terça-feira, 20 de novembro de 2012

Murmuração não, Ações de Graças sim Êx 16


Ninguém pode ser um verdadeiro discípulo de Cristo se não tomar a sua cruz dia a dia e segui-lO.
A cruz trata com os nossos desejos e nos leva a renunciar às nossas aspirações e necessidades, quando a vontade de Deus vai em sentido contrário a elas, e também a ser pacientes na tribulação, enquanto aguardamos o livramento e a provisão do Senhor, quando estamos atribulados pela Sua vontade.
Era exatamente esta a condição de Israel na sua caminhada no deserto.
Eles não poderiam ficar para sempre acampados em Elim, e na verdade, as provisões daquele lugar não seriam suficientes para atendê-los por um longo tempo, pois eles somavam cerca de três milhões de pessoas.
Não era coisa fácil conseguir água e alimento para tanta gente, numa peregrinação no deserto.
Aquelas circunstâncias difíceis tinham exatamente o propósito de levá-los a dependerem da provisão de Deus, de forma que viessem a conhecer o Seu poder e cuidado, de maneira a se consolidar neles o caráter de povo que confiava exclusivamente no seu Senhor.
Mas mesmo em face dos livramentos e bondade de Deus, a natureza terrena do homem, corrompida pelo pecado, revela toda a sua malignidade, e necessita do tratamento da cruz, porque sem a mortificação de tal natureza, não é possível viver de modo agradável a Ele.
A carne, isto é, a natureza terrena corrompida pelo pecado, não está sujeita à lei de Deus, e nem mesmo pode estar, conforme ficou comprovado pela forma como a nação de Israel se comportou como um todo, para com o Senhor, durante toda a sua longa história, especialmente no período da dispensação da lei.
Somente nos israelitas que tinham uma verdadeira e viva fé no Senhor, se poderia ver uma sincera obediência a Ele e aos Seus mandamentos.
O pecado é pecado em qualquer pessoa, quer num israelita, quer num gentio.
Todos estão debaixo do pecado, e somente a fé no Senhor Jesus pode livrar o homem de tal jugo de escravidão.
Muitos perguntam como é que um povo (Israel) que foi alvo de tantas manifestações da bondade do Senhor e do Seu poder e graça para com ele, podia se desviar tão facilmente do alvo de fazer a Sua vontade?
A resposta é universal e válida para qualquer época: simplesmente por causa do pecado.
Se o Filho não libertar o homem do pecado, ele continuará seu escravo para sempre, e haverá de manifestar em seus sentimentos e ações a sua real condição de escravo.
A maioria deles havia saído da escravidão do Egito, mas permanecia debaixo da escravidão do pecado.
Eles saíram do Egito mas o Egito continuava em seus corações. 
Tal era o endurecimento deles no pecado que muitos viriam a ser destruídos mais adiante pelos juízos de Deus, e isto tem sido uma constante em toda a história da nação de Israel.
Eles se recusam a se converterem de fato ao Senhor, pelo arrependimento de seus pecados e pela fé nEle, e assim têm a mesma sorte que está reservada aos ímpios, quando partem desta vida.
O Senhor lhes havia libertado do Egito e se aliançou com eles, para que vivessem para Ele segundo um viver obediente aos Seus mandamentos, e não para que vivessem para si mesmos fazendo somente o que fosse da própria vontade deles.
Eles erraram o alvo da sua vocação e na grande maioria não se converteram ao Senhor, dando-Lhe a direção das suas vidas.
Sem fé é impossível agradar a Deus.
Sem santificação ninguém verá o Senhor.
E o Dr Owen está com toda a razão quando afirma que ninguém pode de fato servir e agradar a Deus até mesmo quando simplesmente o deseje, porque não se trata de uma simples questão de querer, mas de ser de fato espiritual, e assim ele diz que o cristão tem a graça e o dever de ser espiritual, tendo pensamentos e afetos espirituais, celestiais e divinos.
Isto é forjado pelo trabalho do Espírito Santo, que mortifica a carne ao mesmo tempo que nos regenera, santifica e renova, possibilitando que o pecador tenha comunhão com Deus, conheça a Sua vontade e tenha o poder que lhe é dado por Ele, para fazê-la.
É por isso que a Bíblia não contém tantos exemplos de vidas de fé, que tenham agradado ao Senhor, pois que isto exige que se viva não segundo o pendor da carne, mas segundo o pendor do Espírito.
Mas os exemplos dos que viveram pela fé está registrado para que saibamos qual é a única forma de se poder obedecer efetivamente ao Senhor, por se permitir e cooperar com o trabalho da graça em nossas vidas.
