá para ali fazer habitar
o seu nome; a esse lugar trareis tudo o que eu vos ordeno: os vossos
holocaustos e sacrifícios, os vossos dízimos, a oferta alçada da vossa mão, e
tudo o que de melhor oferecerdes ao Senhor em cumprimento dos votos que
fizerdes.
12 E
vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus, vós, vossos filhos e vossas filhas,
vossos servos e vossas servas, bem como o levita que está dentro das vossas
portas, pois convosco não tem parte nem herança.
13
Guarda-te de ofereceres os teus holocaustos em qualquer lugar que vires;
14
mas no lugar que o Senhor escolher numa das tuas tribos, ali oferecerás os teus
holocaustos, e ali farás tudo o que eu te ordeno.
15
Todavia, conforme todo o teu desejo, poderás degolar, e comer carne dentro das
tuas portas, segundo a bênção do Senhor teu Deus que ele te houver dado; tanto
o imundo como o limpo comerão dela, como da gazela e do veado;
16
tão-somente não comerás do sangue; sobre a terra o derramarás como água.
17
Dentro das tuas portas não poderás comer o dízimo do teu grão, do teu mosto e
do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, nem
qualquer das tuas ofertas votivas, nem as tuas ofertas voluntárias, nem a
oferta alçada da tua mão;
18
mas os comerás perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher, tu, teu
filho, tua filha, o teu servo, a tua serva, e bem assim e levita que está
dentre das tuas portas; e perante o Senhor teu Deus te alegrarás em tudo em que
puseres a mão.
19
Guarda-te, que não desampares o levita por todos os dias que viveres na tua
terra.
20
Quando o Senhor teu Deus dilatar os teus termos, como te prometeu, e tu
disseres: Comerei carne (porquanto tens desejo de comer carne); conforme todo o
teu desejo poderás comê-la.
21 Se
estiver longe de ti o lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o seu
nome, então degolarás do teu gado e do teu rebanho, que o Senhor te houver
dado, como te ordenei; e poderás comer dentro das tuas portas, conforme todo o
teu desejo.
22
Como se come a gazela e o veado, assim comerás dessas carnes; o imundo e o
limpo igualmente comerão delas.
23
Tão-somente guarda-te de comeres o sangue; pois o sangue é a vida; pelo que não
comerás a vida com a carne.
24
Não o comerás; sobre a terra o derramarás como água.
25
Não o comerás, para que te vá bem a ti, a teus filhos depois de ti, quando
fizeres o que é reto aos olhos do Senhor.
26
Somente tomarás as coisas santas que tiveres, e as tuas ofertas votivas, e irás
ao lugar que o Senhor escolher;
27
oferecerás os teus holocaustos, a carne e o sangue sobre o altar do Senhor teu
Deus; e o sangue dos teus sacrifícios se derramará sobre o altar do Senhor teu
Deus, porém a carne comerás.
28
Ouve e guarda todas estas palavras que eu te ordeno, para que te vá bem a ti, e
a teus filhos depois de ti, para sempre, se fizeres o que é bom e reto aos
olhos do Senhor teu Deus.
29
Quando o Senhor teu Deus exterminar de diante de ti as nações aonde estás
entrando para as possuir, e as desapossares e habitares na sua terra,
30
guarda-te para que não te enlaces para as seguires, depois que elas forem
destruídas diante de ti; e que não perguntes acerca dos seus deuses, dizendo:
De que modo serviam estas nações os seus deuses? pois do mesmo modo também
farei eu.
31
Não farás assim para com o Senhor teu Deus; porque tudo o que é abominável ao
Senhor, e que ele detesta, fizeram elas para com os seus deuses; pois até seus
filhos e suas filhas queimam no fogo aos seus deuses.
32
Tudo o que eu te ordeno, observarás; nada lhe acrescentarás nem diminuirás.“
(Dt 12.1-32).
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