Deste modo, apesar de a vida eterna ser obtida pela graça e misericórdia de Deus, mediante o arrependimento e a fé, no entanto, a vida cristã, uma vida de obediência a Ele, exige muito esforço, disciplina e diligência, especialmente em se buscar e permitir o trabalho do Espírito Santo, mediante aplicação da Palavra em nossas vidas.
Não seria pois de se estranhar, da parte daqueles que apesar de fazerem parte do povo de Deus, mas que não caminham do modo que foi descrito com o Senhor, senão murmuração diante das dificuldades, em vez de fé confiante na Sua providência, como se vê no 16º capítulo de Êxodo.            
Mas a longanimidade e graça, que suportam as murmurações dos cristãos da Igreja de Cristo, apesar de por elas darem um grande testemunho contra a bondade e providência de Deus a eles, desonrando e não santificando por conseguinte o Seu nome, foi a mesma longanimidade e graça que alcançaram os israelitas no passado, não permitindo que fossem todos destruídos por Deus.
Ao contrário, na ocasião descrita no 15º capítulo, quando caminhavam no deserto de Sim, e murmuravam pela escassez de comida, desejando voltar ao Egito, Deus prometeu e lhes deu codornizes à tarde, e o maná pela manhã, que passou a cair todos os dias até que entrassem em Canaã.
Contudo, o Senhor protestou contra a murmuração deles, de modo que não pensassem que estavam recebendo bênçãos por estarem murmurando.
Ao contrário, por causa das suas murmurações, muitos viriam a ser destruídos, conforme se vê especialmente no livro de Números.
É possível que muitos tenham murmurado apenas em seus pensamentos e corações e não demonstraram a sua insatisfação a Moisés, mas a glória do Senhor apareceu na nuvem e Ele declarou a Moisés que tinha visto a murmuração dos israelitas contra ele.
Assim Deus que tudo vê e sabe, conhece perfeitamente as murmurações de nossos pensamentos e corações, mesmo quando não as expressemos externamente. 
Bom e misericordioso é o Senhor, mas devemos zelar pelo modo como caminhamos na Sua presença, pois é perfeitamente santo e justo, e não pode de modo algum fazer vista grossa para os nossos pecados.
O pecado sempre ofende a Sua santidade, mesmo na vida daqueles que tiveram os seus pecados perdoados por causa da sua fé em Cristo.
Se caminhamos no temor do Senhor, e Lhe confessamos os nossos pecados e os deixamos, podemos estar certos do Seu favor e de que Ele não nos julgará e castigará.
Mas se andarmos contrariamente à Sua vontade, podemos contar certamente com a visitação das suas correções, ainda que não para uma perdição eterna.
Nós vemos também neste capítulo uma ordem clara de Deus para que se guardasse o dia de sábado, antes que fosse instituída tal ordenança na lei, que seria dada no Sinai.
Por isso, era dada uma porção dupla do maná no dia anterior ao sábado, para que nenhum trabalho de colher o maná fosse feito neste dia.
Os israelitas deixariam de trabalhar neste dia em suas tarefas rotineiras, para que pudessem se dedicar ao culto de adoração a Deus, conforme seria prescrito na lei, que lhes seria dada ainda naquele ano no Sinai.
Isto teria em vista principalmente, mantê-los ligados de modo prático aos preceitos e à forma de adoração, que seria prescrita pelo Senhor, para aplicarem em suas próprias casas, e especialmente no tabernáculo.
Apesar de Paulo chamar o maná de manjar espiritual (I Cor 10.3), porque foi dado de modo sobrenatural, diretamente da parte de Deus, o maná não poderia garantir a vida espiritual eterna daquele que o comesse, senão apenas a vida física, e assim mesmo não para um período superior de anos do que a média normal de vida, e Jesus afirmou que somente Ele é o pão vivo que dá vida eterna (Jo 6.49-51), e de quem o maná era apenas uma pálida figura, pois nos ensina que precisamos ser alimentados por Deus, com o alimento espiritual que nos vem do céu e que nos garante a vida eterna, e este alimento que nos garante tal vida é um pessoa, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso Ele mesmo afirma diretamente que a sua carne é verdadeira comida e o seu sangue verdadeira bebida, e que todo aquele que dEle se alimenta tem a vida eterna.
A Palavra de Deus é o maná que alimenta o nosso espírito (Mt 4.4); e o conforto do Espírito Santo é o maná escondido que conhecem apenas os que amam a Deus (Apo 2.17).

Baseado em Êxodo 16

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